quarta-feira, 29 de abril de 2009

Crise e mudanças: a vez da solidariedade e da sustentabilidade

28/04/2009 - 16:01:37

Democratizando as finanças

Hazel Henderson

A crise financeira gerada por Wall Street e pelos bancos globais “muito grandes para quebrar” está gerando iniciativas locais e demandas para descentralizar e democratizar o mundo financeiro.
Ao mesmo tempo, em nível global, os países que formam o G-20 exigem a democratização das estruturas no FMI e no Banco Mundial, como condição essencial para refletir as mudanças no equilíbrio das forças econômicas. Os países do G-7 e G-8 não são tão importantes agora, quando o grupo G-20, que tomou o centro das atenções.
Enquanto redes de segurança nacionais são espalhadas, através de cortes em orçamentos, a liderança local cresce, oferecendo alternativas criativas para as comunidades que desejam estabelecer economias domésticas bem mais saudáveis:
Clubes locais de permuta, como o Freecycle.com, Craigslist e LETS e “scrip currencies” (moedas alternativas) proliferam - como ocorre sempre que os bancos centrais e o Fundo Monetário Internacional falham ou aplicam as alternativas erradas que só fazem com que as coisas piorem. Algumas das mais bem sucedidas moedas complementares locais são o WIR na Suíça e o Berkshare nos Estados Unidos, com o equivalente à $2 milhões em circulação e aceita por bancos e negócios em Massachusetts. Moedas complementares similares estão equilibrando necessidades e recursos e estão desobstruindo os mercados locais na Grã Bretanha, Canadá, Austrália, Argentina, Brasil e outros países.
Empréstimos interpessoais e projetos microfinanceiros estão florescendo em muitos países. Entre muitos podemos citar o Women’s World Banking, Grameen Bank em Bangladesh, hoje duplicado em muitos países, o FINCA e o ACCION na América Latina, assim como as novíssimas versões online, incluindo o Microplace, o Kiva, como também os que emprestam no Prosper.com, nos EUA e o Zopa.com na Grã Bretanha. As cooperativas de crédito, presentes na Europa e nos Estados Unidos há um século, agora estão mais pró-ativas. Essas entidades estão satisfazendo as necessidades locais, atendendo as pessoas mais pobres e melhorando o escopo micro-financeiro e emprestando para os pequenos negócios.
As associações que reúnem pequenos bancos e negócios locais estão trabalhando uma esfera mais política, se comparadas com as cooperativas de crédito. Nos EUA, elas estão exigindo tratamento igual no TARP e TALF do governo e junto a outros fundos de ajuda que atualmente trabalham junto aos grandes bancos, cujas temerárias políticas de empréstimo acabaram por desencadear a desordem financeira atual. O Venture capital (Capital Empreendedor) e empresas de filantropia empreendedoras, incluindo a Rudolf Steiner Foundation, Acumen e as entidades dos fundadores do Ebay Pierre Omidyar e Jeffrey Skoll estão investindo em empreendimentos sociais que satisfaçam necessidades sociais e, ao mesmo tempo, visem lucros modestos. Tal capital social está criando um novo setor híbrido em diversas economias.
A Business Alliance for Local Living Economics (BALLE) é uma grande rede nos Estados Unidos da América, como também o New Voice of Business, Green America, a Social Enterprise Alliance, o Fourth Sector Network e o Business-NGO Working Group. O Entrex.net se concentra em ajudar pequenos negócios com seu Índice de Empresa Privada (Private Company Index - PCI) que hoje supera a maioria dos índices do mercado. A britânica New Economics Foundation (NEF) tem gerado iniciativas locais, como o movimento Transition Towns, assim como seu Green New Deal e indicadores alternativos para corrigir o PIB (GDP), avaliando o bem-estar e a sustentabilidade ecológica. A proposta da NEF é de salvar 11.500 postos do correio na Grã Bretanha, com a adição de funções bancárias em todos eles, com o apoio das cooperativas comerciais, pequenos negócios, grupos de interesse público e aposentados e pensionistas.
“Time banking”, uma idéia de Edgar Cahn, nos EUA (visite o site www.ethicalmarkets.tv) hoje ajuda a população local a se conectar e compartilhar serviços com o Japão, Europa e outros países. Os vizinhos se comunicam, via um “time banker” local e oferecem refeições e auxílio para indivíduos reclusos, cuidar uns dos filhos dos outros, vigiar propriedades, cortar a grama e compartilhar eletrodomésticos. O compartilhamento de veículos já se espalhou, com novas empresas como o Zip Car, nos EUA e outras semelhantes no Canadá e na Europa, onde as pessoas podem dar/pegar caronas, rapidamente, acessando seus Blackberrys e laptops.
A China hoje abriga muitas iniciativas locais, relacionadas com pequenos negócios formando redes, incluindo o Baidu.com e o Alibaba.com, como também o Qifang.com que oferece empréstimos razoáveis para mais de 25 milhões de estudantes na China. O Circle Pleasure é uma empresa privada que vende cartões, pré-pagos, para o consumidor, uma parceria com a Qifang para oferecer serviços bancários do tipo pessoa-a-pessoa, a primeira empresa privada a receber uma licença bancária do Banco Central da China. Em muitos países na África, serviços bancários por celular já decolaram. Os celulares são a base para as “phone ladies” em vilas na Índia e em Bangladesh, que alugam seus celulares para outras pessoas no vilarejo. Os fazendeiros e pescadores, nas áreas rurais, podem consultar os preços que estão sendo oferecidos nas aldeias e mercados, ao redor de seus vilarejos, usando seus celulares, para obter os melhores preços e mercados para seus produtos.
Até onde os sistemas financeiros interpessoais podem ir, ultrapassando os grandes e gananciosos bancos, desafiando eticamente Wall Street e seus aliados políticos? O caminho é longo, graças a todas as ferramentas de comunicação que hoje dispomos em todo o mundo. O uso dessas novas ferramentas para compartilhamento de informações ajuda as pessoas a se dar conta, mais uma vez, do real significado do dinheiro, ou seja: apenas uma forma de informação. Hoje é possível fazer negócios usando apenas a troca de informações. Por exemplo, em áreas rurais da Flórida, as estações de rádio têm programas onde os fazendeiros podem anunciar, por exemplo, “Eu tenho certo tempo ocioso com o meu trator e gostaria de trocar por fertilizantes ou sementes de pimenta, melão e berinjela.” O fazendeiro informa seu telefone e as trocas são feitas “fora do ar”. Similarmente, o crescimento das trocas entre os fazendeiros e da agricultura sob contrato permite que os consumidores locais comprem produtos frescos diretamente das fazendas que ficam perto de suas residências.
Todas essas soluções locais e redes de segurança, nos levam a perguntar “Como é que deixamos os grandes bancos e sistemas financeiros centralizados crescerem tanto, até se tornarem predadores das economias de vida reais que produzem a real riqueza mundial”? As populações locais, em todo o mundo, estão se dando conta que podem, simplesmente, ignorar os grandes bancos e os mercados de ações, criando esses serviços localmente. Os velhos e inchados setores financeiros devem ajustar-se, cortar seus bônus e assumir as perdas causadas por suas apostas impensadas no cassino global que eles mesmos montaram. Serviços financeiros verdadeiramente eficientes devem representar menos de 10% do PIB do país. Os mercados financeiros na Grã Bretanha e nos Estados Unidos chegaram a crescer até 25% do PIB, formando metástases com seus “engenheiros financeiros”, predadores da economia real. Agora, alunos procuram trabalho como verdadeiros engenheiros, professores, médicos e empresários.
De maneira bastante real, nossa crise não é uma crise financeira, mas uma crise de percepção. Agora começamos a ver nosso mundo de maneira diferente, longe dos retratos pintados pela mídia em geral. Vemos nossas escolhas com novos olhos. Sabemos que o dinheiro não é sinônimo de riqueza real. Nós aprendemos enquanto testemunhamos os bancos centrais imprimindo dinheiro na TV. A riqueza real é aquela gerada por pessoas produtivas, usando sabiamente os recursos da Terra. O dinheiro é uma grande invenção. Quando administrado apropriadamente, localmente, nacionalmente, globalmente ou eletronicamente é uma ferramenta útil de troca. Acumular dinheiro não é mais uma maneira confiável de armazenar valor. Estamos todos redescobrindo muitos estoques de valor em nossas próprias comunidades. Nós encontramos riqueza muito além do dinheiro. Podemos mudar nossos valores para nos conformar aos novos tempos em que vivemos e restaurar as economias de amor aos seus papéis centrais em nossas vidas.

Hazel Henderson é economista, líder mundial da plataforma Mercado Ético. Autora de vários livros, entre eles Ethical Markets: Growing the Green Economy. Co-criadora do Calvert-Henderson Quality of Life Indicators, juntamente com o Calvert Group. Participou do Comitê Organizador da conferência Beyond GDP no Parlamento Europeu (www.beyond-gdp.eu).


