terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Água no Ceará - a água corre para o mar



Por Suely Chacon

Trago hoje algumas imagens que mostram como estamos lidando com a gestão da água no território do Ceará. É inegável o avanço em relação ao sistema que gerencia a distribuição de águas, com a integração dos grandes açudes por meio do canal da integração que corta todo o estado trazendo a água para a Região litorânea. O caminho das águas é o caminho do sertanejo, que foge de seu local em busca de uma esperança, a de viver melhor na "cidade". Pois, enquanto avançamos na sofisticação das soluções para garantir a água ao meio urbano, o Sertão continua usando as ferramentas já usadas no início do século passado: ancoretas levadas em lonbo de jumentos guiados por crianças. As mesmas crianças que perdem parte da infância buscando água longe de casa. Do mesmo jeito que mulheres e idosos, nas épocas mais difíceis pegam água "aonde dá".... As fotos abaixo mostram várias momentos e condições que vivemos na gestão de águas aqui no Ceará. Começamos com as ancoretas, os meninos levando o jumento, um em 1994, outro em 2004 (e nada mudou...). Depois outras cenas de busca pela água, o carro pipa, as cisternas, o grandes açudes, o Canal e o Castanhão, que visitei na semana passada.














































































Educação Ambiental - fragmentos para a reflexão

Abaixo transcrevo algumas matérias veiculadas nesse ano de 2008 pelo Jornal Diário do Nordeste, com minha participação. Falo sobre educação ambiental e a responsabilidade que temos diante dos nossos semelhantes e do Planeta.


Jornal Diário do Nordeste - Caderno Negócios (Fortaleza, 3/12/2008)

SOCIORRESPONSABILIDADE NO NATAL

Presente sustentável faz bem ao planeta.
Consumo responsável ajuda a construir, desde a infância, o entendimento sobre a preservação ambiental e a produção justa.


