sábado, 19 de novembro de 2011

Brasil recebe nota maior para investimentos


19/11/2011 - 09h45

Nota maior do país beneficia empresas brasileiras

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

A melhora na avaliação do risco brasileiro deve premiar com juros menores, a partir de 2012, as empresas de primeira linha que conseguem se financiar no exterior.
Na esteira do "upgrade" brasileiro, feito anteontem pela agência Standard & Poor's, também tiveram suas notas elevadas as estatais Petrobras, Eletrobras, BNDES, Banco do Nordeste e Banco do Brasil, por estarem diretamente relacionadas ao risco de crédito do governo.


Também tiveram "upgrade" as filiais dos bancos Santander, HSBC e Citibank, que, apesar de controlados por instituições de risco baixo, têm a avaliação do Brasil limitando seu "rating" (nota).
Para Paulo Cesar Souza, diretor do Société Générale, as emissões de dívida das empresas brasileiras já vinham se destacando com taxas baixas nas últimas semanas, adiantando o quadro referendado pelo "upgrade".
Na semana passada, o Banco do Brasil captou US$ 550 milhões em cinco anos com taxa inédita de 4% anuais.
O Tesouro Nacional conseguiu vender US$ 1,1 bilhão em títulos com vencimento em 2041 com juros de 4,694%.
Na Europa, a energética italiana Enel fez uma captação de € 2,25 bilhões com juros de 4,625% em quatro anos e de 5,75% para sete anos.
Para o investidor que está exposto à Europa, comprar títulos de empresas brasileiras é uma oportunidade de diversificação geográfica e de risco de crédito. Por isso, as taxas têm recuado.
"O impacto do 'upgrade' é mais psicológico do que efetivo. Ajuda no processo de venda e no preço, mas o mercado acabou incorporando isso antes", disse Souza.
"As taxas competitivas refletem a situação do Brasil, que foi menos afetado pela crise", disse Alberto Kiraly, da Anbima (associação das entidades do mercado).
"A diferença é que o Brasil tem crescimento. Quem compra título quer um papel que possa ir bem ao longo do tempo. É mais fácil com Brasil", disse Ivan Monteiro, do BB.

Consumo para combater a crise


Governo Dilma repete Lula e, contra crise global, aposta no consumo



Banco Central volta atrás em medidas que limitaram empréstimo a pessoas físicas. Com esfriamento do PIB induzido pelo governo somado à crise global, país corria risco de estagnação em 2012, diz economista. No 'mercado', já se prevê que BC terá de reforçar queda do juro. Para seguir cortando, BC pede a senador que desista de impor meta de crescimento à instituição.
Data: 14/11/2011
BRASÍLIA – Com o país crescendo num ritmo que não se via desde 1986, o governo decidiu, em dezembro do ano passado, tomar providências para conter o consumo das pessoas. A intenção era esfriar a economia e conseguir controlar a inflação sem ter de exagerar na dose do remédio tradicional, o juro do Banco Central (BC), algo que afetaria os investimentos das empresas. 

O agravamento da crise global ao longo de 2011, sobretudo nos últimos meses, funcionou, porém, como freio adicional da economia, segurando-a acima do planejado. As empresas estão assustadas e começam a repensar planos por causa de um cenário externo sem mudança à vista. Sem consumo e investimentos, como o país cresceria?

Diante disso, o governo resolve apostar de novo no consumo popular como motor da atividade econômica, voltando atrás em algumas das providências tomadas há onze meses, como a gestão Lula fizera em 2008. E pode ser obrigado a ir além, para evitar uma estagnação prenunciada por maus presságios vindos do exterior.

Nesta segunda-feira (14), o BC publicou circular que muda certas regras que bancos devem seguir, na hora de fazer empréstimos à clientela. As instituições vão precisar ter uma reserva contra calotes menor do que a exigida até agora. Na prática, poderão fazer mais contratos tendo o mesmo dinheiro. Devem aumentar empréstimos a pessoas físicas do tipo CDC e consignado (com base no contracheque) e para compra de carros, a taxas menores.