Fonte: Mercado Ético (http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/democratizando-as-financas/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje)

Crise e mudanças: a vez da solidariedade e da sustentabilidade

28/04/2009 - 16:01:37

Democratizando as finanças

Hazel Henderson

A crise financeira gerada por Wall Street e pelos bancos globais “muito grandes para quebrar” está gerando iniciativas locais e demandas para descentralizar e democratizar o mundo financeiro.
Ao mesmo tempo, em nível global, os países que formam o G-20 exigem a democratização das estruturas no FMI e no Banco Mundial, como condição essencial para refletir as mudanças no equilíbrio das forças econômicas. Os países do G-7 e G-8 não são tão importantes agora, quando o grupo G-20, que tomou o centro das atenções.
Enquanto redes de segurança nacionais são espalhadas, através de cortes em orçamentos, a liderança local cresce, oferecendo alternativas criativas para as comunidades que desejam estabelecer economias domésticas bem mais saudáveis:
Clubes locais de permuta, como o Freecycle.com, Craigslist e LETS e “scrip currencies” (moedas alternativas) proliferam - como ocorre sempre que os bancos centrais e o Fundo Monetário Internacional falham ou aplicam as alternativas erradas que só fazem com que as coisas piorem. Algumas das mais bem sucedidas moedas complementares locais são o WIR na Suíça e o Berkshare nos Estados Unidos, com o equivalente à $2 milhões em circulação e aceita por bancos e negócios em Massachusetts. Moedas complementares similares estão equilibrando necessidades e recursos e estão desobstruindo os mercados locais na Grã Bretanha, Canadá, Austrália, Argentina, Brasil e outros países.
Empréstimos interpessoais e projetos microfinanceiros estão florescendo em muitos países. Entre muitos podemos citar o Women’s World Banking, Grameen Bank em Bangladesh, hoje duplicado em muitos países, o FINCA e o ACCION na América Latina, assim como as novíssimas versões online, incluindo o Microplace, o Kiva, como também os que emprestam no Prosper.com, nos EUA e o Zopa.com na Grã Bretanha. As cooperativas de crédito, presentes na Europa e nos Estados Unidos há um século, agora estão mais pró-ativas. Essas entidades estão satisfazendo as necessidades locais, atendendo as pessoas mais pobres e melhorando o escopo micro-financeiro e emprestando para os pequenos negócios.
As associações que reúnem pequenos bancos e negócios locais estão trabalhando uma esfera mais política, se comparadas com as cooperativas de crédito. Nos EUA, elas estão exigindo tratamento igual no TARP e TALF do governo e junto a outros fundos de ajuda que atualmente trabalham junto aos grandes bancos, cujas temerárias políticas de empréstimo acabaram por desencadear a desordem financeira atual. O Venture capital (Capital Empreendedor) e empresas de filantropia empreendedoras, incluindo a Rudolf Steiner Foundation, Acumen e as entidades dos fundadores do Ebay Pierre Omidyar e Jeffrey Skoll estão investindo em empreendimentos sociais que satisfaçam necessidades sociais e, ao mesmo tempo, visem lucros modestos. Tal capital social está criando um novo setor híbrido em diversas economias.
A Business Alliance for Local Living Economics (BALLE) é uma grande rede nos Estados Unidos da América, como também o New Voice of Business, Green America, a Social Enterprise Alliance, o Fourth Sector Network e o Business-NGO Working Group. O Entrex.net se concentra em ajudar pequenos negócios com seu Índice de Empresa Privada (Private Company Index - PCI) que hoje supera a maioria dos índices do mercado. A britânica New Economics Foundation (NEF) tem gerado iniciativas locais, como o movimento Transition Towns, assim como seu Green New Deal e indicadores alternativos para corrigir o PIB (GDP), avaliando o bem-estar e a sustentabilidade ecológica. A proposta da NEF é de salvar 11.500 postos do correio na Grã Bretanha, com a adição de funções bancárias em todos eles, com o apoio das cooperativas comerciais, pequenos negócios, grupos de interesse público e aposentados e pensionistas.
“Time banking”, uma idéia de Edgar Cahn, nos EUA (visite o site www.ethicalmarkets.tv) hoje ajuda a população local a se conectar e compartilhar serviços com o Japão, Europa e outros países. Os vizinhos se comunicam, via um “time banker” local e oferecem refeições e auxílio para indivíduos reclusos, cuidar uns dos filhos dos outros, vigiar propriedades, cortar a grama e compartilhar eletrodomésticos. O compartilhamento de veículos já se espalhou, com novas empresas como o Zip Car, nos EUA e outras semelhantes no Canadá e na Europa, onde as pessoas podem dar/pegar caronas, rapidamente, acessando seus Blackberrys e laptops.
A China hoje abriga muitas iniciativas locais, relacionadas com pequenos negócios formando redes, incluindo o Baidu.com e o Alibaba.com, como também o Qifang.com que oferece empréstimos razoáveis para mais de 25 milhões de estudantes na China. O Circle Pleasure é uma empresa privada que vende cartões, pré-pagos, para o consumidor, uma parceria com a Qifang para oferecer serviços bancários do tipo pessoa-a-pessoa, a primeira empresa privada a receber uma licença bancária do Banco Central da China. Em muitos países na África, serviços bancários por celular já decolaram. Os celulares são a base para as “phone ladies” em vilas na Índia e em Bangladesh, que alugam seus celulares para outras pessoas no vilarejo. Os fazendeiros e pescadores, nas áreas rurais, podem consultar os preços que estão sendo oferecidos nas aldeias e mercados, ao redor de seus vilarejos, usando seus celulares, para obter os melhores preços e mercados para seus produtos.
Até onde os sistemas financeiros interpessoais podem ir, ultrapassando os grandes e gananciosos bancos, desafiando eticamente Wall Street e seus aliados políticos? O caminho é longo, graças a todas as ferramentas de comunicação que hoje dispomos em todo o mundo. O uso dessas novas ferramentas para compartilhamento de informações ajuda as pessoas a se dar conta, mais uma vez, do real significado do dinheiro, ou seja: apenas uma forma de informação. Hoje é possível fazer negócios usando apenas a troca de informações. Por exemplo, em áreas rurais da Flórida, as estações de rádio têm programas onde os fazendeiros podem anunciar, por exemplo, “Eu tenho certo tempo ocioso com o meu trator e gostaria de trocar por fertilizantes ou sementes de pimenta, melão e berinjela.” O fazendeiro informa seu telefone e as trocas são feitas “fora do ar”. Similarmente, o crescimento das trocas entre os fazendeiros e da agricultura sob contrato permite que os consumidores locais comprem produtos frescos diretamente das fazendas que ficam perto de suas residências.
Todas essas soluções locais e redes de segurança, nos levam a perguntar “Como é que deixamos os grandes bancos e sistemas financeiros centralizados crescerem tanto, até se tornarem predadores das economias de vida reais que produzem a real riqueza mundial”? As populações locais, em todo o mundo, estão se dando conta que podem, simplesmente, ignorar os grandes bancos e os mercados de ações, criando esses serviços localmente. Os velhos e inchados setores financeiros devem ajustar-se, cortar seus bônus e assumir as perdas causadas por suas apostas impensadas no cassino global que eles mesmos montaram. Serviços financeiros verdadeiramente eficientes devem representar menos de 10% do PIB do país. Os mercados financeiros na Grã Bretanha e nos Estados Unidos chegaram a crescer até 25% do PIB, formando metástases com seus “engenheiros financeiros”, predadores da economia real. Agora, alunos procuram trabalho como verdadeiros engenheiros, professores, médicos e empresários.
De maneira bastante real, nossa crise não é uma crise financeira, mas uma crise de percepção. Agora começamos a ver nosso mundo de maneira diferente, longe dos retratos pintados pela mídia em geral. Vemos nossas escolhas com novos olhos. Sabemos que o dinheiro não é sinônimo de riqueza real. Nós aprendemos enquanto testemunhamos os bancos centrais imprimindo dinheiro na TV. A riqueza real é aquela gerada por pessoas produtivas, usando sabiamente os recursos da Terra. O dinheiro é uma grande invenção. Quando administrado apropriadamente, localmente, nacionalmente, globalmente ou eletronicamente é uma ferramenta útil de troca. Acumular dinheiro não é mais uma maneira confiável de armazenar valor. Estamos todos redescobrindo muitos estoques de valor em nossas próprias comunidades. Nós encontramos riqueza muito além do dinheiro. Podemos mudar nossos valores para nos conformar aos novos tempos em que vivemos e restaurar as economias de amor aos seus papéis centrais em nossas vidas.

Hazel Henderson é economista, líder mundial da plataforma Mercado Ético. Autora de vários livros, entre eles Ethical Markets: Growing the Green Economy. Co-criadora do Calvert-Henderson Quality of Life Indicators, juntamente com o Calvert Group. Participou do Comitê Organizador da conferência Beyond GDP no Parlamento Europeu (http://www.beyond-gdp.eu/).

Fonte: Mercado Ético (http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/democratizando-as-financas/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje)

