Herman Van Rompuy é um católico praticante, pai de quatro filhos, que se formou em filosofia e economia na Universidade Católica de Lovaina. É um intelectual, autor de vários livros de ensaios, que se sintonizou rapidamente com a mídia apesar de seu caráter introvertido. Em seu blog defendeu "um projeto coletivo" de flamengos e valões sem o qual o "Estado belga estava fadado a morrer". O democrata-cristão tem o apoio de Merkel e Sarkozy.
Stephen Castle, em Bruxelas (Bélgica)
Um dia após o Tratado de Lisboa ter recebido a aprovação final, o primeiro-ministro da Bélgica surgiu, na quarta-feira (04), como o favorito para ocupar o primeiro posto presidencial da União Europeia. O Reino Unido concorre ao principal cargo da área de política externa da organização.
Diplomatas afirmam que quem tem a maior probabilidade de ocupar o posto máximo é o primeiro-ministro Herman Van Rompuy, e que David Miliband, o secretário britânico das Relações Exteriores, está bem cotado para ser o chefe de política internacional da União Europeia, caso o seu governo faça pressões pela sua escolha.
Embora não se saiba ao certo se o Tratado de Lisboa, que cria os dois cargos, entrará de fato em vigor, surgiram novos fatores potencialmente complicadores na quarta-feira após um discurso crítico feito em Londres pelo líder dos conservadores britânicos, que muitos acreditam que vencerá as eleições do ano que vem.
O líder conservador, David Cameron, recuou de um potencial confronto com a União Europeia ao abandonar a sua promessa de instituir um referendo sobre o acordo. Mas Cameron prometeu apresentar uma nova lei determinando que qualquer nova transferência de poder ficará sujeita a um referendo público. Ele também pediu que os poderes da União Europeia relativos à justiça social, trabalhista e penal sejam transferidos para os governos nacionais, e prometeu que, se eleito, criará uma lei soberana "que assegure que a palavra final em relação às nossas leis seja dada aqui, no Reino Unido".
A partir do discurso de Cameron, não ficou claro até que ponto tal medida seria implementada, e não se sabe se ela violaria o princípio de supremacia da lei da União Europeia sobre a qual se baseiam políticas do bloco, como por exemplo aquelas relativas a um mercado único.
O fato de Cameron ter reajustado a sua política comprova que, caso ele vença a eleição no ano que vem, o Tratado de Lisboa e os cargos de liderança por ele criados continuarão em vigor.
De fato, os 27 líderes do bloco deverão discutir informalmente os nomes para os novos cargos quando se reunirem em Berlim na próxima segunda-feira para comemorarem o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim. Depois disso, será tomada uma decisão final em uma reunião especial de cúpula dentro das próximas duas semanas.
As chances de que Tony Blair, o ex-primeiro-ministro britânico, venha a obter o cargo presidencial na União Europeia praticamente desapareceram.
Mas a reação às notícias de que Van Rompuy é um potencial candidato ao cargo tem sido positiva. Outros potenciais candidatos são o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, e o ex-chanceler austríaco Wolfgang Schussel.
"Os líderes querem alguém que não faça sombra a eles, que seja capaz de assumir compromissos e que fale várias das línguas da união", diz um diplomata, que pediu que o seu nome não fosse divulgado. "Van Rompuy atende a todos esses três quesitos".
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou que, embora Blair fosse um bom candidato presidencial, o fato de o Reino Unido ter se auto-excluído da zona do euro constitui-se em um problema para tal nomeação.
Mas essa situação não se aplica ao cargo de política externa porque o Reino Unido é uma força influente na política exterior da União Europeia. Um dos outros candidatos ao cargo é Massimo D'Alema, ex-primeiro-ministro da Itália.
Embora Van Rompuy tenha impressionado Sarkozy e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ainda há algumas reservas à nomeação de um tecnocrata pouco conhecido. "A ideia era nomear alguém que fosse capaz de parar o trânsito em Pequim", diz um diplomata da União Europeia.
Além do mais, não se sabe se Brown deseja que Miliband obtenha o cargo de política externa e deixe o seu governo, porque isso significaria também que o Reino Unido não obteria uma pasta econômica na próxima Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia.
Enquanto isso, Cameron, o líder da oposição britânica, procurou fazer uma distinção difícil entre o fato de se apresentar com um potencial primeiro-ministro pragmático e a possibilidade de perder a credibilidade como crítico da integração europeia.
No seu discurso, Cameron deixou claro que, caso vença as eleições britânicas em 2010, ele não permitirá que os seus primeiros meses no poder sejam eclipsados por uma batalha acirrada com a União Europeia.
Charles Grant, diretor do Centro para Reforma Europeia, afirmou que Cameron evitou a "armadilha" de convocar um referendo que só encorajaria aqueles indivíduos no Reino Unido que desejam abandonar a União Europeia.
"Tendo em vista a pressão a que ele se encontra submetido, este é um pacote inteligente e bastante profissional que provavelmente não provocará nenhum distúrbio drástico na União Europeia. Existe um risco de que ele saia perdendo quanto à política social, embora possa ser possível aplicar uma manobra evasiva", disse Grant.
Embora o Partido Conservador tenha conduzido o Reino Unido ao bloco europeu na década de setenta, a sua posição mudou drasticamente, rumo ao chamado "euroceticismo". Cameron também desagradou os governos francês e alemão neste ano ao abandonar o partido de centro-direita destes países no Parlamento Europeu.