Nesta segunda-feira (14), o Banco do Brasil já anunciou a redução do juro para os clientes, em função das novas regras. Fez isso porque a decisão do BC foi conhecida na última sexta-feira (11), depois de uma reunião da diretoria do banco. 

Na véspera, a presidenta Dilma Rousseff e o ministro Guido Mantega (Fazenda) haviam mostrado como estão preocupados com a situação internacional, especialmente em função da piora na Europa. Para os dois, a crise será prolongada e vai afetar inclusive países emergentes, ainda que de forma menos acentuada. 

Dilma e Mantega tinham visto de perto o tamanho do abacaxi global, ao participarem na França, no início de novembro, da reunião do G20, o grupo de economias mais desenvolvidas do mundo. Hoje, acredita-se que o ano de 2012 também já possa ser considerado perdido para a União Européia, com estagnação à vista ou mesmo uma recessão.

Para o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, por causa da combinação de “medidas duras para desacelerar o crescimento interno” e “crise internacional”, o governo precisar mesmo agir. "Se o governo não toma medidas necessárias, nós poderíamos correr o risco de ter um PIB crescendo 2%, 3% este ano e talvez de uma estagnação no ano que vem", afirmou. 

Uma dessas medidas poderia ser o reforço da redução da taxa de juros do Banco Central, algo também defendido, por exemplo, pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). 

Na última quinta-feira (10), Dilma contornou o assunto, ao ser questionada numa rápida entrevista coletiva. “Nessa questão dos juros, quanto menos se falar, melhor. Porque essa é uma questão afeta ao Banco Central (…) Quem responde sobre juros no meu governo é o ministro do Banco Central”, disse.

Naquele mesmo dia, o “ministro” - ou presidente – do BC, Alexandre Tombini, recebera o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), autor de projeto que acrescenta às atribuições legais do banco a busca por crescimento e geração de emprego. O senador queria saber a opinião de Tombini sobre a proposta, aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e pronta para ser apreciada em plenário.

Segundo relato de Lindbergh, Tombini teria dito que o juro seguirá caindo, algo que o BC sugere em documentos públicos. Mas que, para isso, seria melhor não votar o projeto. “Acho”, teria dito o banqueiro, “que [o projeto] está criando ruídos no mercado financeiro em relação às expectativas. E a gente está querendo é tranquilizar o mercado financeiro, para continuar baixando a taxa de juros”.

Para o BC, as “expectativas do mercado” têm poder de interferir na realidade, ao influenciar decisões, por exemplo, sobre preços cobrados pelas empresas ou reivindicação salarial dos trabalhadores. A principal expectativa que o BC precisa observar é sobre inflação, cujo controle é sua única missão legal, ao lado da vigilância do sistema financeiro.

Nesta segunda-feira (14), na pesquisa semanal que faz com o “mercado”, o BC constatou que, pela primeira vez em dois meses, o setor prevê para este ano uma inflação (6,48%) abaixo do limite máximo autoimposto pelo governo (6,5%). Para 2012, a projeção (5,56%) caiu pela quarta vez seguida, embora ainda esteja acima do alvo (4,5%) do BC.

Para alguns segmentos do “mercado”, já está claro que o BC será obrigado a cortar mais a taxa de juros. “Ganha convicção no mercado de que o BC deverá impor cortes mais expressivos na SELIC, já neste ano e no próximo ano, e que os efeitos da crise externa terão impactos no país que provocarão a contração das pressões inflacionárias”, disse a corretora de câmbio NGO, em boletim a clientes divulgado sexta (11).

