quarta-feira, 18 de novembro de 2009

China quer superar EUA e se tornar a maior parceira comercial da América Latina

Sonia Osorio Miami, 17 nov (EFE).- China se vislumbra como a grande alternativa para as exportações da América Latina perante a fraqueza do consumo dos EUA com números sem precedentes na troca comercial entre a região e o país asiático nos próximos anos, segundo banqueiros chineses.

Apesar das barreiras culturais, idiomáticas e a distância, as oportunidades de negócios são "brilhantes", afirmaram os representantes de três dos quatro principais bancos da China na 43ª Assembleia Anual da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban) que se celebrou em Miami (EUA.).

"É um futuro muito brilhante. Acho que China será o principal parceiro da América Latina em um futuro muito próximo. Se observamos a média da taxa de crescimento entre China e América Latina, o volume será de perto de 40% cada ano", disse Feng Lui, primeiro vice-presidente do Banco da China em Nova York.

A ávida demanda de matérias-primas procedentes da América Latina e as vigorosas vendas de produtos chineses na região, elevou a troca comercial de US$8,4 bilhões em 1995 a US$140 bilhões no ano passado.

Um número que segundo Lui localiza o gigante asiático como o segundo parceiro comercial da América Latina.

A China é o principal mercado para as exportações do Brasil e Chile e o segundo para as vendas do Peru.

Do Brasil, o Banco da China observa o resto dos países para sua tomada de decisões de negócios a futuro.

"Temos um plano ambicioso de abrir novas filiais na região. Brasil é uma prova de fogo" para os negócios da entidade na América Latina, comentou Lui.

A China atualmente é o maior cliente do Brasil e o país exportou US$20 bilhões em bens em 2008 à nação asiática e importou US$16,4 bilhões, segundo dados da ONU.

Mas o primeiro vice-presidente do Banco da China cotou que há obstáculos que se devem superar como a atual estrutura do comércio baseada só em matérias-primas e produtos terminados, porque poderia estar influenciada pelo fluxo da economia mundial.

Os outros dois assuntos são problemas culturais como a diferença de idioma, inclusive de religião. "Ambos necessitam tempo para adaptar-se".

Yung-Chang Ho, diretor-executivo para a área da China e Ásia do Banco Wachovia, que foi o moderador do fórum, destacou que a nação asiática necessita petróleo, soja, cobre e outros minerais provenientes da região para poder seguir com seu crescimento econômico.

"A demanda obrigou a afiançar seus vínculos com a região. O investimento na região chegou a US$24 bilhões", indicou.

Acrescentou que a "China representa uma alternativa para a América Latina em seu comércio com os Estados Unidos. Realmente é uma situação de ganho para ambos".

Shiqin Li, chefe representante do Banco Agrícola da China em Nova York, explicou que a troca comercial "tem um futuro muito brilhante" e isso está baseado, em parte, em que os Governos da China e América Latina têm uma política comum: encorajar o consumo interno e os investimentos em infraestruturas.

"Para o futuro vemos um crescente comércio entre América Latina e China, é uma tendência muito boa. Passamos de exportar aos países da Europa Ocidental e Estados Unidos à África e América Latina", previu.

Li informou que este ano o negócio de exportações à América Latina sofreu uma substancial queda de cerca de 34% pela recessão, mas registraram um aumento de importações da ordem de 64% e disse: "Vemos isso como um bom sinal".

Da mesma forma que Lui, a direção comentou que gostaria de trabalhar com a região em comunicação e em participação em mais eventos internacionais para um entendimento entre as duas culturas.

Também que "nossos reguladores podem ter maior informação para convencer-lhes que aceitem o risco dos senhores como nós aceitamos os seus".

Explicou que é necessária uma aproximação nas comunicações porque o tema dos idiomas incide no clima de negócios: China tem poucas pessoas que falem espanhol ou português e o mesmo sucede com os latino-americanos com o chinês.

Assegurou que China e a indústria bancária dessa nação têm políticas muito abertas.

"Temos as portas abertas para nossos amigos da América Latina", asseverou.

John Weinshank, vice-presidente do Banco de Construção da China da filial de Nova York, manifestou que a América Latina tem recursos naturais e os chineses os necessitam para poder manter seu motor de crescimento.

Enquanto os países latino-americanos aumentam seus ingressos e "como essas duas tendências não se reverterão em um futuro próximo, me sinto muito encorajado sobre a troca comercial".

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2009/11/18/china-quer-superar-eua-como-maior-parceiro-comercial-da-america-latina.jhtm

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