terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Cid em maratona para defender local do estaleiro

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Estaleiro está previsto para ser instalado no Titanzinho. Projeto tem sido alvo de questionamentos
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Cid Gomes deve responder à imprensa hoje sobre comentários da prefeita e, também, apresenta projeto ao IAB

O governador do Estado, Cid Gomes, deve continuar hoje com sua agenda em defesa do estaleiro na praia do Titanzinho, no Serviluz. De manhã, ele participa da sessão de abertura do ano legislativo na Assembleia, às 10 horas. À tarde, recebe comissão de diretores e conselheiros do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-CE) para apresentar o projeto de construção do estaleiro Promar Ceará, em Fortaleza. O empreendimento tem sido alvo de questionamentos por parte de diversos segmentos. O estaleiro deve "entrar na pauta" da sessão legislativa, principalmente, por estímulo da imprensa local para que o governador comente o posicionamento da prefeita sobre a localização do empreendimento em Fortaleza.

Luizianne Lins disse ontem, após solenidade de abertura dos trabalhos na Câmara Municipal, que não gostou da iniciativa de Cid Gomes de conversar diretamente com alguns vereadores sobre a construção do estaleiro no Serviluz. O líder do Executivo, há duas semanas, convidou os vereadores mais bem votados naquele bairro para apresentar o projeto do estaleiro e contar com apoio.

IAB quer se posicionar

O IAB-CE enviou pedido de audiência por meio de ofício na última quinta-feira, 28, ao gabinete do governador. O encontro está previsto para iniciar às 16h30min, hoje. Para o presidente da entidade, Odilo Almeida, trata-se de uma intervenção urbanística de grande porte. "O IAB-CE se sente na obrigação de tomar uma posição pública sobre o projeto, como já faz habitualmente com relação a grandes projetos de interesse público", afirma Almeida.

Para ele, a entidade só pode se manifestar oficialmente a partir de conhecimento técnico sobre o projeto. "É um assunto em pauta no Estado, e temos sido provocados para tomar uma posição por parte da categoria dos arquitetos, vereadores, imprensa", afirma. "A preocupação é porque é uma obra impactante. Temos que estudar alternativas vocacionais e as reais possibilidade da execução do projeto no local pretendido", argumenta.

O historiador Raimundo de Farias demonstra sua opinião claramente. Contra a localização proposta, ele rebate os argumentos já apresentados pelo governador. "Os impactos provocados pela construção de um estaleiro são numerosos e fazem-se sentir no local de implantação e em suas imediações, degradando o meio ambiente e a qualidade de vida dos cidadãos", afirma Farias.

Audiências públicas

A Assembleia Legislativa deve sediar mais um debate sobre a obra. Os deputados estaduais Nelson Martins e Heitor Ferrer solicitam a realização de audiência pública para discutir a instalação do estaleiro no Serviluz. A Câmara também deve promover audiência sobre o tema, pedido pelo vereador João Alfredo.

O Promar Ceará é um "estaleiro virtual" criado pela PJMR a mesma que criou o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), hoje o maior do hemisfério para participar da licitação da Transpetro. Em dezembro passado, a Transpetro confirmou a vantagem da empresa Promar Ceará na licitação para a construção de oito gaseiros pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). A partir daí, começou a fase de negociação de um preço dentro dos interesses da subsidiária da Petrobras. A expectativa inicial era que em janeiro fosse anunciado um vencedor. Mas não há um prazo legal para este anúncio. Uma nova expectativa é fevereiro. O estaleiro representa um investimento, somente na construção, de R$ 110 milhões. Deve gerar 1.200 empregos diretos e mais de cinco mil indiretos. Terá capacidade de converter 15 mil toneladas de aço que virão da Companhia Siderúrgica de Pecém. O empreendimento também representa um investimento de R$ 60 milhões em infraestrutura pelo governo do Estado e na ampliação em 700 metros do quebra-mar do Titanzinho.

Risco

A indústria naval no Brasil deve ganhar impulso com a exploração de óleo e gás na camada pré-sal. O projeto do estaleiro cearense deve contar com financiamento do BNDES. Para o banco, apesar da camada pré-sal estimular este tipo de equipamento há risco de ociosidade. "O risco é ter excesso de capacidade", disse o gerente do Departamento de Gás, Petróleo e Cadeia Produtiva do BNDES, Vinicius Samu de Figueiredo.

Priscila Branquinho, que possui o mesmo cargo no banco, complementou: "Haverá um pico de produção, e uma vez que o pólo já esteja desenvolvido, a tendência é que a demanda se reduza". Os dois deram entrevista ao portal iG. Com menor demanda por produtos e excesso de capacidade instalada, a indústria naval pode experimentar forte queda nos preços de navios e afins.

"Vamos prevenir a competição predatória", afirmou Branquinho ao portal.

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CAROL DE CASTRO
REPÓRTER
 
 
Fonte: Diário do Nordeste - Caderno Negócios

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