MERCADO DE R$ 834 BI
Classes C, D e E passam a protagonistas do consumo
Baixa renda, puxada pela classe média, corresponde a 87% da população e é um público ávido pela inclusão
Nos últimos anos, o mercado brasileiro sofreu significativas mudanças, fruto dos novos rumos tomados pela economia do País e da própria maneira de ser e pensar do cidadão. De personagens coadjuvantes no universo do consumo, as classes C, D e E se tornaram protagonistas de um mercado interno crescente e cada vez mais forte.
Hoje, a baixa renda, puxada pela classe média, corresponde a 87% da população. Figura como um público ávido por sair do universo das restrições, carente de oportunidades e de necessidades e que chega a movimentar R$ 834 bilhões por ano, ou 76% de tudo que é consumido no Brasil.
Diante do tamanho desse mercado, com base nos dados do estudo "Tendências da Maioria", divulgado recentemente pelo instituto de pesquisa Data Popular, o Diário do Nordeste lhe convida para conhecer o perfil desses consumidores.
Como agem, como pensam e como eles se comunicam quando o assunto é comprar. Mas por que a ascensão da baixa renda veio para ficar?
Maioria
Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, há dez anos, quando se começou a falar de baixa renda no Brasil, pensava-se apenas em um nicho de mercado. "Hoje, ela é a maioria e o consumo de luxo é que se tornou um nicho de mercado. Os números comprovam bem essa inversão. Basta observar a quantidade de pessoas pertencentes a essa camada da população, ao nível de acesso aos serviços financeiros e quanto elas movimentam anualmente no País", pondera Meirelles.
Mas afinal, o que é que sustenta essa tendência? Na sua avaliação cinco são os fatores: a juventude das classes C, D e E; o sentimento de ascensão social, o incremento da oferta de crédito; o aumento real dos rendimentos e os programas federais de distribuição de renda.
"Atualmente, a população de jovens inserida na população economicamente ativa do País, em sua maioria da baixa renda, é bem superior à de adultos e idosos. São pessoas que produzem e que se juntarmos com à trajetória de crescimento econômico do Brasil e a respectiva de oferta de emprego veremos que são os jovens que vão ditar o consumo nos próximos 30 anos", justifica Meireles.
Aliado a esse fator, tem-se ainda o aspecto psicológico dessas pessoas com relação à ascensão social. "Acostumadas a consumir melhores produtos, elas não pensam em retornar a um patamar inferior. Um bom exemplo disso é a classe C, que faz trabalhos extras para não deixar os rendimentos caírem. São pessoas que se esforçam para manter o padrão", justifica.
O que se soma, reforça o especialista, à política de valorização do salário mínimo, que tem sido reajustado acima da inflação; ao fato de 69% dos cartões de crédito em circulação no País estarem nas mãos das classes C, D e E; e aos cerca de R$ 13 bilhões que são injetados todos os anos na economia, oriundos dos programas de transferência de renda.
A força do Nordeste
"E nesse universo, é o Nordeste que melhor representa essa tendência. Além de deter quase um terço da população brasileira, o boom da classe C acontece nessa região, que cresce acima da média nacional e que exporta para as demais regiões do País parte desse público, que carrega consigo suas referências, seus valores e sua cultura.
Para se ter uma ideia, atualmente, cerca de 5,5 milhões de nordestinos vivem e trabalham em São Paulo.
Assim, se as empresas que atuam no Nordeste entenderem como a sua população pensa vão ter sucesso na estratégias de comunicação com esse público em qualquer parte do Brasil", pontua Meirelles.
ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER
TRANSFORMAÇÃO NO MERCADO
Jovens da camada C vão liderar compras
Mais escolarizados e informados que seus pais, os jovens de baixa renda, em especial da classe C, é que vão liderar, nos próximos anos, um novo processo de transformação no universo do consumo. Essa faixa etária, conclui o estudo do Data Popular, vai ser a cara do Brasil: a juventude e geração "C". Conforme o Instituto, o Brasil ainda é uma nação jovem, sobretudo nas camadas emergentes: na classe C, 50% têm até 30 anos; na classe D, a participação sobre para 57%; e na classe E, essa fatia é de quase 68%. Em números absolutos, a classe C já representa também o maior números de alunos em escolas privadas: 33%, o que equivale a quatro milhões de crianças estudando em escolas privadas, ante 16% da classe A e 22% da classe B.
A diferença de renda entre pais e filhos nas diferentes classes sociais demonstra ainda o peso do poder de consumo dos jovens na base da pirâmide. Na classe A+, os jovens de vinte anos de idade ganham, em média, R$ 1.499,45; e de 25 anos, R$ 3.227,57; com essa renda saltando para R$ 10.259,34 na faixa etária dos 45 anos, e para R$ 14.567,00 entre os que têm 50 anos. Enquanto isso, os jovens da classe C que têm 20 anos e 25 anos, chegam a ganhar 50% (R$ 547,14) e cerca de 78% (R$ 846,27), respectivamente, do que os pais na faixa etária de 45 anos (R$ 1.082,99) e 50 anos (R$ 1.089,43), por sua vez, ganham.
