sábado, 23 de janeiro de 2010

Falta de fiscais dificulta saída de frutas para o exterior

TEMOR DE COLAPSO NO PECÉM

23/1/2010 Clique para Ampliar

PORTO DO PECÉM é líder brasileiro no escoamento de frutas ao exterior, mas a fiscalização agropecuária continua sendo um gargalo, sobretudo com o avanço deste mercado

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Fac-símile de 02/04/08: Diário já alertava para as dificuldades com a fiscalização no Porto do Pecém

Liberação de produtos embarcados torna-se lenta com a falta de fiscais agropecuários para suprir a demanda

Representantes do setor agroindustrial temem um colapso nas exportações de frutas pelo Porto do Pecém. O problema, que já ocupou as páginas do Diário do Nordeste no começo de 2008, decorre da falta de fiscais federais agropecuários para suprir a demanda necessária à vistoria dos produtos embarcados, cuja movimentação atinge cerca de 220 contêineres por semana - incluindo frutas, camarão e sal.

De acordo com Newton Assunção Júnior, presidente da Câmara Setorial da Frutas do Ceará, a escassez de fiscais voltou à tona depois de uma paralisação nos embarques na sexta-feira passada (15/01). "Parou todo o despacho porque teve uma reunião na Superintendência Federal da Agricultura. Tivemos que despachar tudo do sábado. Foi uma correria", relata.

Enquanto as exportações de frutas pelo Estado cresceram quase 600% em seis anos, o número de fiscais agropecuários foi reduzido de 12 para quatro.

Destes, comenta Assunção, dois são lotados no terminal de São Gonçalo do Amarante, sendo que apenas um atua na inspeção vegetal e o outro na animal. "Se este profissional adoece, o despacho fica comprometido", argumenta.

O presidente da Câmara Setorial informa ainda que houve uma reunião, em outubro do ano passado, com representantes Ministério da Agricultura e Pecuária no Estado, para expor as preocupações do setor produtivo, já que a tendência é de incremento na produção e comercialização de frutas para o mercado exterior.

Segundo suas estimativas, seriam necessários pelo menos seis fiscais no Pecém para dar conta da demanda atual, dentro das regras estipuladas pela legislação trabalhista.

"A lei não permite mais do que duas horas extras diárias. Ressalto que a superintendente, Maria Luiza Rufino, tem sido muito solícita em relação aos pleitos do setor", acrescenta Assunção. A solução deste gargalo, comenta ele, depende diretamente da Secretaria de Defesa Agropecuária, em Brasília. "Temos a notícia de que vai haver novo concurso mas não há vagas para o Estado. Precisamos de uma solução emergencial. É um fato gravíssimo", pontua.

"Esforço colossal"

Louvando o "esforço colossal dos agentes portuários" do Estado, o presidente da Câmara Setorial diz que a luta por mais fiscais deve ser encampada pelo governo cearense.

"O Estado tem de ser tratado com o respeito que merece porque hoje o Brasil só direciona esforços para pecuária, carne, açúcar, álcool e soja. Quando se fala em fruticultura, a gente se sente preterido. Só no Ceará, temos 30 mil hectares plantados", argumenta.

Movimentação

O Porto do Pecém lidera a exportação de frutas no Brasil. Em 2009, foram 261.228 toneladas transportadas, o que representa uma participação de 37% de tudo exportado naquele exercício. Na exportação de frutas, o 2º lugar ficou o porto de Santos, com 90.558 toneladas transportadas e participação de 13%, seguindo-se os portos de Salvador com participação de 11%, Natal e Mucuripe (9%) e por fim Rio Grande (RS), com 8%.

SAMIRA DE CASTRO
REPÓRTER

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios. Fortaleza, 23 de janeiro de 2010.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=724738

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