São Paulo, domingo, 28 de março de 2010 |
Gastos públicos e economia fechada beneficiaram Brasil Por outro lado, medidas anticíclicas e comércio exterior tímido podem prejudicar o desempenho do país no futuro Projeções de crescimento indicam que Brasil, antes de ultrapassar desenvolvidos, será deixado para trás por economias mais dinâmicas
ESPECIAL PARA A FOLHA Enquanto em 2009 o PIB da Espanha se contraiu 3,6%, o da Rússia caiu 7,9% e o do Canadá registrou queda estimada de 2,4%, o brasileiro ficou praticamente estável. Esse melhor desempenho relativo da economia brasileira também ajudou o país a ser tornar a oitava economia do mundo. Políticas anticíclicas adotadas pelo governo (como concessões de incentivos fiscais) sustentaram a demanda doméstica. Embora muitos números ainda sejam estimativas, tudo indica que o Brasil esteve em 2009 entre os 30 mercados que registraram maior expansão do consumo de suas famílias. O dado é significativo porque nada menos que 73 países amargaram contração do consumo privado no ano passado, segundo estimativas da Economist Intelligence Unit (EIU). Um outro fator que jogou a favor do país em 2009 foi o grau ainda pequeno de abertura da economia brasileira. Com a forte contração do comércio mundial, a vasta maioria dos países viu seu volume de exportações encolher. O Brasil não foi exceção. No entanto, enquanto para a média dos países emergentes as exportações representam cerca de 40% do PIB, no Brasil esse número não passou de módicos 13,4% no ano passado. Ou seja, em comparação com seus pares, o Brasil depende muito menos do desempenho do seu setor exportador para crescer, o que ajudou a prevenir uma queda mais brusca do PIB no ano passado. Mas, agora, 2009 é passado. Embora a recuperação da economia mundial ainda seja frágil, sujeita a percalços e retrocessos, a tendência de médio e longo prazos é de retomada mais vigorosa, com recuperação também do comércio global. Nesse cenário, os elementos que foram parte da vantagem do Brasil em 2009 -governo gastador, economia fechada- podem se tornar problemáticos novamente. Um setor público inchado acaba competindo com investidores privados por financiamento e contribuindo para um cenário de crescimento inflacionário, como o que ameaça despontar agora no Brasil. Já uma economia fechada está menos exposta à concorrência -e, portanto, a melhorias de produtividade que favorecem o crescimento econômico a longo prazo. Em parte por isso, as projeções de crescimento para o Brasil indicam que, a médio e a longo prazos, o país tende a se manter estável no ranking de maiores economias do mundo. Embora deva ultrapassar outros países desenvolvidos, como Itália e Reino Unido, até 2030, antes disso será quase certamente deixado para trás por economias dinâmicas como a indiana e, novamente, pela -nada dinâmica, mas rica em petróleo- russa. Estar em oitavo lugar no ranking das maiores economias do mundo certamente não é nada mau. Mas, dado o vasto potencial do Brasil, sua posição poderia ser melhor. Fonte: Jornal Folha de São Paulo - http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2803201003.htm |
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