quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

30/12/2009 - 08h19 Confiança da indústria atinge maior nível desde julho de 2008, diz FGV

da Folha Online

O ICI (Índice de Confiança da Indústria) da FGV (Fundação Getulio Vargas) cresceu 3,5% neste mês (dado com ajuste sazonal), indo a 113,4 pontos, contra 109,6 de novembro. Trata-se do maior nível desde julho de 2008 (113,7 pontos). Os dados foram divulgados nesta quarta-feira.

O resultado marca uma recuperação expressiva em relação ao desempenho verificado no início do ano, quando o indicador chegou a 75,1 pontos, segundo menor nível da série histórica iniciada em abril de 1995, destaca a FGV.

O indicador também encerra 2009 em alta, pela 11ª vez consecutiva, acima da média dos últimos 10 anos (100,4 pontos). Sem ajuste sazonal, o índice subiu 54,2% na comparação com o mesmo mês de 2008, quando o setor industrial era fortemente afetado pela crise internacional.

O ISA (Índice da Situação Atual) subiu 3,5% neste mês, para 111,9 pontos, contra 108,1 de novembro. Já o IE (Índice de Expectativas) avançou em igual percentual, de 111 para 114,9 pontos. Pela quarta vez consecutiva, o IE supera o ISA, indicando que os empresários industriais estão mais otimistas em relação aos próximos meses.

Entre os fatores que influenciaram de forma positiva o resultado está a avaliação a respeito da situação atual dos negócios; esse indicador avançou 9,8% (a maior variação em relação ao mês anterior desde outubro de 2004, 11%), ao passar de 111,9 para 122,9 pontos.

Entre novembro e dezembro, a parcela de empresas que avaliam a situação dos negócios como "boa" aumentou de 29,9% para 31,6%, enquanto a proporção das que a consideram como fraca teve redução expressiva, de 18% para 8,7%.

As previsões para os meses seguintes são favoráveis em todos os quesitos integrantes do IE, principalmente em relação à produção, cujo indicador de 144,1 pontos é o maior da série histórica constituída desde 1980. Das 1.110 empresas consultadas, 46,9% preveem expansão no trimestre dezembro-fevereiro e apenas 2,8%, redução (o menor da série). Em novembro, esses percentuais haviam sido de 47,5% e 5,7%, respectivamente.

O Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada) teve neste mês sua nona alta consecutiva, com destaque para o avanço nos últimos cinco meses --quando subiu 3,9 pontos (de 79,9% em julho para 83,8% em dezembro), rompendo, após sete meses, o patamar de 80%. Entre novembro e dezembro, o destaque foi o setor de bens de capital, ao passar de 77,9% para 80,9%.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u672725.shtml

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Desembolsos do BNDES sobem 49% em 2009

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2009 somaram R$ 137,3 bilhões, com alta de 49% em relação a 2008, segundo divulgou nesta terça-feira (29) o presidente do banco, Luciano Coutinho. Os desembolsos para a indústria ficaram em R$ 60,1 bilhões, volume 54% acima do apurado em 2008. Para a infraestrutura, os desembolsos cresceram 32% este ano, somando R$ 46,5 bilhões.

As aprovações do banco neste ano atingiram R$ 158,02 bilhões, um volume 30% superior ao registrado em 2008. Em 2009, os enquadramentos, de R$ 182,33 bilhões, e as consultas, de R$ 216 42 bilhões, representaram taxas de crescimento de 17% e de 23%, respectivamente, em comparação com o ano passado.

Segundo Coutinho, o desembolso recorde do banco teve forte influência da retomada da taxa de investimentos na economia, que ficou em 17,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano. Este foi o período no qual o governo lançou o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com juros reduzidos para bens de capital

O presidente do BNDES disse ainda que espera um "crescimento pujante" desta taxa no quarto trimestre e previu que o País feche o ano com investimentos acima de 18% do PIB. "Espero que terminemos 2010 perto de 20%. Sou muito otimista com esta recuperação", afirmou.


Fonte: Diário do Nordeste - Caderno Negócios

http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=279248&modulo=968

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

China pode superar Alemanha como maior exportador mundial

PEQUIM, 28 dez 2009 (AFP) - A China pode superar a Alemanha e se tornar o maior exportador mundial em 2009, apesar da desaceleração provocada pela crise econômica mundial, afirmou o vice-ministro chinês do Comércio, Zhong Shan.

A parte correspondente a China no comércio mundial deve ultrapassar 9% em 2009, contra 8,6% em 2008, segundo Zhong.

"Provavelmente, a China vai ultrapassar a Alemanha e se transformará no primeiro exportador mundial", declarou o vice-ministro.

No primeiro semestre de 2009, as exportações chinesas de mercadorias ultrapassaram por pouco as alemãs, de acordo com dados divulgados em agosto pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

As exportações chinesas alcançaram no período 521,7 bilhões de dólares, contra US$ 521,6 bilhões das alemãs.

Mas 2009, ao mesmo tempo, foi um ano difícil para a China, que registrou uma queda de 18,8% nas exportações nos primeiros 11 meses do ano na comparação com o mesmo período em 2008, segundo o ministério.

Zhong acrescentou que o país enfrentará uma situação ainda mais complicada no comércio exterior em 2010, em consequências das dúvidas sobre a demanda mundial e a estabilidade cambial do yuan.

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2009/12/28/china-pode-superar-alemanha-como-maior-exportador-mundial.jhtm

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Empresas do NE estão entre as maiores do Brasil

Empresas do setor sucroalcooleiro figuram na lista do Valor Econômico.
Foto: Imagem TM


Grupos que se destacaram estão nos estados da Bahia, Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte

Oito grupos do Nordeste estão entre os 200 maiores do Brasil. A lista foi elaborada pela revista Valor Grandes Grupos, publicação anual do Grupo Valor Econômico, que traz um perfil de cada “gigante” da economia brasileira.

A edição lançada neste mês de dezembro é a oitava e exibe números referentes ao ano de 2008. A revista ainda informa os 20 grupos que mais cresceram em receita bruta, patrimônio líquido, rentabilidade patrimonial e lucro líquido, em cada uma das seguintes áreas: indústria, comércio, serviços e finanças.

Representando o Nordeste, a Bahia aparece três vezes entre os 200 maiores grupos do país. O estado é sede da Odebrecht, de capital brasileiro, e dona de uma construtora de mesmo nome, da Braskem, da ETH Bioenergia, entre outros empreendimentos.

O grupo, entre os 200 “gigantes”, ocupa a 9° no ranking. Em 2007, estava em 12° lugar. A receita bruta da Odebrecht em 2008 chegou a R$ 40.953,8 milhões, com variação de 30,4%. Devido ao crescimento expressivo, o grupo ficou em 17° lugar entre os vinte da indústria que mais cresceu em receita bruta. O possui 82.159 empregados.

Da Bahia, a Pirelli também compõe o time dos maiores do Brasil. De capital italiano e receita bruta de R$ 4.263,4 milhões, com variação 5,2%, a Pirelli é dona da Pirelli Pneus, TLM, Cord Brasil, entre outras empresas, com atuação também no Chile, México e na Caolômbia. O grupo mantém 10.251 empregados. Na lista dos 200 maiores do país, o Grupo com sede na Bahia ocupa a 89° posição. Em 2007, a Pirelli estava no 85° lugar.

Ainda no estado da Bahia, surge no ranking elaborado pelo Valor Grandes Grupos, a Ferbasa. De capital brasileiro, em 2008, o grupo – dono da Mineração Vale do Jacurici e das empresas Damacal, Reflora, Pontes I, Silbasa, entre outras -, empregava 2.933 pessoas. A receita bruta chegou a R$ 1.056,9 milhões, com variação de 85,9%, o segundo grupo da indústria que mais cresceu em receita bruta, perdeu apenas para a JBS-Friboi, de São Paulo. No ranking atual, a Fernasa ocupa a 181ª posição. Em 2007, o grupo não foi incluído entre os 200 maiores do Brasil.

Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte

Depois da Bahia, Ceará e Alagoas são os estados que mais sediam grupos no Nordeste, presentes no ranking divulgado pela revista Valor Grandes Grupos este mês. Cada um aparece com dois grupos. Já o Rio Grande do Norte é representado por um.

De capital brasileiro, o M. Dias Branco, instalado no Ceará, é dono da Bomgosto, Adria Alimentos, Tergran, entre outras empresas. O grupo alcançou receita bruta de R$ 2.835,6, com variação de 43,3%. Foi o 8° grupo entre os 20 da indústria que mais cresceu em receita bruta. Com 9.585 empregados, o M. Dias Branco ocupa a 122ª posição. Em 2007, o grupo estava em 132° lugar.

Também com sede no Ceará, o grupo J. Macêdo, que administra a Tergran, Pico da Caledônia, MacDo, entre outras empresas, fechou o ano de 2008 com receita bruta de R$ 1.512,7 (variação de 19,8%). O grupo, cujo capital é brasileiro, mantém 2.575 pessoas empregadas. No ranking atual, está na 160ª posição. Já em 2007, ocupava o 164° lugar.

De Alagoas, os grupos Tércio Wanderley e Carlos Lyra (este último com empresas sediadas também em Minas Gerais) estão entre os “gigantes” do Brasil. O grupo Carlos Lyra, em 2008, alcançou receita bruta de R$ 1.084,9, com variação de 9,6%. Dono da Usina Caeté e das empresas Sotan e Lagense S.A., entre outros empreendimentos, o grupo emprega 15.280 pessoas. No ranking atual, ocupa a 180ª. Em 2007, estava em 174 lugar.

Já o grupo Tércio Wanderley, administrador da Usina Coruripe, Cipesa Engenharia, Coruripe Energética, entre outras empresas, gerou receita bruta de R$ 1.007,7, registrando variação de 39,8%. Por conta do cresciemnto significativo, o Técio Wanderley também está entre os 20 grupos que mais cresceram em receita bruta na indústria. O grupo possui 7.200 empregados. No ranking da revista , o Tércio Wanderley está na 185ª posição. Em 2007, ocupava o 200° lugar.

No Rio Grande do Norte, o destaque é do grupo Guararapes, o único do Nordeste que não atua na indústria, mas no comércio. O grupo, dono das Lojas Riachuelo, Transportadora Casa Verde, Midway, entre outras empresas, somou, em 2008, receita bruta de R$ 2.705,5, registrando crescimento de 9,9%. No ranking divulgado este mês, ocupa a 127ª posição, entre os 200 “gigantes” do Brasil. Em 2007, estava em 117° lugar. O grupo mantém 34.056 empregados.

O grupo Guararapes também aparece entre os 20 do setor do Comércio que mais cresceram em receita bruta em 2008. Com variação de 9,9%, ele ficou em 19° lugar. Já levando em conta o crescimento do patrimônio líquido, o grupo do Rio Grande do Norte ficou na 7ª posição entre vinte. O Guararapes ainda ocupa o 11° lugar em rentabilidade patrimonial e o 7ª em lucro líquido, com 136,9 milhões somados em 2008

Fonte: Tendências e Mercados - Panorama Econômico do Nordeste
http://www.tendenciasemercado.com.br/negocios/empresas-do-ne-estao-entre-as-maiores-do-brasil/

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo, em uma versão bem Cearense

Olá amigos!


Nessa época de festas, que ocorre a cada final de ano, vem a vontade de falar de todas as coisas boas que desejamos para todos. Eu recebi essa versão bem cearense de votos de boas festas, e compartilho com todos vocês, desejando que o ano de 2010 traga, além das alegrias individuais, a vontade e fazer deste um mundo melhor para todos!

Abraço forte!

Suely


OBS.: os não "iniciados" na língua "cearenses" podem ter dificuldades em compreender algumas palavras ou expressões, mas o que vale é a intenção! Mas se precisa, é só pedir que traduzo! ;-)


Um ano novo bem arretado pra vocês tudim !!!!

Conselhos de um cearense para um 2010 bem pai d’égua.

Sobre as suas metas para o Ano Novo

Anote os seus querê e pendure num lugar que você enxergue todo dia.

Mesmo que seus objetivos estejam lá prá baixa da égua, vale à pena correr atrás. Não se agonie e nem esmoreça. Peleje.

Se vire num cão chupando manga e mêta o pé na carreira, pois pra gente conseguir o que quer, tem é Zé.

Lembre que pra ficar estribado é preciso trabalhar. Não fique só frescando.

Sobre o amor

Não fique enrolando e arrudiando prá chegar junto de quem você gosta. Tome rumo, avie, se avexe

Dê um desconto prá peste daquela cabrita que só bate fofo com você. Aperreia ela. Vai que dá certo e nasce um bruguelim réi amarelo.