A última reunião do BC este ano para calibrar o juros será no dia 30 de novembro.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Entenda o IDH



Brasília e Copenhague, 02/11/2011

Brasil avança no desenvolvimento humano e sobe uma posição no ranking do IDH 2011

RDH 2011 mostra Brasil na 84ª posição entre 187 países; nos últimos 5 anos, o país está entre os 24 que subiram 3 ou mais posições


PNUD/Divulgação
Entenda o IDH
O IDH varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano), e mede as realizações em três dimensões básicas do desenvolvimento humano - uma vida longa e saudável, o conhecimento e um padrão de vida digno. As três variáveis analisadas, dessa forma, são relacionadas à saúde, educação e renda. Desde o ano passado o Relatório de Desenvolvimento Humano deixou de classificar o nível de desenvolvimento de acordo com valores fixos e passou a utilizar uma classificação relativa. A lista de países é dividida em quatro partes semelhantes. Os 25% com maior IDH são os de desenvolvimento humano muito alto, o quartil seguinte representa os de alto desenvolvimento (do qual o Brasil faz parte), o terceiro grupo é o de médio e os 25% piores, os de baixo desenvolvimento humano. 
18 países incluídos este ano
Palau, Cuba, Seychelles, Antígua e Barbuda, Granada, Líbano, São Cristóvão e Névis, Dominica, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Omã, Samoa, Territórios Palestinos Ocupados, Kiribati, Vanuatu, Iraque, Butão, Eritreia. 
Desenvolvimento Humano nos BRICS
Veja comparações do desenvolvimento humano do Brasil com o dos outros países do grupo chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), economias em desenvolvimento que se destacam pelas semelhanças no ritmo de crescimento e pela influência geopolítica que exercem atualmente na arena internacional.

Clique aqui para ver tabelas 
do PNUD

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil avançou de 0,715 em 2010 para 0,718 em 2011, e fez o país subir uma posição no ranking global do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH)deste ano. Com isso, o Brasil saiu da 85ª para a 84ª posição, permanecendo no grupo dos países de alto desenvolvimento humano. O documento foi lançado esta quarta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em Copenhague, na Dinamarca.

O Relatório de Desenvolvimento Humano 2011 apresenta valores e classificações do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para um número recorde de 187 países e territórios reconhecidos pela ONU. Um aumento significativo em relação aos 169 países incluídos no Índice de 2010, quando os indicadores-chaves de muitos dos novos países analisados este ano ainda estavam indisponíveis.

No ranking global do IDH 2010, o Brasil obteve a classificação 73, entre os 169 países. No entanto, é enganoso comparar valores e classificações do RDH 2011 com os de relatórios publicados anteriormente . Isto porque, além da inclusão de 18 novos países e territórios (veja a lista no quadro ao lado), os dados e métodos sofreram ajustes e algumas mudanças.

Intitulado “Sustentabilidade e equidade: Um futuro melhor para todos”, o Relatório de Desenvolvimento Humano 2011 mostra que o Brasil faz parte do seleto grupo de apenas 36 dos 187 países que subiram no ranking entre 2010 e 2011, seguindo os dados recalculados para a nova base deste ano. Os outros 151 permanceram na mesma posição ou caíram. No caso brasileiro, esta evolução do IDH do ano passado para este ano contou com um impulso maior da dimensão saúde – medida pela expectativa de vida –, responsável por 40% da alta. As outras duas dimensões que compõem o IDH, educação e renda, responderam, cada uma, por cerca de 30% desta evolução.

Evolução do Brasil nas séries históricas

A série histórica do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para o Brasil revela uma retrospectiva positiva também a médio e a longo prazos. Entre 1980 e 2011, o valor do IDH subiu 31%, saltando de 0,549 para 0,718. Este desempenho foi puxado pelo aumento na expectativa de vida no país (11 anos no período), pela melhora na média de anos de escolaridade (4,6 anos a mais) e pelo crescimento também da renda nacional bruta (RNB) per capita (quase 40% entre 1980 e 2011).