Pesquisa internacional sobre o conceito de sustentabilidade

29/04/2009 - 14:55:43

A sustentabilidade, segundo especialistas internacionais

Ricardo Voltolini, da Revista Idéia Socioambiental

Seis em cada 10 especialistas em sustentabilidade acreditam que o conceito tem influenciado de modo crescente as decisões de mercado em seus países. Essa é uma das conclusões extraídas da Survey of Sustainability Experts, recente pesquisa feita pelo Instituto GlobeScan com 353 especialistas de países dos cinco continentes que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A experiência dos participantes no mercado de sustentabilidade (76% trabalham há mais de 10 anos com o tema), assim como a diversidade setorial dos participantes - empresas, governos, ONGs, acadêmicos e consultores - conferem ao estudo clara consistência e a possibilidade de comparar pontos de vista diferentes. Entre os respondentes, os executivos (67%) são os que mais consideram a sustentabilidade como uma ideia cada vez mais importante na hora de fazer transações comerciais, seguidos por consultores (57%) e acadêmicos (56%). Governos e ONGs (48%) se mostram bem mais reticentes. Regionalmente, a Ásia é o continente onde mais se acredita na capacidade de influência do conceito sobre o mercado, talvez pelo fato de que no último ano China e Índia têm demonstrado maior interesse discuti-lo em suas estratégias, especialmente as relacionadas a mudanças climáticas. Europa (59%) e América do Norte (55%) vêm na sequência.
Como era de se esperar a crise mundial não ficou de fora do estudo. Quando perguntados, por exemplo, se e como a desaceleração econômica impactará os avanços na sustentabilidade, uma maioria de 67% espera repercussões negativas (53% prevêem reflexos parcialmente negativos e 14%, muito negativos.) Os governos estão entre os mais pessimistas. Para 26% dos respondentes, o quadro tende a piorar porque as empresas (26empresas, deixando menos espaço para iniciativas voltadas para o meio ambiente; do governo estconcentrarão investimentos na recuperação financeira em detrimento das iniciativas socioambientais. Cerca de 17% acreditam que o dinheiro aplicado em pesquisa e desenvolvimento de energias e modelos de negócio vai sumir da praça. Entre os que apostam na expansão do conceito após a crise, 34% afirmam que isso será possível porque a onda de consumo começará a diminuir, reduzindo assim a pressão sobre os bens naturais. Há um consenso de que a recessão induz à mudança na medida em que reduz o crescimento (30%), promove a revisão de modelos mentais (27%) e estimula inovações tecnológicas voltadas para a ecoeficiência.
O aquecimento global também ganhou capítulo especial na pesquisa. E nem poderia ser diferente. Dos considerados “grandes problemas ambientais”, que podem impactar a economia, a questão das mudanças climáticas é apontada por 71% dos entrevistados e a escassez de água por 69%.
Entre as abordagens mais eficazes para controlar as temidas mudanças climáticas, a grande maioria (79%) indicou, como primeira alternativa, a criação de taxas sobre as emissões de carbono. Houve consenso entre os especialistas de diferentes setores. Governos e acadêmicos se mostraram os mais convictos. Concessão de incentivos fiscais (56%), financiamento governamental para pesquisa em tecnologias verdes (52%) e comércio nacional e internacional de carbono (52%) também foram apontados como possíveis soluções. Quase sempre discordantes em muitos pontos de vista, especialistas de governos e universidades estão entre os que mais concordam sobre o potencial do investimento público em desenvolvimento de tecnologias limpas. Os de ONGs, por sua vez, incluem-se entre os mais céticos quanto a eficácia do comércio de emissões.
Os aparelhos econômicos (27%), as ciências e novas tecnologias (25%) foram apontados pelos especialistas como as abordagens mais eficientes para as mudanças climáticas. Aumento de regulamentação (19%), educação pública e persuasão (11%), e melhoria nas relações diplomáticas (7%) vieram em seguida.
Para saber que tecnologias específicas os especialistas consideram as mais eficientes no combate às mudanças climáticas, o GlobeScan apontou oito. Pela ordem de importância, as três mais referendadas foram a melhoria na eficiência energética (88%), o incentivo à conservação de energia (79%), fontes de energia renováveis (74%) foram as três abordagens mais apontadas pelos especialistas. No pé da lista com 18% de respostas, os biocombustíveis tiveram mais respostas entre os executivos de empresas.
O estudo da GlobeScan revelou ceticismo sobre o que poderá acontecer em Copenhague, no final deste ano, quando os líderes das nações se reúnem para discutir o acordo pós-Kyoto. Para 48% dos entrevistados, há pouco ou quase nenhum consenso nas soluções para as mudanças climáticas. Em comparação com o estudo de 2006, que abordou essa questão, especialistas de governos, ONGs e consultores estão mais pessimistas quanto a respostas consensuais para o desafio de reduzir o aquecimento do clima.
Indagados se crêem na possibilidade de um grande acordo internacional, eles se dividem entre os que acham pouco provável (37%) e os que acham provável (33%). Três em cada dez especialistas preferiram ficar em cima do muro.
No bloco dos mais otimistas, puxam a fila os governos. Entre os mais pessimistas, estão os líderes empresariais. Os especialistas da América do Norte são os mais animados com a possibilidade de um acordo de curto prazo. Sinal de que o discurso verde de Barak Obama está fazendo efeito.
* Ricardo Voltolini é publisher da revista Ideia Socioambiental e diretor de Idéia Sustentável: Estratégia e Conhecimento em sustentabilidade. ricardo@ideiasustentavel.com.br

(Envolverde/Revista Idéia Socioambiental)

Fonte: Mercado Ético (http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/a-sustentabilidade-segundo-especialistas-internacionais/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje)

Pesquisa internacional sobre o conceito de sustentabilidade

29/04/2009 - 14:55:43

A sustentabilidade, segundo especialistas internacionais

Ricardo Voltolini, da Revista Idéia Socioambiental

Seis em cada 10 especialistas em sustentabilidade acreditam que o conceito tem influenciado de modo crescente as decisões de mercado em seus países. Essa é uma das conclusões extraídas da Survey of Sustainability Experts, recente pesquisa feita pelo Instituto GlobeScan com 353 especialistas de países dos cinco continentes que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A experiência dos participantes no mercado de sustentabilidade (76% trabalham há mais de 10 anos com o tema), assim como a diversidade setorial dos participantes - empresas, governos, ONGs, acadêmicos e consultores - conferem ao estudo clara consistência e a possibilidade de comparar pontos de vista diferentes. Entre os respondentes, os executivos (67%) são os que mais consideram a sustentabilidade como uma ideia cada vez mais importante na hora de fazer transações comerciais, seguidos por consultores (57%) e acadêmicos (56%). Governos e ONGs (48%) se mostram bem mais reticentes. Regionalmente, a Ásia é o continente onde mais se acredita na capacidade de influência do conceito sobre o mercado, talvez pelo fato de que no último ano China e Índia têm demonstrado maior interesse discuti-lo em suas estratégias, especialmente as relacionadas a mudanças climáticas. Europa (59%) e América do Norte (55%) vêm na sequência.
Como era de se esperar a crise mundial não ficou de fora do estudo. Quando perguntados, por exemplo, se e como a desaceleração econômica impactará os avanços na sustentabilidade, uma maioria de 67% espera repercussões negativas (53% prevêem reflexos parcialmente negativos e 14%, muito negativos.) Os governos estão entre os mais pessimistas. Para 26% dos respondentes, o quadro tende a piorar porque as empresas (26empresas, deixando menos espaço para iniciativas voltadas para o meio ambiente; do governo estconcentrarão investimentos na recuperação financeira em detrimento das iniciativas socioambientais. Cerca de 17% acreditam que o dinheiro aplicado em pesquisa e desenvolvimento de energias e modelos de negócio vai sumir da praça. Entre os que apostam na expansão do conceito após a crise, 34% afirmam que isso será possível porque a onda de consumo começará a diminuir, reduzindo assim a pressão sobre os bens naturais. Há um consenso de que a recessão induz à mudança na medida em que reduz o crescimento (30%), promove a revisão de modelos mentais (27%) e estimula inovações tecnológicas voltadas para a ecoeficiência.
O aquecimento global também ganhou capítulo especial na pesquisa. E nem poderia ser diferente. Dos considerados “grandes problemas ambientais”, que podem impactar a economia, a questão das mudanças climáticas é apontada por 71% dos entrevistados e a escassez de água por 69%.
Entre as abordagens mais eficazes para controlar as temidas mudanças climáticas, a grande maioria (79%) indicou, como primeira alternativa, a criação de taxas sobre as emissões de carbono. Houve consenso entre os especialistas de diferentes setores. Governos e acadêmicos se mostraram os mais convictos. Concessão de incentivos fiscais (56%), financiamento governamental para pesquisa em tecnologias verdes (52%) e comércio nacional e internacional de carbono (52%) também foram apontados como possíveis soluções. Quase sempre discordantes em muitos pontos de vista, especialistas de governos e universidades estão entre os que mais concordam sobre o potencial do investimento público em desenvolvimento de tecnologias limpas. Os de ONGs, por sua vez, incluem-se entre os mais céticos quanto a eficácia do comércio de emissões.
Os aparelhos econômicos (27%), as ciências e novas tecnologias (25%) foram apontados pelos especialistas como as abordagens mais eficientes para as mudanças climáticas. Aumento de regulamentação (19%), educação pública e persuasão (11%), e melhoria nas relações diplomáticas (7%) vieram em seguida.
Para saber que tecnologias específicas os especialistas consideram as mais eficientes no combate às mudanças climáticas, o GlobeScan apontou oito. Pela ordem de importância, as três mais referendadas foram a melhoria na eficiência energética (88%), o incentivo à conservação de energia (79%), fontes de energia renováveis (74%) foram as três abordagens mais apontadas pelos especialistas. No pé da lista com 18% de respostas, os biocombustíveis tiveram mais respostas entre os executivos de empresas.
O estudo da GlobeScan revelou ceticismo sobre o que poderá acontecer em Copenhague, no final deste ano, quando os líderes das nações se reúnem para discutir o acordo pós-Kyoto. Para 48% dos entrevistados, há pouco ou quase nenhum consenso nas soluções para as mudanças climáticas. Em comparação com o estudo de 2006, que abordou essa questão, especialistas de governos, ONGs e consultores estão mais pessimistas quanto a respostas consensuais para o desafio de reduzir o aquecimento do clima.
Indagados se crêem na possibilidade de um grande acordo internacional, eles se dividem entre os que acham pouco provável (37%) e os que acham provável (33%). Três em cada dez especialistas preferiram ficar em cima do muro.
No bloco dos mais otimistas, puxam a fila os governos. Entre os mais pessimistas, estão os líderes empresariais. Os especialistas da América do Norte são os mais animados com a possibilidade de um acordo de curto prazo. Sinal de que o discurso verde de Barak Obama está fazendo efeito.

* Ricardo Voltolini é publisher da revista Ideia Socioambiental e diretor de Idéia Sustentável: Estratégia e Conhecimento em sustentabilidade. ricardo@ideiasustentavel.com.br

(Envolverde/Revista Idéia Socioambiental)

Fonte: Mercado Ético (http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/a-sustentabilidade-segundo-especialistas-internacionais/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

BC já emprestou US$ 23 bi das reservas a empresas, diz Meirelles

O Banco Central já emprestou US$ 23 bilhões das reservas internacionais do país a empresas durante a atual crise, informou nesta sexta-feira o presidente da instituição, Henrique Meirelles.

Ele acrescentou que, desse montante, US$ 10 bilhões já foram pagos. Segundo os dados mais recentes do BC, as reservas internacionais brasileiras somavam US$ 201,3 bilhões em 22 de abril.

Meirelles informou, ainda, que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) cogita estender linhas de crédito para outros países, além da Argentina.

O presidente do BC reafirmou que é "intrigante" o fato de os economistas baixarem seguidamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do país e não reduzirem na mesma proporção a previsão de inflação.