Produtos feitos com matéria-prima reciclada, reaproveitada, orgânica ou fruto de produção limpa são opções para o NatalEm tempos de crise, muita gente está pensando duas vezes antes de comprar presente de Natal, mesmo as lembrancinhas. Para quem está nesse dilema e não quer deixar de presentear, que a compra seja pelo menos útil. Produtos feitos com matéria-prima sustentável, que tanto preservam como valorizam a natureza e ainda são frutos de produção e comércio justos são opções que vão além do material. Além de serem bacanas, acompanham valor simbólico que ajudam a sensibilizar quem compra e quem ganha.Independente da escolha, importante é que a aquisição tenha como meta o consumo consciente e sustentável. De acordo com a professora Suely Salgueiro Chacon, doutora em Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Brasília (UnB), a forma como a sociedade se organiza, produz e consome revela muito do que ela é enquanto grupo.Isso vale para o mercado local, regional e até mesmo o global. Isso porque, segundo a professora, o mercado interfere no comportamento e cria necessidades de forma tão rápida que induz os consumidores a adquirir itens supérfluos. Chacon percebe que há mudanças na forma de consumir, graças à mídia. “Há até avanços, no sentido de compreender que a sustentabilidade vai além da questão ambiental, e envolve questões sociais e políticas”, frisa.
OPÇÕES
Se a proposta for levar a natureza para a casa do presenteado, com velas e sachês feitos de matéria-prima elementar, o resultado surge em várias versões. Se for de cravo, a idéia é que o aroma leve proteção ao ambiente; erva-doce, estímulo; canela, prosperidade; e camomila, tranqüilidade. Assim, é possível presentear por valores na faixa de R$ 6,00, com velas e aromatizadores de cerâmica feitos de materiais reaproveitados. “Muitas pessoas procuram presentes que não usam tantas química e valorizam o que a terra oferece. O mundo está mudando e nós precisamos cuidar dele e da gente”, diz a vendedora da Mundo Verde da Avenida Engenheiro Santana Júnior, Rogéria França.Mas se a idéia for estender o presente ao uso diário, agendas e itens de escritório feitos com papel reciclado são opção para mudar o ambiente do escritório. Na CD Max da Avenida Santos Dumont os preços variam de R$ R$ 22,80 (agenda Naturalis, da Tilibra) a R$ 72,50 (caderno-agenda grande da Gráfica Ótima).Para iniciar crianças no consumo consciente, uma escolha é o estojo de R$ 23,25 da Faber-Castell, com Ecolápis feitos com madeira reflorestada, em espaços bem manejados. Porta-clips, porta-caneta e outros adereços de escritório são encontrados em várias livrarias, inclusive feitos com papel reciclado e fibras naturais, com preços na faixa dos R$ 20,00.Para crianças, a vendedora Regiane Salmito, da Caixa de Brinquedos na Rua Desembargador Leite Albuquerque, recomenda presentes feitos de madeira reflorestada. Os preços variam. A casa com mobília fica R$ 291,00, mas há opções por R$ 28,35, como o jogo Bate-Pino, e o quadrado mágico por R$ 18,40.
COMPORTAMENTO
Comércio justo ainda enfrenta dificuldadesA comercialização de produtos feitos com matéria-prima orgânica ainda enfrenta dificuldades, em especial na produção em grande escala. Por isso, mesmo que o consumidor encontre roupas e acessórios do tipo em lojas da cidade, as peças são minoria nas prateleiras e têm preços mais altos do que as não confeccionadas com orgânicos. Uma alternativa é fazer compras na Internet.De acordo com o engenheiro agrônomo Pedro Jorge Ferreira Lima, da ONG Esplar, pioneira no apoio à cultura do algodão orgânico no Ceará e referência nacional no assunto, mesmo com a produção estabelecida e clientes garantidos, as roupas da Justa Trama não são fáceis de encontrar porque a idéia do projeto, que de 30 costureiras saltou para uma central de cooperativas, é vender a preço justo, sem exploração. “Quando as roupas vão para as lojas, normalmente os preços são muito altos”, justifica.Além de servir de base para roupas da marca, o algodão orgânico do Ceará também está no tecido dos tênis da marca francesa Veja. O fio e a lona são de São Paulo, o couro do Rio Grande do Sul e a borracha, de seringueiras do Acre.No Brasil a Osklen é referência na criação de peças feitas com couro certificado por órgãos ambientais e com fibras e tintas cultivadas com agricultura familiar. Para comprar pela Internet, a WWF Brasil é uma alternativa. No www.wwf.org.br é possível escolher entre camisetas, bonés, lápis e adesivos cuja renda ajuda em projetos de preservação ambiental no País.
Marta Bruno - Repórter
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=595144


Jornal Diário do Nordeste - Gestão Ambiental (Fortaleza, 29/10/2008)

Uma nova forma de relação com o mundo

Segundo a professora Suely Chacon, Educação Ambiental não se ensina apenas com palavras ou livros.

Foi-se o tempo em que educação ambiental se restringia a colocar papel no cesto de lixo ou a plantar mudinhas. A degradação do meio ambiente exige que a questão seja tratada com maior profundidade e que, junto com a orientação, o indivíduo seja preparado para transformar seus modos de consumo, pensando no coletivo e de forma atemporal. Fazer o habitual — e mais um pouco — para manter a casa, o ambiente de trabalho e a própria cidade saudáveis não é escolha, mas necessidade.“A mudança de atitude em relação à forma de consumir é parte de um processo amplo de tomada de consciência, sobre como conviver com nossos semelhantes e com o meio ambiente”, sugere a professora e pesquisadora da área de Desenvolvimento Sustentável, Suely Salgueiro Chacon. Isso acontece, segundo ela, à medida em que as ações de Educação Ambiental se disseminam em variadas instâncias e de forma transversal, não só nas salas de aula, mas em empresas, na mídia e no ambiente familiar.Como o ser humano precisa de alimentação, vestuário e moradia para sobreviver, a idéia é pensar o consumo de uma forma mais ampla: “Precisa-se de outros itens para viver, como educação e cultura. Precisamos, agora, de itens de saúde mais sofisticados e de transporte, o que amplia a base de necessidades e interfere no consumo. Importante é que a aquisição de bens e serviços não afete negativamente o ambiente´.“Educação Ambiental não se ensina apenas com palavras ou livros. A troca de informações enriquece a formação e aumenta a consciência ambiental. Há muitos aspectos implícitos no ato de encher um carrinho de supermercado, escolher um carro ou comprar roupa.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=584798



Jornal Diário do Nordeste - Gestão Ambiental (Fortaleza, 05/06/2008)

Caderno Gestão Ambiental - A opinião do especialista


Somos uma espécie!

