CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio
O presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Aubert Neto, disse nesta quarta-feira que o dólar cotado em torno de R$ 1,75 está "matando a indústria brasileira". Para ele, a manutenção de taxa de câmbio em patamar mais elevado deveria ser uma ação "patriótica", para evitar que a indústria não escorregue no caminho da retomada, após a crise global.
"O dólar, do jeito que está, é tóxico. Dos males, pode-se considerar que a taxa de juros elevada nos deixa aleijados, mas o dólar atual mata", afirmou, em evento com representantes de diversos setores da indústria, no Rio.
Aubert Neto sugeriu que haja um certo controle em relação ao dinheiro que entra no país. Defendendo a manutenção do câmbio livre, destacou que poderiam ser criados mecanismos para evitar a entrada de capital especulativo, como a criação de um regime de quarentena, no qual se criaria uma penalidade para quem movimentasse dinheiro antes de um tempo pré-determinado.
"O que leva o dólar a estar lá embaixo é especulação pura, 90% é especulação. É dinheiro que se pega no Japão a custo zero e é aplicado aqui a 8,75%, sem risco nenhum. Aí, quem aplicou vai embora amanhã, enquanto quem quer construir uma fábrica e gerar emprego, será tributado em 30%", observou.
Para o presidente da Abimaq, o Brasil vive "a grande chance" para que o investimento deslanche e o país tenha um forte desenvolvimento nos próximos anos. A ascensão econômica brasileira estaria condicionada, na opinião do executivo, à redução da carga tributária e da taxa de juros, entre outras medidas.
Com essa espécie de dever de casa feito, lembra Aubert Neto, o país retomaria, em 2011, o nível de investimento recorde observado no ano passado --o equivalente a 19% do PIB (Produto Interno Bruto). Uma taxa de investimento de 22%, patamar que a Abimaq considera o mínimo desejado, só seria alcançada em, pelo menos, cinco anos.
Indústria pós-crise
Luiz Aubert Neto avaliou que, para a indústria, a crise ainda não passou, embora o setor tenha saído do "fundo do poço". Segundo ele, alguns segmento ainda estão na UTI.
Para 2009, a projeção aponta para uma queda em torno de 20% no faturamento global das associadas da Abimaq, que representam 40% do total da indústria.
"Em 2008, havíamos crescido 23%. Para este ano, estávamos estimando uma retração de 30%, mas as condições melhoraram um pouco. No ano que vem, vamos retomar o crescimento, mas ainda longe de 2008", afirmou.
Fonte: Folha Online
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u637949.shtml
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