Você é um corralinda. Se você ainda não tem ninguém, não pegue qualquer marmota. Escolha uma corralinda igual a você.

Não bula no que tá quieto. Num seja avexado, pois de tanto coisar com uma, coisar com outra, você acaba mesmo é com um chapéu de touro.

As cabritas num devem se agoniar. O certo é pastorar até encontrar alguém pai d'égua. Num devem se atracar com um cabra peba, malamanhado e fulerage. O segredo é pelejar e não desistir nunca. Num peça pinico e deixe quem quiser mangar. Um dia vai aparecer um machoréi da sua bitola.

Sobre o trabalho

Trabalhe, num se mêta a besta. Quem num dá um prego numa barra de sabão num tem vez não.
Se você vive fumando numa quenga, puto nas calças e não agüenta mais aquele seu chefe réi fulerage, tenha calma, não adianta se ispritar.

Se ele não lhe notou até agora é porque num tá nem aí se você rala o bucho no trabalho. Procure algo melhor e cape o gato assim que puder.

Se a lida não está como você quer, num bote boneco, num se aperreie e nem fique de lundu. Saia com aquele magote de amigos pra tomar uns merol.

Tome umas meiotas e conte uma ruma de piadas que tudo melhora.

Sobre a sua vidinha

Você já é um cagado só por estar vivo. Pense nisso e agradeça a Deus.

Cuide bem dos bruguelos e da mulher. Dê sempre mais que o sustento, pois eles lhe dão o aconchego no fim da lida.

Não fique resmungando e batendo no quengo por besteira. Seje macho e pense positivo.

Num se avexe, num se aperreie e nem se agonie. Num é nas carreira que se esfola um preá.

Arrumação motivacional

No forró da entrada do ano, coma aquela gororoba até encher o bucho. É prá dar sorte, mas cuidado, senão dá gastura.

Tome um burrim e tire o gosto com passarinha ou panelada que é prá num perder a mania.

Prá começar o ano dicunforça:

Reflita sobre as besteiras do ano passado e rebole no mato os maus pensamentos.

Murche as orêia, respire fundo e grite bem alto:

Sai mundiça !!!

Ah, e não esqueça do grito de guerra, que é prá dar mais sorte ainda:

Queima raparigal !!!

Agora é só levantar a cabeça e desimbestar no rumo da venta que vai dar tudo certo em 2010, afinal de contas você é cearense.

E para os que não são da terrinha, mas são doidim prá ser, nosso desejo é que sejam tão felizes quanto nós.

Peeeeennnnse num ano que vai ser muito bom.

Respeite como vai ser pai d’égua esse 2010.


ABRAÇORRÉI ARRETADO A TODOS!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Comércio segue a todo vapor

20/12/2009

FREITAS CORDEIRO

Este foi um ano de boas surpresas para o varejo, sobretudo diante do que se imaginava como a atividade se comportaria face o cenário de crise iniciado em 2008. Em 2009, o desempenho do comércio varejista foi o que sustentou a economia cearense. De janeiro a novembro, a atividade acumulou crescimento de 8,5% nas vendas sobre o mesmo período de 2008, ficando ainda acima da média nacional. Agora, com a expectativa de boas vendas para as festas de fim de ano, eu arrisco afirmar que o varejo cearense deverá encerrar o ano com incremento em torno de 10% sobre o ano passado. Taxa que deverá ser perseguida em 2010, podendo inclusive, ser superada.

O avanço registrado neste ano pode ser atribuído à continuidade da política de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), barateando os produtos, e pelo resgate, nos últimos anos, de cerca de 23 milhões de brasileiros que estavam em situação de extrema pobreza e que hoje fazem parte das classes C, D e E.

A desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi fantástica para nós. E a inclusão desse público está fazendo a diferença para o comércio varejista. Essas classes, juntas, superam, inclusive, a classe B. São pessoas com uma demanda reprimida muito grande e que estavam carentes de tudo.

Para incentivar a atividade varejista no ano que vem, mantendo o comércio ascendente, teremos a realização do 1º Liquida Fortaleza, promoção que vai ser encabeçada pela CDL, com o apoio do governo estadual, a ser realizada, durante dez dias, logo na primeira quinzena de março de 2010.

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Para o presidente da CDL de Fortaleza, Freitas Cordeiro, desoneração do IPI ajudou a alavancar comércio



SUELY CHACON
Crescimento requer melhor distribuição dos recursos

O ano acaba com a perspectiva de concretização de várias obras de infraestrutura no Estado, o que significa um incremento positivo de recursos na economia. Embora muitos desses empreendimentos só fiquem prontos até 2014, para sua concretização, novos investimentos devem acontecer no estado e novos empregos devem ser gerados em 2010. Aliás, a geração de empregos e a boa arrecadação já são destaques na economia cearense em 2009. O crescimento econômico experimentado significa também aumento da responsabilidade das autoridades em relação ao cuidado com a distribuição adequada dos resultados para a população, e com os possíveis impactos relacionados ambientais.

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Para a economista , impacto dos projetos começa em 2010



ALEX ARAÚJO
Há grande nível de otimismo para 2010

O ano começou com perspectivas sombrias por conta da crise mundial, com fluxo de capital interrompido, desinvestimento na indústria, mesmo para os agentes econômicos que não foram afetados pelo consumo básico. O governo foi muito pró-ativo, com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) despertou a população para o consumo, afastando a onda de pessimismo. A economia interna foi aquecida com a entrada; o processo de queda do dólar, puxada pelos investimentos da bolsa de forma muito vigorosa, foi visto como porto seguro.

No segundo semestre, os consumidores voltaram às compras, a indústria voltou a contratar e investir. Para 2010,há um grande nível de otimismo, mas há variáveis ainda indefinidas - a inflação pode voltar por conta da alta dos juros, aumento de custo de crédito e alta generalizada de preços.

A taxa de câmbio muito valorizada prejudica as exportações. A trajetória da economia internacional preocupa, principalmente no que diz respeito aos países que formam o Bric (Brasil, India, Rússia e China) e o recente problema de Dubai. Não vejo ainda crescimento de monta de investimento privado, somente público. Mesmo com fatores de riscos, se fatos novos não ocorrerem, a economia está sob controle.

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Superintendente da Fecomércio-CE, Alex Araújo, afirma que a inflação pode voltar, por conta da alta dos juros

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=708371

domingo, 20 de dezembro de 2009

Indústria do Ceará invade a África

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Os industriais cearenses importarão amêndoa africana de caju, cuja safra é de 800 mil toneladas anuais. Para garantir seu mercado de amêndoa de caju na Europa e EUA, Ceará terá fábrica e escritório em Gana


Mexem-se os industriais beneficiadores e exportadores cearenses de castanha de caju. E o fazem na direção da África, onde sobra matéria-prima e falta indústria para agregar valor ao saboroso fruto da anarcadium occidentale, nome cientifico do cajueiro. A indústria do Ceará, que lidera no Brasil o beneficiamento e a exportação da amêndoa, está ameaçada pela do asiático Vietnam, que, em apenas 20 anos, se tornou o maior produtor e o maior exportador mundial de castanha de caju.

Qual é a estratégia? De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria do Caju do Ceará, Antonio Lúcio Carneiro, a ideia é implantar, até o fim do primeiro semestre de 2010, em Acra, capital de Gana, uma planta industrial para processar 30 mil toneladas/ano de amêndoas. Antes disso, será instalado na capital ganesa um escritório comercial que comprará castanha dos países africanos produtores - Gana, Costa do Marfim e Nigéria. Essa castanha será exportada para o Ceará, onde será beneficiada e, em seguida, mandada de volta ao escritório de Acra, que a exportará para os clientes cearenses da Europa e dos Estados Unidos. Essa operação tem o nome de "draw back".

"Ao mesmo tempo em que processaremos 30 mil toneladas anuais de amêndoas em nossa fábrica de Gana, acessaremos um mercado produtor de 800 mil toneladas. A nossa operação em Gana terá, lá mesmo, os mínimos cuidados fitossanitários, garantindo a qualidade da matéria-prima que receberemos e processaremos aqui", faz questão de frisa Lúcio Carneiro.

Os números comparativos são frios e dão a exata medida do que vai acontecer com a cajucultura cearense, se algo não for feito logo. A produção de caju no Ceará, e no Nordeste como um todo, tem crescido a uma taxa média de 4% ao ano, sem embargo da fadiga da floresta de cajueiros, que só se acentua. Enquanto 100% da produção vietnamita de amêndoas de caju - que já passou das 330 mil toneladas anuais - originam-se do cajueiro anão, desenvolvido pioneiramente no Ceará pela Embrapa, 80% do que se produz aqui são colhidos de árvores antigas. Mais: no Vietnam, colhem-se 1.200 quilos de caju por hectare; no Ceará, essa produtividade não passa de 400 toneladas. Por isso, o Vietnam exporta hoje US$ 1 bilhão em amêndoa de caju.

Na opinião de Lúcio Carneiro, deveria repetir-se no Brasil a experiência do Vietnam, que é simples: o Estado vietnamita - de economia centralizada - concede todo o apoio à agricultura e à indústria do caju e o resultado é esse citado em números.

No Brasil, esse apoio é necessário, pois ambos os setores são empregadores intensivos de mão de obra. Um desses apoios seria a concessão de crédito de fácil acesso e de juro muito baixo para que o agricultor brasileiro possa substituir sua plantação antiga pela nova, a ser plantada com mudas de cajueiro anão desenvolvidas mais recentemente pela Embrapa Agricultura Tropical, com sede em Fortaleza. Outra sugestão dos industriais é a redução dos custos previdenciários que hoje pesam sobre as empresas da cadeia produtiva do caju. Carneiro lembra que o ministro Guido Mantega, concedeu incentivos fiscais à indústria moveleira do Rio Grande do Sul, que, tal como a de castanha de caju, exporta e dá emprego a muita gente. O setor pede ainda medidas contra as oscilações do câmbio.


Fonte: Diário do Nordeste - Caderno Negócios
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=708285

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Ofertas de açúcar e álcool sofrerão queda e preços devem subir, dizem analistas

da Reuters

A oferta de açúcar e álcool no centro-sul do Brasil será menor do que o normal nos próximos meses, depois de as chuvas terem prejudicado a colheita e também porque grandes volumes já foram exportados.

Muitos analistas veem uma tendência de alta em preços como resultado, especialmente com a probabilidade de mais chuvas no início de 2010, o período mais úmido do ano, o que vai manter o maquinário fora dos canaviais durante a maior parte do tempo.

Conab reduz estimativa de safra de cana para 612,2 mi de toneladas
Brasil reduz previsão de produção de açúcar para a próxima safra
Clima e crise ajudam Brasil a aproveitar alta no preço do açúcar, diz "Economist"

"Existem muitos no mercado que preveem uma redução significativa em estoques de passagem (locais). É difícil citar números, mas não haverá muita sobra", disse Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting. "Portanto acredito que haverá espaço para um aumento [maior] nos preços locais, especialmente para o açúcar."

Os preços referenciais do açúcar doméstico estão em níveis recordes de alta em termos nominais, a cerca de R$ 58 (US$ 33) por saca, alta de 4,8% desde o início do mês, de acordo com o Cepea/Esalq.

"Devido a mais uma semana chuvosa, várias usinas que esperavam estender (a produção) até o final do mês decidiram paralisar a produção de açúcar nos últimos dias", disse o Cepea em um relatório.

A produção de açúcar do centro-sul está estimada em 29 milhões de toneladas, ainda acima das 26,75 milhões de toneladas de 2008/09, mas abaixo da previsão de setembro, de 29,4 milhões, de acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

Analistas também estimam que os diferenciais de exportação de açúcar no centro-sul ficarão próximos de estáveis no início de 2010.

Os descontos já foram reduzidos, refletindo a menor disponibilidade de açúcar, e caíram na semana passada para cerca de 10 pontos abaixo do contrato março em Nova York, contra desconto de mais de 50 pontos há um mês, segundo a Archer Consulting.

"Os descontos vão provavelmente desapareceer no primeiro trimestre de 2010 porque não há muito açúcar. E os que tem um pouco não estão vendendo, na esperança de preços mais altos", disse Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro.

Queda no álcool

Chuvas acima da média desde junho no centro-sul também reduziram a concentração de sacarose na cana e diminuíram o tempo que os produtores podem trabalhar nos campos. As usinas tiveram que deixar no campo cerca de 50 milhões de toneladas de cana, que agora ficarão para colheita em 2010.