O BC consulta semanalmente cerca de cem instituições financeiras que atuam no país para saber o que elas prevêem para os principais indicadores econômicos.

Há sete semanas, os analistas ouvidos previam que o PIB brasileiro cresceria 1,5% neste ano; hoje, a projeção é de retração de 0,49%. Para a inflação, a estimativa para 2009 caiu de 4,66% para 4,23% no mesmo período.

Meirelles disse, ainda, que o Brasil sairá mais forte da crise.

(Com informações da Reuters)

Fonte: http://economia.uol.com.br/ultnot/2009/04/24/ult4294u2511.jhtm

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia da Terra

Imagem do Documentário "Terra"

Caros amigos!
Não poderia deixar passar esse dia sem um registro.
Hoje é o dia internacional da Terra.
Mais que uma data comemorativa, este deve ser um dia de reflexão sobre nossa atitude e nossa responsabilidade pelo Planeta.
O que estamos fazendo, ou deixando de fazer, para cuidar do Lar que herdamos de nossos pais e pedimos emprestado aos nossos filhos?
Aqui, onde estou agora, "num tantinho de terra perdido no mar" como dizem cá, diante dessa paisagem agora árida e seca, paro para pensar não só nessa terra aqui, mas também na nossa terra no Brasil, e em todo o planeta.
Não apenas estamos degradando nosso ambiente, mas também destruindo as relações e cultivando a solidão.
O cuidado com a Terra caminha junto com o cuidado com o Outro.
Pensemos hoje um pouco em como está sendo nossa estada aqui.
Abraço a todos!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Banco Central não descarta novas medidas para reduzir juros

BRASÍLIA, 21 de abril de 2009 - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, não descarta novas medidas para a redução dos spreads bancários - diferença entre a taxa de captação de recursos pelos bancos e o custo cobrado nos empréstimos ao consumidor. Ele considera que as medidas adotadas pelo BC já surtem efeito na economia, mas é preciso aguardar um pouco mais antes de novas decisões. - Está havendo redução gradual e algumas medidas já foram tomadas, como o Fundo Garantidor de Crédito e o leilão de dólar sem direcionamento. Estamos aguardando o efeito disso. E, caso seja necessário, poderemos tomar novas medidas - afirmou.

Quanto às mudanças nas cadernetas de poupança, Meirelles informou que, independentemente da decisão do governo, a ideia é manter a aplicação como grande canal de investimento e preservação de patrimônio da população brasileira, principalmente dos pequenos investidores.

Sobre a vinculação do rendimento à Selic (taxa básica de juros), o presidente do Banco Central disse que o governo não tem ainda nenhuma decisão a respeito das mudanças para a caderneta de poupança. As mudanças no rendimento das cadernetas de poupança vêm sendo discutidas pela área econômica por determinação do presidente Lula. O objetivo é evitar que os grandes poupadores usem esse tipo de aplicação para proteger seus investimentos por causa da queda dos juros de outras aplicações.

(As informações são da Agência Brasil)


Fonte: http://www.gazetamercantil.com.br/GZM_News.aspx?Parms=2453643,1,20,1

sábado, 18 de abril de 2009

Ceará gera 1.372 vagas em março




A indústria de transformação, junto com os serviços, puxou a geração de empregos (Foto: José Leomar)






Após dois meses de resultados negativos, o mercado de trabalho formal no Ceará reage e gera 1.372 vagas — uma elevação de 0,17% no estoque. Em fevereiro, foram perdidos 473 empregos. No mês, foram admitidas 28.131pessoas e desligadas 26.759. Em termos absolutos, o resultado foi o segundo melhor da série histórica do Caged (2003), inferior apenas ao ocorrido em 2008 (2.973 postos). Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de março, divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

No ranking nacional, o Estado ocupa a 10ª colocação no número de empregos gerados. Tal desempenho foi puxado pela expansão principalmente na indústria de transformação (1.782 vagas) e no setor de serviços (1.110 postos). Apresentaram saldos negativos a construção civil (-587); o comércio (-112); administração pública (-3); e agropecuária(-793).

No primeiro trimestre do ano, houve decréscimo de 0,71%, quando foram perdidos 5.962 postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, foi verificado crescimento de 4,94% no nível de emprego com carteira assinada( 38.954 vagas). Este resultado foi o melhor entre os Estados da região Nordeste.

De acordo com Mardônio Costa analista de mercado de trabalho do IDT (Instituto de Desenvolvimento do Trabalho), ´o resultado confirma estudo do Banco Central que aponta a região Nordeste como a menos penalizada com os efeitos da crise´. ´O Ceará que tem sua indústria focada em bens intermediários e itens de consumo interno, não depende muito do mercado externo — o que tem propiciado esses dados positivos, influenciados, principalmente pelo setor industrial´.

Costa disse ainda que essa performance do mercado de trabalho formal ´é muito importante porque inicia um processo de reversão de tendência, que reflete um pouco a evolução conjuntural do início do ano´, destaca.

´O crescimento da economia cearense no ano passado, ainda reflete positivamente. Afora os investimentos do governo em grandes projetos estruturantes e infra-estrutura turística— o que deve gerar emprego e renda´, acrescentou.

O Caged registrou também que a Região Metropolitana de Fortaleza gerou 430 empregos formais (0,07%). Nos municípios com mais de 30 mil habitantes, o destaque ficou com Sobral, que mostrou um saldo de 996 vagas, com uma variação de 3,17%. Entre as localidades também com resultados positivos estão Cascavel (366 novos postos); Juazeiro do Norte (244); Eusébio(243); Maracanaú (195); Maranguape (190) e Crato (156 vagas geradas). A maior perda ocorreu em Russas com saldo negativo de 294 vagas.

Isildene Muniz
Repórter

Fonte:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=631080

Tecnologias simples têm sido utilizadas por muitas comunidades para viver bem sem abandonar atividades tradicionais

Soluções simples e de baixo custo, capazes de gerar trabalho e renda com sustentabilidade. Esta é a motivação central da 2ª Conferência Internacional de Tecnologia Social, a partir de hoje, em Brasília, com gestores de instituições públicas e privadas, lideranças comunitárias, empreendedores sociais e representantes de organizações de pesquisa de nove países (Angola, Argentina, Brasil, Canadá, Espanha, México, Peru, Uruguai e Venezuela). O tema “Caminhos para Sustentabilidade” norteia palestras, mesas-redondas e painéis onde são apresentadas experiências nacionais e internacionais no campo das Tecnologias Sociais, tanto na área urbana quanto na área rural.

A Conferência é organizada pela Rede de Tecnologias Sociais (RTS), em conjunto com a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong); com patrocínio do governo federal, bancos e instituições de fomento.

Em 2008, foram acertadas metas de reaplicação em escala para duas tecnologias sociais: pactuação pela reaplicação de cinco mil unidades do Sistema de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) até 2010; e mobilizar esforços para atender, no mesmo período, 15 mil famílias com as tecnologias de captação de água de chuva voltadas para a produção vinculadas ao Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2).

Mandioca

Entre as tecnologias já desenvolvidas no Ceará, está a utilização dos resíduos da mandioca. Cartilha do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), disponível para download gratuito, ensina a transformar esses resíduos em fertilizantes naturais, defensivos contra insetos e pragas e insumos básicos para a produção de vinagre, tijolos e sabão.

Da mandioca, geralmente se aproveita apenas a raiz, como farinha e goma de tapioca. A parte aérea da rama geralmente é jogada fora, embora possa ser utilizada na alimentação animal. A manipueira, líquido ácido de cor amarelada que sai da mandioca depois de prensada, também costuma ser dispensada. A cartilha apresenta o modo de preparo das receitas e os insumos complementares necessários. Como adubo, por exemplo, a manipueira – que é tóxica – pode enriquecer o solo, se bem manejada.

ATIVIDADE SUSTENTÁVEL
Algodão agroecológico é um sucesso

A aposta de 320 famílias cearenses é o cultivo de algodão orgânico em sistemas consorciados com culturas alimentares como milho, feijão, gergelim e guandu. Além de garantir diversidade alimentar e reduzir os riscos de perdas totais em casos de seca ou surtos de pragas, o algodão é vendido pelo dobro do preço do produto convencional por meio do comércio justo.

Segundo a Organic Trade Association (OTA), o algodão ocupa pouco mais de 2,4% de toda a área agriculturável do planeta, mas é responsável por cerca de 24% de vendas do mercado global de inseticidas e 11% das vendas globais de pesticidas. Uma alternativa para esse cenário é o algodão orgânico - já cultivado em mais de 18 países.

No Brasil, o protagonismo no setor não vem de grandes produtores do eixo Rio-São Paulo, mas de agricultores familiares do Semi-Árido cearense, onde também não há monocultura, marca da cotonicultura brasileira. O algodão é cultivado em sistemas consorciados com culturas alimentares, além de espécies arbóreas.

A prática, que se alastrou do município de Tauá para o Sertão Central e o Norte do Ceará, pelas mãos do Centro de Pesquisa Esplar. Toda a produção é beneficiada pela Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec), que comercializa a fibra ecológica, desde 2004, pelo sistema de comércio justo para a empresa Veja Fair Trade, da França, e para a Justa Trama, no Rio Grande do Sul.

No Ceará, uma usina compra a arroba (15kg) do algodão tradicional por cerca de R$ 12,00. Com o comércio justo, os produtores orgânicos têm a venda garantida e recebem R$ 24,90 pela mesma quantidade de algodão agroecológico.

A diversidade de plantas proporciona melhor aproveitamento do potencial de cada área, em função de exigências diferenciadas de luz, umidade e nutrientes por parte de cada planta. O manejo de pragas se dá com a catação dos botões florais afetados pelo temido bicudo. Para enfrentá-lo sem a necessidade de agrotóxicos, são feitas pulverizações com extrato de folhas de nim.

