quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Artigo de Suely Chacon sobre a Inflação

NÃO ALIMENTEM A INFLAÇÃO! (*)
                                                                                                                 Suely Salgueiro Chacon[1]

Os índices que medem a inflação no Brasil mostram que nos últimos meses houve de fato um aumento de preços na economia. E isto é sentido especialmente quando vamos reabastecer a despensa ou o tanque do carro, pois esse aumento está mais concentrado nos alimentos e nos combustíveis. Apesar de preocupar, devemos ter em mente que esse aumento tem causas conjunturais fortes. Muitos alimentos aumentaram em função de quebra de safra ou de problemas com a importação. O aumento internacional do petróleo também interfere nesses aumentos. Ou seja, é um movimento que pode ser revestido. O importante é que o governo esteja atento e cuide para que esses aumentos não ultrapassem um patamar perigoso. Da mesma forma, as famílias e os empresários não devem se antecipar e criar uma expectativa negativa em torno da inflação.
O controle da inflação é favorável ao crescimento da economia, o que significa mais empregos e investimentos e, portanto, mais acesso para a população ao consumo de modo geral. Assim, o Governo tem a obrigação de conter os aumentos na economia. A taxa de juros básica da economia, a SELIC, definida pelo Banco Central, é um dos instrumentos que o Governo tem para manter a estabilidade econômica. O sistema de metas de inflação permite ao Governo o monitoramento constante do comportamento dos preços e usar a taxa de juros como instrumento de indução do comportamento dos agentes econômicos. Embora essa política de taxa de juros possa ser considerada conservadora, tem permitido ao governo manter a economia estável, mesmo com o aumento de preços em alguns setores observado nos últimos meses (especialmente no item alimentos).
A saúde econômica como um todo é que determina em última análise o grau de estabilidade. E um dos pontos fundamentais é o equilíbrio entre oferta e demanda na chamada “economia real”. Ou seja, para mantermos a inflação em baixos níveis, além do controle da taxa de juros e outras ações do governo (como corte de impostos e aumento de crédito para o setor agrícola), é preciso que o setor produtivo seja capaz de responder à procura dos consumidores, que têm hoje mais acesso ao credito e contam com novas fontes de renda, como os programas de transferência de renda do Governo Federal. Além disso, para a economia continuar crescendo é preciso investir em infra-estrutura (água, energia, estradas, logística de distribuição)
No momento presente o Brasil conta com um dos melhores cenários macroeconômicos dos últimos 20 anos. Com o cuidado devido por parte do Governo e da população podemos ampliar esse quadro positivo e não sofrer revezes. A lembrança dos tempos de inflação alta pode interferir na escolha dos consumidores e fazer com que ele acabe alimentando uma inflação que tende a diminuir no segundo semestre. Se o que você costuma consumir está muito caro, mude o cardápio, seja criativo. Mais adiante será possível voltar a consumir os produtos que estão hoje mais caros. O importante é não alimentar a inflação com o medo dela.



(*) Artigo publicado no site da Jangadeiro on line em 12/07/2008.
[1] Economista. Doutora em Desenvolvimento Sustentável e Gestão Ambiental (UnB). Professora do Campus da UFC no Cariri.

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