Mesmo que o tempo mais seco permita que as usinas adiem a paralisação de fim de ano e comecem cedo a próxima colheita, como esperam, fatores técnicos as deixarão mais inclinadas a produzir álcool em vez de açúcar, segundo o Cepea.

Mesmo assim, pela primeira vez desde 2000/01, a produção de álcool do Brasil vai cair em relação à temporada anterior. A Unica prevê a produção de álcool do centro-sul em 23,4 bilhões de litros, contra 25,1 bilhões em 2008/09.

A demanda recorde pelo combustível neste ano também contribuiu para uma forte redução nos estoques de passagem.

"Se tivermos bastante chuva (até abril de 2010) veremos um forte aperto na oferta. Os mercados locais de açúcar e álcool entrarão em 'stress' em termos de oferta e preços", disse Júlio Maria Borges, diretor da Job Economia, em um relatório.

Os preços locais do álcool no atacado já saltaram cerca de 40% desde agosto.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u668545.shtml

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Governo volta a isentar motos de tributo e libera linha de R$ 3 bi

A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil anunciaram nesta quinta-feira uma linha de financiamento no valor de R$ 3 bilhões para motocicletas. Do total investido, R$ 200 milhões virão do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e R$ 2,8 bilhões serão disponibilizados pelas instituições financeiras. O governo também anunciou a retomada da isenção fiscal sobre motocicletas.

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A linha de financiamento será realizada em parceria com a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas). Os interessados deverão procurar diretamente as revendedoras, que farão o empréstimo por meio dos bancos parceiros, como o Votorantim, no caso do Banco do Brasil, e o Panamericano, no caso da Caixa.

O foco da medida é a oferta de motocicletas com até 150 cilindradas, responsáveis por 90% da comercialização do setor. Caixa e Banco do Brasil ainda avaliam ações para intensificar a oferta de consórcios, que representam atualmente 32% das vendas.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participa do evento, anunciou a isenção de Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) para motos a partir de 1º de janeiro até 31 de março do próximo ano, retomando o benefício fiscal que acabou em setembro.

Em contrapartida, a Abraciclo assinou um acordo que prevê que não haverá demissões no setor nesse período. A renúncia fiscal estimada pelo governo federal com a isenção é de R$ 54 milhões.


Fonte: Folha OnLine - Dinheiro

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u667985.shtml

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Cinco municípios responderam por 25% do PIB do país em 2007, nota IBGE

16/12/2009 - 10h22

RIO - Cinco municípios responderam por aproximadamente 25% de toda a renda gerada pelo país em 2007. De acordo com o PIB dos Municípios Brasileiros 2003-2007, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São Paulo respondeu, em 2007, por 12% do PIB brasileiro, enquanto Rio de Janeiro ficou com 5,2%; Brasília com 3,8%; Belo Horizonte com 1,4% e Curitiba com 1,4%.

A pesquisa mostra ainda que os 45 municípios mais ricos do país responderam em 2007 por quase metade do PIB, agregando 30,5% da população brasileira. Já os 1.342 municípios com a menor participação relativa foram responsáveis, em conjunto, por 1% do PIB, contando com 3,5% da população do país.Entre as regiões, a mais desigual em 2007 era a Centro-Oeste, onde Brasília respondeu por 42,4% do PIB regional.

Retirando Brasília do cálculo, 16 outros municípios agregaram 50% das riquezas da região. No Norte, sete municípios foram responsáveis por 50% do PIB, enquanto, no Nordeste, foram necessários 21 municípios para atingir 50% do PIB; no Sul, foram 27 e no Sudeste, 13.

De acordo com o IBGE, os cinco municípios com menor PIB foram Olho D´Água do Piauí, São Luís do Piauí, Areia de Baraúnas (Paraíba), São Miguel da Baixa Grande (Piauí) e Santo Antônio dos Milagres (Piauí).O conjunto das capitais brasileiras representava, em 2007, 34,4% da renda nacional, sendo que as capitais no Norte foram responsáveis pro 2,4% do total; as do Nordeste por 4,5%; as do Sul por 2,9%; as do Centro-Oeste por 5,1%; e as do Sudeste por 19,4%.

Apenas Florianópolis, em Santa Catarina, não apresentou o maior PIB do Estado, ficando atrás de Joinville e de Itajaí.No total, o país fechou o ano de 2007 com 25 municípios com participação superior a 0,5% do PIB do país.

Deste total, dez (São Paulo, Osasco, São Bernardo do Campo, Santos, Jundiaí, Campinas, São José dos Campos, Santo André, Barueri e Guarulhos) ficam no Estado de São Paulo; três no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Duque de Caxias e Campos dos Goytacazes); dois em Minas Gerais (Belo Horizonte e Betim) e mais as capitais Curitiba, Vitória, Recife, Goiânia, Belém, Salvador, Porto Alegre, Fortaleza, Brasília e Manaus.(Rafael Rosas Valor)

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2009/12/16/cinco-municipios-responderam-por-25-do-pib-do-pais-em-2007-nota-ibge.jhtm



16/12/2009 - 10h51

Município baiano tem maior PIB per capita brasileiro, aponta IBGE

RIO - O município de São Francisco do Conde, na Bahia, registrou em 2007, pelo terceiro ano seguido, o maior PIB per capita brasileiro, com R$ 239.506,00, em uma população de 29.829 habitantes.

Os dados constam da pesquisa PIB dos Municípios Brasileiros 2003-2007, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na sequência, veio a cidade paulista de Louveira, com R$ 211.884,00 e uma população de 29.760 pessoas.

Na média, o PIB per capita brasileiro em 2007 foi de R$ 14.183,00.De acordo com o IBGE, São Francisco do Conde se beneficia por ser a sede da maior refinaria de óleo do país em capacidade instalada, enquanto Louveira sentiu os impactos positivos do forte crescimento das atividades de transporte e comércio e serviços de manutenção e reparação, além do avanço da indústria.

O ranking das dez cidades com o maior PIB per capita do país em 2007 foi completado pela mineira Araporã, com R$ 196.542,00 e uma população de 6.113 habitantes; a gaúcha Triunfo, com R$ 196.266,00 e 23.976 habitantes; Confins, em Minas Gerais, com R$ 159.856,00 e 5.680 habitantes; a fluminense Quissamã, com R$ 157.860,00 e 13.376 habitantes; Porto Real, também no Rio de Janeiro, com R$ 152.767,00 e 14.503 habitantes; Alumínio, em São Paulo, com R$ 121.934,00 e 15.678 habitantes; a goiana Alto Horizonte, com R$ 102.799,00 e 3.136 habitantes; e a paulista Barueri, com R$ 100.806,00 e 252.748 moradores.

Já o menor PIB per capita entre os 5.564 municípios brasileiros ficou com Jacareacanga, no Pará, com R$ 1.556,06 per capita. Segundo o IBGE, a cidade, que fica perto da divisa com Amazonas e Mato Grosso, tinha em 2007 aproximadamente 60% da sua economia dependente da administração pública e alto grau de dependência de transferências governamentais." Além disso, 60% do seu território é destinado a áreas de preservação ambiental e terras indígenas " , observou o IBGE.

(Rafael Rosas Valor)

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/valor/2009/12/16/municipio-baiano-tem-maior-pib-per-capita-brasileiro-aponta-ibge.jhtm


Fonte: UOL Economia

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Senado aprova ingresso da Venezuela no Mercosul

Plenário do Senado, que aprovou nesta terça (15) o ingresso da Venezuela no Mercosul (Foto: Moreira Mariz/Agência Senado)

O Senado aprovou nesta terça-feira (15), por 35 votos a 27, o ingresso da Venezuela no Mercosul. Agora, o governo envia a mensagem de aprovação dos congressistas para os demais países do bloco, para anunciar o aval brasileiro. A aprovação será promulgada pelo Congresso em data ainda a ser marcada.

Para entrar no bloco definitivamente, a Venezuela precisa ainda da aprovação do Congresso paraguaio, que só deve votar o tema no ano que vem. Argentina e Uruguai já tinham aprovado o ingresso do país. Caso seja aprovada no Mercosul, a Venezuela será o quinto país a integrar o bloco comercial.

O pedido da Venezuela para ingressar no Mercosul tramitava no Congresso Nacional havia mais de dois anos. Em dezembro de 2006, o Ministério das Relações Exteriores encaminhou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o pedido oficial do país vizinho para se associar ao bloco. Em fevereiro de 2007, Lula enviou ao Congresso mensagem pedindo a aprovação das duas Casas para a ampliação dos membros do Mercosul.

Apesar da aprovação, os senadores de oposição fizeram discursos contra a entrada do novo sócio no Mercosul. O líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), disse que a “Venezuela viola a cláusula democrática do Mercosul”. Segundo ele, a entrada do país no bloco "complicará" a situação na região.

“A Venezuela vive hoje comandado por um militar da reserva que governa com populismo, que havia sido banido da América do Sul. Essa votação nos trará acima de tudo intranquilidade e insegurança para a América do Sul”, disse o senador Heráclito Forte (DEM-PI).

O líder do DEM na Casa, senador José Agripino (DEM-RN), disse que “tem medo que a Venezuela de Hugo Chávez dissolva o Mercosul”. “Estamos aqui absorvendo um governo que quer se eternizar e que já deu mostras de que quer usar a máquina pública para se eternizar”, argumentou.

“O discurso da oposição aqui hoje me lembra o discurso da oposição quando o presidente Lula assumiu o governo, dizendo que ele ia quebrar o país, que ia acabar a imagem do Brasil no exterior. E agora fazem o mesmo discurso contra o presidente Chávez. Eu vou chegar em casa e dar comidinha para o meu filho de número cinco e dizer pra ele que se ele não comer vou chamar o Hugo Chávez. Querem transformá-lo num bicho-papão”, brincou o senador Wellington Salgado (PMDB-MG).

O líder do PT no Senado, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), também defendeu o ingresso da Venezuela no Mercosul. “Precisamos ampliar a integração na América do Sul como fez a União Europeia. Estamos falando aqui da integração muito além dos governos. O compromisso democrático sempre daremos,o Brasil será uma voz de defesa de democracia seja na Venezuela, seja em qualquer parte do mundo”, discursou.


Fonte: Portal G1 de Notícias - Política

http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1416328-5601,00-SENADO+APROVA+INGRESSO+DA+VENEZUELA+NO+MERCOSUL.html

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Brasil faz primeiro leilão de energia eólica

Rio de Janeiro, 14 dez (EFE).- O primeiro leilão de energia eólica no Brasil terminou hoje após a negociação para a construção e operação de 71 empreendimentos com uma capacidade somada de 1.805,7 megawatts (MW), informaram fontes oficiais.Os 71 projetos abrigarão um total de 773 aerogeradores que poderão entrar em operação em 1º de julho de 2012 e terão um prazo de concessão de 20 anos.A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), organismo encarregado de realizar o leilão, calculou que, nos primeiros 20 anos, a soma destes parques de geração de energia eólica vão produzir 132.015 gigawatts por hora (GWh), 1,4% a mais do que é gerado em um ano pela usina hidroelétrica de Itaipu.No total, serão investidos R$ 9,4 bilhões na construção das usinas de geração de energia eólica, segundo cálculos do Ministério de Minas e Energia.O preço médio do megawatt ficou em R$ 148,39, valor 21,5% inferior ao teto marcado pelo Ministério, o que representará a negociação de contratos por R$ 19,59 bilhões ao longo dos 20 anos.O preço da energia era o critério de maior importância na concessão dos projetos. O destaque foi a oferta da empresa Coxilha Negra, de R$ 131, com um desconto de 30,69% para as três usinas que ganhou no sul do país.Participaram do leilão 339 projetos que, somados, poderiam gera dez mil megawatts, mas foram descartados todos aqueles que superaram o preço de R$ 189 por megawatt.A grande maioria dos projetos para a geração de energia eólica licitados se concentra na região Nordeste, com destaque para o estado do Rio Grande do Norte, com 23 parques aprovados.Até agora, existem no Brasil 36 usinas geradoras de energia eólica em operação que somam 602 MW. Outros dez projetos que somam 256,4 MW estão em fase de construção e outros 45, com potencial de 2.139,7 MW, já foram licitados.Este leilão pretende reforçar o perfil "verde" da geração elétrica no Brasil, que atualmente depende em 85,4% das fontes renováveis, principalmente de usinas hidroelétricas.Nesta linha, o Governo anunciou na semana passada a isenção permanente dos impostos que taxavam a comercialização de aerogeradores utilizados na produção de energia eólica.

