sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Retomada da economia não anima exportador

Para O diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) , José Augusto de Castro, houve melhora nas exportações em setembro, mas ainda longe do resultado de 2008. (Foto: José Leomar)

Rio de Janeiro. A recuperação da indústria voltada à exportação segue ainda abaixo da retomada geral do setor industrial do País. Levantamento especial da Fundação Getúlio Vargas (FGV), revela que os resultados mais recentes do Índice de Confiança da Indústria (ICI) não são tão otimistas quando concentrado apenas neste segmento.

Em um universo de 66 exportadoras pesquisadas - com mais de 50% de seu faturamento em vendas externas -, o ICI foi de 86,9 pontos em setembro, o menor nível para o mês em oito anos. Por esta tabela, resultados abaixo de 100 pontos indicam pessimismo. O câmbio é apontado como o principal motivo para as expectativas adversas da indústria exportadora. O diretor-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ressalta que, na comparação com meses anteriores, houve melhora na confiança do exportador em setembro. Mas acredita que o desempenho este ano ainda está longe do apresentado em 2008.

A previsão mais recente da AEB para 2009 é que o volume de exportações brasileiras atinja US$ 153 bilhões, saldo 22,3% inferior ao apurado em 2008, quando as vendas externas brasileiras bateram US$ 197 bilhões. A AEB tende a revisar para cima a estimativa. "Mas mesmo com a revisão, não chegará, nem de longe, perto do desempenho que tivemos no ano passado", acrescentou.

O coordenador de Análises Conjunturais da FGV, Aloisio Campelo, avalia que a retomada da economia brasileira continua atrelada ao consumo interno, cuja demanda se recupera de forma mais rápida. "A demanda externa está se recuperando, mas ainda de forma muito lenta e gradual", afirmou. O ICI dos exportadores, calculado em escala de 0 a 200 pontos, também foi menor do que o da indústria da transformação como um todo, que alcançou 109,5 pontos.

"O mês de setembro apresentou uma grande melhora em relação a agosto, quando a confiança dos exportadores foi de 71,1 pontos. Mas ainda está abaixo do registrado em 2008", disse Campelo. No levantamento da fundação, é possível perceber que o ICI no primeiro semestre de 2008 entre as companhias exportadoras ficou acima de 100 pontos (o que significa otimismo), em todos os meses daquele período. No primeiro semestre de 2009, o ICI das exportadoras atingiu níveis entre 40 e 60 pontos.

O principal problema observado por Castro para a rentabilidade dos exportadores é o câmbio. Para a AEB, um "patamar de equilíbrio" para o dólar seria em torno de R$ 2,20. Nesse nível, a moeda norte-americana seria suficiente para angariar lucro nas exportações e, ao mesmo tempo, não elevaria tanto os custos dos empresários com a compra de insumos importados.Porém, o cenário atual não aponta para um patamar acima de R$ 2 para o dólar.


Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios. Fortaleza, 23 de outubro de 2009.http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=682934

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