Por Suely Salgueiro Chacon

O que é ser humano? Essa simples interjeição nos leva a uma profunda reflexão sobre o que temos feito com nossa casa, o Planeta Terra. O homem foi se distanciando da sua real condição de ser pertencente a uma espécie, a espécie humana, que habita na natureza e dela faz parte. Achando-se acima de tudo e de todos, inclusive de seus semelhantes, o homem foi instituindo um ´reinado´ que privilegia a sensação de ter, em detrimento da plenitude do ser.As conseqüências desse ´modelo´ de existência foram se engendrando ao longo da história conhecida da humanidade, e se exacerbaram com as possibilidades ampliadas de consumo em massa. Na medida em que os bens se tornam descartáveis, o homem explora cada vez mais a natureza e seus semelhantes para garantir que uma minoria privilegiada possa acumular e consumir, enquanto a maioria da humanidade é cada vez mais excluída e explorada, assim como a própria natureza. O aumento do desmatamento, a desertificação, a falta de água, as mudanças climáticas, bem como a fome a exclusão, a exploração irracional do trabalho humano, inclusive de crianças, a falta de respeito aos idosos e todas as formas de racismo e preconceito são exemplos do que nós mesmos fizemos ao nosso planeta e aos nossos semelhantes.No momento em que comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, cabe refletirmos sobre o que podemos fazer como espécie para reverter esse processo autodestrutivo. Muitos já se mobilizam. É preciso perceber nossa responsabilidade com o semelhante hoje e no futuro, e nos comprometermos com uma transformação real, para que todos se beneficiem. Garantir o acesso de todos à informação e a uma vida digna é o mínimo, e pode ser cobrado de governantes, mas a responsabilidade ética de mudar de atitude começa em cada um de nós.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O CONFLITO ESSENCIAL: SER OU NÃO SERTANEJO



Suely Salgueiro Chacon

Sertão, - se diz -, o senhor querendo procurar, nunca não encontra.
De repente, por si, quando a gente não espera, o sertão vem.
Guimarães Rosa
(Grandes Sertões: Veredas)