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2009/12/14/brasil-faz-primeiro-leilao-de-energia-eolica.jhtm

Crescimento do poder econômico da China preocupa países vizinhos

O crescimento desenfreado da China tem gerado o fechamento de fábricas em vários países como Tailândia, Indonésia e Vietnã. A Índia resolveu acionar o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico e acusa o gigante asiático de comércio injusto em vários segmentos.


Michael Wines
13/12/2009

Em Pasarkemis(Indonésia)No fundo da empobrecida fábrica de pregos Dunia Metal Works, tudo é cacofonia: o "bam-bam-bam" das máquinas besuntadas de graxa; o tinir ritmado dos cabos de aço; o barulho dos pregos novos e brilhantes caindo em cascata numa ampla mesa de metal para serem embalados.

Mas apesar de todo o barulho industrial, a Dunia está passando por uma queda dolorosa. Hoje ela funciona a 40% de sua capacidade, suas vendas de pregos no país estão em risco - e suas exportações foram aniquiladas - por concorrentes chineses mais baratos.

"Nós competíamos com os japoneses e os coreanos", disse Juniarto Suhandinata, diretor da fábrica. "Mas contra os chineses - não temos chance".

Os chineses são concorrentes duros, e a Dunia não é a primeira a descobrir isso. Mas o lamento de Suhandinata revela algo diferente: uma certa inquietação, até mesmo nos países em desenvolvimento da Ásia que vivem na órbita de Beijing, em relação ao crescimento econômico rápido e aparentemente sem fronteiras da China.

Há muito a China alega ser apenas mais um país em desenvolvimento, mesmo quando seu poder econômico ultrapassa de longe o de qualquer outro país emergente.

Agora, ela está encontrando mais dificuldade para se colocar no papel de uma alternativa amigável à superpotência autoritária norte-americana. Para muitos na Ásia, ela é o novo colosso.

"Há dez anos a China era totalmente diferente da China de agora", diz Ansari Bukhari, que supervisiona os setores de metais, maquinário e outros para o Ministério da Indústria da Indonésia. "Eles são maiores e mais fortes do que os outros países. Por que nós temos que dar preferência a eles?"

Em diferentes graus, outros países também estão expressando a mesma queixa. Tome como exemplo as dez nações do Sudeste Asiático que fazem parte da Associação de Nações do Sudeste Asiático, conhecida como Asean, um bloco econômico regional que representa cerca de 600 milhões de pessoas. Durante o mês de setembro, elas acumularam um déficit comercial de US$ 74 bilhões (R$ 130 bilhões) com a China. Esta é uma reversão drástica em relação ao superávit de que esses países desfrutaram nos anos mais recentes, e está fazendo com que eles reavaliem a crença de que a ascensão da China seria benéfica para toda a vizinhança.

O Vietnã acabou de desvalorizar sua moeda em 5% para mantê-la competitiva em relação à China. Na Tailândia, as indústrias estão reclamando abertamente que são incapazes de competir com os preços chineses. A Índia entrou com uma série de queixas contra a China, por causa de comércio injusto, que cobriam de tudo, desde barras de aço até papel.

No mês passado, o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, o maior grupo regional, pediu a adoção de "taxas de câmbio orientadas pelo mercado" para as moedas asiáticas, sem mencionar - ou sem precisar mencionar - a moeda da China, que, segundo muitos economistas, é mantida artificialmente desvalorizada para promover as exportações do país.

No Sudeste Asiático, a Indonésia está reconsiderando um pacto de comércio livre que a China negociou com as seis principais nações da Asean.

Sob forte pressão das indústrias de todos os setores, desde a produção de aço até fabricantes de motocicletas, o Ministério do Comércio disse na semana passada que procurará renegociar parte das cerca de 350 reduções de tarifas que foram planejadas no primeiro ano do acordo, que deverá entrar em vigor em janeiro.

Jong-Wha Lee, economista-chefe do Banco de Desenvolvimento Asiático, observou que o Japão e a Coreia do Sul também foram vistos como potências - e foram criticados - quando suas indústrias apoiadas pelo Estado rapidamente aumentaram as exportações. Mas o desafio da China parece diferente.

"Não é apenas o tamanho, mas a velocidade com que o poder da China está emergindo que não tem precedentes na região", disse Lee. "Então isso cria uma série de problemas - não só de comércio e políticas de taxa de câmbio. Mas no futuro, qual será o papel da China?" A China tem tomado algumas medidas para amolecer os críticos. Em abril, ela propôs um fundo de investimento de US$ 10 bilhões (R$ 17,58 bilhões) para ajudar a construir estradas, ferrovias e portos extremamente necessários no Sudeste Asiático, e um fundo de US$ 15 bilhões (R$ 26,3 bilhões) para conceder empréstimos de desenvolvimento a juros baixos para as nações asiáticas.

Mas até agora ela fez pouco para lidar com a ansiedade regional e global quanto ao valor de sua moeda, o yuan. Como a moeda, por decreto do governo, é atrelada ao dólar norte-americano em queda, as exportações da China ficaram significativamente mais baratas nos países cujas próprias moedas não compensaram a queda recente do dólar.

Na Ásia, o yuan é duplamente significativo. Durante a crise econômica asiática de 1997, os valores de muitas moedas regionais entraram em colapso, tornando seus bens baratos para os compradores estrangeiros. Os chineses então conquistaram a gratidão de seus vizinhos - e colocaram-se como uma potência responsável - ao manter o valor do yuan fixo. Isso evitou uma espiral competitiva de desvalorizações que muitas economias temiam que tornasse a crise ainda pior.

A última crise financeira conta uma história diferente: o controle da taxa de câmbio da China é citado como uma das principais causas dos imensos desequilíbrios globais que contribuíram para o colapso de 2008.

Desta vez, a China resistiu à pressão para desatrelar o yuan do dólar e deixar ele aumentar de valor. E todas as exportações dos países vizinhos sofreram por conta disso.

Michael Pettis, um economista e acadêmico do programa da China no Carnegie Endowment for International Peace, argumenta que a China não pode mais seguir o mesmo modelo de desenvolvimento voltado para exportação numa época em que os consumidores ocidentais não podem mais comprar qualquer coisa que ela e outros países asiáticos produzam.

Até 2008, disse Pettis, "a maioria dos países tinha superávits comerciais, e os EUA tinham todo o déficit comercial em contrapartida."

"Todo o modelo dependia da capacidade de um agente externo - os Estados Unidos - absorver os déficits comerciais", acrescentou.

A Indonésia é especificamente vulnerável à mudança. É o país mais populoso e com certeza a nação menos avançada economicamente entre os antes considerados Tigres Asiáticos, e talvez o menos capaz de acomodar a si mesmo numa nova ordem regional dominada pela China.

Didik J. Rachbini, professor e fundador de um instituto de pesquisa econômica aqui, disse que nos últimos quatro anos, a Indonésia deixou de ter uma certa paridade no comércio bilateral para assumir um déficit igual a um terço de suas exportações anuais para a China - e que está aumentando.

Os pregos são um foco de tensão. Produzir pregos não é difícil: começa com um pedaço de cabo de aço, que é escovado até o diâmetro apropriado, então colocado numa máquina que molda o prego, cortado e depois jogado numa cesta. O trabalho e a máquina respondem por 10% a 15% do custo do prego. O resto é o custo do cabo.

E é este o problema da Indonésia.

"Muitas fábricas de aço chinesas trabalham em supercapacidade, então elas vendem seus fios de aço muito baratos", disse Ario N. Setiantoro, que lidera a Associação das Indústrias de Pregos e Fios da Indonésia.

"Os pregos chineses entram no mercado aqui quase pelo mesmo preço que o nosso fio."

Ele está certo. A maior parte dos analistas diz que a China tem muitos moinhos de aço. Sua capacidade de produção de aço em excesso equivale à produção anual do segundo maior produtor de aço do mundo, o Japão. Toda província chinesa quer uma indústria de aço, porque ela confere prestígio, cria empregos e atrai outros negócios.

Além da produção excessiva, os bancos estatais da China fornecem às indústrias empréstimos de construção tão baratos que o crédito pode ser recebido quase de graça, mantendo baixos os custos de operação. Os grandes pedidos de minério de ferro conseguem descontos por volume que os pequenos fabricantes de aço da Indonésia não têm como obter.

Os mercados de exportação secaram.

Assim como a Dunia Metal, a Surabaya Wire, uma fabricante de pregos no leste de Java, desistiu das exportações de uma vez por todas. "Eu costumava ter 450 funcionários", disse Sindu Prawire, diretor executivo da Surabaya. "Agora, temos 170. Quase todos estão assim."

Indústrias de todos os lugares tendem a acusar competidores de usarem truques sujos quando perdem sua fatia de mercado, é claro, e a anêmica indústria de aço da Indonésia carrega sua própria parcela de culpa pelos problemas de competitividade do país.

Mas à medida que as demissões crescem, o governo indonésio foi forçado a tentar resgatar seus produtores em má situação.

Em outubro, o Ministério do Comércio da Indonésia invocou as regras da Organização Mundial do Comércio e colocou uma tarifa de 145% de salvaguarda sobre as importações de pregos chineses, esperando negociações para acabar com as reclamações de que os chineses estavam competindo de forma injusta.

Irvan K. Hakim, co-presidente da Associação da Indústria de Ferro e Aço da Indonésia, disse que externou esse tipo de reclamações para os oficiais chineses há anos. Ele não pareceu otimista em relação a um consenso.

"A China é a China, sabe?", disse ele, dando de ombros. "Mesmo os EUA não podem falar com a China."

Tradução: Eloise De Vylder

Fonte: UOL Noticias
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/12/13/ult574u9854.jhtm

domingo, 13 de dezembro de 2009

Só crescimento não gera desenvolvimento

PROJETOS HISTÓRICOS NO CEARÁ

Obras ganham fôlego em 2010
13/12/2009

Projetos estruturantes como a usina de urânio de Itataia, a transposição e a CSP devem ganhar ritmo em 2010

O ano de 2009 termina abrindo espaço para novos 12 meses que prometem tirar do papel alguns dos projetos mais esperados e importantes do Ceará, que vêm povoando o imaginário do cearense desde muito tempo, na perspectiva da alavancada econômica do Estado.

É em 2010 que, enfim, começam a nascer a refinaria, a siderúrgica e a usina de urânio e fosfato de Itataia, os chamados projetos estruturantes. São empreendimentos de grande porte, que levarão ainda alguns anos para começarem a operar. Mas é no ano que vem que iniciam as suas obras, talvez apagando um pouco do ceticismo que acabou por ser instalado por aqui após fracasso de iniciativas anteriores.

Mas não é só isso. Se dessa vez o prazo for de fato cumprido, após 11 anos, o metrô de Fortaleza, o Metrofor, vai estar rodando, enfim, no fim do ano. A Transnordestina e a transposição do rio São Francisco, quiçá os dois projetos mais antigos para o desenvolvimento nordestino, avançam em suas obras em 2010. E não serão somente antigos anseios. Novos que foram surgindo e sendo prospectados ao longo dos últimos três anos, e que também prometem se tornar realidade em 2010, ou sendo inaugurados ou iniciando sua construção.

Neste pacote, surgem empreendimentos ainda na área de acessibilidade, como os metrôs do Cariri e de Sobral, e novas estradas que projetam tornar os principais destinos turísticos do Ceará cada vez mais competitivos.

As belezas naturais cearenses já vieram prontas, mas é o acesso a elas que garante o potencial delas na atração de turistas. Desta forma, além das estradas, o modal aéreo deve começar a ser reforçado.

SÉRGIO DE SOUSA
REPÓRTER

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios. Fortaleza, 13 de dezembro de 2009.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=705281


Profa. Suely Chacon

Crescimento econômico não significa, necessariamente, desenvolvimento. É o que ressalta a economista doutora em Desenvolvimento Sustentável Suely Chacon, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável (Proder) e do Centro de Pesquisa e Pós-graduação do Semi-árido (CPPS), ambos do Campus da Universidade Federal do Ceará (UFC), no Cariri.

De acordo com ela, a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) cearense com a entrada de todos os grandes projetos e novos investimentos no Estado, é importante para criar uma base econômica sólida para o Estado, mas não é suficiente para o pleno desenvolvimento.

Expansão constante

"Para analisarmos as possibilidades de desenvolvimento do Estado do Ceará, é preciso considerar o período dos últimos 20, pelo menos, e entender que o que surgirá no futuro é resultado de um processo histórico que ainda está se desenrolando", avalia Suely Chacon.

