Soluções simples e de baixo custo, capazes de gerar trabalho e renda com sustentabilidade. Esta é a motivação central da 2ª Conferência Internacional de Tecnologia Social, a partir de hoje, em Brasília, com gestores de instituições públicas e privadas, lideranças comunitárias, empreendedores sociais e representantes de organizações de pesquisa de nove países (Angola, Argentina, Brasil, Canadá, Espanha, México, Peru, Uruguai e Venezuela). O tema “Caminhos para Sustentabilidade” norteia palestras, mesas-redondas e painéis onde são apresentadas experiências nacionais e internacionais no campo das Tecnologias Sociais, tanto na área urbana quanto na área rural.
A Conferência é organizada pela Rede de Tecnologias Sociais (RTS), em conjunto com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong); com patrocínio do governo federal, bancos e instituições de fomento.
Em 2008, foram acertadas metas de reaplicação em escala para duas tecnologias sociais: pactuação pela reaplicação de cinco mil unidades do Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) até 2010; e mobilizar esforços para atender, no mesmo período, 15 mil famílias com as tecnologias de captação de água de chuva voltadas para a produção vinculadas ao Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
Mandioca
Entre as tecnologias já desenvolvidas no Ceará, está a utilização dos resíduos da mandioca. Cartilha do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), disponível para download gratuito, ensina a transformar esses resíduos em fertilizantes naturais, defensivos contra insetos e pragas e insumos básicos para a produção de vinagre, tijolos e sabão.
Da mandioca, geralmente se aproveita apenas a raiz, como farinha e goma de tapioca. A parte aérea da rama geralmente é jogada fora, embora possa ser utilizada na alimentação animal. A manipueira, líquido ácido de cor amarelada que sai da mandioca depois de prensada, também costuma ser dispensada. A cartilha apresenta o modo de preparo das receitas e os insumos complementares necessários. Como adubo, por exemplo, a manipueira – que é tóxica – pode enriquecer o solo, se bem manejada.
ATIVIDADE SUSTENTÁVEL
Algodão agroecológico é um sucesso
A aposta de 320 famílias cearenses é o cultivo de algodão orgânico em sistemas consorciados com culturas alimentares como milho, feijão, gergelim e guandu. Além de garantir diversidade alimentar e reduzir os riscos de perdas totais em casos de seca ou surtos de pragas, o algodão é vendido pelo dobro do preço do produto convencional por meio do comércio justo.
Segundo a Organic Trade Association (OTA), o algodão ocupa pouco mais de 2,4% de toda a área agriculturável do planeta, mas é responsável por cerca de 24% de vendas do mercado global de inseticidas e 11% das vendas globais de pesticidas. Uma alternativa para esse cenário é o algodão orgânico - já cultivado em mais de 18 países.
No Brasil, o protagonismo no setor não vem de grandes produtores do eixo Rio-São Paulo, mas de agricultores familiares do Semi-Árido cearense, onde também não há monocultura, marca da cotonicultura brasileira. O algodão é cultivado em sistemas consorciados com culturas alimentares, além de espécies arbóreas.
A prática, que se alastrou do município de Tauá para o Sertão Central e o Norte do Ceará, pelas mãos do Centro de Pesquisa Esplar. Toda a produção é beneficiada pela Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec), que comercializa a fibra ecológica, desde 2004, pelo sistema de comércio justo para a empresa Veja Fair Trade, da França, e para a Justa Trama, no Rio Grande do Sul.
No Ceará, uma usina compra a arroba (15kg) do algodão tradicional por cerca de R$ 12,00. Com o comércio justo, os produtores orgânicos têm a venda garantida e recebem R$ 24,90 pela mesma quantidade de algodão agroecológico.
A diversidade de plantas proporciona melhor aproveitamento do potencial de cada área, em função de exigências diferenciadas de luz, umidade e nutrientes por parte de cada planta. O manejo de pragas se dá com a catação dos botões florais afetados pelo temido bicudo. Para enfrentá-lo sem a necessidade de agrotóxicos, são feitas pulverizações com extrato de folhas de nim.
