O Brasil defendeu neste domingo (27) suas estratégias heterodoxas para esfriar a economia, enquanto o Fundo Monetário Internacional alertou a América Latina a não esquecer a ferramenta básica de combate à inflação, o custo do dinheiro, durante fórum no Canadá.
Bancos centrais usam principalmente a taxa de juros para guiar uma economia. Mas o Brasil, que tem umas das mais elevadas taxas do mundo, já sugeriu que usará crescentemente medidas como limites ao crédito bancário para complementar as taxas, reduzindo as apostas no ritmo de alta da Selic.
O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Pereira da Silva, disse que fluxos elevados de recursos de curto prazo atraídos ao país pela alta taxa de juros estavam alimentando o crédito e a inflação.
"Estamos enfrentando agora uma grande enxurrada de liquidez internacional", disse o diretor do BC Luiz Pereira da Silva, dirigindo-se a executivos de bancos durante encontro. "Algo bom em excesso pode ser um problema."
A inflação acumulada em 12 meses superou os 6% em fevereiro pela primeira vez desde novembro de 2008. Assim como medidas monetárias alternativas, o Brasil também criou barreiras à entrada de capital especulativo, ao aumentar a taxação sobre algumas aplicações estrangeiras.
As políticas têm sido criticadas por alguns economistas.
"As medidas mais convencionais nunca podem ser um substituto às medidas fundamentais", afirmou o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Nicolas Eyzaguirre, em uma coletiva de imprensa em Calgary, onde autoridades econômicas se reuniram para encontro do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Eyzaguirre disse que as taxas de juros estão abaixo de médias históricas em boa parte da América Latina, onde bancos centrais afrouxaram suas políticas em 2009 após a crise econômica global.
Diante das pressões inflacionárias correntes, os países deveriam começar por apertar suas políticas fiscal e monetária, afirmou a autoridade do FMI. Ele acrescentou que, se os fluxos de capital são um problema, outras medidas também podem ser usadas.
Boom de crédito
O Brasil já elevou a taxa de juros em 1 ponto percentual este ano, mas economistas consultadas semanalmante pelo BC seguem elevando suas projeções para a inflação este ano.
O diretor do BC disse que a inflação no Brasil deve subir temporariamente nos próximos meses, embora ele espere que os preços retornem a níveis consistentes com a meta após essa elevação.
Segundo ele, investimentos em portfólio aumentaram 47% no ano passado. Em um sinal do crédito crescente, os preços imobiliários em algumas cidades quase duplicaram em apenas dois anos. O real valorizou quase 10% desde março de 2010.
"As atuais e incomuns condições de liquidez estão afetando os mercados de crédito nos mercados emergentes. Os bancos centrais têm que prestar atenção a esses efeitos porque eles ameaçam a estabilidade financeira", afirmou.
Fonte: O Globo.com
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