"O fato é que o Estado vem apresentando índices constantes de crescimento no seu PIB, muitas vezes superior aos índices do Brasil. No entanto, não podemos afirmar que isto foi suficiente para trazer o real desenvolvimento para nosso Estado. Se considerarmos as duas últimas décadas vemos o resultado de políticas públicas que levaram a uma concentração devastadora de recursos públicos na região metropolitana de Fortaleza, tendo como conse-quência a concentração de renda e de pessoas ali. E, naturalmente, o aumento dos investimentos privados também foi ali localizado. Isto causou sérios problemas ambientais e sociais na RMF. E no restante do Estado gerou a desmobilização da população e da produção. Isto prejudica o processo de desenvolvimento", ensina.

Descentralização

A economista analisa que já se percebe uma mudança nesse perfil, com uma descentralização dos investimentos, ainda que lenta e gradual, desde os últimos cinco anos.

"Este é o tipo de investimento que realmente traz desenvolvimento, porque atrai uma série de iniciativas privadas que fortalecem o mercado e oferecem à sociedade serviços antes exclusivos da Região Metropolitana de Fortaleza. As grandes obras de infraestrutura são, ao mesmo tempo, base e complemento desse processo, mas não teriam o efeito de desenvolver o Estado se não houvesse em paralelo esta valorização da população no sentido de prepará-la para participar do crescimento", diz.

Cariri

Chacon destaca a criação da Região Metropolitana do Cariri como o exemplo de que é possível levar o desenvolvimento para fora do entorno da Capital. "Desenvolvimento significa crescimento econômico como aliado de justiça social, cuidado com o meio ambiente e fortalecimento das instituições da sociedade", analisa a professora.

Mais investimentos

Na opinião da economista, o Estado ainda precisa reforçar seus investimentos em setores básicos para o desenvolvimento. "Acredito que o Ceará caminha nesse sentido, mas, além de todas as grandes obras que finalmente se concretizam, ainda precisamos de mais investimentos na educação, no saneamento, na saúde familiar, na preservação do meio ambiente e no combate à violência. Tudo isto passa também por programas de conscientização para a cidadania. As grandes obras não garantirão desenvolvimento se não houver o cuidado contínuo com as pessoas". (SS)

NOVOS EQUIPAMENTOS
Turismo concentra parte dos projetos

Com a inauguração do aeroporto de Aracati e o início dos trabalhos para a instalação do aeroporto de Jericoacoara e a ampliação do terminal aéreo internacional de Fortaleza, o Pinto Martins, percebe-se que é na área do turismo onde devem se concentrar boa parte desses novos projetos, que contará ainda com a criação de novos produtos, como a inauguração do Centro de Eventos, fortalecendo o segmento do turismo de negócios por aqui, e o Acquário Ceará, que iniciará suas obras.

Na área de infraestrutura, a ampliação do Porto do Pecém, com a conclusão do Terminal de Múltiplo Uso (TMUT) deverá criar as bases para a chegada da siderúrgica e da refinaria, liberando outros píeres para estas finalidades e ampliando o papel do Ceará como no comércio exterior (área onde ainda tem que crescer bastante, já que detém menos de 2% das exportações nacionais), consolidando também o Estado como um dos principais exportadores de frutas do País. A dragagem do Porto do Mucuripe também terá importante participação nisso.

E não se pode esquecer que é em 2010 que começam os preparativos para a Copa do Mundo de 2014, da qual Fortaleza será subsede. Terão início as obras de readequação do Castelão e do Estádio Presidente Vargas para os jogos. Mas a esta preparação, unem-se também muitos projetos que dotarão o Estado de uma melhor infraestrutura, e que não deve ser feita somente para o recebimento desse evento. O importará ao cearense, de fato, é o que fica de tudo isso.

Descentralização

De acordo com a economista Suely Chacon, o ponto mais relevante dos projetos que vão sendo postos em prática, dos governos federal e estadual, tem como principal importância a descentralização dos investimentos na região metropolitana de Fortaleza. "Uma série de investimentos públicos, especialmente do governo federal, começa a mudar o rumo das ações e tem gerado um movimento contrário no Ceará: finalmente o interior do Estado começa a ser valorizado. E isto acontece porque foi criado um mercado consumidor nesse espaço do nosso território, o que não existia antes. Isto sim é o grande fator de mudança no perfil do nosso Estado", analisa Chacon, que é doutora em Desenvolvimento Sustentável. "Todas as obras públicas previstas para serem concretizadas no próximo ano terão sim um efeito positivo no nosso desenvolvimento, mas de nada adiantariam se esse processo de descentralização não fosse fortalecido", completa. (SS)


Fonte: Diário do Nordeste - Caderno Negócios. Fortaleza, 13 de dezembro de 2009.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=705296

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sua Nota Vale Dinheiro: 60% de cupons a mais


SEFAZ tem 140.287 cadastrados no ´Sua Nota Vale Dinheiro´. São 817 entidades e 139.470 pessoas físicas
Foto: André Lima

O contribuinte cearense está mais consciente da obrigação de pagar os impostos e as contribuições estaduais. As evidências não estão apenas no aumento da arrecadação do Estado, que só com o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal tributo da receita própria, deve fechar o ano com um crescimento de 8% sobre 2008, mas também em um aumento em torno de 60% no volume de notas fiscais emitidas e entregues à Secretaria da Fazenda do Ceará(Sefaz), por conta da campanha "Sua Nota Vale Dinheiro".

Parte do trabalho de conscientização realizado pela Sefaz para estimular o contribuinte a cobrar a nota fiscal, a campanha registra, desde a sua criação, em julho de 2005, quase 19 milhões (18,92 milhões) de documentos fiscais digitados, o que resultou em um pagamento de cerca de R$ 35,4 milhões às entidades e pessoas físicas inscritas. Mais de 43% desse valor, R$ 15,3 milhões, foram desembolsados só em 2009.

"Com a campanha ´Sua Nota Vale Dinheiro´, a Sefaz pretende criar a cultura de se pedir a nota fiscal no Estado e nós estamos conseguindo esse objetivo. De janeiro até agora, o volume de documentos fiscais emitidos e entregues à Sefaz com a campanha cresceu em torno de 60% em relação ao ano passado. Um outro dado interessante é que Fortaleza é, hoje, a 2ª capital do País que mais pede nota fiscal. Então nosso objetivo está sendo alcançado", destaca o coordenador da campanha na Sefaz, Clementino Pereira.

Segundo ele, existem 140.287 participantes cadastrados, sendo 817 entidades e 139.470 pessoas físicas.

Prêmio Contribuintes

Para reconhecer aqueles que mais colaboram com o "Sua Nota Vale Dinheiro", elevando assim a arrecadação do Estado, a 3ª edição do Prêmio Contribuintes Ceará, promovido pela Sefaz, em parceria com o Sistema Verdes Mares (SVM), vai premiar as entidades participantes da campanha que mais contribuíram com a mesma no âmbito estadual e em cada uma das macrorregiões do Ceará - Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), Norte/Sobral, Sul/Cariri, Central/Quixadá e Centro/Sul Iguatu. Ao todo serão 15 entidades agraciadas com a comenda na edição de 2009.

Serão reconhecidas também as empresas que mais contribuem para o aumento da arrecadação e os contabilistas.

Neste ano, a primeira festa de entrega do prêmio será na próxima quarta-feira, dia 16, em solenidade a partir das 20 horas, no La Maison Dunas, em Fortaleza. Haverá ainda outras solenidades de premiação nas macrorregiões do Estado localizadas no interior, em datas ainda a serem definidas. A iniciativa conta com o patrocínio do Bradesco, Schincariol, M. Dias Branco, Banco do Nordeste (BNB), Petrobras e OI.


Fonte: Diário do Nordeste - Caderno Negocios
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=704825

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Novo pacote amplia as desonerações


Estímulo aos investimentos do setor privado foi uma das justificativas de Mantega para o pacote de medidas
Foto: Agência Brasil


Em meio à rápida aceleração economia e do risco de surgimento de gargalos na produção em 2010, o governo anunciou ontem uma série de medidas para manter os estímulos aos investimentos do setor privado e sustentar o crescimento econômico do País na casa dos 5% nos próximos anos. Em menos de dois meses, este foi o quarto pacote de "bondades" fiscais divulgado pelo governo Lula, o que elevou de R$ 2,3 bilhões para R$ 5,5 bilhões o volume de renúncias fiscais contratado para o ano que vem.

Aos empresários e trabalhadores, que participaram da última reunião do ano do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o ministro da Fazenda, Guido Mantega anunciou a prorrogação da desoneração de IPI para bens de capital e do crédito subsidiado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos, além de reforçar em R$ 80 bilhões o caixa da instituição para que novos empréstimos sejam contratados pelo setor produtivo. Alguns benefícios foram prorrogados até junho do próximo ano, às vésperas do início da campanha eleitoral para a sucessão de Lula. A campanha tem início em 6 de julho. A ofensiva do governo envolveu também iniciativas para estimular o mercado de capitais e o sistema bancário. As instituições financeiras serão autorizadas a emitirem Letras Financeiras para também reforçarem a capacidade de financiar os investimentos privados, numa ação coordenada na tentativa de dividir com o BNDES a função de braço financeiro dos empresários. Como medida de caráter mais popular, Lula autorizou a prorrogação da desoneração de computadores prevista na chamada Lei do Bem, de 2005.

Papai Noel

Ao ser indagado se "Papai Noel" teria chegado mais cedo para o setor industrial, Mantega respondeu que o Natal chegou na hora certa para todo mundo no Brasil e será "rico e farto" para a família brasileira. "Estas medidas deverão garantir a consolidação do crescimento do País em 2010", disse. Com o pacote de ontem, o governo fez a opção de renovar por mais tempo, mas ainda de forma provisória, incentivos dados durante a crise. No entanto, tornou mais distante a possibilidade de adoção de medidas mais estruturais, reivindicadas pelo empresariado, como a desoneração da folha de pagamento e a retirada ampla e definitiva da tributação sobre investimentos e exportações.

As medidas atendem ao interesse do governo de elevar a taxa de investimento da economia, considerada a variável-chave para que o Produto Interno Bruto (PIB) continue crescendo, sem provocar inflação. Se isso de fato acontecer, dificilmente o BC terá que puxar o freio dos juros para desacelerar a demanda. Mantega aposta que o Brasil já vive uma fase de franca aceleração do nível de atividade com recuperação dos investimentos.


Fonte: Diário do Nordeste - Caderno Negócios
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=703651

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Nobel de Economia defende "eficiência e integridade" do capitalismo

Estocolmo, 9 dez (EFE).- O americano Oliver E. Williamson, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2009, disse em entrevista à Agência Efe que "a eficiência e a integridade" do capitalismo original e das grandes empresas são a melhor maneira de resolver os conflitos de interesses, inclusive em época de crise financeira.

Williamson, teórico da nova economia institucional, assegura que, no contexto atual, "não é o momento de buscar aventuras. Temos que destacar um entendimento genuíno do problema e buscar uma alternativa inteligente".

O Nobel de Economia trabalha na Universidade da Califórnia e conseguiu demonstrar empiricamente que a dinâmica das grandes companhias consegue uma resolução eficiente dos conflitos, melhor que as do próprio mercado ou as do Estado.

"A chave para fazer um bom trabalho está na integridade em cada nível. Integridade entre as grandes assinaturas, nos mercados e no Governo", assegurou, afirmando também que a participação governamental deve ser evitada."Não deveríamos esperar que o público salve o privado. O intervencionismo é sempre um mau sinal e não surpreende ao trazer maus resultados", disse.

Williamson diz que o mundo precisa ter calma em relação à crise. "Por enquanto, temos que assumir que a crise não vai acabar tão rápido como gostaríamos. Ainda temos que esperar consequências nefastas. A esperança é atuar rápido, mas é preciso manter a perspectiva de que as coisas podem piorar", alertou.

Williamson, membro da Academia Americana de Ciência Política e Social desde 1997 e da Academia Nacional de Ciências desde 1994, compartilhará os 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,4 milhões) com sua compatriota Elinor Ostrom, primeira mulher a receber o prêmio.

