domingo, 28 de março de 2010

Energia alternativa no Sertão do Ceará


Usina solar pode mudar perfil de Tauá

27/3/2010 Clique para Ampliar
Paulo Monteiro: usina terá inicialmente 4,4 mil placas fotovoltaicas
MARÍLIA CAMELO
Usina solar é vista como chance de atração de novos investimentos para o município que vive da agricultura

Com economia pautada basicamente na agricultura de subsistência, na produção de arroz e milho, e na caprinocultura, o município de Tauá, recebeu ontem, um empreendimento que pode, no médio prazo, transformar o perfil sócio-econômico dos Inhamuns. Em ato público, que reuniu lideranças políticas da região, o vice-governador Francisco pinheiro e o diretor de Novos Negócios e Meio Ambiente da empresa MPX, Paulo Monteiro, assinaram no início da noite de ontem, na sede do Município, ordem de serviço para início das obras de construção da Usina de Energia Solar de Tauá, a primeira do País a gerar energia elétrica, a partir dos raios solares, interligada ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

"Nós temos sol o ano todo. Aqui o índice pluviométrico é de apenas 400 milímetros por ano, em média. Agora, com esta usina, Tauá vai se destacar pelo pioneirismo desta tecnologia no país e no mundo", projeto o prefeito da cidade, Ocilon Aguiar, em pronunciamento minutos antes do evento começar. "Há bem pouco tempo o Ceará importava 100% da energia que consumia, agora já produz quase 50%, com as usinas eólicas. Mas, o mais importante, é que vamos produzir e exportar energia limpa, renovável", destacou o vice-governador.

Projeto estratégico

Para ele, a usina solar é um projeto estratégico para o Estado, que poderá se transformar, no futuro próximo, em um "laboratório mundial de pesquisa de energia solar", a partir de Tauá. Instaladas em área de 204 hectares, as obras da usina serão iniciadas em abril próximo, conforme anunciou Paulo Monteiro. Segundo ele, a usina irá contar inicialmente com 4.400 placas fotovoltaicas, que transformam a energia do sol em elétrica, e que podem gerar 1 MW de energia, capacidade suficiente para alimentar cerca de 850 residências populares, ou cerca de quatro mil pessoas. Ainda de alto custo, a energia solar tende a tornar-se comercial somente daqui a uns dez anos. No entanto, explica Monteiro, os benefícios para o município e a região dos Inhamuns poderão começar a ser sentidos bem antes, a partir da possibilidade de instalação de outras empresas, como indústrias de placas, de exploração de silício, matéria-prima para os painéis, de cabos e refletores elétricos e até turísticas. Além disso, serão gerados 200 empregos na fase de construção.

"Nas cidades da Alemanha, , Espanha, Canadá e Índia, onde usinas solares foram instaladas, o turismo cresceu, a partir da atração das pessoas pela nova tecnologia", destacou o gerente de Infraestrutura da MPX, Marcos Antônio Oliveira. Segundo ele, logo, logo um hotel novo deverá ser construído na cidade, para atender pesquisadores, cientistas e empresários interessados na nova tecnologia.

PIRAMBU É POSSIBILIDADE
Estaleiro: Balhmann admite plano B

O presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, admitiu ontem, pela primeira vez, que o governo do Estado apresentou aos empresários da PJRM, empresa interessada em construir um estaleiro no Ceará, duas opções de localização para instalação do empreendimento: a praia do Titanzinho, no Serviluz, e o Pirambu,na zona oeste da cidade, onde a Prefeitura constrói hoje, a Vila do Mar. "Inicialmente, apresentamos dois planos, mas os empresários rejeitaram a opção do Pirambu", confirmou Balhmann, ao ser questionado sobre o plano B do Estado para o empreendimento. Ele negou, no entanto, que esta será a "carta na manga", a alternativa que Cid Gomes irá discutir com a prefeita Luizianne Lins e os secretários dos dois executivos, na reunião da próximo dia 5.

Novo discurso

"O Pirambu tem área de lazer, está urbanizado, não é área portuária, mas que pode ser feito, pode", disse Balhmann, ao confirmar a elaboração de dois planos para o estaleiro. Ele explicou que a área do Pirambu tem calado semelhante à área do Titanzinho e como conta com dois espigões de pedra, teria condições de abrigar o estaleiro, desde que fossem feitos investimentos na área, mais elevados do que os US$ 110 milhões que o grupo STX Europe e a PJMR terão de fazer no Titanzinho, caso fechem as negociações com a Transpetro, para a construção dos oito gaseiros. Ele não disse quanto será necessário investir para levar o empreendimento para o Pirambu.

Para o presidente da Adece, no entanto, o local mais adequado, tendo em vista os custos de instalação, continua sendo a área do Titanzinho. Ressalta que a construção do estaleiro no Pirambu seria prejudicial para a área, tendo em vista a obra de reurbanização e a avenida que está sendo feita no bairro. "Lá sim, o tráfego de caminhões seria intenso, porque fica longe do porto", assinalou.

Conforme explicou, a possibilidade de instalação lá é técnica, mas cabe aos investidores decidir. Quanto à posição do IAB, de que a construção do estaleiro no Titanzinho geraria problemas ambientais, Balhmamn lamentou a interpretação do instituto. "Esta é uma conclusão completamente desfocada. O Titanzinho está inserido em área portuária. Um estaleiro não produz efluentes, não gera poluição, mas gera emprego e renda". (CE)


CARLOS EUGÊNIO
REPÓRTER

Fonte: jornal Diário do Nordeste - Caderno Negócios. Fortaleza, 27 de março de 2010. http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=758591

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