PRODUÇÃO OTIMIZADA
Aproveitamento total do coco babaçu

No Brasil, cerca de 400 mil quebradeiras de coco vivem do extrativismo do babaçu. De olho na agregação de valor, tecnologias simples e de fácil manuseio permitiram dobrar a renda de 200 famílias cearenses e maranhenses com o seu aproveitamento total.

Da folha, pode se fazer telhado para as casas e artesanato; do caule, adubo e estrutura de construções; da casca do coco, carvão para alimentar as caldeiras da indústria; do mesocarpo, a multimistura usada na nutrição infantil; da amêndoa pode obter-se o óleo, empregado na alimentação e na produção de combustível, lubrificante e até mesmo sabão.

De olho neste potencial, pouco aproveitado pelas quebradeiras de coco espalhadas pelos 18,5 milhões de hectares de babaçuais na faixa de transição para a floresta amazônica, principalmente no Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, a Fundação Mussambê desenvolveu a tecnologia social “Aproveitamento Total do Coco Babaçu”.

A despeliculadora facilita a retirada da amêndoa e o aproveitamento de dois subprodutos: o mesocarpo (amido, cálcio, fósforo e ferro) e o endocarpo (fibras). Também foram criadas a máquina rotativa de corte de coco e a prensa hidráulica para extração do óleo.

A idéia original do engenheiro Gilberto Batista era facilitar o corte do coco, antes feito pelas quebradeiras com machado e cassetete. Com a máquina, a produção passa de mil cocos por dia para 30 mil. A Associação dos Moradores dos Sítios Correntinho, Cruzinha, Saguim, Carrapicho e Coruja, em Barbalha (CE) foi pioneira na adoção da tecnologia.


A tradicional casa de farinha brasileira, depois de diversas melhorias, orientadas pelo Sebrae, proporciona maior qualidade de vida aos produtores

Maristela Crispim
Repórter

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=630819

domingo, 12 de abril de 2009

O tempo na economia e na arte

Confiram essa matéria da Revista HSM sugerida pelo Prof. Jeová. Ótima!

Abração para todos e boa semana!

Suely


O tempo na economia e na arte


Artigo de especialista aborda a importância de realizar análises ao longo dos tempos. Neste texto, a autora faz uma analogia entre economia e arte e traça comparações. Confira!

Nas sociedades contemporâneas, o tempo, instigante dimensão das mais diversas atividades humanas, tornou-se uma variável que preocupa a todos os estudiosos. Cada vez mais a categoria tempo está presente na literatura atual, quer em reflexões filosóficas e análises acadêmicas de todas as áreas do conhecimento, quer em variado material de comunicação na mídia impressa e virtual.
Em economia, o tempo é importante nas decisões dos problemas econômicos fundamentais e interdependentes de qualquer sociedade ou de qualquer organização econômica e está embutido nas conhecidas questões − o que, como, quanto e para quem produzir. Está presente, portanto, na famosa opção entre produzir mais manteiga ou mais armas bélicas no caso de recursos econômicos escassos, como ensinou Paul Samuelson em seu pioneiro Fundamentos de Economia, de 1948 (mais tarde denominado Economia e reeditado com atualizações − atualmente em parceria com William D. Nordhaus).
O tempo é também fator preponderante nas análises keynesianas de propensão a consumir, propensão a poupar e propensão a investir, quer de pessoas físicas, quer de pessoas jurídicas. É a variável básica em cenários sobre decisões de curto, médio e longo prazos nas áreas de microeconomia, macroeconomia, política econômica ou desenvolvimento sustentado; nas análises sobre mudanças climáticas, aquecimento global, devastação ambiental, produção agropecuária ou desafios de prover a população mundial de alimentos; ou, ainda, nas estratégias de investimentos financeiros, imobiliários e outros.
Sabe-se que todas as pessoas enfrentam a necessidade de tomar decisões econômicas “intertemporais”, de fazer escolhas, comparar custos e benefícios no tempo presente e no tempo futuro, de escolher entre o consumo imediato ou determinado investimento, com o objetivo de obter lucros no futuro.
É interessante também observar como o tempo é “representado” no imaginário dos artistas e quais as técnicas que eles utilizam para “mostrar” esse “algo” que percebemos, sabemos que existe, mas não é palpável.
De modo geral, relógios de variadas formas, dimensões e múltiplos usos (inclusive como decoração em arquitetura, fino mobiliário ou joias valiosas) estão espalhados em residências, ambientes de trabalho, espaços públicos, particulares e outros, para “acompanhamento” do fluir do tempo. E quando este tema parecia esgotado, Salvador Dalí surpreendeu o mundo ao destacar a preocupação humana com o tempo e a memória por meio de relógios moles, gelatinosos e flácidos.
Alguns artistas tentam mostrar, também, a “ausência” do tempo − como a imobilidade em obras neoclássicas ou em natureza morta, ou a percepção do vazio e do imaterial por meio de distorções, iluminações, profundidade, ou pela oposição de materialidade e de imaterialidade, superfície e fundo, côncavo e convexo, cheioe vazio (com destaque para obras como as esculturas de Anish Kapoor, indiano radicado na Inglaterra).
A História da Arte registra diversos movimentos artísticos, do classicismo aos dias atuais, em que predomina o desejo de dar visibilidade à “efemeridade” do tempo ou do “instante breve” (incluindo happenings, instalações e performance art); ou exibir o tempo e a intensidade dos “gestos” do artista durante o ato de pintar (Action Painting ou Gestualismo); representar a “velocidade” do tempo por meio de “ações” instantâneas e espontâneas do pintor (Futurismo); ou a vontade de “parar” o tempo, como os ready-mades glaciais de Marcel Duchamp em A Grande Noiva.
Na arquitetura, o tempo é uma quarta dimensão acrescentada ao formato do edifício giratório “Dynamic Tower”, de 80 andares, projetado para Dubai (Emirados Árabes) por David Fisher.
Atualmente, a “economia de tempo” na arte cibernética está em obras criadas “coletivamente” por artistas e equipes de técnicos de informática, comunicação, engenharia, matemática e outras especialidades; ou em obras virtuais de arte, exibidas em netmuseus, netgalerias, netmagazines, sites de comunidades virtuais etc.
Ou então, a comunicação em tempo real oferece várias vantagens, como por exemplo, a “economia” de tempo e de “recursos financeiros” (especialmente as despesas de transporte internacional, hospedagem e outras) devido à crescente possibilidade de os artistas oferecerem online suas obras a colecionadores e a compradores do mundo inteiro.
Ademais, hoje é possível o encontro da oferta e da procura em "Leilões de Arte pela Web" (criados pioneiramente pela Christie’s no final de 2007) com a “presença virtual” de leiloeiros devidamente credenciados. Embora permaneçam em suas residências ou escritórios em qualquer parte do mundo, esses profissionais acompanham as sessões de leilão e lances dos compradores em “tempo real”, já que é ilimitada a possibilidade de acesso à ampla teia de comunicação no ciberespaço.
Igualmente em “tempo real” multiplicam-se os eventos artísticos, debates ou workshops sobre arte entre membros de grupos sem fronteiras e de comunidades virtuais conectadas na Web. Todas as questões ligadas ao tempo e à sua “representação” artística refletem-se, também, na “fruição” da arte – passa-se da contemplação estática e quase sagrada de obras-primas em “museus-santuários”, ao “contato direto” com a arte (como Centros Culturais interativos reais e virtuais). E na Web, obras raras dos mais famosos museus de todos os continentes são oferecidas on-line para fruição, estudo ou análise de admiradores de heterogêneos segmentos sociais do mundo, contribuindo para a democratização e a popularização da arte (durante muito tempo privilégio de nobres e de pessoas de alto poder aquisitivo).
Concomitantemente, o avanço da tecnologia estimula os artistas a buscarem novos espaços-tempo, novas linguagens, novas articulações de cores e de formas, marcadamente despojadas da concepção antropocêntrica do mundo, de seus deuses e seus heróis.
Há, ainda, outros enfoques do tempo que estão em constante interação com a Economia e a Arte: o tempo cronológico, baseado nos ciclos da natureza (nascer e pôr do sol, os ciclos da lua ou as tábuas das marés); o tempo biológico, ligado ao ciclo de vida de todos os seres; o tempo real (“Real Time”) ou a possibilidade de determinado fato e seu processamento acontecerem de modo quase simultâneo; o tempo do trabalho, ou desvinculação das atividades humanas da alternância dia-noite como decorrência do processo de produção capitalista e da concentração dos operários em cidades (e a consequente multiplicação de sinos em igrejas e fábricas para controlar o ajustamento do estilo da vida humana às necessidades da divisão do tempo); o espaço-tempo, sem feição sociocultural e desligada das necessidades humanas com a mecanização do processo de produção; ou o presente extenso que está sendo gerado pela economia globalizada e tende a se tornar um tempo único, sem passado nem futuro.
Todos esses enfoques, todavia, tratam apenas “parcialmente” de um tempo que existe, não é invenção humana, mas não se consegue tocar com as mãos. E enquanto os economistas procuram analisar o tempo objetiva e pragmaticamente, os artistas buscam introduzir sonhos e utopias na sua representação. Então, afinal, o que é o tempo na Economia e na Arte? É interessante a resposta de Santo Agostinho: “se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei”.