Na quarta-feira, ele negou que o seu partido estivesse agitado devido à política europeia. "Nem um pouco", disse ele à GMTV. "O partido quer, na verdade, que nós abordemos de maneira nova a Europa. Mas, acima de tudo, o voto do qual necessitamos é um voto para que nos livremos de um governo que traiu completamente o povo".
Tradução: UOL
Fonte: UOL Notícias
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2009/11/05/ult2680u935.jhtm
Diplomatas afirmam que quem tem a maior probabilidade de ocupar o posto máximo é o primeiro-ministro Herman Van Rompuy, e que David Miliband, o secretário britânico das Relações Exteriores, está bem cotado para ser o chefe de política internacional da União Europeia, caso o seu governo faça pressões pela sua escolha.
Embora não se saiba ao certo se o Tratado de Lisboa, que cria os dois cargos, entrará de fato em vigor, surgiram novos fatores potencialmente complicadores na quarta-feira após um discurso crítico feito em Londres pelo líder dos conservadores britânicos, que muitos acreditam que vencerá as eleições do ano que vem.
O líder conservador, David Cameron, recuou de um potencial confronto com a União Europeia ao abandonar a sua promessa de instituir um referendo sobre o acordo. Mas Cameron prometeu apresentar uma nova lei determinando que qualquer nova transferência de poder ficará sujeita a um referendo público. Ele também pediu que os poderes da União Europeia relativos à justiça social, trabalhista e penal sejam transferidos para os governos nacionais, e prometeu que, se eleito, criará uma lei soberana "que assegure que a palavra final em relação às nossas leis seja dada aqui, no Reino Unido".
A partir do discurso de Cameron, não ficou claro até que ponto tal medida seria implementada, e não se sabe se ela violaria o princípio de supremacia da lei da União Europeia sobre a qual se baseiam políticas do bloco, como por exemplo aquelas relativas a um mercado único.
O fato de Cameron ter reajustado a sua política comprova que, caso ele vença a eleição no ano que vem, o Tratado de Lisboa e os cargos de liderança por ele criados continuarão em vigor.
De fato, os 27 líderes do bloco deverão discutir informalmente os nomes para os novos cargos quando se reunirem em Berlim na próxima segunda-feira para comemorarem o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim. Depois disso, será tomada uma decisão final em uma reunião especial de cúpula dentro das próximas duas semanas.
As chances de que Tony Blair, o ex-primeiro-ministro britânico, venha a obter o cargo presidencial na União Europeia praticamente desapareceram.
Mas a reação às notícias de que Van Rompuy é um potencial candidato ao cargo tem sido positiva. Outros potenciais candidatos são o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, e o ex-chanceler austríaco Wolfgang Schussel.
"Os líderes querem alguém que não faça sombra a eles, que seja capaz de assumir compromissos e que fale várias das línguas da união", diz um diplomata, que pediu que o seu nome não fosse divulgado. "Van Rompuy atende a todos esses três quesitos".
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou que, embora Blair fosse um bom candidato presidencial, o fato de o Reino Unido ter se auto-excluído da zona do euro constitui-se em um problema para tal nomeação.
Mas essa situação não se aplica ao cargo de política externa porque o Reino Unido é uma força influente na política exterior da União Europeia. Um dos outros candidatos ao cargo é Massimo D'Alema, ex-primeiro-ministro da Itália.
Embora Van Rompuy tenha impressionado Sarkozy e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ainda há algumas reservas à nomeação de um tecnocrata pouco conhecido. "A ideia era nomear alguém que fosse capaz de parar o trânsito em Pequim", diz um diplomata da União Europeia.
Além do mais, não se sabe se Brown deseja que Miliband obtenha o cargo de política externa e deixe o seu governo, porque isso significaria também que o Reino Unido não obteria uma pasta econômica na próxima Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia.
Enquanto isso, Cameron, o líder da oposição britânica, procurou fazer uma distinção difícil entre o fato de se apresentar com um potencial primeiro-ministro pragmático e a possibilidade de perder a credibilidade como crítico da integração europeia.
No seu discurso, Cameron deixou claro que, caso vença as eleições britânicas em 2010, ele não permitirá que os seus primeiros meses no poder sejam eclipsados por uma batalha acirrada com a União Europeia.
Charles Grant, diretor do Centro para Reforma Europeia, afirmou que Cameron evitou a "armadilha" de convocar um referendo que só encorajaria aqueles indivíduos no Reino Unido que desejam abandonar a União Europeia.
"Tendo em vista a pressão a que ele se encontra submetido, este é um pacote inteligente e bastante profissional que provavelmente não provocará nenhum distúrbio drástico na União Europeia. Existe um risco de que ele saia perdendo quanto à política social, embora possa ser possível aplicar uma manobra evasiva", disse Grant.
Embora o Partido Conservador tenha conduzido o Reino Unido ao bloco europeu na década de setenta, a sua posição mudou drasticamente, rumo ao chamado "euroceticismo". Cameron também desagradou os governos francês e alemão neste ano ao abandonar o partido de centro-direita destes países no Parlamento Europeu.
Na quarta-feira, ele negou que o seu partido estivesse agitado devido à política europeia. "Nem um pouco", disse ele à GMTV. "O partido quer, na verdade, que nós abordemos de maneira nova a Europa. Mas, acima de tudo, o voto do qual necessitamos é um voto para que nos livremos de um governo que traiu completamente o povo".
Tradução: UOL
Fonte: UOL Notícias
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2009/11/05/ult2680u935.jhtm
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