Investimentos em conhecimento e infraestrutura precisam aumentar, diz ele.
O Brasil é a bola da vez e passou bem pela crise, mas o país precisa de investimentos para garantir o crescimento sustentado, diz o economista José Roberto Mendonça de Barros, que prevê expansão de 5% para a economia nacional em 2010. Ele falou a internautas do G1 em chat nesta quinta-feira (26).
"Tem um chão enorme para andar", afirma o economista. "Para ficar competitivos temos muito o que avançar. Esses investimentos têm que ser muito acelerados."
Para o especialista, no momento o país "chama a atenção" dos investidores. "É uma democracia, é um país grande, é mais fácil investir aqui do que na China", afirma ele. "O Brasil nesta crise tem uma grande vantagem, que é negociar com todo mundo e ter um grande mercado interno."
O crescimento de 5% em 2010 deve se refletir no mercado de trabalho, segundo o consultor da MB Associados. "O aumento do emprego representa aumento de salários porque, em muitos segmentos, vemos que como a educação deixa a desejar. Chega a uma situação que a empresa precisa roubar funcionários do 'vizinho'. E isso aumenta os salários e as oportunidades", frisa.
Ele relativiza, entretanto, a comemoração do governo com a geração de mais de 1 milhão de vagas formais entre janeiro e outubro de 2009. "Nós ainda temos muita gente nova entrando no mercado de trabalho. Esses empregos novos ainda estão em ocupações muito modestas, com faixa de um salário mínimo e meio. É o início de um processo, mas é positivo. Não vai resolver tudo."
Mendonça de Barros alerta também para fatores que podem atrapalhar o crescimento do país no futuro. "O que está bonito neste ano é a recuperação, mas o jogo é ganho na sustentabilidade. Precisa ser competitivo, e o Brasil está muito aquém: basta olhar as estradas, os aeroportos. Investimos pouco em infraestrutura", diz.
Bric
Mendonça de Barros também falou sobre o grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Segundo ele, a China cresce muito, mas tem governo muito centralizado e impõe barreiras para o investidor: "O estrangeiro sofre", diz. Com isso, o economista afirma que o Brasil ganha espaço.
E a Rússia, há alguns anos considerada uma "aposta" mais segura que o Brasil, ficou de lado. "A Rússia foi a bola da vez por algum tempo e agora está com cartão amarelo, está sofrendo muito", diz o economista.
O fortalecimento do mercado interno tem um papel fundamental nessa nova visão internacional sobre o Brasil. "A população do Brasil é grande e há uma incorporação grande da chamada nova classe média, que está entrando no mercado de consumo. A escala de produção aumenta e a industria fica mais competitiva", diz.
Segundo ele, a chancela do "grau de investimento" dado ao Brasil pelas agências internacionais tem que ser relativizado. "As agências de risco olham mais do que tudo a capacidade de o país pagar suas dívidas. A grande mudança foi que, depois da desvalorização de 1999, o Brasil passou a exportar bastante. Diminuiu a dívida externa", ressalta.
Ele alerta, porém, que as mudanças estruturais avançaram lentamente. "Do ponto de vista qualitativo, nosso desafio é enorme. Existem grandes oportunidades no mercado de trabalho brasileiro e a pessoa tem que se preparar para isso. O que move os países hoje é a qualidade da infraestrutura e a qualidade do conhecimento das pessoas", explica.
Fonte: Portal G1 de Notícias - Economia e Negócios
Nenhum comentário:
Postar um comentário