Por Diva Benevides Pinho (economista, advogada, professora titular da FEA-USP, membro das Associações de Amigos do Museu de Arte Contemporânea (AAMAC) e do Departamento de Economia da FEA-USP (AMEFEA). E-mail: dbpinho@uol.com.br)HSM Online06/04/2009


sexta-feira, 10 de abril de 2009

Estudos regionais voltam à corrente principal da ciência econômica





Ensaios de Economia Regional e Urbana
Alexandre Xavier Ywata Carvalho, Carlos Wagner Albuquerque, José Aroudo Mota e Marcelo Piancastelli (organizadores)
Editora Ipea, 2008, 468 páginas, R$ 19,00



Estudos regionais voltam à corrente principal da ciência econômica

Estanislau Maria


Nas últimas décadas, os estudos de economia urbana e de economia regional ocuparam um papel secundário no mainstream das ciências econômicas. Os principais fatores da descrença ou da pouca atratividade desses estudos estavam relacionados à necessidade de se abandonarem pressupostos dominantes como retornos constantes de escala e competição perfeita. Além do mais, os estudos associados à economia regional e urbana se caracterizam por uma forte interdisciplinaridade, atravessando diversos campos do conhecimento.
Mais recentemente, observa-se uma nova tendência no papel desses estudos. A mudança se torna perceptível nos trabalhos relacionados a teorias urbanas que ressaltam formas de economias de aglomeração em contraposição a deseconomias de aglomeração ou de congestionamento proveniente da concentração espacial das atividades. E novas teorias do crescimento econômico sobre a importância dos rendimentos marginais não-decrescentes para o capital e retornos constantes (no âmbito da firma) contribuem para explicar a taxa de crescimento da renda per capita.Pode-se citar uma variedade de modelos nessa linha de pesquisa: capital humano, acumulação de capital físico e infra-estrutura, investimentos em novas tecnologias, pesquisa e desenvolvimento, criação e fortalecimento de instituições. Para contribuir com a evolução dos estudos aplicados à economia regional e urbana, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou este ano o livro Ensaios de Economia Regional e Urbana (disponível também em meio eletrônico no site da instituição).
Os textos apresentados buscam produzir uma visão integrada da economia brasileira, encadeando três pontos para discussão da economia regional e urbana. São eles: (1) urbanização, crescimento e bem-estar; (2) dinâmica da renda, mercado de trabalho e demanda por serviços públicos; (3) análise dos instrumentos de intervenção pública nas regiões. A essas três dimensões de discussão correspondem três seções separadas no livro.A primeira seção aborda o sistema urbano do Brasil, marcado pela convivência de dois grupos distintos: a extrema pobreza mora lado a lado da concentração de riqueza. Os textos dessa seção elucidam algumas das medidas a serem adotadas pelos gestores públicos, a saber: aumentar a qualidade e oportunidade de emprego, aprovisionar condições de moradia mais adequadas, elaborar sistemas de informações para a eficiência de políticas públicas de prevenção e maior eficácia e amplitude na provisão de serviços públicos.
A gestão das cidades exerce um papel primordial neste cenário de crescimento populacional intenso. O aprofundamento dos problemas urbanos é apontado como uma das conseqüências de uma potencial má gestão, em que a maioria da população continuará vivendo em moradias inadequadas, sem direito de propriedade, sem provisão de serviços públicos, sem acesso a amenidades básicas e expostas à marginalidade e a áreas de risco de saú de pública. Favelas e criminalidade são relacionadas com a desigualdade de acesso.
A segunda seção do livro aborda as várias implicações do crescimento econômico no país, com foco nas alterações no padrão de desigualdade regional, no fluxo migratório de pessoas de áreas estagnadas para outras mais dinâmicas e nos efeitos sobre o mercado de trabalho e a despesa pública. Para captar as inter-relações entre todos esses elementos, traz artigos que tratam do crescimento econômico comparado entre alguns municípios, do padrão de desigualdade nacional, do fluxo migratório, do mercado de trabalho rural e da demanda por serviços públicos locais.
A terceira seção do livro reúne um conjunto de cinco estudos voltados para a reflexão sobre políticas e instrumentos de desenvolvimento regional no Brasil ao longo do período (e/ou com ênfase) que se iniciou nos anos 1990 e até pelo menos o ano de 2003. Essa fase de adoção de reformas estruturais reflete-se na condução da política macroeconômica visando à ampliação da abertura comercial e liberalização financeira para o exterior como elementos atratores do investimento externo para o desenvolvimento.


quinta-feira, 9 de abril de 2009

Stephanes: preço de leite importado da Argentina preocupa governo

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que o governo está preocupado com a importação de leite da Argentina. Segundo ele, uma única empresa é responsável por 50% do leite importado do país vizinho, a preços "baixíssimos", e venceu licitações para fornecimento de leite a vários estados brasileiros.

"A Argentina está empurrando leite a preços baixos no mercado brasileiro", disse Stephanes, para quem o país não pode se tornar um "depósito do excesso de leite" do parceiro do Mercosul. Para piorar a situação dos produtores, no ano passado o Brasil passou por uma superprodução de leite e teve dificuldades para comercializar todo o produto.
Durante a reunião conjunta das câmaras de leite na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), ocorrida no último dia 7, Stephanes disse que é importante manter as importações em níveis que não prejudiquem os produtores brasileiros. "Não somos a favor do protecionismo, mas as exportações de um país não podem fugir do padrão em período de crise", afirmou.
Em fevereiro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) acusou a Argentina de fazer triangulação do leite subsidiado da Comunidade Europeia, repassando para o Brasil um produto com o preço falso e bastante competitivo. Na ocasião, a entidade disse que a indústria de laticínios no Brasil pagava à Argentina R$ 0,41 por litro, enquanto o preço médio pago ao produtor interno era de R$ 0,59. Com essa diferença, as importações cresceram 40% no ano passado.
Quanto à empresa que compra metade do leite que é vendido no Brasil, o ministro disse que não há meios legais claros para impedir sua ação, a não ser uma fiscalização forte dos estados quanto à origem dos produtos que estão adquirindo por meio de licitações. Stephanes quer que as importações voltem aos níveis de antes da crise financeira mundial.
FONTE: Agência Brasil - Danilo Macedo - Repórter

http://www.agrosoft.org.br/agropag/209943.htm

INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - Brasil 2008

A construção de indicadores de desenvolvimento sustentável no Brasil integra-se ao conjunto de esforços internacionais para concretização das idéias e princípios formulados na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, no que diz respeito à relação entre meio ambiente, desenvolvimento e informações para a tomada de decisões.

Com a publicação Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2 008, o IBGE dá continuidade à série iniciada em 2002, mais uma vez colocando à disposição da sociedade um conjunto de informações sobre a realidade brasileira, em suas dimensões ambiental, social, econômica e institucional. A partir da presente edição, os Indicadores se sedimentam como uma contribuição aos tomadores de decisões ao apresentar, periodicamente, um panorama abrangente dos principais temas relacionados ao desenvolvimento sustentável no Brasil. Na atual edição, são apresentados 60 indicadores que, em sua maior parte, correspondem àqueles constantes na edição de 2004. Poucos foram acrescentados e poucos, ainda, não puderam ser atualizados, mas todos foram revistos, incluindo seus textos explicativos.
Os indicadores selecionados originam-se de estudos e levantamentos do IBGE e de outras instituições. Fornecem, em sua dimensão ambiental, informações relacionadas ao uso dos recursos naturais e à degradação ambiental, organizadas nos temas atmosfera, terra, água doce, mares e áreas costeiras, biodiversidade e saneamento. Em sua dimensão social, os indicadores abrangem os temas população, trabalho e rendimento, saúde, educação, habitação e segurança, vinculados à satisfação das necessidades humanas, melhoria da qualidade de vida e justiça social. A dimensão econômica dos indicadores busca retratar o desempenho macroeconômico e financeiro e os impactos no consumo de recursos materiais e uso de energia mediante a abordagem dos temas quadro econômico e padrões de produção e consumo. Por sua vez, a dimensão institucional, desdobrada nos temas quadro institucional e capacidade institucional, oferece informações sobre a orientação política, a capacidade e os esforços realizados com vistas às mudanças necessárias para a implementação do desenvolvimento sustentável.

Os indicadores são apresentados sob a forma de tabelas, gráficos e mapas, precedidos de uma ficha contendo a descrição das variáveis utilizadas em sua construção, a justificativa e, em casos específicos, comentários metodológicos, incluindo, ao final da publicação, um glossário com a conceituação da terminologia utilizada. Contemplam série histórica e abrangem, sempre que possível, informações para o País e Unidades da Federação, permitindo o acompanhamento dos fenômenos ao longo do tempo e o exame de sua ocorrência no território.
Essas informações estão disponíveis no CD-ROM que acompanha a publicação e no portal do IBGE na Internet. Valiosas para a compreensão dos temas relevantes para o desenvolvimento do País, permitem estabelecer comparações, conhecer a orientação e o ritmo de seus vários elementos, bem como fazer uma apreciação integrada de diferentes enfoques e dimensões, fundamental à adequada formulação e avaliação de políticas na perspectiva do desenvolvimento sustentável.


Arquivos completos:
IDS 2008: ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursosnaturais/ids/ids2008.pdf
IDS 2004: ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursosnaturais/ids/ids2004.pdf
IDS 2002: ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursosnaturais/ids/ids2002.pdf

FONTE: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/default.shtm?c=1

terça-feira, 7 de abril de 2009

Crise financeira não afeta cooperativas no Brasil

06/04/2009 - 15:23:49

Stênio Ribeiro, da Agência Brasil

As cooperativas brasileiras vão muito bem, distantes das problemas que afetam a economia desde que a crise financeira internacional tornou-se mais aguda. A afirmação é do presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. O setor “não aplica em derivativos [títulos podres], destacou.

Mário Lopes disse também que, como as cooperativas não visam lucro e o cliente é o próprio cooperado, com reduzida taxa de risco, podem oferecer taxas de juros bem menores do que a média praticada no mercado.

Ele ressaltou que o sistema cooperativo ainda é pequeno, com apenas 2% das operações de crédito do sistema financeiro nacional, e que as cooperativas de crédito “não sofreram nenhum impacto negativo com a crise”. Isso porque se trata de empreendimentos locais, com sobras de poupança aplicadas na região de atuação, entre os próprios associados, explicou. Não houve, portanto, reflexo de perda de depósito, aplicações ou diminuição de movimentação das cooperativas.

Lopes lamenta, no entanto, o fato de o setor não dispor de mais recursos para ampliar suas ações acima do crescimento médio alcançado nos últimos anos, em termos de faturamento: 11,61% em 2006, 6,15% em 2007 e 15,87% em 2008. Ele considera “o momento atual adequado para as cooperativas ampliarem seu leque de negócios”, mas ressalta a existência de uma barreira, que “são os próprios limites operacionais do setor”.

