quinta-feira, 11 de março de 2010

Economia Internacional


11/03/2010

Aumentam os temores de bolha imobiliária na China

Financial Times
Jamil Anderlini, em Pequim, e Tom Mitchell, em Hong Kong (China)


Visitante passa diante do pôster que mostra o processo de desenho e impressão da moeda chinesa, o yuan, durante exposição no Museu Nacional da China, em Pequim
  • Visitante passa diante do pôster que mostra o processo de desenho e impressão da moeda chinesa, o yuan, durante exposição no Museu Nacional da China, em Pequim.
Os preços de imóveis chineses sofreram uma aceleração no mês passado, aumentando com a maior velocidade registrada nos últimos dois anos, apesar das tentativas governamentais de acalmar o mercado, em meio a temores quanto a uma bolha imobiliária.
Os preços das propriedades comerciais e residenciais nas 70 maiores cidades da China subiram 10,7% em fevereiro deste ano em relação a fevereiro de 2009, segundo o departamento de estatísticas da China. Em janeiro deste ano o aumento correspondente foi de 9,5%.
Desde o início do ano, Pequim implementou uma série de políticas com o objetivo de reduzir os preços dos imóveis em disparada, e várias autoridades governamentais alertaram para os aumentos muito rápidos dos preços e as bolhas registradas em certos mercados.
Gu Yunchang, secretário-geral da Associação de Corretores de Imóveis da China, calcula que os preços médios das residências na China aumentaram 22%. No entanto, o departamento de estatísticas divulgou no mês passado números que demonstram que o preço médio das vendas imobiliárias no ano passado subiram apenas 1,5% acima do índice equivalente em 2008.Os números divulgados na quarta-feira (10/03) incluem moradia subsidiada e com aluguéis controlados, em um sistema no qual os pequenos aumentos de preços reduzem os aumentos em geral, bem como os dos imóveis comerciais, cujos valores têm se mantido estáveis ou em queda. 
Os analistas dizem que os aumentos reais dos preços da moradia são substancialmente maiores – e isto preocupa muito o governo porque estes preços têm um impacto direto sobre na vida da população e sobre a satisfação desta com o governo do Partido Comunista.
“Quando vi esta estatística, eu também manifestei ceticismo e achei que eles tinham errado a casa decimal”, disse Gu ao “Financial Times”.
O governo está procurando implementar medidas para corrigir o problema: conter os especuladores sem derrubar o mercado e, ao mesmo tempo, manter as portas abertas para a maioria da população que ainda não possui casa própria.
“Os governos central e municipais não podem reprimir demais o mercado imobiliário, porque ele desempenha um papel crucial na economia como um todo”, explicou Gu.
Os preços crescentes dos imóveis também estão fazendo com que aumentem as preocupações em Hong Kong, onde poderá haver consequências nas urnas. Cinco legisladores renunciaram recentemente às suas cadeiras, o que desencadeou a convocação de novas eleições, que serão realizadas em maio próximo, e que eles esperam que demonstrem o apoio popular a uma marcha mais rápida rumo à democracia integral.
Ciente de que a preocupação pública com o custo da moradia poderia beneficiar os candidatos favoráveis à democracia, o governo de Hong Kong anunciou no mês passado medidas que incluem mais leilões de terrenos para aumentar a oferta e um imposto mais elevado sobre as vendas de imóveis de luxo.
Os magnatas locais do setor imobiliário também identificaram o estado de espírito do povo e estão revertendo a sua oposição anterior a um esquema de propriedade de moradias subsidiadas pelo governo cujo objetivo é aumentar a oferta de apartamentos a preços acessíveis.
Eliot Gao contribuiu para esta matéria.
Tradução: UOL

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