quarta-feira, 1 de abril de 2009

Com maior alta dos últimos 11 meses, Bolsa é melhor investimento de março

31/03/2009 - 18h33
SÃO PAULO - Com a valorização acumulada em março, de 7,18%, a Bovespa conquistou o posto de melhor investimento de março.

O Ibovespa (principal índice da Bolsa paulista) teve seu melhor desempenho mensal desde abril de 2008 (mês que contou com a elevação do rating soberano do Brasil para investment grade pela agência de risco S&P) e seu melhor trimestre desde o terceiro trimestre de 2007.
A euforia com diversas medidas anunciadas pelo governo norte-americano - com amplo destaque ao programa de compra de Treasuries do Federal Reserve e aos detalhes do novo pacote de socorro às instituições financeiras norte-americanas anunciado por Timothy Geithner - e com declarações de executivos de grandes bancos dando conta de um bom início de ano fomentou uma maior tomada de risco, permitindo assim rali à renda variável em âmbito global.
Com os investidores mais propensos a aplicações de maior risco, enquanto o Ibovespa trocou o posto de pior investimento em fevereiro pelo de melhor escolha um mês depois, o ouro trilhou caminho inverso. Corrigindo os ganhos acumulados após quatro meses liderando o ranking de melhores investimentos, a grama da commodity negociada na BM&F Bovespa apresentou desempenho negativo de 4,29% no mês e se mostrou a escolha menos acertada.

A despeito dos fundamentos
Embora ainda se duvide da efetividade das ações anunciadas pelas autoridades norte-americanas e da real situação das instituições financeiras, embora os indicadores estejam longe de sinalizar uma retomada econômica mais consistente e os resultados corporativos carreguem fortes impactos da crise financeira, os mercados globais se ancoraram na esperança para darem corpo ao rali visto no mês.

Federal Reserve e Treasury tomaram a dianteira para estimular o mercado de crédito e a atividade da maior economia do mundo. O primeiro anunciou a compra de US$ 30 bilhões em títulos da dívida pública norte-americana de longo prazo, a extensão para US$ 1,25 trilhão dos recursos destinados à aquisição de papéis com lastro em financiamento hipotecário e a duplicação dos recursos destinados à compra de títulos de dívida das agências de hipotecas.
O Departamento do Tesouro revelou detalhes do novo programa de resgate do setor financeiro, com destinação de US$ 75 bilhões a US$ 100 bilhões do TARP (Troubled Assets Relief Program) para livrar o patrimônio das instituições do setor dos chamados "ativos tóxicos" e parceria público-privada para aquisições de papéis ilíquidos, que podem chegar a US$ 1 trilhão.
No lado corporativo, os CEOs (Chief Executive Officers) de grandes bancos como Citigroup, Bank of America, HSBC, Barclays e JP Morgan Chase declararam que os dois primeiros meses de 2009 haviam sido lucrativos.

Juntos, perspectiva de melhora da situação do setor financeiro e medidas de estímulo a mercado de crédito e economia dos EUA abriram margem para que os investidores gradualmente saíssem das posições mais conservadoras e retomassem as compras na renda variável.
Wall Street não deixou a desejar e viu seus principais índices de ações acumularem ganhos de dois dígitos no que foi o melhor mês em quase seis anos.
Alguns indicadores econômicos também trouxeram esperança de que o pior da crise financeira pode ter ficado para trás e que as principais economias mundiais caminham para estabilização. Outros traduziram em números os impactos da crise. Dentre as surpresas positivas, dados do mercado imobiliário norte-americano.
Pesando contra, o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre de EUA, Reino Unido, Japão e até do Brasil - a contração de 3,6% na comparação com o terceiro trimestre foi a mais negativa de toda a série histórica, iniciada em 1996.

Março contou ainda com toda a novela em torno dos bônus pagos a executivos da AIG e renovação das preocupações com o setor automobilístico dos EUA.

Por aqui, temporada de resultados corporativos, novas ocorrências envolvendo a fusão entre VCP e Aracruz, mais rumores de venda da Positivo Informática, desenrolar das demissões da Embraer e possibilidade de fusão entre Sadia e Perdigão.
O fraco desempenho da economia brasileira nos três últimos meses de 2008 e os dados negativos da produção industrial em janeiro (recuo de 17,2% frente o primeiro mês de 2008) foram fundamentais para a postura mais agressiva do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que aplicou o maior corte na taxa Selic desde novembro de 2003, de 150 pontos-base, levando o juro básico brasileiro de volta a seu menor patamar da história, em 11,25% ao ano.
Abandonando o discurso de "marola", o governo brasileiro reduziu suas projeções para o crescimento do PIB do País em 2009, agora situadas em 2%. O aguardado pacote habitacional também veio em março, com R$ 34 bilhões destinados à construção de 1 milhão de moradias.

Cyrela e GOL nas pontas do Ibovespa
O melhor desempenho entre as ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa em março foi conquistado pela Cyrela (CYRE3). Os ativos da companhia, que vinham de histórico recente amplamente negativo, tiveram um rali entre os dias 17 e 23, período que antecedeu o anúncio do pacote habitacional.

No outro extremo aparecem as ações preferenciais da GOL (GOLL4), penalizadas pela retomada do petróleo, pelas perspectivas negativas em torno do setor aéreo e pelos fracos resultados operacionais e financeiros divulgados pela empresa.

Dólar
O marco para a variação cambial foi o mesmo do Ibovespa. Com queda acumulada de 2,49%, o dólar comercial teve sua maior baixa em um mês desde abril de 2008.

O bom desempenho da renda variável doméstica estimulou a entrada de capital estrangeiro do mercado brasileiro. Entre as comerciais, o fluxo de divisas externas para o País também apresentou melhora.

Renda fixa não desaponta
As variações apresentadas pelas aplicações de renda fixa foram mais modestas. Quem aplicou em CDBs pré-fixados de 30 dias obteve um ganho bruto médio de 0,88% no mês, o que corresponde a uma rentabilidade de 1,63% em termos reais.
O CDI, por sua vez, rendeu 0,89% em março em termos nominais, ou 1,649% quando se pondera a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) no período.
Confira na tabela abaixo a rentabilidade dos principais investimentos:


* Deduzida a variação do IGP-M que ficou em -0,74% em março de 2009
** Deduzida a inflação pelo IGP-M que ficou em +0,26% em fevereiro de 2009
*** Taxa Efetiva Andima

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