O presidente da OCB observou que o setor como um todo trabalha para ampliar os limites de investimento, o que depende da própria capitalização das cooperativas, que só podem atuar no limite proporcional a seu capital social. O cooperativismo obedece, portanto, a um ritmo natural de crescimento, com “resultados até surpreendentes”, segundo Lopes. Ele enumera a existência hoje de 7.682 cooperativas brasileiras em 13 ramos de atividade, com 7,887 milhões de associados e 4.182 postos de atendimento país afora.

Além da regulamentação do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo pelo Congresso, na semana passada, o presidente da OCB destaca outra importante medida para o setor, aprovada dois dias depois pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que permite aos dois bancos cooperativos participar dos financiamentos no âmbito do pacote habitacional do governo, que prevê 1 milhão de novas moradias.

“Foi uma medida extremamente positiva”, afirmou Márcio Lopes, ao lembrar que as cooperativas têm condição de construir casas com custos mais reduzidos, porque os próprios usuários acompanham a gestão dos negócios. “Temos bons exemplos de cooperativismo habitacional, em diferentes regiões”, disse ele. De acordo com Lopes, um dos pólos mais ativos é Águas Claras, no Distrito Federal, com vários prédios construídos por cooperativas.

(Agência Brasil)


Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/crise-financeira-nao-afeta-cooperativas-no-brasil/

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Desigualdades Regionais - Exclusão democrática

As desigualdades regionais se apresentam como parte da própria história do Brasil. A exclusão gerada por esse fato não se restringe às regiões conhecidas como as mais pobres do país, Norte e Nordeste. Pelo contrário, se espalha por todo o território nacional.
Esse fenômeno demonstra uma cruel realidade: não há nada mais democrático no Brasil, em termos de análise territorial, do que a exclusão. Fatores como o processo desordenado de ocupação territorial, a urbanização acelerada e a total incapacidade do Estado de capitanear o planejamento regional, têm resultado não apenas na perpetuação de um quadro de exclusão no Norte e Nordeste.
Baixos índices de desenvolvimento e alta concentração de renda são também características encontradas nas regiões mais ricas do nosso país. Contudo, isso é reflexo de um processo desordenado de desenvolvimento regional. As dificuldades das regiões mais pobres "transbordam" para as mais ricas. A reportagem transcrita abaixo ilustra bem essa reflexão.

Ao mesmo tempo em que não se resolvem os problemas estruturais no Norte e Nordeste, são gerado a cada dia mais problemas nas outras regiões. Por isso, discutir o Desenvolvimento Regional hoje não é apenas uma necessidade restrita a uma parcela da população brasileira, mas a todos nós. Um processo sustentável de desenvolvimento regional significa o fortalecimento do país como um todo.
Os meninos Davi e Jeferson andam de bicicleta em campinho ao lado de presídio e sonham em ser policiais quando crescerem
Foto: Flávio Florido/UOL



03/04/2009 - 07h20
Entorno de "Carandiru caipira" sofre com briga entre prefeitura e Estado

Rodrigo Bertolotto
Do UOL Notícias
Em Hortolândia (SP)

A cidade de Hortolândia (SP) tem dois lugares cercados de toda a segurança, dentro dos quais circulam diariamente por volta de 10 mil pessoas. Um deles é a Tech Town, condomínio empresarial especializado em tecnologia da informação, tendo a multinacional IBM como empresa mais famosa.

O outro é o complexo penitenciário que foi batizado de "Carandiru caipira", por sua dimensão semelhante e por albergar muitos detentos transferidos da célebre Casa de Detenção desativada em 2002 na zona norte de São Paulo. Fora das cercas prisionais, as pessoas estão realmente desprotegidas: bairros surgem, sem nenhuma infraestrutura, com população que mistura parentes de presos, agentes penitenciários e pessoas que vivem da economia em torno da cadeia.

A prefeitura local reclama uma compensação pelo ônus social de 8.000 detidos em um município de 200 mil habitantes. O governo, por meio da Secretaria da Administração Penitenciária, diz que sua ingerência se limita a fronteiras muradas. O atrito também acontece por motivos políticos: Hortolândia é um reduto petista em um Estado governado pelo PSDB.

Em torre de presídio, vigia observa os detentos de Hortolândia


Um episódio escancara a situação: familiares dos presos têm de chegar na véspera da visita (para conseguir senha de entrada), pagando R$ 10 pelo pernoite ao relento em colchonetes em uma das pensões da vizinhança. Um grupo de mulheres de presos descobriu que uma das pousadas era de propriedade de um carcereiro e quase lincharam a prima do funcionário público que tocava o empreendimento - revoltaram-se porque eram alojadas pela mesma pessoa que aprisionava seus parceiros.

"Aqui é um lugarzinho cheio de gente com parente em cana", define Eliana Guimarães, apontando a poeirenta Vila Guedes. Ela tem um filho preso há 11 meses. Ao seu lado está Jaqueline Fátima, cujo namorado vive do outro lado do muro. "Fui visitar meu irmão e me apaixonei pelo amigo dele. Tenho duas filhas desse relacionamento, de nove e sete anos", conta.

O entorno do presídio cheira a uma mistura de esgoto e queimada. Das ocupações correm línguas de água servida em direção a pastos com gado. O mato alto é constantemente incendiado, e a paisagem se perde em meio à fumaça. A horta que dá nome à localidade não se vê. Bosque frondoso só mesmo na bandeira do município.

No Parque Perón, o líder comunitário Juracir dos Santos atravessa um matagal cheio de ratos e cobras para mostrar que o rio Jacuba ganhou uma nova nascente: a cloaca que escoa 50% do esgoto do presídio ao lado. Metros abaixo está a mina originária de água que só serve para diluir um pouco a poluição. Galinhas ciscam nos dejetos. Crianças brincam perto. Os meninos Derek e Jeferson simulam uma perseguição em suas bicicletas.

"Vim da Bahia para cá em 1989 para construir a prisão e decidi ficar. O bairro era tranquilo e tinha água limpa para a gente tomar banho e lavar as roupas. Hoje, os problemas se acumulam, mas pelo menos tem menos fugas e crimes", diz Juracir. Cinco anos atrás, a cidade era a segunda no ranking de homicídios do Estado e acabou batizada como "Mortolândia".

O azulejista Juracir mostra o campinho em que treina o time do bairro e faz questão de mostrar um dos patrocinadores: o bar do Luisão, onde os agentes penitenciários se reúnem no final de expediente. Esses funcionários públicos não querem aparecer em reportagem. O temor é duplo. Por um lado, alguma punição das autoridades. Por outro, uma vingança de algum detento. Um carcereiro faz jornada também como cabeleireiro na vizinhança. "Vejo alguns detentos passarem na frente do salão, mas finjo que não vi", comenta sobre os presos em regime semiaberto, facilmente identificados por suas calças beges, que capinam e varrem nas vias públicas.

As histórias de ataques nos períodos de indulto são comuns. O último caso foi de um motorista de lotação que se engraçou com uma namorada de preso. Para se vingar, um comparsa deu uma descarga de tiros no peito do "talarico" (gíria para ladrão de mulher).

Mães, esposas e irmãs se aglomeram desde quinta para a visita do fim de semana. Depositam o "jumbo" (sacola com produtos de limpeza e higiênicos) num dia. Esperam as senhas no outro. E, finalmente, no sábado e domingo fazem horas de fila para verem seus entes encerrados. Elas desenvolveram uma economia paralela. Uma é manicure e banca os custos de viagem pintando as colegas de sina e as garotas das proximidades.


Jaqueline conheceu namorado em visita e teve filhas com ele

Maria Aparecida Barros sai da Casa Verde, bairro da capital paulista, e atravessa os 105 quilômetros até Hortolândia todas as semanas. Traz na bagagem uma sacola com calcinhas e sutiãs para a multidão predominante feminina na porta da cadeia. "Aqui é vida louca. Uma ajuda a outra porque não esperamos ajuda das autoridades." As próprias visitas organizam a entrada no presídio, criando um sistema de senhas que privilegia idosas, gestantes e quem chega antes (muitas acampam à beira da avenida).

Barraca próxima oferece aluguel de chinelo, afinal, tênis é proibido

Natural de Foz do Iguaçu (PR), Maria Aparecida conheceu seu amor quando estava presa na Penitenciária Feminina de Santana e começou a se corresponder com um preso no Carandiru. Ela foi solta, e ele foi transferido para Hortolândia. Como não há perspectiva de soltura, Maria Aparecida já se acostumou ao namoro que tem uma revista policial como preliminar.

O "Carandiru caipira" foi projetado para abrigar 5.300 presos, mas a estimativa atualmente é que o número passa de 8.000 em unidades que recebem nomes como P1, P2 ou P3, o que transformaria o local na maior concentração de detentos de São Paulo. A Secretaria da Administração Penitenciária não divulga a quantidade, mas, por seu lado, o sindicato dos agentes penitenciários dá conta que há pelo menos 500 detentos a mais em cada uma das seis unidades prisionais localizadas na divisa com Campinas. Por esses números, Hortolândia seria endereço de 4% da população carcerária do Estado - em contrapartida, aloja apenas 0,5% de toda a população paulista.

Entretanto, Hortolândia não atrai só os presos, suas famílias e suas facções (em 2006, uma rebelião mostrou a força do PCC por lá). Na base da renúncia fiscal, recebeu instalações de gigantes da indústria tecnológica e farmacêutica. Foi tema de várias reportagens do tipo "O Brasil que dá certo". Quando a Dell mudou para a mesma cidade da IBM, logo se ouviu que ali seria o "Vale do Silício" do Brasil.