Tendências IDH Brasil

Por causa dos ajustes de dados, das adaptações metodológicas e da inclusão de 18 países no ranking deste ano, as medias anuais de crescimento do IDH só podem ser calculadas com os dados que estão disponíveis na Tabela 2 “Tendências do Desenvolvimento Humano” do Relatório, que traz as séries históricas recalculadas para todos os 187 países. Ela tem como base indicadores, metodologia e dados em séries temporais consistentes e, por isso, mostra as alterações reais dos valores e classificações no decorrer do tempo, refletindo o progresso verdadeiro feito pelos países.

Em uma análise de médio prazo, considerando a evolução de posições do ranking de 2006 a 2011, o Brasil está entre os 24 países com melhor desempenho, ou seja, aqueles que subiram 3 ou mais posições.

Taxa média de crescimento do IDH brasileiro

Com base nos dados da Tabela 2 “Tendências do Desenvolvimento Humano”, verifica-se que a taxa média de crescimento do IDH do Brasil foi de 0,87%, entre 1980 a 2011. Um desempenho superior ao da América Latina (0,73%) e ao dos países de alto desenvolvimento (0,61%), quartil do qual o Brasil faz parte no ranking do IDH 2011.

Avanço semelhante pode ser visto para o Brasil entre 1990 e 2011, quando a taxa de média de crescimento do IDH foi de 0,86%, enquanto a da América Latina foi de 0,76% e a dos países de alto desenvolvimento, de 0,64%.

Num período mais curto de 2000 a 2011, o desempenho foi o seguinte: Brasil avançou 0,69%, América Latina, 0,66%, e os países de alto desenvolvimento, 0,70%.

É importante notar que a taxa de crescimento para países de desenvolvimento humano muito elevado de 2000 a 2011 foi de 0,33%, ou seja, quanto mais desenvolvido o país se torna, menor é sua taxa de crescimento do IDH. Este fenômeno é também conhecido como concavidade de taxas de crescimento.

O IDH é uma medida resumida para avaliar o progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão decente de vida. Como no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010, uma vida longa e saudável é medida pela expectativa de vida; o acesso ao conhecimento é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que uma criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida da criança; e o padrão de vida é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em PPP$ 2005 constante.

A fim de garantir o máximo possível de comparabilidade entre países, o IDH se baseia principalmente em dados internacionais da Divisão de População da ONU, do Instituto de Estatística da UNESCO e do Banco Mundial. Como afirma a introdução, os valores e classificações do IDH no relatório deste ano não são comparáveis aos dos relatórios passados (inclusive ao IDH 2010) por causa de diversas revisões feitas nos indicadores componentes pelas agências encarregadas. Para permitir a avaliação do progresso nos IDHs, o relatório de 2011 inclui IDHs recalculados de 1980 a 2011.

Gráfico IDH Brasil

Indicadores complementares de desenvolvimento humano

Além do IDH calculado para 187 países, o Relatório 2011 traz também três outros indicadores complementares introduzidos em 2010. São eles o IDH Ajustado à Desigualdade (IDHAD) para 134 países, o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) para 146 países e o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) para 109 países.


  • Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD)

O IDH é uma medida média das conquistas de desenvolvimento humano básico em um país. Como todas as médias, o IDH mascara a desigualdade na distribuição do desenvolvimento humano entre a população no nível de país. O IDH 2010 introduziu o IDH Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três dimensões do IDH “descontando” o valor médio de cada dimensão de acordo com seu nível de desigualdade.

Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um índice de desenvolvimento humano “potencial” e o IDHAD como um índice do desenvolvimento humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à desigualdade é dada pela diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual.

O IDH do Brasil para 2011 é 0,718. No entanto, quando é descontada a desigualdade do valor, o IDH cai para 0,519, uma perda de 27,7% devido à desigualdade na distribuição dos índices de dimensão. O IDHAD, que vem complementar a leitura feita pelo IDH, mostra que o cidadão brasileiro médio teria quase 30% de risco de não conseguir alcançar o desenvolvimento humano potencial que o país tem para lhe oferecer em função dos obstáculos que as desigualdades podem lhe impor.

