quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Brasil e a crise da dívida dos Estados Unidos

02/08/2011 - 15h41

Economia e bolso do brasileiro poderiam ser afetados se teto da dívida dos EUA não subisse



SÃO PAULO – Depois do impasse que durou mais de um mês, o Senado norteamericano aprovou, nesta terça-feira (2),  a proposta de elevação do limite de endividamento do país, atualmente de US$ 14,3 trilhões.
Com a elevação do teto da dívida, acabam os temores sobre um calote dos Estados Unidos, que deixou muitos analistas financeiros preocupados. De acordo com especialistas, o Brasil poderia ser afetado se o Congresso norte-americano não tivesse aumentado o limite de endividamento do país.
Isto porque, grande parte das reservas internacionais brasileiras estão aplicadas em títulos do governo norteamericano. Com um calote, o Brasil perderia condições de resistência à crise internacional.
“A nossa redução de vulnerabilidade foi alcançada por meio da construção de uma reserva de mais de US$ 300 bilhões e que está muito posicionada nestes papéis norte-americanos”, afirma o sócio-diretor do instituto de pesquisas Fractal.
 

Risco de inflação e desemprego
De acordo com o economista, um calote dos Estados Unidos poderia influenciar no preço das commodities no Brasil, trazendo mais risco de inflação para o País. “Tudo isto acaba trazendo uma pressão inflacionária de grandes proporções para a economia brasileira” diz.
Os preços mais altos também poderiam fazer com que a economia crescesse menos e a oferta de emprego fosse menor. Segundo Grisi, com menos emprego, os ganhos reais de renda verificados nos últimos anos teriam uma redução considerável.
Por fim, para tentar conter o avanço dos preços, o governo teria que promover aumento da taxa de juros, o que ocasionaria o encarecimento do crédito e provocaria mais inadimplência.
 

Menos exportações
O professor de relações internacionais do Ibmec, Creomar de Souza, ressalta que um calote da dívida dos Estados Unidos também poderia prejudicar as empresas que exportam para aquele país.
“Uma moratória do governo norteamericano poderia fazer com que a importação de produtos para aquele país fosse reduzida. Essa retração poderia afetar o faturamento das empresas exportadoras aqui no Brasil e inclusive gerar desemprego”, afirma.
 

Investimentos
Para a professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Myrian Lund, o principal impacto para os brasileiros de um calote dos Estados Unidos seria em relação aos investimentos, especialmente em renda variável.
“A bolsa não depende apenas do desempenho das empresas, mas também de toda a conjuntura internacional. Este problema nos Estados Unidos gera incertezas muito fortes e, nestes momentos, há uma tendência dos investidores procurarem por investimentos mais seguros, o que pode fazer com que a bolsa caia ainda mais”, afirma.
 

Entenda a crise
O Congresso norteamericano tinha até esta terça-feira (2) para ampliar o limite da dívida pública do País, que já chegou ao teto máximo (US$ 14,3 trilhões). Se este aumento não fosse aprovado, o País poderia ficar sem dinheiro para pagar as suas dívidas e daí o risco do calote.
O maior problema é que o congresso estava dividido. Os republicanos (partido de oposição ao governo), que são maioria na Câmara dos Representantes (conhecida como Câmara Baixa), rejeitavam a proposta dos democratas de aumentar os impostos para os mais ricos como forma de obter recursos.
 

O que são os títulos da dívida?
Para conseguir recursos e financiar as atividades do governo federal, o Tesouro dos Estados Unidos emite títulos públicos (conhecidos como Treasuries) no mercado financeiro. Ou seja, a venda destes papéis funciona como um empréstimo para o Governo norteamericano e os “credores” ou investidores são remunerados com o pagamento de juros.
“Os principais interessados nestes títulos são outros governos e grandes investidores”, afirma o professor do Ibmec.

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