Apesar da vocação industrial, com crescimento econômico em níveis chineses e mais de 250 indústrias instaladas, é um lugar pobre: 85% da população economicamente ativa recebe menos de cinco salários mínimos. Muitos dos trabalhadores especializados dessas fábricas vivem nas cidades vizinhas. Hortolândia se emancipou da vizinha Sumaré em 1991, quando já tinha a IBM e a penitenciária em seu território, e até hoje tem de lidar com esse contraste em sua realidade.


PERFIL DO ENTORNO DO COMPLEXO PENITENCIÁRIO:*

Renda média per capita: R$ 260
72% dos chefes de família são mulheres
50% dessas mulheres estão no mercado informal
48% dos domicílios há casos de desemprego

*dados da prefeitura local


FONTE: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/04/03/ult5772u3477.jhtm

Reunião do G20 anuncia novas medidas


Líderes das maiores economias do mundo decidiram destinar US$ 1 trilhão para combater crise.

Os líderes das maiores economias do mundo, reunidos na cúpula do G20, em Londres, chegaram nesta quinta-feira a um acordo sobre medidas para combater a crise financeira mundial.

No encontro, ficou decidido que serão destinados mais de US$ 1 trilhão para combater os efeitos da crise, sendo US$ 750 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e US$ 250 bilhões para impulsionar o comércio global.

Além da injeção de recursos financeiros, os líderes também concordaram com outros pontos, como a imposição de sanções a paraísos fiscais, a necessidade de concluir a Rodada Doha de liberalização do comércio mundial e de denunciar países que adotem medidas protecionistas.

O que os líderes reunidos na cúpula do G20 decidiram?

Os líderes dos países do G20 decidiram triplicar para US$ 750 bilhões o volume de recursos disponível para o FMI, órgão que ajuda países em dificuldade. Esse montante inclui US$ 250 bilhões em SDR (Special Drawing Rights, ou Direitos Especiais de Saque).

Também serão destinados US$ 250 bilhões para ajudar a conter os efeitos da contração no comércio mundial e combater o protecionismo.

Os líderes concordaram ainda com novas medidas duras para regular as instituições financeiras, incluindo sanções contra paraísos fiscais que soneguem informações.

Qual será o efeito real das medidas anunciadas?

Há algum dinheiro novo, mas não tanto quanto parece. A maior parte dos US$ 250 bilhões para estimular o comércio mundial virá de programas já existentes, e apenas US$ 50 bilhões deverão ser destinados a países pobres.

A reforma do sistema financeiro será importante, mas somente para a próxima crise.

As medidas vão restaurar a economia mundial?

Sozinho o novo acordo terá apenas um efeito limitado sobre a crise econômica mundial. Somente parte do dinheiro destinado ao FMI será emprestado, e terá de ser pago com juros.

O mais importante é saber como os países continuarão a incentivar suas economias por meio de estímulos fiscais. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, que era o anfitrião da cúpula do G20, disse que "estamos no meio de uma expansão fiscal que verá, até o final do próximo ano, uma injeção de US$ 5 trilhões em nossas economias".

Além disso, ainda é preciso consertar o sistema bancário, especialmente nos Estados Unidos.

O que ficou de fora das medidas definidas na cúpula de Londres?

Houve pouca discussão sobre questões como as cotações em baixa do dólar e da libra, que preocupam alguns países.

A discussão da proposta feita pela China de uma nova moeda internacional foi adiada.

Também não foi mencionada a questão dos desequilíbrios globais, por exemplo, a necessidade da China de gastar mais e dos Estados Unidos de economizarem mais, que alguns analistas acreditam estar na origem da atual crise global.

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1071156-9356,00-ENTENDA+AS+MEDIDAS+ANUNCIADAS+NA+CUPULA+DO+G.html
Imagem: http://g1.globo.com/Noticias/0,,GF69645-9356,00-VEJA+FOTOS+DA+CUPULA+DO+G+EM+LONDRES.html

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A transição para a sustentabilidade


Jeffrey D. Sachs

© Project Syndicate, 2008. www.project-syndicate.org




A crise económica global vai acompanhar-nos durante
uma geração, e não apenas durante um ano ou dois anos,
porque na realidade é uma transição para a sustentabilidade.


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A crise económica global vai acompanhar-nos durante uma geração, e não apenas durante um ano ou dois anos, porque na realidade é uma transição para a sustentabilidade. Nos últimos anos, a escassez das matérias-primas primárias e os danos das alterações climáticas contribuíram para a destabilização da economia mundial que resultou na actual crise. A subida dos preços dos alimentos e dos combustíveis e os grandes desastres naturais ajudaram a minar os mercados financeiros, o poder de compra das famílias e mesmo a estabilidade política.
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Assim, para ultrapassar esta crise os países desenvolvidos e em desenvolvimento devem assumir políticas de construção de infra-estruturas ajustadas ao século XXI. Estas incluem redes eléctricas eficientes alimentadas por energias renováveis, redes de fibra e sem fios que transmitam a ligação telefónica e a banda larga de Internet, sistemas de água, irrigação e saneamento que usem e reciclem de forma eficiente a água potável, sistemas de transportes urbanos e inter-urbanos; auto-estradas mais seguras; e redes de protecção de áreas naturais que conservem a biodiversidade e os habitat de espécies ameaçadas.
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Estes investimentos são necessários no curto prazo para anular a queda dos gastos de consumo a nível mundial, que está na base da recessão global. Mais importante, são necessários no longo prazo porque um mundo cheio com 6,8 mil milhões de pessoas (e continua a aumentar) não pode, simplesmente, sustentar o crescimento económico a não ser que adopte tecnologias sustentáveis que economizem os escassos recursos naturais.
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Na prática, a crise global significa que os investimentos sustentáveis estão a ser reduzidos, em vez de aumentados no mundo em desenvolvimento. À medida que se perde o acesso a empréstimos bancários internacionais, a emissão de obrigações e ao investimento directo estrangeiro, os projectos de infra-estruturas previstos estão a ser adiados, ameaçando a estabilidade política e económica de dezenas de países em desenvolvimento.
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De facto, em todas as partes do mundo há importantes investimentos em infra-estruturas que estão atrasados. Chegou a hora de fazer um esforço global concertado para realizar esses projectos. Não é algo fácil de fazer. A maioria dos investimentos em infra-estruturas requerem a liderança do sector público para criar parcerias com o sector privado. Normalmente, o sector público realiza acordos com as empresas privadas não só para construir as infra-estruturas mas também para as explorar como um monopólio regulado ou em regime de concessão.
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Em geral, falta aos governos capacidade técnica para desenvolver estes projectos, criando as condições para o favoritismo e a corrupção na concessão de contratos importantes. É provável que estas acusações sejam lançadas contra os governos mesmo quando não são verdadeiras. No entanto, com demasiada frequência elas são verdadeiras. Assim, o atraso destes projectos está a provocar estragos na economia mundial. As maiores cidades do mundo são uma combinação de trânsito e poluição. A atmosfera está cheia de gases que provocam o efeito de estufa devido a intensa utilização de combustíveis fosseis. A escassez de água está a afectar praticamente todos os centros económicos importantes, desde a América do Norte à Europa, Índia e China.
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Os governos deviam, assim, reforçar os seus ministérios de infra-estruturas (incluindo energia, estradas, água e saneamento, e tecnologias de informação e comunicação), bem como os seus bancos nacionais, de forma a que estes possam desenvolver projectos e programas de infra-estruturas de longo prazo. A capacidade de contrariar a crise de forma construtiva através da criação de parcerias público-privadas vai determinar o sucesso dos países e das regiões. É interessante que os Estados Unidos estejam, pela primeira vez, a ponderar criar um Banco Nacional de Infra-Estruturas.
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Ainda assim, os conselheiros económicos norte-americanos e europeus acreditam que um intenso e curto estímulo é suficiente para repor o crescimento económico. Estão equivocados. O que será necessário é uma revisão da economia mundial no sentido da sustentabilidade.
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Além disso, os decisores políticos dos países ricos acreditam que podem continuar a negligenciar o mundo em desenvolvimento ou deixá-los abandonados à sua sorte nos mercados globais. Isto é também uma receita para o fracasso e, mesmo, para futuros conflitos.Os países desenvolvidos têm que fazer muito mais para ajudar os países pobres na sua transição para a sustentabilidade. Apesar de até agora a maior parte da legislação de "estímulo" ser de curto prazo e virada para dentro, o aumento do financiamento para estruturas sustentáveis em países pobres deveria dar um poderoso impulso às economias dos países ricos.
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Os países desenvolvidos deveriam canalizar poupanças para os países em desenvolvimento de forma a financiar investimentos sustentáveis. Isto pode ser feito directamente ou numa base bilateral. Por exemplo, através de empréstimos de longo prazo das agências de crédito à exportação dos países desenvolvidos. Pode ainda ser feito de forma multilateral, aumentando os fluxos de investimento em infra-estruturas do Banco Mundial e dos bancos de desenvolvimento (incluindo o Banco de Desenvolvimento Inter-Americano, o Banco de Investimento Europeu, o Banco de Desenvolvimento Africano e Banco de Desenvolvimento Asiático). Ambos os canais podem ser usados.
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Os países desenvolvidos também não reconhecem que um aumento do financiamento em infra-estruturas sustentáveis no mundo em desenvolvimento - especialmente de transmissão e geração de energia sustentável - é impossível chegar a um acordo global sobre as alterações climáticas no final deste ano (ou em qualquer altura).
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Os países ricos de alguma forma esperam que os países pobres restrinjam os uso de combustíveis fósseis sem ajudas significativas ao financiamento de novas e sustentáveis fontes de energia. Em quase todas as propostas dos países ricos sobre metas, limites, compromissos e licenças de dióxido de carbono, dificilmente existe uma palavra para ajudar os países pobres a financiarem a transição para tecnologias sustentáveis.
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A cimeira do G20 em Londres oferece a esperança de que é possível um verdadeiro esforço global para reparar a queda da economia mundial. Este é o tempo e o lugar para lançar um impulso mundial no sentido da sustentabilidade. Se falharmos neste objectivo, a crise colocará o mundo em perigo durante muitos anos.

FONTE: