País está preparado para lidar com instabilidade externa, diz BC
Citando elevação de ratings e reservas, Tombini afirmou que a economia brasileira já "se preparou para um cenário mais complexo”
Denise Motta, iG Minas Gerais | 01/08/2011 16:56
“O Brasil está preparado caso haja deterioração do cenário internacional”, afirmou na tarde desta segunda-feira o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. O dirigente da autoridade monetária brasileira disse que a maioria das medidas e incentivos adotada na crise financeira internacional de 2008 foram revertidas e que o País hoje possui um mercado interno muito mais robusto. Ele também disse que o regime de câmbio flutuante é capaz de absorver choques externos.
Tombini almoçou com empresários mineiros na sede da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), na capital mineira, e a partir de 14h proferiu breve palestra, que durou aproximadamente 30 minutos. O evento foi transmitido para jornalistas por meio de um telão, no andar térreo da sede da Fiemg.
O dirigente do Banco Central afirmou que “a economia brasileira não está se preparando. Ela se preparou para um cenário mais complexo”. Ele citou a elevação do rating do Brasil por agências de classificação de risco da dívida soberana e também números da reserva de dólares, ou seja, o volume de dólares que o País tem em caixa. “Chegamos ao mínimo de US$ 187 bilhões e hoje temos mais de US$ 345 bilhões, até junho de 2011. Isso nos dá capacidade de prover liquidez estrangeira em momento de maior estresse”, destacou.
O presidente do Banco Central saiu da Fiemg sem conversar com jornalistas, mas estaria otimista em relação à medida que aumenta a capacidade de endividamento dos Estados Unidos, de acordo com o presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior. “A expectativa dele (Tombini) é de que o assunto está maduro nos Estados Unidos e que o Congresso americano vai aprovar medidas”, contou o chefe da Fiemg.
Durante a palestra, Tombini traçou breve cenário atual da economia internacional e apontou o que vem sendo feito pelo governo brasileiro. Ele destacou que o cenário internacional de instabilidade tem como raiz atualmente a deterioração da economia norte-americana, com enfraquecimento do dólar como fenômeno global. O dirigente do Banco Central lembrou ainda que o cenário norte-americano é marcado hoje pelo desemprego em patamar elevado, a política fiscal com baixo grau de manobra e discussões sobre o teto de endividamento.
Entre as metas para manter o Brasil equilibrado, Tombini destacou a meta da inflação de 4,5% e a manutenção do crédito, entretanto, com uma agenda de contenção de endividamento das famílias. Para isso, foi elevado para 15% o pagamento mínimo de faturas de cartões de crédito, que anteriormente era de 10%. Em dezembro, lembra o presidente do Banco Central, este percentual subirá para 20%.
Tombini foi abordado por empresários mineiros e ouviu reclamações sobre a alta taxa de juros. O presidente da Fiemg destacou que o País passa por um processo de desindustrialização especialmente com o reforço do mercado asiático. “As pequenas empresas morrem com remédios dados pela economia como um todo”, afirmou o dirigente da Fiemg.
Flávio Roscoe, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas no Estado de Minas Gerais, questionou Tombini sobre o motivo de as medidas macroprudenciais serem tímidas e “insignificantes”, enquanto o aumento das taxas de juros é drástico. O presidente do Banco Central respondeu que “o volume de reservas internacionais é moderado, tem servido bem aos país, mas não podemos ter uma politica de braços abertos aos fluxos, em um cenário economia internacional imundada de liquidez”.
Alexandre Tombini diz que o cenário internacional de instabilidade tem como raiz a deterioração da economia norte-americana devido ao enfraquecimento do dólar em escala global. Mas qual fator ou agente é responsável por essa situação americana? Como pode um país subdesenvolvido, como o Brasil, está preparado caso venha ocorrer uma deterioração internacional? E será que pode esclarecer a seguinte frase: “As pequenas empresas morrem com remédios dados pela economia como um todo”, afirmou o dirigente da Fiemg. Até que ponto as microempresas se prejudicam com a economia tão volatil?
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