Educação financeira: lição para a vida
Controle orçamentário é recurso essencial para a não proliferação de inúmeros problemas socioeconômicos
Há 35 anos, a letra da música "Pecado Capital", composta e interpretada pelo sambista carioca Paulinho da Viola, já corroborava com o pensamento de que a qualidade de vida de uma pessoa no futuro próximo dependerá (e muito) de como ela gasta seu dinheiro hoje. Os versos "dinheiro na mão é vendaval/ é vendaval/ na vida de um sonhador/ de um sonhador/ quanta gente aí se engana/ e cai da cama com toda a ilusão que sonhou/ e a grandeza se desfaz/ quando a solidão é mais/ alguém já falou" expõem, em formato de canção, o provável fim trágico de quem não possui algo básico para a sobrevivência: educação financeira.
Sem fugir do trocadilho, a canção remete a um tipo de sacrilégio (o descontrole orçamentário) bem comum na sociedade extremamente consumista em que vivemos. Para se ter uma ideia, no mês passado, só em Fortaleza, 37,6% das pessoas admitiram ter dívidas a pagar por conta da falta de gerenciamento das suas finanças. Esta foi a principal causa mencionada, à frente, inclusive, do desemprego e gastos repentinos com doenças ou prejuízos materiais, com 34,6% e 25,6%, respectivamente.
Além disso, a média anual (de janeiro a agosto) de fortalezenses sem condições de honrar seus compromissos é de 20,2%. Os dados são do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), entidade ligada à Fecomércio-CE.
O fenômeno não é verificado apenas na Capital cearense, estende-se por todo o País. De acordo com um estudo realizado pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), com 400 consumidores distribuídos pelas principais cidades brasileiras, cerca de 37% dos entrevistados apontaram a inabilidade no uso com dinheiro o primeiro motivo para o acúmulo de dívidas. Ausência de emprego (25%), gastos inesperados (6%) vieram logo, em seguida.
Para diversos estudiosos do assunto, a educação financeira é um recurso essencial para a não proliferação de inúmeros problemas socioeconômicos que advêm da falta de controle no orçamento. Além disso, analistas da área reforçam que a própria aceleração do crescimento da economia e avidez dos consumidores - que aumentaram seu poder de compra - em consumir podem prejudicar aqueles que não estiverem preparados para esse novo cenário econômico do Brasil.
Em 2000, havia 48 milhões de correntistas ativos no País. Em apenas nove anos, esse número praticamente dobrou para 90 milhões. Também houve avanço na participação das pessoas físicas do crédito no PIB, em igual intervalo. Passou de ínfimos 3,7% para 15% em 2009. Essa evolução é boa para a economia, no entanto, também pode trazer problemas, caso não haja conscientização na hora de comprometer a renda familiar por parte dos consumidores. Nesse aspecto, o Governo Federal, em parceria com diversas instituições ligadas ao mercado financeiro, resolveu capacitar os jovens dentro do próprio ambiente escolar, com orientações para o uso do dinheiro de forma mais rentável.
Educar para poupar
No mês passado, teve início um programa experimental em cerca de 450 escolas da rede pública de ensino de estados como o Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Tocantins e Distrito Federal. A ideia do governo é repassar conhecimentos na área de finanças para 15 mil alunos, entre 15 e 17 anos.
O piloto de "Educação Financeira na Escola" é divido em três módulos, e deve ser concluído no fim de 2011. A pretensão do governo é de ampliar, posteriormente, a ação para 200 mil instituições educacionais, envolvendo não só o ensino médio, mas também o para aqueles do ensino fundamental. Culturalmente, no Brasil, essas noções sempre foram repassadas pelos próprios pais, muitas vezes, de forma inadequada.
Em outras ocasiões, o aprendizado é praticamente autodidata e se dá mediante as circunstâncias da vida, de forma, por assim dizer, completamente experimental.
O que é uma novidade para os brasileiros, há décadas é feito nos colégios dos Estados Unidos e de alguns países da Europa. O objetivo de se levar o tema para as instituições educacionais é auxiliar o estudantes com práticas e conceitos financeiros para se evitar, no futuro, o desarranjo das finanças na família.
ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER
Realmente esse programa do governo em educar financeiramente crianças nas escolas, fez muita falta para gerações como a nossa, por exemplo, que se encontra num mercado altamente consumista, porém grande parte de nós se vê com despreparo para saber com o que vão gastar, quais são suas reais necessidades e etc., é muito importante para nós, futuros administradores saber “administrar” seu dinheiro e gastos financeiros, já que mais cedo ou mais tarde estaremos envolvidos com a área financeira direta ou indiretamente, desde o próprio negócio até administrando grandes indústrias ou gerenciando bancos.
ResponderExcluirIsabella S. Gonçalves
Estudante do IV sem. De Administração UFC - Cariri
Muito interessante essa matéria. É algo que sempre me chamou a atenção, pois de fato o sistema capitalista atual nos proporciona cada vez mais formas de consumir exageradamente e acaba por nos consumir também. Os "templos de consumo" como os Shopping Center's na minha opinião são um dos principais responsáveis por esse desequilíbrio orçamentário das pessoas, tendo em vista que possuem diversos atrativos materiais que chamam atenção principalmente do público mais jovem, que sempre quer estar seguindo as últimas tendências da moda ou desfrutando das mais recentes tecnologias e acabam por se iludir com cartões de crédito e outros sistemas de crédito fácil, sem pensar nas conseqüências. É de grande importância que a educação financeira seja aplicada desde cedo, principalmente dentro dos próprios lares pelos pais, mas ao contrário do ideal o que se vê são jovens e crianças que cada vez mais cedo só pensam em consumir e obter aquilo que está em alta. A respeito da educação na escola, sempre defendi a idéia de que a matemática financeira deveria ser implantada em todas as escolas de ensino médio no Brasil, pois ela é essencial para a formação de qualquer profissional, seja economista, contador, administrador, professor, biólogo e etc. afinal todos devem saber como controlar suas finanças e assim poder gerir sua vida profissional e familiar de uma maneira mais tranqüila.
ResponderExcluirPor: Bruno Pereira Alencar
Esse programa de Educação Financeira imposta pelo governo, veio em boa hora, já que as empresas e o próprio governo, estão cada vez mais liberando crédito para as pessoas, independente da renda de cada um.
ResponderExcluirO gerenciamento de contas, concerteza é um grande passo para implantar a harmonia orçamentária no país, visto que as pessoas poderão ter um maior controle sob as dívidas fixas, dívidas variáveis e despesas essenciais, e consequentemente, fazer compras conscientes.
Quanto a implementação do estudo financeiro em escolas de ensino medio e futuramente, ensino fudamental, verifica-se uma atitude correlata, já que os alunos podem aprender a controlar suas dívidas, refletindo isso, dentro de suas casas, e poder proliferar futuramente para seus filhos e netos.
Por: Ítalo Anderson Taumaturgo