PRODUÇÃO OTIMIZADA
Aproveitamento total do coco babaçu
No Brasil, cerca de 400 mil quebradeiras de coco vivem do extrativismo do babaçu. De olho na agregação de valor, tecnologias simples e de fácil manuseio permitiram dobrar a renda de 200 famílias cearenses e maranhenses com o seu aproveitamento total.
Da folha, pode se fazer telhado para as casas e artesanato; do caule, adubo e estrutura de construções; da casca do coco, carvão para alimentar as caldeiras da indústria; do mesocarpo, a multimistura usada na nutrição infantil; da amêndoa pode obter-se o óleo, empregado na alimentação e na produção de combustível, lubrificante e até mesmo sabão.
De olho neste potencial, pouco aproveitado pelas quebradeiras de coco espalhadas pelos 18,5 milhões de hectares de babaçuais na faixa de transição para a floresta amazônica, principalmente no Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, a Fundação Mussambê desenvolveu a tecnologia social “Aproveitamento Total do Coco Babaçu”.
A despeliculadora facilita a retirada da amêndoa e o aproveitamento de dois subprodutos: o mesocarpo (amido, cálcio, fósforo e ferro) e o endocarpo (fibras). Também foram criadas a máquina rotativa de corte de coco e a prensa hidráulica para extração do óleo.
A idéia original do engenheiro Gilberto Batista era facilitar o corte do coco, antes feito pelas quebradeiras com machado e cassetete. Com a máquina, a produção passa de mil cocos por dia para 30 mil. A Associação dos Moradores dos Sítios Correntinho, Cruzinha, Saguim, Carrapicho e Coruja, em Barbalha (CE) foi pioneira na adoção da tecnologia.
A tradicional casa de farinha brasileira, depois de diversas melhorias, orientadas pelo Sebrae, proporciona maior qualidade de vida aos produtores
Maristela Crispim
Repórter
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=630819
A Conferência é organizada pela Rede de Tecnologias Sociais (RTS), em conjunto com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong); com patrocínio do governo federal, bancos e instituições de fomento.
Em 2008, foram acertadas metas de reaplicação em escala para duas tecnologias sociais: pactuação pela reaplicação de cinco mil unidades do Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) até 2010; e mobilizar esforços para atender, no mesmo período, 15 mil famílias com as tecnologias de captação de água de chuva voltadas para a produção vinculadas ao Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).
Mandioca
Entre as tecnologias já desenvolvidas no Ceará, está a utilização dos resíduos da mandioca. Cartilha do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), disponível para download gratuito, ensina a transformar esses resíduos em fertilizantes naturais, defensivos contra insetos e pragas e insumos básicos para a produção de vinagre, tijolos e sabão.
Da mandioca, geralmente se aproveita apenas a raiz, como farinha e goma de tapioca. A parte aérea da rama geralmente é jogada fora, embora possa ser utilizada na alimentação animal. A manipueira, líquido ácido de cor amarelada que sai da mandioca depois de prensada, também costuma ser dispensada. A cartilha apresenta o modo de preparo das receitas e os insumos complementares necessários. Como adubo, por exemplo, a manipueira – que é tóxica – pode enriquecer o solo, se bem manejada.
ATIVIDADE SUSTENTÁVEL
Algodão agroecológico é um sucesso
A aposta de 320 famílias cearenses é o cultivo de algodão orgânico em sistemas consorciados com culturas alimentares como milho, feijão, gergelim e guandu. Além de garantir diversidade alimentar e reduzir os riscos de perdas totais em casos de seca ou surtos de pragas, o algodão é vendido pelo dobro do preço do produto convencional por meio do comércio justo.
Segundo a Organic Trade Association (OTA), o algodão ocupa pouco mais de 2,4% de toda a área agriculturável do planeta, mas é responsável por cerca de 24% de vendas do mercado global de inseticidas e 11% das vendas globais de pesticidas. Uma alternativa para esse cenário é o algodão orgânico - já cultivado em mais de 18 países.