Junto com os prêmios da Paz, de Medicina, Física, Química e Literatura, o Nobel de Economia será entregue amanhã, aniversário da morte de Alfred Nobel, em cerimônia em Estocolmo.


http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2009/12/09/nobel-de-economia-defende-eficiencia-e-integridade-do-capitalismo.jhtm

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

OIT: mundo perdeu 20 milhões de empregos

Genebra, Suíça. Desde o início da crise financeira, em outubro de 2008, 20 milhões de postos de trabalho foram fechados. E, apesar de superado o período crítico da crise, outras 5 milhões de pessoas correm o risco de perder o emprego em 51 países. Os dados são do estudo O Trabalho no Mundo 2009 - Crise Mundial do Emprego e Perspectivas, divulgado ontem, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O levantamento revela, ainda, que 43 milhões de pessoas podem abandonar o mercado de trabalho por um longo período, principalmente os trabalhadores com baixa qualificação, jovens, mulheres e idosos. Essas pessoas podem cair no desemprego de longa duração ou abandonar por completo o mercado de trabalho. Segundo experiência de crises passadas, o risco é particularmente grave no caso de trabalhadores pouco qualificados, os imigrantes e trabalhadores com idade avançada, afirma a OIT.

O estudo lista um grupo de países que têm adotado medidas eficazes para preservar os postos de trabalho durante a crise e que seguem o Pacto Mundial para o Emprego, sendo um deles o Brasil. O pacto foi um instrumento adotado, em junho, por governos, sindicatos e empregadores, com a coordenação da OIT, para enfrentar a crise econômica.

A OIT critica a demora da reforma do sistema financeiro e diz ter receio de que a falta de regulamentação signifique o ressurgimento de práticas que provocaram a crise.


Fonte: Diário do Nordeste - Caderno Internacional
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=702741

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Lula diz que países devem mudar matriz energética

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, em seu programa semanal de rádio "Café com o Presidente", que os países terão que mudar suas matrizes energéticas e que o novo combustível "já tem endereço", referindo-se ao álcool e ao biodiesel brasileiros.

O presidente lembrou que participou na Ucrânia de reunião com empresários e que o mesmo ocorreu na Alemanha --onde o destaque foi a discussão sobre biocombustíveis.

Lula afirmou que a União Europeia se comprometeu a fazer com que todos os automóveis utilizem 10% de álcool na gasolina até 2020 e que, para isso, vai precisar comprar o produto.

"A Alemanha, embora produza biodiesel, não pode continuar produzindo do alimento. É melhor que a gente procure outra oleaginosa que não seja alimento e o Brasil é o país que oferece grandes oportunidades", afirmou o presidente.

No fim de novembro, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) defendeu a manutenção da mistura atual de 25% de álcool na gasolina, opondo-se a ideias de alguns setores do governo sobre uma possível redução da mistura para evitar novas altas do biocombustível no mercado.

"A Unica entende que a produção de álcool anidro continua em patamares suficientes para garantir o nível de mistura de 25% na gasolina, não havendo qualquer necessidade de alteração", disse a entidade em nota divulgada então, que acompanhou relatório sobre o processamento da safra 2009/10.

A produção de açúcar no centro-sul já subiu 10% na comparação com o ano passado, enquanto a de álcool (anidro mais hidratado) registra recuo de 5,5%. Do início da safra até o final de setembro, o crescimento das vendas de álcool hidratado para o mercado doméstico estava em 23,5%. Em outubro, esse crescimento já havia caído para 17,7% e ao final da primeira quinzena de novembro chegou a apenas 13,5%, de acordo com a Unica.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u662789.shtml

domingo, 6 de dezembro de 2009

Acabou a fartura: a crise global dos alimentos

National Geographic
Por Joel K. Bourne Jr.


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Foto de John Stanmeyer
inconformados com os preços dos alimentos, egípcios furiosos buscam pão subsidiado perto das pirâmides, em Gizé. A demanda crescente e a oferta estagnada trouxeram de volta o debate sobre a produção acompanhar o aumento da população.
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É um dos atos mais naturais e simples, tanto quanto respirar ou caminhar ereto. Nós nos sentamos à mesa, pegamos um garfo e nos deliciamos com uma porção de comida saborosa, sem darmos atenção a todas as ramificações globais que se cruzam em nosso prato. Num jantar hoje, poderíamos comer carne da Argentina, acompanhada por vinho da África do Sul; o azeite vem da Sicília; a água mineral, da França; e o arroz, da Tailândia. A sociedade moderna nos poupou do fardo de cultivar, colher e preparar o pão de cada dia, em troca de apenas pagar por ele. Só quando os preços sobem é que nos damos conta disso. E as consequências de nossa falta de atenção são profundas.

No ano passado, o aumento no custo dos gêneros alimentícios foi um sinal de alerta ao planeta. Entre 2005 e meados de 2008, o preço do milho e do trigo triplicou, e o do arroz quintuplicou, desencadeando tumultos sociais e lançando na pobreza mais de 75 milhões de pessoas. Mas, ao contrário de outras ocasiões em que o aumento foi provocado por escassez temporária dos alimentos, dessa vez a carestia se deu em um ano de safra recorde de grãos. Agora, os preços elevados são o sintoma de um problema maior que afeta nossa rede mundial de produção de comida. Em resumo, durante grande parte da última década, o mundo consumiu mais do que foi capaz de produzir. Após anos de utilização de suas reservas, em 2007 os estoques reguladores ficaram reduzidos a apenas 61 dias de consumo global, o segundo nível mais baixo de que se tem notícia. “O aumento da produtividade agrícola é de apenas 1% a 2% ao ano”, alertou, no auge da crise, Joachim von Braun, diretor-geral do Instituto Internacional de Pesquisas de Políticas Alimentares, em Washington, DC. “Isso é muito pouco para atender ao crescimento demográfico e ao aumento da demanda.”

A subida nos preços é sinal de que a demanda está superando a oferta, ou seja, de que logo não vai haver comida para todo mundo. Essa inflação na agricultura prejudica com mais intensidade o grupo de 1 bilhão de pessoas mais pobres do planeta, pois elas gastam de 50% a 70% de sua renda só para comer. Mesmo após caírem com a implosão da economia mundial, os preços continuam perto de seus níveis máximos, assim como os problemas de estoques baixos, aumento demográfico e redução na taxa de crescimento da produção agrícola. E estima-se que as mudanças climáticas – com as épocas de cultivo mais quentes e a escassez de água cada vez maior – contribuam para reduzir as safras, fazendo surgir o espectro daquilo que cientistas estão chamando de “crise alimentar perene”.

Então, qual é a solução para um mundo cada vez mais quente, populoso e faminto?

Essa é a questão que Von Braun e seus colegas do Grupo Consultivo sobre Pesquisa Agrícola Internacional estão em busca de responder. O grupo reúne centros de renome mundial cujos esforços ajudaram a mais do que dobrar o rendimento das safras de milho, arroz e trigo entre a década de 1950 e os anos 90. Todavia, com a população mundial avançando para os 9 bilhões de habitantes ainda neste século, será preciso repetir tal façanha, duplicando a atual produção de alimentos até 2030.

Em outras palavras, precisamos de nova revolução verde. E teremos de realizá-la em metade do tempo exigido pela anterior.

Desde que nossos antepessados abandonaram a caça e a coleta em favor do arado e do cultivo do solo há 12 mil anos, o aumento demográfico acompanha nossa capacidade de produzir alimentos. A cada avanço – domesticação de animais, métodos de irrigação, aumento no número de safras anuais – houve um salto correspondente na população humana. E, sempre que a oferta se estabilizou, o mesmo ocorreu com a quantidade de gente no planeta. No passado, autores árabes e chineses notaram tal vínculo entre a população e a produção de alimentos, mas foi só no fim do século 18 que um estudioso britânico explicou o mecanismo dessa relação.

O matemático Thomas Robert Malthus, que daria origem a expressões como “colapso malthusiano” ou “maldição malthusiana”, era um clérigo de maneiras afáveis que, segundo seus críticos, não podia ter sido mais pessimista. A população humana, notou ele, cresce de maneira geométrica, dobrando a cada 25 anos se nada for feito, enquanto a produção agrícola aumenta de maneira aritmética – ou seja, bem mais devagar. Essa era, portanto, uma armadilha biológica da qual a humanidade não podia escapar.

“A capacidade [de reprodução] da população é maior que a capacidade da terra de gerar subsistência para o homem”, escreveu no Ensaio sobre o Princípio da População, em 1798. “Isso implica forte e constante restrição sobre a população em função da dificuldade de subsistência.” Para Malthus, a restrição podia ser voluntária, sob a forma de controle de natalidade, abstinência sexual ou adiamento da época de casamento – ou, então, involuntária, como os flagelos da guerra, da fome e das enfermidades. Ele opunha-se à distribuição de alimentos a todos aqueles que não fossem miseráveis, pois acreditava que tal ajuda humanitária seria um estímulo para o nascimento de mais crianças em famílias pobres.

A Revolução Industrial e o aproveitamento dos terrenos públicos ampliaram a quantidade de alimentos produzida na Inglaterra e, por isso, Malthus acabou relegado à lixeira da era vitoriana. Mas foi a revolução verde, no século 20, que fez do reverendo objeto de zombaria dos economistas modernos. De 1950 até hoje, o mundo testemunhou a maior explosão demográfica na história humana. Desde a época de Malthus, 6 bilhões de pessoas foram acrescentadas às mesas de jantar do planeta. Graças ao aperfeiçoamento dos métodos de cultivo, a maioria dessas pessoas foi alimentada. Parecia que havíamos deixado para trás as restrições malthusianas.

Ou, pelo menos, era o que achávamos.

Na 15ª noite do nono mês do calendário lunar chinês, 3 680 pessoas, quase todas com o sobrenome “He”, reuniram-se sob um toldo com goteiras na praça do vilarejo de Yaotian, e esbaldaram-se em um banquete com 13 pratos. O evento era uma festa tradicional em honra aos antepassados. Terrinas de sopa fumegante foram distribuídas, seguidas de travessas de macarrão, arroz, peixe, camarão, verduras no vapor, bolinhos, pato, galinha, raiz de lótus, pombo, cogumelos e cortes variados de carne de porco.

Mesmo com a recessão global, a situação ainda é boa na província de Guangdong, no sudeste da China, onde Yaotian se ergue entre hortas minúsculas e intermináveis áreas industriais com as novas fábricas que contribuíram para fazer da província uma das mais prósperas do país. Quando a vida vai bem, os chineses comem carne de porco. Muita carne de porco. O consumo de carne suína per capita no país mais populoso do mundo aumentou 45% entre 1993 e 2005, passando de 24 para 34 quilos por ano.

O consultor de suinocultura Shen Guangrong recorda-se de seu pai criando um porco por todo o ano para que fosse abatido e consumido no Ano-Novo chinês. Era a única ocasião em que comiam carne. Os porcos criados pelo pai de Shen não requeriam muitos cuidados, pois provinham de resistentes variedades malhadas que se contentavam com quase qualquer coisa: restos de comida, raízes, lixo. Mas os porcos atuais da China são bem diferentes. Após os protestos na praça da Paz Celestial em 1989 que marcaram o ápice de um ano de turbulência política exacerbada pela carestia dos alimentos, o governo passou a oferecer incentivos fiscais para que grandes empresas industriais atendessem à demanda interna. Shen acabou trabalhando em uma das primeiras Unidades de Criação Animal Concentrada (Cafo, na sigla em inglês) da China, na cidade vizinha de Shenzhen. Tais unidades, que se multiplicaram nos últimos anos, dependem de linhagens suínas alimentadas com misturas sofisticadas de milho, soja e suplementos para que os animais cresçam com mais rapidez.

Essa é uma boa notícia para o chinês médio apreciador de carne de porco. Por outro lado, é motivo de preocupação quando se leva em conta os estoques de cereais no mundo. Por mais saborosa que seja a carne de porco agridoce, o consumo de carne é uma forma ineficiente de uma pessoa se alimentar. Para se obter com carne de porco a mesma quantidade de calorias presente nos cereais, o animal precisa ingerir cinco vezes mais cereais do que se a pessoa os consumisse diretamente.

Com uma quantidade cada vez maior de grãos destinada aos rebanhos e à produção de biocombustíveis para veículos, a demanda mundial de cereais subiu de 815 milhões de toneladas, em 1960, para 2,2 bilhões, em 2008.

Desde 2005, apenas a produção de biocombustíveis elevou a demanda de cereais de 20 milhões de toneladas anuais para 50 milhões de toneladas, embora essa tendência possa mudar devido à estagnação no setor de etanol.

Até mesmo a China, a segunda maior produtora de milho do mundo, não consegue cultivá-lo em volume suficiente para alimentar seu rebanho suíno. Grande parte dessa lacuna é completada com soja importada dos Estados Unidos e do Brasil, este último um dos poucos países que ainda podem ampliar sua área de cultivo – muitas vezes à custa de regiões de floresta. A crescente demanda de alimento, forragem e biocombustível foi um dos principais estímulos para o desmatamento em áreas tropicais. Entre 1980 e 2000, mais de metade das novas áreas de cultivo nos trópicos tomou o lugar de florestas úmidas intactas – só o Brasil aumentou suas plantações de soja na Amazônia num ritmo de 10% ao ano, entre 1990 e 2005.

Parte da soja brasileira pode acabar nos cochos da Fazenda Guangzhou Lizhi, a maior Cafo na província de Guangdong. Construídos em um vale verdejante, 60 galpões brancos para criação de porcos se distribuem em torno de grandes lagoas que fazem parte do sistema de tratamento dos dejetos produzidos por 100 mil animais. A cidade de Guangzhou também está instalando nova unidade de processamento de carne com capacidade para abater 5 mil porcos por dia. Quando a população chinesa chegar a 1,5 bilhão de pessoas, o que vai ocorrer nos próximos 20 anos, serão necessários outros 200 milhões de porcos para atender à demanda doméstica, segundo especialistas. E estamos falando da China. Estima-se que o consumo de carne no mundo possa dobrar até 2050. Isso significa que vamos precisar de muito mais cereais.

Esta não é a primeira vez em que o mundo se vê à beira de uma crise de alimentos – é apenas sua versão mais recente. Com 83 anos, Gurcharan Singh Kalkat é velho o suficiente para se lembrar de um dos piores surtos de fome no século 20. Em 1943, até 4 milhões de pessoas morreram em uma “correção malthusiana” que ficou conhecida como a “fome de Bengala”. Nas duas décadas seguintes, a Índia viu-se obrigada a importar milhões de toneladas de cereais para alimentar sua população.

Então ocorreu a revolução verde. Em meados da década de 1960, enquanto a Índia lutava para garantir a sobrevivência de seus habitantes em meio a outra seca, um especialista em agricultura, o americano Norman Borlaug, colaborava com pesquisadores indianos para a introdução de variedades de trigo de alta produtividade na região do Punjab. As novas sementes foram um dom divino, afirma Kalkat, então vice-secretário de Agricultura do Punjab. Até 1970, os agricultores triplicaram a produção sem aumentar a carga de trabalho. “Aí o problema era o que fazer com os excedentes agrícolas”, lembra-se Kalkat. “Tivemos de fechar as escolas um mês mais cedo para guardar a colheita de trigo nos prédios.”

Nascido no estado de Iowa, Borlaug atribuiu-se a missão de difundir em regiões pobres as práticas agrícolas de alta produtividade que transformaram o meio-oeste americano no celeiro do mundo. As novas variedades anãs de trigo, com caule pequeno e espesso que sustentava espigas intumescidas e copiosas, permitiram um salto assombroso. Elas eram mais produtivas que qualquer outro tipo de trigo – pelo menos com água abundante, fertilizantes sintéticos e pouca competição de ervas e insetos. Para assegurar tais condições, o governo indiano subsidiou canais, fertilizantes e a perfuração de poços para irrigação, e forneceu eletricidade gratuita para que a água pudesse ser bombeada até as plantações. Os novos cultivares de trigo espalharam-se pela Ásia, alterando as práticas tradicionais de milhões de lavradores, e logo foram seguidos por novas e “milagrosas” linhagens de arroz. As recentes variedades amadureciam com mais rapidez e permitiam o cultivo de duas safras por ano. Hoje, as safras duplas de trigo, arroz ou algodão são corriqueiras no Punjab, região que, com a vizinha Haryana, forneceu mais de 90% do trigo consumido pelos estados indianos deficientes em cereais.

A revolução verde iniciada por Borlaug nada tinha a ver com as preocupações ecológicas hoje na moda. Com o emprego de fertilizantes sintéticos e de pesticidas para manejo de imensos campos cultivados com um único cereal, prática conhecida como monocultura, esse novo método de exploração industrial da agricultura era a antítese da atual tendência de cultivo orgânico. Em vez disso, William S. Gaud, então responsável pela Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês), cunhou a expressão “revolução verde”, em 1968, contrapondo-a à “revolução vermelha” soviética, na qual trabalhadores, soldados e camponeses famintos se revoltaram com violência contra o governo czarista. A pacífica revolução verde obteve êxito tão extraordinário que Borlaug recebeu, em 1970, o Prêmio Nobel da Paz.

Hoje já se esgotou o milagre no Punjab: o aumento da produtividade está estagnado desde meados da década de 90. A irrigação excessiva provocou a redução dos lençóis freáticos, agora explorados por 1,3 milhão de poços, ao passo que milhares de hectares de terras produtivas tiveram de ser abandonados devido à salinização e ao encharcamento dos solos. Quatro décadas de intenso uso de irrigação, fertilizantes e pesticidas não foram nada benéficas para os campos do Punjab. Tampouco para seus habitantes.

No poeirento vilarejo de Bhuttiwala, no distrito de Muktsar em que vivem 6 mil pessoas, Jagsir Singh, com sua barba comprida e seu turbante azul-cobalto, um dos mais velhos e respeitados da comunidade, revela a extensão dos danos. “Tivemos 49 mortes por câncer nos últimos quatro anos”, conta. “A maioria era gente jovem. A água não presta. Está envenenada e contaminada. Mas as pessoas continuam a beber.”

Seguindo por caminhos de terra estreitos, Singh me conduz até Amarjeet Kaur, uma esguia mulher de 40 anos que por muito tempo extraiu água para uso diário da família, com ajuda de bomba manual, de um poço aberto no solo duro próximo ao grupo de casebres. No ano passado, ela foi diagnosticada com câncer da mama. Tej Kaur, de 50 anos, também está com o mesmo tipo de doença. A cirurgia, conta ela, foi dolorosa, mas não tanto quanto perder o neto de 17 anos por causa de “câncer no sangue” – leucemia.

Não há comprovação de que a doença seja provocada por pesticidas. Mas pesquisadores constataram a presença dessas substâncias no sangue dos agricultores locais, nos lençóis freáticos da região, nas verduras ali consumidas e até no leite das mulheres que amamentam. Tanta gente enferma usa o trem que passa na região de Malwa e que leva ao hospital especializado em câncer de Bikaner, que ele passou a ser conhecido como o “expresso do câncer”. E as autoridades estão de tal modo preocupadas, que destinaram milhões de dólares à construção de estações de tratamento de água com equipamentos de osmose reversa nas áreas mais afetadas.

Para piorar a situação, o custo elevado de fertilizantes e pesticidas resultou no endividamento de agricultores do Punjab. De acordo com um estudo, houve mais de 1,4 mil casos de suicídio entre lavradores de 93 vilarejos de 1988 a 2006. Alguns grupos estimam que o total de suicídios de agricultores no estado, no mesmo período, seja bem maior, algo entre 40 mil e 60 mil casos. Muitos ingeriram pesticidas ou se enforcaram em suas plantações. “O governo sacrificou o povo do Punjab para ter cereais”, comenta Jarnail Singh, professor aposentado no vilarejo de Jajjal.

Nem todo mundo partilha dessa opinião. Rattan Lal, da Universidade de Ohio, formado pela Universidade Agrícola do Punjab em 1963, considera que o abuso – e não o uso – das tecnologias foi a causa dos problemas. Isso inclui o emprego excessivo de fertilizantes, pesticidas e irrigação, assim como a remoção dos resíduos da safra anterior dos campos, eliminando-se dessa forma uma fonte de nutrientes para o solo. “Reconheço que há problemas com a qualidade da água e o esgotamento dos lençóis freáticos”, afirma Lal. “Por outro lado, centenas de milhões de pessoas foram salvas. Pagamos um preço alto em termos da água, mas a alternativa era deixar que milhões de pessoas morressem de fome.”

No que se refere à produção, os benefícios da revolução verde são inegáveis. A Índia não sofreu outro surto de fome desde que Borlaug introduziu suas sementes especiais, ao mesmo tempo que a produção mundial de cereais mais que dobrou. Segundo alguns pesquisadores, apenas o aumento na capacidade produtiva dos arrozais seria responsável pela existência de mais 700 milhões de pessoas no planeta.

Muitos cientistas e agricultores acreditam que a solução para a atual crise de alimentos está em outra revolução, dessa vez baseada em recentes descobertas genéticas. Os pesquisadores já conhecem a sequência de quase todos os 50 mil e tantos genes do milho e da soja, e “aplicam esse conhecimento de maneiras inimagináveis há apenas quatro ou cinco anos”, diz Robert Fraley, diretor de tecnologia da empresa Monsanto. Fraley está certo de que a modificação genética que permite a melhoria de plantas pela introdução de características benéficas de outras espécies permitirá criar novas variedades de maior rendimento, menor uso de fertilizantes e aumento na tolerância das plantas a períodos de seca.

A África é o continente onde surgiu o Homo sapiens e, com seus solos esgotados, chuvas irregulares e população crescente, talvez ofereça um vislumbre do futuro de nossa espécie. Por várias razões – falta de infraestrutura, corrupção, mercados inacessíveis -, a revolução verde passou ao largo do continente. Na realidade, a produção agrícola per capita diminuiu na África subsaariana entre 1970 e 2000 enquanto aumentou a população, o que resultou em um déficit alimentar de 10 milhões de toneladas anuais de grãos, em média. Hoje a África abriga um quarto das pessoas que passam fome no mundo.

Um país minúsculo e sem saída para o mar, o Malauí, batizado de “o coração caloroso da África” por um esperançoso setor de turismo, também está no coração esfomeado do continente. Onde vive uma das mais pobres e densas nações africanas, a maioria dos malauianos é constituída de lavradores de milho que mal subsistem com menos de 2 dólares por dia. Em 2005, as chuvas deixaram de cair, e um terço de seus 13 milhões de habitantes sobreviveu graças à ajuda humanitária. O presidente Bingu wa Mutharika declarou que não havia sido eleito para governar uma nação de mendigos. Quando fracassou em convencer o Banco Mundial a ajudá-lo a subsidiar projetos similares à revolução verde, Bingu, como é conhecido, decidiu gastar 58 milhões de dólares do Tesouro Nacional para colocar sementes híbridas e fertilizantes nas mãos dos agricultores pobres. O Banco Mundial associou-se ao esforço e convenceu Bingu a concentrar o subsídio nos agricultores mais pobres. Cerca de 1,3 milhão de famílias receberam cupons que lhes permitiam adquirir 3 quilos de sementes híbridas de milho e dois sacos de 50 quilos de fertilizante por um terço do preço de mercado.

O que ocorreu em seguida foi chamado de “milagre malauiano”. As sementes boas e um pouco de fertilizante – assim como a volta da chuva – ajudaram os agricultores a colher safras extraordinárias nos dois anos seguintes. A safra de 2007 foi estimada em 3,44 milhões de toneladas, um recorde nacional. “Passaram de um déficit de 44% para um superávit de 18%, dobrando a produção”, comenta Pedro Sanchez, da Universidade Colúmbia. “No ano seguinte, houve um excedente de 52% e exportaram milho para o Zimbábue. Foi uma mudança dramática.”

Tão dramática, na verdade, que despertou interesse crescente para a importância do investimento agrícola no combate à pobreza e à fome em lugares como o Malauí. Em outubro de 2007, o Banco Mundial divulgou um relatório repleto de críticas no qual concluía que o próprio banco, os doadores internacionais e os governos africanos haviam feito bem menos do que podiam para ajudar os agricultores pobres do continente, tendo negligenciado os investimentos no setor agrícola ao longo dos 15 anos anteriores.

O programa de subsídios no Malauí é parte de um movimento mais amplo para introduzir na África a revolução verde, ainda que tardiamente. Desde 2006, as fundações Rockefeller e Bill e Melinda Gates contribuíram com quase meio bilhão de dólares para financiar a Aliança para uma Revolução Verde na África, com o objetivo principal de desenvolver programas de melhoramento genético nas universidades africanas e fazer chegar fertilizante às lavouras. Pedro Sanchez e o economista Jeffrey Sachs criaram exemplos concretos dos benefícios de tais investimentos em 80 pequenos vilarejos, agrupados em uma dúzia de “Vilas do Milênio” distribuídas nas áreas mais afetadas pela fome na África. Com ajuda de músicos e atores famosos, Sanchez e Sachs gastam 300 000 dólares por ano em cada vilarejo. Isso equivale a um terço do PIB do Malauí em termos proporcionais – o que levou muita gente a se perguntar sobre a viabilidade de tal programa no longo prazo.

