quinta-feira, 31 de março de 2011

Suape mostra por que é a bola da vez



O que acontece por lá que está chamando a atenção de investidores? O que o Ceará pode aprender com isso?

Recife/Cabo de Santo Agostinho/Ipojuca (PE)
Primeiro, veio a refinaria, o grande trunfo de um estado que vivia uma fase de congelamento da matriz de sua economia. E este foi apenas o pontapé inicial: daí a pouco surgiria um enorme estaleiro, uma petroquímica, uma siderúrgica, uma montadora de veículos e mais e mais empreendimentos, configurando uma verdadeira revolução. Pernambuco, assim, foi se tornando verbete recorrente em noticiários econômicos ao redor do Brasil ao garantir, rapidamente, um grande aporte de novos investimentos, em uma proporção inédita em sua história. As boas notícias comprovam: as terras pernambucanas são, de fato, a bola da vez. Mas o que vem acontecendo por lá que está chamando a atenção de tantos investidores das diversas partes do mundo? E o que é que o Ceará pode aprender com isso?A resposta para a pergunta pode ser um conjunto de fatores, mas é inegável a afirmação de que este ´boom´ não estaria em curso não fosse uma área chamada Suape. Com 14 mil hectares de extensão, Suape, que leva o nome de uma praia na região, é um complexo industrial e portuário, algo semelhante ao que se tem no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, com 13,3 mil hectares entre os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante. Afora as semelhanças, a grande diferença na escala evolutiva. Enquanto o complexo cearense conta hoje com oito empresas operando (e mais seis em instalação), o pernambucano já supera o número de 100, isso entre as que estão em operação. São cerca de 30 empresas em construção ou a iniciar e mais 20 empresas em negociação. O Diário do Nordeste foi até lá para conferir este novo momento da economia de Pernambuco.

Caminho para o futuro

A importância de Suape para os pernambucanos é tanta que a estrada que liga Recife, a capital, às cidades metropolitanas de Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, nas quais se localiza, é tida hoje como caminho para o futuro do Estado. São 54 quilômetros de distância.

Movimento pulsante

Percorrendo a PE-060, principal acesso ao complexo, a vista acompanha um movimento pulsante, frenético, de negócios. Seguindo o vai-e-vem de caminhões carregando as mais diversas cargas, vê-se novas áreas sendo terraplenadas para receberem mais empreendimentos, grandes indústrias em funcionamento e comércios que vão crescendo, expandindo-se na trilha do desenvolvimento irrefreável da região pernambucana.

Investidores diretos

"O mundo inteiro ouviu falar de Suape, então a gente tá recebendo uma quantidade imensa de investidores das mais diversas áreas querendo conhecê-lo. E estamos falando desde investidores diretos, como uma grande empresa, como indiretos, como um fundo de investimento", afirma o vice-presidente do complexo, Fred Amâncio. É quando se fala em Suape que os pernambucanos inflam ainda mais as suas já conhecidas autoestima e mania de grandiosidade. "O nosso projeto é ser o melhor complexo industrial e portuário do Brasil, principalmente pela integração de porto e indústria que está havendo aqui. Acredito que em 2013 já conseguiremos - já somos o melhor porto público do País", projeta Amâncio, sem muita modéstia, como um bom pernambucano. "A gente não quer ser Camaçari [na Bahia, o maior polo industrial do hemisfério], não quer ser Santos [em São Paulo, onde fica o maior porto do Brasil]. A gente quer ser muito melhor do que eles". E, assim, com todas essas pretensões, Suape vem levando o estado de Pernambuco a novos rumos, tornando-o, atualmente, um dos estados mais competitivos na atração de investimentos do País.

DESDE 1978

Trabalho de mais de três décadas

Cabo de Santo Agostinho (PE) O atual momento promissor de Suape não veio de uma hora para outra. Para efeitos de comparação com o complexo cearense, é necessário lembrar que o pernambucano tem bem mais tempo de estrada. Enquanto o Porto do Pecém vai se aproximando dos seus 10 anos de existência (foi oficialmente inaugurado em 2002), o de Suape já está em operação desde 1978. Ao longo desses anos, foi se firmando, estruturando-se e, somente há cerca de quatro anos, Suape foi ganhando as proporções de importância que hoje pode exibir. "Antigamente, os investimentos eram concentrados na Bahia, e ficavam todos os outros estados do Nordeste só falando dos investimentos da Bahia. Agora, a bola da vez está sendo Pernambuco, é inegável. O Estado está captando uma quantidade grande de negócios, por várias razões, entre elas, a infraestrutura do Porto de Suape, que tem sido a locomotiva do Estado de Pernambuco. O porto já vem sendo preparado há muito tempo, e já tá com infraestrutura capaz de ser o diferencial em relação a outros portos do Brasil", analisa o diretor da Suape Global - uma diretoria de planejamento de atração de investimentos do complexo -, Sílvio Leimig. Segundo o diretor, os cearenses devem "tomar partido" do que está ocorrendo em terras pernambucanas para poder orientar com mais segurança os projetos locais. "O Ceará deve pegar a experiência que Pernambuco tá tendo para otimizar e maximizar as suas oportunidades. Você não inventa a roda, ela está inventada. É ver porque Pernambuco está atraindo tanta coisa e partir pra destravar alguns processos e conseguir outros investimentos", sugere. O diretor já foi, inclusive, convidado pelo governo cearense para apresentar, aqui, o que está sendo feito em Suape. Este ato de "espelhar-se" torna-se ainda mais natural uma vez que o Porto de Pecém, na época de sua concepção, recebeu o projeto de Suape para servir de referência à sua instalação, segundo informa Leimig. "A diferença do desenvolvimento agora de Pernambuco para o Ceará é só uma questão de tempo, porque o Porto de Suape já está mais preparado, e o de Pecém está sendo preparado. Então, consequentemente, com os investimentos que estão sendo feitos lá no Pecém, as chances de atração de novas empresas vai aumentar consideravelmente", aposta. É importante um desenvolvimento integrado, que o Pecém não seja pensado só na questão de atração de investimentos, mas tem que pensar em toda a parte social, ambiental, desenvolvimento portuário, exige uma visão geral através de um plano direto para q o desenvolvimento seja consistente.

fonte: Diário do Nordeste
Repórter: Sérgio de Sousa


Marcadores: Economia, Pernambuco,complexo industrial.

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