quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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CNI e Fiec querem aperfeiçoamento da política cambial a fim de proteger o setor e as exportações brasileiras

A valorização do real diante do dólar preocupa a indústria brasileira. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, o Brasil deve adotar medidas extraordinárias para proteger a sua moeda e evitar o agravamento das condições provocadas pela queda do dólar.

Ele alertou o setor ontem, durante a abertura do 4° Encontro Nacional da Indústria (Enai). O evento, em Brasília, reúne 1.500 empresários e líderes setoriais de todo o País.

Segundo ele, o câmbio valorizado prejudica o desenvolvimento do setor.

"A indústria brasileira não pode ser desmontada por conta de fatores conjunturais que reclamam uma atitude firme do governo", disse. Monteiro Neto advertiu que diante de um cenário atípico, com taxas de juros negativas nos Estados Unidos e adoção estratégica, pela China, de política cambial atrelada à desvalorização do dólar é justa uma posição ativa e vigilante da indústria. Cabe, segundo o líder empresarial, um aperfeiçoamento da política cambial, estabelecida quando o problema era a escassez de divisas.

"Não é mais este o problema do Brasil. Uma atualização da política cambial traria, portanto, elementos mais eficazes, sobretudo em relação à saída de recursos", observou. Em sintonia com a CNI, está a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). O presidente da Fiec, Roberto Macêdo, afirmou que seria bom que houvesse uma pequena desvalorização do real para ajudar as exportações. "Minha opinião é que ao perder o controle do câmbio, de modo que as exportações se tornem realmente inviáveis, será necessária a intervenção direta do governo para inibir a liberdade de flutuação que o câmbio tem hoje. Para isso, o governo deverá adotar medidas temporárias, que ainda precisam ser estudadas", disse Macêdo.

O presidente da CNI também destacou a forte expansão do gasto público. Ele lembrou que houve aumento de 13,5% na rubrica de pessoal do governo este ano. De acordo com a CNI, ao todo, os gastos correntes já representam 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB), toda a riqueza produzida pelo País. "E como resultado, o espaço para o investimento no setor público fica cada vez mais restrito", alertou Monteiro Neto.

A CNI defende que, no curto prazo, ainda é possível construir pontes em direção a um modelo voltado para a competitividade, o que pressupõe a desoneração do investimento e a aprovação de marcos regulatórios eficientes, o fortalecimento da qualidade e independência dos órgãos de regulação.

Carta da Indústria

Ao fim do Enai, hoje, às 13h, a CNI entrega da Carta da Indústria, que é o ponto de partida para o documento consolidado que a entidade entregará, no ano que vem, aos candidatos à Presidência da República. O documento foi elaborado durante o evento. O encerramento terá a participação do vice-presidente da República, José Alencar, e dos presidentes do Senado, José Sarney, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. A carta traz as diretrizes sugeridas pelos industriais nas áreas de infraestrutura, meio ambiente, inovação, relações do trabalho, política econômica e economia internacional para a agenda do País até 2014.

DE JANEIRO A SETEMBRO
Exportações apuram redução de 24,1%

São Paulo As exportações da indústria manufatureira acumularam queda de 24,1% entre janeiro e setembro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2008, "a maior redução desde os anos 1980", segundo o diretor do Derex (Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior) da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca. Considerando a indústria geral, a queda é de 18,5%. De acordo com ele, a diminuição nas vendas externas do País tem acontecido por dois fatores: a recessão nas principais economias mundiais e o real cada vez mais valorizado frente ao dólar.

Como as transações com outros países são feitas em dólar, quando a cotação da moeda cai, o volume vendido ao exterior também se reduz. Além disso, com a recessão, muitos países diminuíram sua demanda por produtos industrializados. Dados do Derex divulgados ontem apontam que a participação das exportações no PIB brasileiro caíram de 22,9% no segundo trimestre para 21,3% no terceiro, enquanto as importações subiram de 18,1% para 19%. No terceiro trimestre do ano passado os coeficientes eram de 22,5% e 21,3%, respectivamente. Giannetti afirmou que o câmbio valorizado é ruim para a indústria do País porque, além de reduzir o volume das exportações, aumenta a compra de produtos importados, que ficam mais baratos, reduzindo a competitividade brasileira. "Os números preocupam e exigem um esforço coletivo", disse. Segundo ele, se o câmbio continuar nesses patamares, em 2011 o Brasil voltará a ter deficit comercial. Para o diretor do Derex, o patamar equilibrado seria entre R$ 2 e R$ 2,20.


Fonte: Diário do Nordeste - Caderno Negócios

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=692995

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