Nesta área, o Brasil se insere em um contexto semelhante ao da América Latina, onde a desigualdade – em especial de renda – faz parte de um passivo histórico que ainda representa um grande obstáculo para o desenvolvimento humano. Mas o relatório elogia os esforços e avanços da região na tentativa de reduzir estes números, e faz menção às conquistas de Argentina, Brasil, Honduras, México e Peru. O Relatório atribui os avanços, em parte, à melhor cobertura na educação básica e aos programas de transferência de renda.


  • Índice de Desigualdade de Gênero (IDG)

O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) reflete desigualdades com base no gênero em três dimensões – saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica. A saúde reprodutiva é medida pelas taxas de mortalidade materna e de fertilidade entre as adolescentes; a autonomia é medida pela proporção de assentos parlamentares ocupados por cada gênero e a obtenção de educação secundária ou superior por cada gênero; e a atividade econômica é medida pela taxa de participação no mercado de trabalho para cada gênero.

O IDG substitui os anteriores Índice de Desenvolvimento relacionado ao Gênero e Índice de Autonomia de Gênero. Ele mostra a perda no desenvolvimento humano devido à desigualdade entre as conquistas femininas e masculinas nas três dimensões do IDG.

O Brasil tem um valor de IDG de 0,449, que o coloca na posição 80 dentre 146 países no índice de 2011. No Brasil, 9,6% dos assentos parlamentares são ocupados por mulheres e 48,8% das mulheres adultas têm alcançado um nível de educação secundário ou superior, em comparação com 46,3% de suas contrapartes masculinas. Para cada 100.000 nascidos vivos, 58 mulheres morrem de causas relacionadas à gravidez; e a taxa de fertilidade entre as adolescentes é de 75,6 nascimentos por 1000 nascidos vivos. A participação feminina no mercado de trabalho é de 60,1%, em comparação com 81,9% para os homens.


  • Índice de Pobreza Multidimensional (IPM)

O IDH 2010 introduziu o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que identifica privações múltiplas em educação, saúde e padrão de vida nos mesmos domicílios. As dimensões de educação e saúde se baseiam em dois indicadores cada, enquanto a dimensão do padrão de vida se baseia em seis indicadores. Todos os indicadores necessários para elaborar o IPM para um domicílio são obtidos pela mesma pesquisa domiciliar.

Os indicadores são ponderados e os níveis de privação são computados para cada domicílio na pesquisa. Um corte de 33,3%, que equivale a um terço dos indicadores ponderados, é usado para distinguir entre os pobres e os não pobres. Se o nível de privação domiciliar for 33,3% ou maior, esse domicílio (e todos nele) é multidimensionalmente pobre. Os domicílios com um nível de privação maior que ou igual a 20%, mas menor que 33,3%, são vulneráveis ou estão em risco de se tornarem multidimensionalmente pobres.

Os dados da pesquisa para a estimativa do IPM do Brasil se referem a 2006. No Brasil, 2,7% da população sofrem de múltiplas privações, enquanto outros 7,0% estão vulneráveis a múltiplas privações. A amplitude da privação (intensidade) no Brasil, que é o percentual médio de privação vivenciado pelas pessoas na pobreza multidimensional, é de 39,3%. O IPM, que á a parcela da população multidimensionalmente pobre, ajustado pela intensidade das privações, é de 0,011.

O IPM é um indicador complementar de acompanhamento do desenvolvimento humano e tem como objetivo acompanhar a pobreza que vai além da pobreza de renda, medida pelo percentual da população que vive abaixo de PPP US$1,25 por dia. Ela mostra que a pobreza de renda relata apenas uma parte da história. No caso do Brasil, a contagem de pobreza multidimensional é 1,1 ponto percentual menor que a pobreza de renda. Isso implica que indivíduos que vivem abaixo da linha da pobreza de renda talvez tenham acesso a recursos de não renda.