Este artigo traz um resumo das proposições do livro O Sertanejo e o caminho das águas: políticas públicas, modernidade e sustentabilidade no Semi-árido, de minha autoria. O livro tem como base a minha tese de Doutorado, defendida junto à Universidade de Brasília, e fala sobre o Sertão e os sertanejos.
O objetivo básico da pesquisa que resultou no livro foi verificar por que as políticas públicas não conseguem reverter o processo agudo de exclusão social e promover o desenvolvimento sustentável do Sertão. Foi realizado um estudo de caso no Sertão central do Ceará, tendo como ponto de partida a análise das políticas públicas ligadas à gestão de águas, por serem estas reconhecidamente as mais importantes em uma região como o Sertão semi-árido. A pesquisa foi realizada no período de 2003 a 2005.
A principal hipótese do estudo defendia que as ações do Estado têm causado uma desmobilização gradativa do Sertão. Isto se dá pela perpetuação da pobreza e da dependência, pela desarticulação social e cultural do povo, ou ainda por ações indiretas que promovem o deslocamento de fato desse povo para outras regiões, notadamente para o meio urbano.
Assim, a pesquisa partiu do pressuposto de que as políticas públicas para o Sertão estão desmobilizando esse espaço e que o sertanejo, perdendo seu referencial social e cultural, se desloca maciçamente para o meio urbano. As políticas de gestão de águas no Ceará, especificamente, têm reforçado esse movimento, já que têm promovido as condições para a viabilização de um projeto de desenvolvimento que se realiza prioritariamente no meio urbano e por intermédio de atividades econômicas (indústria e serviços) que não são dominadas pelo sertanejo típico. Sobre este ponto, o livro confirma que, apesar da melhora de alguns indicadores sociais no Sertão, a geração de emprego e renda está cada vez mais concentrada no meio urbano, especialmente na RMF.
O sertanejo se desloca para o meio urbano em busca de uma sensação de pertencimento que já não encontra no Sertão. A imagem de pobreza e desamparo que se costuma ligar ao Sertão pode ser vista agora nos aglomerados de pessoas que buscam um futuro melhor, perto do poder, nas cidades “mais desenvolvidas”. Esperam estar perto da idéia de paraíso, traduzida pelo desejo de consumo que a televisão e as parabólicas levam até eles todos os dias. Essas pessoas não têm acesso adequado à instrução e à informação que lhes permita uma visão crítica da fantasia que lhes é posta.
Por outro lado, os que não vivem no Sertão o vêem como um reflexo do litoral. Ou seja, uma região subordinada a outro espaço, o espaço da fartura, do progresso, da civilização. Assim, o Sertão é forçado ao longo de toda a sua história a lutar pela sobrevivência de um modo de vida sempre rechaçado, mesmo quando as principais atividades econômicas ali se desenrolavam. Na medida em que o projeto político do país prioriza atividades mais promissoras no meio urbano, notadamente no litoral, o Sertão passa a ser desmobilizado sem trégua, e o sertanejo depara-se com uma condição nova: ele, em seu espaço, já não faz parte do que acontece. Ou muda seu modo de viver ali, ou vai embora e tenta reproduzir o modo de vida da cidade, do litoral.
Os resultados da pesquisa apontaram que os conflitos, que são constantemente usados como referência para as políticas públicas, dificultam uma relação face a face, condição essencial para o desenvolvimento humano. O conflito em relação ao acesso à água se sobressai, no entanto, foi constatado que este é a representação de um conflito mais complexo e maior, que está oculto e se refere à própria identidade do sertanejo.
Ser ou não sertanejo é um conflito que se desenvolve historicamente e que, ao mesmo tempo, é influenciado e influencia as políticas públicas traçadas para o Sertão. Na medida que estas políticas não respeitam a cultura, o lugar e as pessoas, não colocando estas como seu foco real, não conseguem se traduzir em melhorias para o Sertão e ainda contribuem para a desmobilização de sua sociedade.
No início do século XXI, o Estado domina a cena e mantém o sertanejo refém de novas políticas públicas de cunho compensatório que transmutam a tradição assistencialista do Sertão e não reconhecem a condição de ator do sertanejo. O Estado capturado pelo poder político foi se modificando, adaptando discurso e prática para garantir a perpetuação da dependência do sertanejo. O Estado foi tão eficiente na simples contenção dos conflitos que está criando uma sociedade sem grande capacidade de reação. Os conflitos, tanto os explícitos quanto os latentes, continuam, mas são abafados. O antigo clientelismo dá lugar a um “cuidado” que mutila, baseado em políticas públicas compensatórias que se perpetuam e tomam o lugar das atividades geradoras de renda que poderiam garantir alguma autonomia.
