Apenas 45 municípios do Ceará exportam
Estudo do Ipece revela que somente 25% dos municípios do Estado têm alguma produção para o mercado externo
Semelhante a outros indicadores econômicos do Ceará, as exportações continuam concentradas em um pequeno conjunto de municípios. Estudo divulgado, ontem, pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Estado (Ipece) revela que dos 184 municípios cearenses, em torno de 45 deles, ou 25%, apresentam algum tipo de produção para o mercado externo. No entanto, somente quatro deles dominam a pauta de exportações estadual, com participações acima de 10%.
Juntos, Fortaleza, Maracanaú, Cascavel e Sobral somam em torno de 60% do total vendido pelo Ceará ao exterior, com outras 13 cidades com participações entre 1% e 5,5%. Os demais, ou seja, 28 municípios, não chegam a representar nem 1% cada do volume exportado pelo Estado. No caso de Fortaleza e Maracanaú, cada detém quase 20% do valor comercializado pelo Ceará. Porém, vale destacar que, em ambos os casos, esses municípios vêm perdendo participação relativa entre 2005 e 2008, período considerado pelo estudo, o que pode ser um indicativo, mesmo em pequena escala, da migração de parte do volume exportado para o Interior. Nesse sentido, o Ipece revela que Itapajé e Icapuí vêm aumentando sua participação, saindo de 3,9% e 0,3%, respectivamente em 2005, para 5,5% e 4%, em 2008.
Principais produtos
Aproximadamente 70% das vendas externas de Fortaleza, principal município exportador do Ceará, concentram-se apenas em quatro ou cinco produtos, sendo que castanha de caju, responde por quase 50% do total. Com relação à Capital, é preciso destacar ainda o consumo de bordo resultante da estratégica localização da cidade, fazendo com que a mesma sirva como entreposto de abastecimento de embarcações de todo o mundo. Os demais produtos resumem-se a frutas e mariscos em geral.
No caso de Maracanaú, existe uma maior diversificação em termos de produtos, apesar destes se aterem basicamente à indústria têxtil em geral. Alguns outros produtos ligados ao setor siderúrgico também apresentam alguma participação.
Para Cascavel, produtos ligados a couros e peles têm preponderante participação com mais de 60%. Castanha de Caju, apesar de perda de participação no ano de 2008, apresenta forte presença nos anos anteriores. Outros produtos de menor relevância também estão relacionados a couros e peles e a indústria calçadista e têxtil em geral. Outro município com participação nas exportações semelhante ao de Cascavel é o de Sobral. Neste caso, prevalecem os produtos da indústria calçadista. Já em Itapagé, toda a pauta exportadora está ligada ao setor de calçados e seus derivados e em Icapuí, os produtos exportados estão na categoria de frutos do mar e fruticultura.
Destinos
No tocante aos destinos, observa-se que existe ampla linha de países. Porém, em todos os municípios do Estado um de seus maiores parceiros comerciais são os Estados Unidos. Para Fortaleza, observa-se que, em média, 40% das exportações estão concentradas neste país.
BALANÇA COMERCIAL
Manufaturados ganham mais espaço na pauta
Na evolução das exportações e importações cearenses, o estudo divulgado pelo Ipece mostra que do ano 2000 até 2008, a participação dos produtos industrializados têm crescido na comparação com os produtos classificados como básicos. Em ambas as situações, observa-se a forte presença de produtos manufaturados, aqueles com maior valor agregado e, consequentemente, com maior retorno financeiro para o Estado.
No caso das exportações, enquanto no primeiro ano da série histórica analisada os produtos industrializados representavam 57,6% do total, em 2008 passaram para 71,5%. Nessa conta, prevalecem os produtos manufaturados (51,2%). Por outro lado, os produtos básicos saíram de uma proporção de 40,2% para 26,6%.
Já com relação às importações, observa-se resultado semelhante. A participação dos produtos industrializados sobre as compras feitas pelo Estado no exterior saltou de 59,2%, no ano 2000, para 81,6%, em 2008, com a importação de produtos básicos perdendo espaço, despencando de 40,8% para 18,4% no mesmo período. Assim como nas exportações, também se sobressaem os produtos manufaturados, com 76,4% das aquisições de industrializados.
O Ipece aponta ainda que é clara a baixa participação dos bens de capital tanto nas exportações como nas importações. Em ambos os casos, os bens intermediários (utilizados pelas indústrias de transformação), têm forte peso. Já os bens duráveis tem alta participação nas vendas externas e baixa nas importações. (ADJ)
ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER
Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios.
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