Além disso, enquanto na classe A, apenas 10% dos jovens estudaram mais do que os pais; na classe C, 68% têm nível de escolaridade superior. Se comparados à geração dos pais, eles se acham mais interessados em política (71%), mais vaidosos (83%) e mais consumistas (91%). Sem contar que 75% fazem mais pesquisa de preço.
Identidade e autoestima
A pesquisa conduzida pelo Data Popular, revela ainda que a base da pirâmide está mais consciente da sua importância na sociedade e valoriza cada vez mais as suas conquistas, enaltecendo a relação com as suas origens, sua história e suas características. "Será preciso dialogar com o universo de signos do repertório deste consumidor e se aproximar da sua cultura ou então corremos o risco de o consumidor arranjar um jeito próprio de se relacionar com as marcas", argumenta Renato Meirelles, do Data Popular.
Os números reforçam bem essa tendência. Nas classes AB, em média, apenas 23% concordam com a frase "prefiro comprar produtos que valorizem a minha origem", ao passo que, nas classes C e DE, a proporção se eleva para 51% e 57%, respectivamente. (ADJ)
INVESTIMENTO PARA MAIORIA
Tecnologia fortalece consumo
No universo do consumidor emergente, novas tecnologias e redes sociais surgem como ferramentas poderosas para reforçar as relações, não apenas pessoais, mas também de consumo. É o que também aponta o estudo do Data Popular. Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto, os integrantes das classes C, D e E cultivam relações sociais mais próximas, gostam de ajudar e têm como hábito a socialização das informações que dispõe. "E, nesse contexto, a internet vai auxiliá-los na maior exposição de suas ideias. Antes restritos ao seu bairro, à sua comunidade, eles vão poder, agora, se comunicar, com mais e mais pessoas", diz.
Vale destacar, acrescenta o especialista, que enquanto apenas 20% dos consumidores da Classe A costumam fazer propaganda boca a boca, essa proporção salta para 60% no âmbito das classes emergentes. "São dicas sobre trabalho, moda, beleza, política, construção, acesso a informações locais e sobre compras mensais. Então, imagine isso tudo tendo a internet como aliada", destaca Meirelles. "Sem contar, que muitas famílias compram um computador pensando na educação dos filhos e um fato curioso é que o esse equipamento chega a funcionar, inclusive, como correspondente bancário para o vizinho, que pede emprestado para pagar uma conta. Daí ser crescente a sua importância", diz.
Para esse público, aponta Meirelles, a tecnologia passa a ser investimento em conhecimento, entretenimento e lazer. "A cada ano, engrossa o contingente de pessoas que utilizam computador e a classe C já é maioria na web". (ADJ)
DO CEARÁ
Internauta busca produtos do Japão
Depois de setembro de 2008, a forma como o técnico em recarga de cartuchos, Arleudo da Costa, 32, se relaciona com a internet se intensificou. Nessa época, ele passou a adquirir jogos eletrônicos de um site no Japão. Antes disso, ele conta que já havia realizado algumas compras através da rede mundial de computadores.
"Comecei por conta do meu interesse com a informática. Já havia comprado periféricos para computadores. E, como os jogos para o vídeo game que comprei são muito caros no Brasil e como só tem jogos originais, descobri um site asiático que se compra em dólar e bem mais barato", informa.
Regularidade
Pelo menos a cada 2 meses, o técnico costuma adquirir jogos novos. Em 2009, ele comenta que desembolsou cerca de R$ 1 mil. "Se tivesse comprado aqui no Brasil, teria gasto bem mais, entre R$ 2 mil R$ 3 mil", acredita Arleudo.
Vantagens
Segundo ele, as vantagens de fazer compras on line são muitas. "É um produto seguro e original que não danificará meu aparelho, de uma loja segura. Além disso, tenho a comodidade de receber na minha casa sem precisar me deslocar", diz.
A sua forma de consumir via internet acabou influenciando também os colegas de trabalho. Mas, ele sabe que para evitar golpes e dores de cabeça é importante tomar as precauções devidas, como observar a parte visual do site, e digitar os dados do cartão de crédito apenas quando o cadeado de segurança for exibido. A indicação de amigos que costumam comprar no site também é importante.