No Brasil, o protagonismo no setor não vem de grandes produtores do eixo Rio-São Paulo, mas de agricultores familiares do Semi-Árido cearense, onde também não há monocultura, marca da cotonicultura brasileira. O algodão é cultivado em sistemas consorciados com culturas alimentares, além de espécies arbóreas.
A prática, que se alastrou do município de Tauá para o Sertão Central e o Norte do Ceará, pelas mãos do Centro de Pesquisa Esplar. Toda a produção é beneficiada pela Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec), que comercializa a fibra ecológica, desde 2004, pelo sistema de comércio justo para a empresa Veja Fair Trade, da França, e para a Justa Trama, no Rio Grande do Sul.
No Ceará, uma usina compra a arroba (15kg) do algodão tradicional por cerca de R$ 12,00. Com o comércio justo, os produtores orgânicos têm a venda garantida e recebem R$ 24,90 pela mesma quantidade de algodão agroecológico.
A diversidade de plantas proporciona melhor aproveitamento do potencial de cada área, em função de exigências diferenciadas de luz, umidade e nutrientes por parte de cada planta. O manejo de pragas se dá com a catação dos botões florais afetados pelo temido bicudo. Para enfrentá-lo sem a necessidade de agrotóxicos, são feitas pulverizações com extrato de folhas de nim.
PRODUÇÃO OTIMIZADA
Aproveitamento total do coco babaçu
No Brasil, cerca de 400 mil quebradeiras de coco vivem do extrativismo do babaçu. De olho na agregação de valor, tecnologias simples e de fácil manuseio permitiram dobrar a renda de 200 famílias cearenses e maranhenses com o seu aproveitamento total.
Da folha, pode se fazer telhado para as casas e artesanato; do caule, adubo e estrutura de construções; da casca do coco, carvão para alimentar as caldeiras da indústria; do mesocarpo, a multimistura usada na nutrição infantil; da amêndoa pode obter-se o óleo, empregado na alimentação e na produção de combustível, lubrificante e até mesmo sabão.
De olho neste potencial, pouco aproveitado pelas quebradeiras de coco espalhadas pelos 18,5 milhões de hectares de babaçuais na faixa de transição para a floresta amazônica, principalmente no Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, a Fundação Mussambê desenvolveu a tecnologia social “Aproveitamento Total do Coco Babaçu”.
A despeliculadora facilita a retirada da amêndoa e o aproveitamento de dois subprodutos: o mesocarpo (amido, cálcio, fósforo e ferro) e o endocarpo (fibras). Também foram criadas a máquina rotativa de corte de coco e a prensa hidráulica para extração do óleo.
A idéia original do engenheiro Gilberto Batista era facilitar o corte do coco, antes feito pelas quebradeiras com machado e cassetete. Com a máquina, a produção passa de mil cocos por dia para 30 mil. A Associação dos Moradores dos Sítios Correntinho, Cruzinha, Saguim, Carrapicho e Coruja, em Barbalha (CE) foi pioneira na adoção da tecnologia.
A tradicional casa de farinha brasileira, depois de diversas melhorias, orientadas pelo Sebrae, proporciona maior qualidade de vida aos produtores
Maristela Crispim
Repórter
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=630819
A exemplo do que faz a Associação dos moradores dos referidos Sítios, que produzem também as chamadas bio-jóias feitas de babaçu, outras associações da cidade de Barbalha/Ce estão se articulando, por meio de ações de diversas entidades(BB,SEBRAE,SINE,CEART,PM DE BARBALHA,EMATERCE, SIFE/UFC,DENTRE OUTRAS.), com o objetivo de, juntos promover o desenvolvimento regional sustentável através da utilização de tecnologias simples, como o tear mecânico que ainda hoje é utilizado por uma das dezenas de associações que ali existem. Além do babaçu, temos associações que trabalham com o Bambu, com a palha de bananeira, palha de milho, madeira...
ResponderExcluirè isto mesmo Alcione! E são essas ações que valorizam a cultura e o saber local e regional que permitem novas visões para o desenvolvimento. As novas propostas que defendemos são baseadas muito mais na solidariedade, compartilhamento e valorização das pessoas, e menos na competição. Só assim há possibilidade de um processo sustentável e inclusivo de desenvolvimento.
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