domingo, 6 de junho de 2010

Meio Ambiente considerado na análise de crédito para novos empreendimentos

Risco ambiental é novo critério do BNDES

Os projetos ambientais e de energias renováveis apresentam hoje mais condições para conseguir financiamentos. Um dos critérios utilizados pelos bancos para financiar projetos é o de risco e de impacto ambiental
05/06/2010 14:00




O chefe do Departamento de Políticas e Estudos de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Márcio Macedo da Costa, falou ao O POVO sobre os critérios ambientais exigidos pelos bancos de fomento.
Para o banco, a cobrança por “negócios ecologicamente corretos” dá ganhos na imagem da empresa, além de gerar novas oportunidades de negócios.
O POVO - Por que os bancos de desenvolvimento econômico estão adotando critérios ambientais para os projetos de financiamento?
Márcio da Costa - Pela natureza de suas atribuições, a de promover o desenvolvimento, os bancos incorporam cada vez mais, em suas políticas e orientações estratégicas, instrumentos de avaliação de risco ambiental de crédito e, principalmente, de promoção de atividades sustentáveis. É nossa obrigação constitucional zelar pelo meio ambiente, ainda mais na posição de importantes financiadores de longo prazo.
O POVO - Quais são exatamente esses critérios?
Márcio da Costa - No caso do BNDES, a base tradicional de avaliação são as licenças ambientais. Mas agora estamos indo um pouco além. Estão em discussão os guias de procedimentos socioambientais para dezenas de setores da economia, que poderão orientar o trabalho dos analistas do banco. Espera-se que seja completada uma lacuna ainda existente acerca do conhecimento detalhado sobre o perfil socioambiental de empresas e setores, tecnologias e procedimentos de gestão adotados. É essencial para o BNDES estimular, apoiar e acompanhar a evolução do desempenho socioambiental das empresas e setores apoiados. No caso do setor de frigoríficos, já existe política específica, com critérios ligados às plantas industriais e à cadeia de fornecedores. No caso das termoelétricas a carvão e óleo, há critérios de emissões atmosféricas e resíduos sólidos. Para o setor de açúcar e álcool, o foco por enquanto é a comprovação de que os fornecedores de cana cumprem o zoneamento agroecológico.
O POVO - É mais lucrativo fazer um investimento com pelo ambiental?
Márcio da Costa - Depende. Muitas vezes o investimento ambiental exige valores maiores no momento inicial. Em uma visão de curto prazo, isso pode afetar os retornos. Mas a visão dos bancos de desenvolvimento e de muitas empresas é que hoje a estratégia socioambiental é crucial para a sustentabilidade do próprio negócio. Além disso, há empresas que estão obtendo margens maiores por serem líderes em investimentos ambientais.
O POVO - Por que é mais vantajoso para as empresas ter algum apelo ambiental?
Márcio da Costa - Pela maior capacidade de antecipação das mudanças na legislação, pelos ganhos de imagem e pelas oportunidades de novos negócios.
O POVO - Ações em prol do meio ambiente já começam a ser lucrativos para as empresas e para os bancos de desenvolvimento ou ainda é uma questão de conceito e de uma onda mundial de preservação do meio ambiente?
Márcio da Costa - Ainda há muito o que fazer no setor financeiro, não apenas nos bancos de desenvolvimento, mas nos bancos comerciais também. O mesmo ocorre nas empresas. Implementar sistemas de gestão ambiental é certamente um trabalho árduo, mas que permite a identificação de desperdícios de energia e materiais, tão prejudiciais à lucratividade.
O POVO - De que forma os bancos de desenvolvimentos podem estimular iniciativas de “negócios ecologicamente corretos”?
Márcio da Costa - Estabelecendo políticas socioambientais setoriais, com critérios para o apoio financeiro e com linhas de financiamento adequadas.
O POVO - Há uma regulamentação específica para financiamento de projetos com ações de preservação do meio ambiente, com produção de energias renováveis, por exemplo?
Márcio da Costa - No BNDES, os projetos ambientais e de energias renováveis têm melhores condições de financiamento. (Andreh Jonathas)




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