quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Comércio exterior de pescado desaba no CE

Criadores de camarão atribuem queda do comércio exterior à desvalorização cambial e à tributação (Foto: José Leomar)

VOLUME CAI 84% EM 5 ANOS
O camarão é o principal responsável pelo resultado negativo no comércio internacional de pescado no Estado

O mercado internacional de pescado no Ceará registrou queda expressiva de 84% entre 2003 e 2008, saindo de um volume de 21.558 toneladas para 3.435 toneladas comercializadas no período. Em termos de valor exportado, a retração foi de 52,44%, quando caiu de US$ 112,5 milhões para US$ 53,5 milhões.

Os dados são da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), que responsabiliza a desvalorização cambial e a elevada carga tributária brasileira como principais responsáveis pela crise observada no segmento. Segundo a ABCC, o camarão foi quem mais puxou o resultado negativo nas exportações de pescado no Ceará. Enquanto em 2003, as vendas para o exterior do crustáceo correspondiam a 20.100 toneladas (93% do total das exportações), em 2008 despencaram para 1.908 toneladas (55% do todo), uma queda de 90,5%. Em divisas, o recuo foi de 88,4%, saindo de US$ 80,9 milhões para US$ 9,4 milhões no mesmo período. Ainda de acordo com a Associação, todos os demais pescados também registraram queda. Outras estatísticas do setor no Estado indicam que, em 2003, a produção de pescado correspondeu a 65.356 toneladas contra 76.229 de 2007 — um crescimento de 16,63%.

Perdendo terreno

´O mercado interno tem absorvido o produto, mas estamos perdendo terreno para a informalidade; o governo não tem controle sobre a atividade.

Um setor como esse, dinâmico, importante para economia poderia ter incentivo´, defende Itamar de Paiva Rocha, atual presidente da ABCC.

Segundo ele, várias indústrias de processamento de pescado já fecharam as portas, e as que permanecem no mercado operam com volume muito abaixo de sua capacidade instalada, o que já provocou milhares de demissões.

Ainda de acordo com Rocha, a desoneração de tributos das empresas do setor primário tornaria o segmento mais competitivo. ´Caso a Medida Provisória 460, que prevê a compensação do crédito-prêmio do IPI por débitos fiscais inscritos na dívida ativa, seja aprovada, estará aberto o caminho para o mercado exportador de pescado sair da crise conjuntural em que se encontra´, destaca.

No País

A atividade de exportação de pescado, especialmente importante para os estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Bahia e Santa Catarina, registrou queda de 57,88% entre 2003 e 2008, ao passar de 113.839 toneladas exportadas em 2003 para, apenas, 47.947 t. no último ano da série. As importações brasileiras de pescado saltaram de 152.464 toneladas, em 2003, para 218.486 toneladas em 2008, o que representa uma evolução de 43,3%. Em divisas, o desembolso aumentou 236,45% no mesmo período, saindo de US$ 203 milhões para US$ 683 milhões. De acordo ainda com Itamar Rocha, o cultivo marinho de camarões – carcinicultura marinha –, que já ocupou o 2º lugar na pauta de exportações do setor primário da região Nordeste em 2003, com um volume comercializado de 58.455 toneladas e US$ 226 milhões em divisas, teve suas vendas externas reduzidas para 9.398 toneladas e US$ 40,5 milhões no ano de 2008.

Isildene Muniz
Repórter


Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=659490

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