A diferença de renda entre pais e filhos nas diferentes classes sociais demonstra ainda o peso do poder de consumo dos jovens na base da pirâmide. Na classe A+, os jovens de vinte anos de idade ganham, em média, R$ 1.499,45; e de 25 anos, R$ 3.227,57; com essa renda saltando para R$ 10.259,34 na faixa etária dos 45 anos, e para R$ 14.567,00 entre os que têm 50 anos. Enquanto isso, os jovens da classe C que têm 20 anos e 25 anos, chegam a ganhar 50% (R$ 547,14) e cerca de 78% (R$ 846,27), respectivamente, do que os pais na faixa etária de 45 anos (R$ 1.082,99) e 50 anos (R$ 1.089,43), por sua vez, ganham.
Além disso, enquanto na classe A, apenas 10% dos jovens estudaram mais do que os pais; na classe C, 68% têm nível de escolaridade superior. Se comparados à geração dos pais, eles se acham mais interessados em política (71%), mais vaidosos (83%) e mais consumistas (91%). Sem contar que 75% fazem mais pesquisa de preço.
Identidade e autoestima
A pesquisa conduzida pelo Data Popular, revela ainda que a base da pirâmide está mais consciente da sua importância na sociedade e valoriza cada vez mais as suas conquistas, enaltecendo a relação com as suas origens, sua história e suas características. "Será preciso dialogar com o universo de signos do repertório deste consumidor e se aproximar da sua cultura ou então corremos o risco de o consumidor arranjar um jeito próprio de se relacionar com as marcas", argumenta Renato Meirelles, do Data Popular.
Os números reforçam bem essa tendência. Nas classes AB, em média, apenas 23% concordam com a frase "prefiro comprar produtos que valorizem a minha origem", ao passo que, nas classes C e DE, a proporção se eleva para 51% e 57%, respectivamente. (ADJ)
INVESTIMENTO PARA MAIORIA
Tecnologia fortalece consumo
No universo do consumidor emergente, novas tecnologias e redes sociais surgem como ferramentas poderosas para reforçar as relações, não apenas pessoais, mas também de consumo. É o que também aponta o estudo do Data Popular. Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto, os integrantes das classes C, D e E cultivam relações sociais mais próximas, gostam de ajudar e têm como hábito a socialização das informações que dispõe. "E, nesse contexto, a internet vai auxiliá-los na maior exposição de suas ideias. Antes restritos ao seu bairro, à sua comunidade, eles vão poder, agora, se comunicar, com mais e mais pessoas", diz.
Vale destacar, acrescenta o especialista, que enquanto apenas 20% dos consumidores da Classe A costumam fazer propaganda boca a boca, essa proporção salta para 60% no âmbito das classes emergentes. "São dicas sobre trabalho, moda, beleza, política, construção, acesso a informações locais e sobre compras mensais. Então, imagine isso tudo tendo a internet como aliada", destaca Meirelles. "Sem contar, que muitas famílias compram um computador pensando na educação dos filhos e um fato curioso é que o esse equipamento chega a funcionar, inclusive, como correspondente bancário para o vizinho, que pede emprestado para pagar uma conta. Daí ser crescente a sua importância", diz.
Para esse público, aponta Meirelles, a tecnologia passa a ser investimento em conhecimento, entretenimento e lazer. "A cada ano, engrossa o contingente de pessoas que utilizam computador e a classe C já é maioria na web". (ADJ)
DO CEARÁ
Internauta busca produtos do Japão
Depois de setembro de 2008, a forma como o técnico em recarga de cartuchos, Arleudo da Costa, 32, se relaciona com a internet se intensificou. Nessa época, ele passou a adquirir jogos eletrônicos de um site no Japão. Antes disso, ele conta que já havia realizado algumas compras através da rede mundial de computadores.
"Comecei por conta do meu interesse com a informática. Já havia comprado periféricos para computadores. E, como os jogos para o vídeo game que comprei são muito caros no Brasil e como só tem jogos originais, descobri um site asiático que se compra em dólar e bem mais barato", informa.
Regularidade
Pelo menos a cada 2 meses, o técnico costuma adquirir jogos novos. Em 2009, ele comenta que desembolsou cerca de R$ 1 mil. "Se tivesse comprado aqui no Brasil, teria gasto bem mais, entre R$ 2 mil R$ 3 mil", acredita Arleudo.
Vantagens
Segundo ele, as vantagens de fazer compras on line são muitas. "É um produto seguro e original que não danificará meu aparelho, de uma loja segura. Além disso, tenho a comodidade de receber na minha casa sem precisar me deslocar", diz.
A sua forma de consumir via internet acabou influenciando também os colegas de trabalho. Mas, ele sabe que para evitar golpes e dores de cabeça é importante tomar as precauções devidas, como observar a parte visual do site, e digitar os dados do cartão de crédito apenas quando o cadeado de segurança for exibido. A indicação de amigos que costumam comprar no site também é importante.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios, 21003/2010
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