Baixinha, magra e rija, Phelire Nkhoma é a responsável por implantar o projeto agrícola em uma das duas Vilas do Milênio no Malauí – abrangendo sete vilarejos com um total de 35 mil habitantes. Ela descreve o programa enquanto seguimos em uma caminhonete nova da ONU desde que saímos de seu escritório, no distrito de Zomba, através de campos escurecidos por queimadas e pontilhados com as copas violáceas dos jacarandás. Os moradores dos povoados recebem de graça as sementes híbridas e o fertilizante – em troca, devem doar três sacos de milho, na época da colheita, para um programa de alimentação escolar. Também recebem mosquiteiros e medicamentos antimaláricos. Cada Vila do Milênio é dotada de posto de saúde, celeiro para armazenar a colheita e poços de água boa para beber no raio de 1 quilômetro de cada casa. Boas escolas primárias, estradas melhoradas e acesso à rede de eletricidade e à internet serão instalados nesses locais, e também no vilarejo Madonna, que fica mais ao norte. “Madonna?”, pergunto. “É isso mesmo. Soube que ela se divorciou de seu último marido. É verdade?”

O clima de prosperidade é evidente na Vila do Milênio, onde Nkhoma mostra casas de alvenaria recém-construídas com tetos brilhantes de metal corrugado, um celeiro repleto de sementes e fertilizantes e, sob a sombra de uma árvore, uma centena de moradores locais a ouvir um funcionário de banco explicar como solicitar empréstimo agrícola. Fazem fila em um guichê na janela do caminhão blindado do Banco Internacional do Malauí. Cosmas Chimwara, vendedor de verduras de 30 anos, é um deles. “O negócio com as leguminosas vai bem”, conta. “Tenho três bicicletas, uma TV e um celular, e uma casinha melhor.”

Histórias assim são motivo de orgulho a Faison Tipoti, o líder comunitário que ajudou a implantar o projeto. Ficou para trás o tempo em que a gente passava os dias a vagar e mendigar comida para seus filhos com barrigas inchadas e doentes. Ele volve os olhos para as crianças que se divertem enquanto lavam roupa e buscam água no poço do vilarejo. “Com a chegada do projeto, tudo é água limpa e fresca”, diz Tipoti.

Mas seria uma retomada da revolução verde – com o pacote de fertilizantes sintéticos, pesticidas e irrigação, reforçado agora por sementes geneticamente modificadas – a resposta para a crise mundial de alimentos? No ano passado, um estudo intitulado “Avaliação Internacional do Conhecimento, Ciência e Tecnologia Agrícola para o Desenvolvimento” concluiu que o aumento na produção agrícola pelos avanços científicos e tecnológicos nos últimos 30 anos fracassou em melhorar o acesso aos alimentos pelos pobres do planeta. Realizado ao longo de seis anos, por iniciativa do Banco Mundial e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e com 400 especialistas, o estudo sugeriu uma mudança de paradigma na agricultura, em favor de práticas sustentáveis e propícias ao ambiente capazes de beneficiar os 900 milhões de pequenos agricultores do mundo, e não apenas o agronegócio.

O legado da revolução verde, solos contaminados e aquíferos esgotados, é um dos motivos para buscar novas estratégias. E o mesmo se aplica ao que Michael Pollan, da Universidade da Califórnia em Berkeley, denomina o “calcanhar de aquiles” dos atuais métodos da revolução verde: a dependência aos combustíveis fósseis. O gás natural é uma das matérias-primas para a fabricação de fertilizantes de nitrogênio.

Até agora não se concretizaram os avanços da genética que iriam libertar as safras da revolução verde da necessidade vital de irrigação e fertilizantes. A criação de plantas que podem fixar o próprio nitrogênio ou que sejam resistentes a secas “revelou-se algo bem mais difícil do que se imaginava”, diz Pollan. Segundo Robert Fraley, da Monsanto, até 2012 sua empresa vai comercializar sementes de milho resistentes a secas no mercado americano. Mas o rendimento será apenas de 6% a 10% maior que o das plantações normais nas mesmas condições. É por isso que já se nota mudança em favor de outros projetos, mais modestos e hoje carentes de financiamento, dispersos pela África e pela Ásia. Algumas pessoas chamam isso de agroecologia; outras, de agricultura sustentável. Mas a ideia subjacente é revolucionária: precisamos deixar de nos concentrar apenas na melhoria do rendimento das plantações, e passar a levar em conta o impacto ambiental e social na produção de alimentos.

Vandana Shiva é uma física nuclear que virou agroecologista e tornou-se a crítica mais incisiva da revolução verde na Índia. “Para mim, isso não passa de monocultura mental”, diz ela. “Eles olham apenas para o rendimento do trigo e do arroz, mas a diversidade de alimentos está acabando. Havia 250 variedades de safras no Punjab antes da revolução verde.” O argumento de Vandana é que os cultivos em pequena escala e biologicamente diversificados são capazes de produzir mais alimentos com menos insumos de petróleo. Suas pesquisas mostraram que o uso de compostagem, no lugar de fertilizantes derivados de gás natural, aumenta a matéria orgânica no solo, capturando o carbono e preservando a umidade – duas vantagens cruciais para agricultores que se defrontam com mudanças climáticas.

Na região norte do Malauí, há um projeto que tem obtido resultados como os das Vilas do Milênio, mas a um custo bem menor. Não há sementes híbridas de milho nem fertilizantes gratuitos e tampouco novas estradas em Ekwendeni. Ali, o projeto Solos, Alimentos e Comunidades Saudáveis (SFHC, na sigla em inglês) distribui sementes de leguminosas, receitas e conselhos técnicos para cultivo de plantas nutritivas, como amendoim, guando e soja, que melhoram o solo ao fixar o nitrogênio, além de enriquecer a dieta das crianças. O programa teve início em 2000, no Hospital Ekwendeni, cujos funcionários recebiam número elevado de pacientes com desnutrição. Pesquisas indicaram que isso se devia à monocultura de milho, pois o esgotamento do solo e o alto preço do fertilizante haviam reduzido a produtividade dos pequenos lavradores.

O motor da velha caminhonete só pega no tranco, mas logo Boyd Zimba, o vice-coordenador do projeto, e Zacharia Nkhonya, seu supervisor de segurança alimentar, começam a falar sem parar sobre o que consideram as desvantagens do “milagre malauiano”. “Para começar, o subsídio ao fertilizante não pode durar muito”, diz Nkhonya, um homem atarracado e sempre sorridente. “Depois, não beneficia a todos. E, terceiro, é concedido só uma vez por ano, ao passo que as leguminosas requerem prazos longos” – os solos vão melhorando a cada ano, ao contrário do que ocorre com o uso de fertilizantes.

No minúsculo povoado de Encongolweni, lavradores do SFHC nos recebem com uma canção que fala de pratos de soja e guando. Nos acomodamos no local de reuniões, em uma atmosfera que lembra uma cerimônia religiosa, e eles nos contam como o cultivo de leguminosas mudou sua vida. A história de Ackim Mhone é típica. Ao incorporá-las no cultivo em rotação, ele dobrou o rendimento de sua pequena plantação de milho e, ao mesmo tempo, reduziu pela metade o uso de fertilizantes. “Só isso já deu para mudar a vida da minha família”, comenta Mhone, que reformou sua casa e comprou animais. Mais tarde, Alice Sumphi, uma lavradora de 67 anos e sorriso travesso, dança orgulhosa em seu lote onde jovens tomateiros chegam à altura dos joelhos. De acordo com pesquisadores canadenses, depois de oito anos, as crianças de mais de 7 mil famílias do projeto apresentaram significativo aumento de peso – uma convincente demonstração do vínculo, no Malauí, entre a boa saúde do solo e a boa saúde da comunidade.

E esse é o motivo pelo qual Rachel Bezner Kerr, a coordenadora de pesquisa do projeto, está alarmada com o fato de fundações ricas estimularem nova revolução verde na África. “Acho isso muito perturbador”, diz. “Pois faz com que os agricultores dependam de insumos dispendiosos produzidos em outras regiões e que proporcionam lucros a grandes empresas, em vez de incentivar métodos agroecológicos que empregam recursos e conhecimento locais. Não creio que essa seja a solução.”

Seja qual for o modelo que vai predominar no futuro – a agricultura como uma arte ecológica e diversificada, ou como um setor de alta tecnologia ou ainda como uma mescla das duas -, o desafio de proporcionar comida suficiente a 9 bilhões de pessoas até 2050 é assustador. Hoje, 2 bilhões vivem nas partes mais secas do globo, e estima-se que as mudanças climáticas reduzirão ainda mais a produtividade agrícola justamente nessas regiões. Por maior que seja o potencial dessas terras, as plantações continuarão a precisar de água. E, em um futuro não muito distante, todo ano poderá ser de seca em grande parte do planeta.

Estudos recentes sobre o clima mostram que ondas de calor fortes, como aquela que ressecou a Amazônia em 2005, devem se tornar corriqueiras nos trópicos e nos subtrópicos até o fim deste século. As geleiras do Himalaia, que hoje proporcionam água doce para milhões de pessoas, animais e plantações na China e na Índia, derretem com maior rapidez e podem desaparecer por completo até 2035. Na pior das hipóteses, a produção de alguns cereais poderia cair de 10% a 15% no sul da Ásia até 2030. As projeções para o sul da África são ainda mais alarmantes. Em uma região já devastada pela escassez de água e pela insegurança alimentar, a crucial safra de milho poderia ter uma queda de 30% – ou mesmo de 47%, no cenário mais grave. Ao mesmo tempo a população continua a aumentar, com 2,5 novas bocas para alimentar nascendo a cada segundo. Isso significa mais 4,5 mil crianças no tempo que se gasta para ler este artigo.

O que nos leva de volta a Malthus.

Em um frio dia de outono que reanimou a cor no rosto dos londrinos, dou um pulo até a British Library a fim de espiar a primeira edição do livro que ainda gera debate tão acalorado. O Ensaio sobre o Princípio da População, de Malthus, mais parece um manual de ciência do ciclo secundário. Por meio da prosa incisiva e límpida soa a voz de um humilde sacerdote paroquial que, acima de tudo, tinha a esperança de que suas conclusões se comprovassem equivocadas.

“Aqueles que afirmam que Malthus está errado em geral não o leram”, comenta o professor de demografia Tim Dyson. “Ele não assumiu perspectiva diferente da adotada por Adam Smith em A Riqueza das Nações. Nenhuma pessoa sensata coloca em questão a ideia de que as populações têm de sobreviver com os recursos disponíveis. E que a capacidade da sociedade para aumentar os recursos é limitada.”

Embora os ensaios de Malthus ressaltassem os “controles positivos” sobre o crescimento populacional constituídos por fome, doenças e guerra, seus “controles preventivos” talvez tenham sido mais relevantes. O aumento da força de trabalho, explicou Malthus, reduz os salários, e isso tende a fazer com que as pessoas adiem o casamento até que tenham condições de manter uma família. O adiamento dos casamentos reduz a taxa de natalidade e cria um controle eficaz do crescimento demográfico. Hoje está comprovado que esse é o mecanismo básico que regulou o crescimento da população na Europa Ocidental por cerca de 300 anos antes da Revolução Industrial – o que configura resultado muito bom para qualquer cientista social, comenta Dyson.

No entanto, quando a Grã-Bretanha lançou nova nota de 20 libras esterlinas, Adam Smith foi colocado no verso, e não T.R. Malthus. Ele não combina com o espírito atual. Na verdade, não queremos pensar muito sobre limites. Porém, agora que nos aproximamos dos 9 bilhões de pessoas, todas reivindicando as mesmas oportunidades e as mesmas condições de vida, há enorme risco em ignorarmos os limites.

Nenhum dos grandes economistas clássicos previu o advento da Revolução Industrial ou a transformação da economia e da agricultura mundiais. A energia barata e acessível do carvão – e, depois, outros combustíveis fósseis – desencadeou maior aumento de alimentos, riqueza individual e pessoas que o mundo já testemunhou, permitindo que a população da Terra crescesse sete vezes desde a época de Malthus. Mesmo assim, a fome e a desnutrição continuam a nos afligir, tal como Malthus havia previsto.

“Anos atrás, trabalhei com um demógrafo chinês”, conta Dyson. “Um dia ele me chamou a atenção para os caracteres chineses sobre a porta de sua sala, e que formavam a palavra ‘população’. Era constituída de dois ideogramas, um para ‘pessoa’ e outro para ‘boca aberta’. Fiquei impressionado. No fim das contas, é preciso haver equilíbrio entre população e recursos. E quanto a essa noção de que podemos continuar a crescer para sempre, bem, ela é ridícula.”Talvez lá no fundo de sua cripta, na abadia de Bath, Malthus esteja balançando um dedo ossudo e dizendo: “Não digam que não avisei”.
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Publicado em 06/2009
http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-111/crise-alimentos-473007.shtml