Henrique Andrade Camargo, do Mercado Ético
17/07/2009 - 18:20:48
Segundo o coordenador do Programa de Agricultura e Meio Ambiente do WWF Brasil, Cássio Franco Moreira, o país tem áreas suficientes para a expansão agrícola sem que seja necessário derrubar uma única árvore. Ele explica que, somente com a recuperação das pastagens degradadas, estimadas em 60 milhões de hectares - 30% dos 200 milhões de hectares destinados a essa atividade - seria possível quase que dobrar a área destinada à agricultura.
“Se somarmos a esses 30% todo o desmatamento permitido pelo código florestal, a área destinada à agricultura poderia aumentar em 200%”, diz Moreira. “Mas claro que isso não é desejável, já que existe uma área degradada que pode ser recuperada”, completa. A estimativa leva em conta a última safra do país, cuja produção estendeu-se por 70 milhões de hectares do território nacional.
Mas Antonio Penteado Mendonça, advogado especialista em planejamento regional para ocupação do solo, a preservação da floresta e recuperação de áreas não utilizadas só ocorrerá se forem desenvolvidas políticas de longo-prazo para a agricultura e para a ocupação do solo. Moreira completa: “É preciso pagar pelos serviços ambientais, caso contrário, o desmatamento continuará.”
Moreira acredita também que o produtor não percebe como a preservação da Natureza é boa para ele. “A mudança climática vai prejudicá-lo com a o desequilíbrio dos ciclos da chuva. Além disso, quanto mais biodiversidade em sua propriedade, maior será o equilíbrio de pragas”, explica. “A floresta em pé é boa para o produtor e para toda a população”, afirma ele.
Biocombustíveis
Um dos elementos mais temidos e que teoricamente podem pressionar o crescimento da fronteira agrícola no país são os biocombustíveis. Receia-se que áreas até então destinadas à produção de alimento passem a produzir cana, soja ou milho para as fabricantes de etanol e biodiesel.
Moreira afirma que essas informações são muito desencontradas e que não é possível saber ao certo se há algum sentido nelas. Certo mesmo é que o aumento da demanda aumentará a pressão em áreas de floresta nativa. “Mas se o objetivo é a produção de biocombustível com a melhor relação fixação/emissão de gases de efeito estufa, essa expansão deve ser feita em áreas já abertas”, defende.
Ele também desmistifica a questão de se produzir soja para o biodiesel. “O que é destinado desse produto para o combustível não ameaça em nada o abastecimento alimentar. O principal fim da soja brasileira é a demanda por proteína, que aumenta cada vez mais”, conta. “A produção de cana-de-açúcar continuará crescendo e vai manter seu status de principal fonte de biocombustível do país”, conclui.
Fonte: Mercado Ético - http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/producao-agricola-tem-potencial-para-crescer-sem-desmatar/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje
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