Plano Real completa 16 anos afastando país da hiperinflação
Programa de estabilização econômica orquestrado por Fernando Henrique obteve sucesso em acabar com a alta de preços
O Plano Real foi um programa de estabilização econômica, iniciado em 27 de fevereiro de 1994, com a publicação de uma Medida Provisória, que determinou o lançamento de uma nova moeda no Brasil, o Real.
O programa tinha como objetivo principal o controle da hiperinflação que atingia o páis – à época de seu lançamento, junho de 1994, a inflação do mês foi de 46,58%. A idealização do projeto, elaboração des medidas e execução das reformas, tiveram contribuição de vários economistas, reunidos por Fernando Henrique Cardoso, então Ministro da Fazenda.
Devido a corrida inflacionária, entre 1967 e 1993 o Brasil teve seis moedas diferentes: Cruzeiro Novo (1967), Cruzeiro (1970), Cruzado (1986), Cruzado Novo (1989), Cruzeiro (1990) e Cruzeiro Real (1993).
Em 1º de julho de 1994, após a criação do Fundo Social de Emergência (que desvinculou verbas do orçamento da União, eliminando gastos supérfluos), foi lançada a nova moeda, o Real (R$).
A conversão do Cruzeiro Real se deu na proporção de CR$2.750,00 para cada R$1,00.
O Plano Real mostrou-se nos meses e anos seguintes o plano de estabilização econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação (que entre julho de 1965 e junho de 1994, registrou 1,1 quatrilhão por cento de inflação), ampliando o poder de compra da população e remodelando os setores econômicos nacionais.
A inflação acumulada até julho de 1994 foi de 815,60%, e a primeira inflação registrada sob efeito da nova moeda, no mês seguinte, foi de 6,08% – mínima recorde em anos.
O resultado positivo do Plano Real tem influenciado a política econômica brasileira desde então. O efeito imediato e mais notável do Plano Real foi a aposentadoria da máquina-símbolo da inflação, a remarcadora de preços do supermercado.
Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas – (FGV), houve entre 1993 e 1995 uma redução de 18,47% da população miserável do país. O consumidor de baixa renda foi o principal beneficiário: após o Plano Real, a taxa de consumo de itens como o iogurte, comercializados nas classes A e B, explodiu nas classes C e D.
O presidente Itamar Franco, responsável pelo Plano Real, tornou o Ministro da Fazenda o homem mais forte e poderoso de seu governo. Consequentemente, seu candidato natural à sucessão. Assim, Fernando Henrique Cardoso elegeu-se Presidente do Brasil em outubro do mesmo ano.
O Plano Real enfrentou grandes crises mundiais. Em todas essas ocasiões, o Brasil foi afetado diretamente, devido ao medo que os grandes investidores tinham com mercados emergentes.
Como essas crises deixavam o Brasil sem meios de financiar seu plano de estabilização, o governo aumentou a taxa básica de juros, numa tentativa de evitar abandonos de investidores.
A taxa de juros do Brasil chegou a 45% ao ano em março de 1999, e como conseqüência, houve maior endividamento público, mais cortes de gastos públicos e retração de alguns setores da economia.
Entretanto, os efeitos em longo prazo contrabalancearam os aspectos negativos dos juros altos. Houve manutenção de baixas taxas inflacionárias e referências reais de valores, aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras; modernização do parque industrial brasileiro e crescimento econômico com geração de empregos.
A História do Brasil pode ser contada através das suas moedas. Foram tantas que os mais antigos chegam a fazer confusão e em cada mudança, um festival de zeros. Porém, em 1994, com a implantação do Real, as mudanças terminaram.
Desde então, apesar dos juros altos e elevada dívida externa, produtos não alteram mais o seu valor em questão de horas e a remarcação de preços hora a hora faz parte de uma história antiga. Dezesseis anos depois, o país possui uma moeda forte.
Fonte: Tendências e Mercado, 16 de fevereiro de 2010.
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