O sertanejo, que conseguiu resistir à alternativa da migração que já levou tantos no rumo das grandes cidades do País, começa a acreditar que não vale a pena continuar no Sertão. A modernidade trazida sem cuidado por antenas parabólicas convence o sertanejo de que há uma vida melhor fora dali, nas cidades. Os velhos currais eleitorais do Sertão apenas estão se deslocando dali para a periferia das grandes cidades, onde a vida do ser é ainda mais degradada, e sua condição de excluído é desenhada com cores mais fortes, pois contrasta com o lado incluído dos bairros vizinhos. A pobreza presente no Sertão pode ser maior na cidade, contudo a esperança de encontrar nesse novo espaço uma condição perdida, um sentido para ser, faz o sertanejo ali permanecer.
O deslocamento de grande parte da população para o meio urbano enfraquece mais ainda o Sertão. Os problemas recorrentes com a água nesse espaço se agravam na medida em que a água se torna cada vez mais necessária nas cidades, tanto para uso doméstico como para a produção. As ações e políticas que atingem o Sertão estão na perspectiva urbana e deixam esse espaço cada vez mais vulnerável. O sertanejo é capturado em uma rede que aos poucos vai lhe paralisando e lhe deixando com poucas alternativas: ou migra para o espaço urbano ou continua no seu lugar apenas sobrevivendo, perdido em um modo de vida que já não é seu.
Em todo o estado, mas especialmente no Sertão, as pessoas e o próprio ambiente natural foram excluídos pelo sistema econômico e social vigente, porém sofrem as conseqüências negativas da intervenção de políticas públicas inadequadas à realidade local. Essas políticas têm desmobilizado o modo de vida do Sertão, em prol de uma “modernidade” capenga e ineficiente que não consegue conter os fluxos migratórios, muito menos melhorar efetivamente a qualidade de vida do sertanejo, e insiste em soluções paliativas que só aumenta a vulnerabilidade do sertanejo. E o que é pior: muitas dessas pessoas estão “desaparecendo” como cidadãos, protagonizando um estado de exclusão extrema, que os torna “desnecessários” ao sistema produtivo e até mesmo social. São pessoas que não se enquadram tecnologicamente às alternativas produtivas e perdem paulatinamente o acesso aos serviços públicos. Muitas nem mesmo possuem registro civil. Nascem, vivem (ou não) e morrem na miséria, sem existir para o governo ou para as estatísticas, que dessa forma não revelam completamente a realidade.
Assim, os conflitos visíveis no Sertão continuam ocorrendo em torno do acesso à água. É isto que se ressalta nas conversas e mesmo no direcionamento das políticas públicas. Historicamente a água estava controlada por latifundiários, donos dos açudes, e por isso donos de currais eleitorais. Muitos conflitos de fato permanecem em relação à água, que ainda chega no Sertão em lombo de jumentos ou em carros-pipas controlados pelos políticos locais, enquanto a política de águas do Ceará se sofistica com o uso de conceitos modernos e práticas científicas, mas beneficia grupos específicos, ligados ao poder.
É mantida a condição de cabresto das populações remanescentes no Sertão, que seguem à mercê dos favores públicos, mediados por “atravessadores” do Estado, que repetem os velhos hábitos e faturam em eleições. E a condição ambiental do Sertão continua servindo de justificativa para ações políticas que subordinam esse espaço e seus habitantes.
É preciso ir além dessa repetição em torno da água. Para que os políticos e as políticas não continuem se restringindo ao uso da escassez da água como justificativa da pobreza, é necessário ver esse conflito em relação à água como a camuflagem histórica de um processo contínuo de destruição da condição de ser no Sertão.
O cenário apresentado no livro indica uma tendência de esvaziamento do Sertão. O sertanejo segue o caminho das águas, traçado pelas políticas públicas, que leva às cidades do litoral, mais privilegiadas.
Como sugestão, no caso de revisão das ações políticas que afetam o Sertão, o livro sugere políticas públicas que tenham como objetivo central promover uma “piracema” de sertanejos, um retorno às origens daqueles que desceram pelo caminho das águas e vivem nas cidades, no litoral. Essa política seria parte de uma estratégia maior, de longo prazo, com forte esteio na educação, na criação de empregos e na diminuição relativa da importância das políticas públicas de cunho apenas compensatório. Isto reverteria a condição de subordinação do sertanejo e contribuiria para o fortalecimento da sociedade no Sertão, promovendo ali o verdadeiro desenvolvimento sustentável.

REFERÊNCIA:

CHACON, Suely Salgueiro. O Sertanejo e o caminho da s águas: políticas públicas, modernidade e sustentabilidade no semi-árido. Fortaleza: BNB, 2007. Série Teses e Dissertações. Vol. 8.