terça-feira, 12 de outubro de 2010

Consumidor já sente no bolso as vantagens do dólar mais barato

Produtos que dependem de importação já refletem a variação cambial. Preços, porém, sofrem outras influências além do câmbio.

Fabíola Glenia Do G1, em São Paulo

12/10/2010 00h02 - Atualizado em 12/10/2010 00h02

      Comprar televisão, computador e telefone celular – os chamados bens duráveis – está mais barato no Brasil graças à queda do dólar.
      Entre janeiro e setembro deste ano, o dólar acumula queda de 2,93%. Neste período, os aparelhos de videogame, por exemplo, ficaram 9,67% mais baratos, segundo uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), feita com base no Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
      Ainda de acordo com a pesquisa da FGV, tiveram reduções maiores que a desvalorização do dólar no período os televisores (-8,23%), os celulares (-5,19%) e os aparelhos de som (-3,97%). No mesmo período analisado, a inflação pelo IPC acumula alta de 3,82%.
      “Isso (a queda de preços) é visível em produtos que têm importação maior, como celulares, laptops, tevês de alta tecnologia, videogames. Estes itens de fato estão ficando mais baratos”, explica André Braz, economista da FGV.

     Ele destaca, porém, que não é só o câmbio que influencia o preço de um produto. O mercado é regido pela lei da oferta e da procura. É isso que justifica, por exemplo, o fato de o pãozinho francês, o macarrão e bolachas estarem mais caros - ainda que sejam produtos que levam em sua composição o trigo, que é, em grande parte, importado.
      A seca em importantes regiões agrícolas, no entanto, reduziu a oferta do cereal no mercado, pressionando para cima o valor desses produtos. “Parte deste aumento poderia ter sido ainda maior se não fosse a valorização do real”, lembra o economista da FGV.
      “A apreciação do real está contribuindo para evitar um avanço da inflação”, diz a economista Ariadne Vitoriano. Braz, da FGV, diz que o câmbio não representa um problema para a inflação em 2010, nem em 2011. “No caso da inflação, não há possibilidade de haver pressão por conta de câmbio.”
 
Influências
      Quando o dólar se desvaloriza, a queda nos preços nem sempre é sentida de maneira tão automática também por outro motivo: o estoque. “Demora para acontecer o repasse porque tem estoques que foram feitos com o preço antigo”, diz Braz.
      Embora o governo venha tomando medidas para evitar a valorização do real frente o dólar, o economista acredita que a tendência seja a moeda americana manter-se no patamar de R$ 1,70 ou até um pouco abaixo. “O país está crescendo, a taxa de juros é interessante, passou a ser credor do Fundo Monetário, tem toda uma condição que favorece a valorização do real.”
      Se esta cotação se confirmar num período mais longo, a tendência, na opinião de Braz, é o consumidor assistir a preços cada vez mais baixos.

Fonte: http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/10/consumidor-ja-sente-no-bolso-vantagens-do-dolar-mais-barato.html

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