domingo, 28 de agosto de 2011

Crescimento Chinês


 

Sem rever modelo, PIB chinês crescerá só 3% ao ano, diz especialista

CAMPOS DO JORDÃO - O modelo atual de crescimento da China, baseado no aumento do investimento e não na expansão do consumo, pode levar a economia do país a ter crescimento anual de apenas 3% ao longo da próxima década, afirmou Michael Pettis, professor na Guanghua School of Management da Universidade Peking.
Pela teoria de Pettis, o aumento do investimento em torno de 15% ao ano vai levar a dívida do país a um nível insustentável no médio prazo. Ao mesmo tempo, a participação do consumo no PIB chinês é muito baixa, hoje em torno de 30%, ante média mundial de 65%. Segundo o professor, para que o consumo represente uma fatia maior do Produto Interno Bruto (PIB), ele precisa crescer a um ritmo entre 3 e 4 pontos percentuais acima da taxa de expansão da economia, enquanto o investimento precisaria cair drasticamente.
"A China tem sérios problemas com a estrutura de seu crescimento econômico e vai precisar rebalancear essa equação o quanto antes. Essa situação é insustentável", afirmou. Pettis traçou três cenários para o país com base em previsões de crescimento para os próximos anos.
Pelo modelo atual, considerando a visão predominante do mercado, segundo a qual a economia chinesa vai continuar crescendo em torno de 9% ao ano pelos próximos cinco ou dez anos, isso significa que o investimento precisa crescer a uma taxa de 15% ao ano. Um segundo cenário, que, segundo ele, começa a ganhar cada vez mais adeptos, pelo qual a China vai desacelerar seu crescimento para algo entre 5% e 7% ao ano nesse período, o investimento precisaria aumentar cerca de 10%. E num cenário mais pessimista, defendido como provável pelo professor, segundo o qual a China cresceria 3% ao ano na próxima década, o investimento teria que subir de 5% a 6%. "Ou seja, mesmo no melhor cenário o investimento precisa crescer muito para que o ciclo se sustente".
Segundo o professor, o consumo doméstico na China é muito baixo e o país depende muito de superávits comerciais. "Isso é um problema porque não dá para garantir que o restante do mundo vai absorver essa oferta de produtos sempre. Se não consegue ter superávit comercial forte, vai ter déficit em conta corrente cada vez maior. Déficits em conta corrente muito altos não são sustentáveis no longo prazo", disse.
A saída para o país, na avaliação de Pettis, é o aumento da participação do consumo interno no PIB, reequilibrando o modelo de crescimento. Segundo o professor, o consumo representava em 2005 40% do PIB do país, nível já considerado muito baixo. Na economia americana, considerada pelo professor como outro extremo, 70% do PIB está amaparado pelo consumo. Em 2009, último dado oficial, o consumo respondeu por 35% da economia chinesa. E, pelas contas de Pettis, essa taxa deve cair para algo em torno de 30% este ano.
"Em março último, a China anunciou seu plano econômico para os próximos cinco anos e elevar a participação do consumo estava entre as prioridades. Vamos assumir que em cinco anos o consumo volte a ser 40% do PIB. Isso significa que ele precisa crescer três ou quatro pontos percentuais acima da expansão do PIB do período", explicou. Considerando as previsões mais otimistas de alta do PIB de 9% ao ano nos próximos anos, isso significa que o consumo deveria crescer 12% ou 13% ao ano, ao passo que hoje cresce entre 6% e 7%. Ao mesmo tempo, segundo o raciocínio do professor, o investimento deveria crescer cerca de 9%  ao ano, mas hoje cresce em torno de 15%.

O pessimismo do professor em relação ao crescimento chinês, na contramão da maior parte dos analistas, encontra mais uma base de análise. Para o consumo crescer em um ritmo superior à expansão do PIB, a renda da população, hoje muito reprimida, precisaria crescer muito. "O chinês poupa não porque ele não gosta de comprar. Ele poupa porque a renda dele é muito reprimida", afirmou.

O câmbio também é uma dificuldade adicional ao país, na avaliação de Pettis. Segundo ele, a moeda precisa se valorizar, mas isso teria que acontecer de maneira lenta e gradual já que uma mudança na política cambial afeta os exportadores de "forma dramática". "Se a valorização da moeda for feita muito rapidamente, vai afetar o poder de compra da população e aí a taxa de consumo não cresce no ritmo que precisa para o reequilíbrio da economia."

O prazo para que esse cenário negativo se concretize? "Difícil dizer. Mas quanto antes a China começar a reestruturar seu modelo de crescimento, menos doloroso será", afirmou.
(Camila Dias, Fernando Travaglini e Filipe Pacheco | Valor)
Os repórteres viajaram a convite da BM&FBovespa


http://www.valor.com.br/internacional/990112/sem-rever-modelo-pib-chines-crescera-so-3-ao-ano-diz-especialista

Setor de Serviços e o crescimento no Nordeste




Pesquisa do IBGE sobre setor de serviços confirma dinamismo do Nordeste
Pesquisa Anual de Serviços (PAS) do IBGE indica que em 2009 o Nordeste possuía 13,8% dos trabalhadores brasileiros naquele setor, ante 12,9% em 2007 – um aumento de 7%. Apesar do avanço, concentração ainda é grande no Sudeste – seis em cada dez trabalhadores da área estão na região.
Data: 27/08/2011
SÃO PAULO – Mais um estudo confirma o dinamismo econômico do Nordeste brasileiro quando comparado às outras regiões do país. A Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2009, divulgada na sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que a região possuía naquele ano 13,8% dos trabalhadores brasileiros no setor, ante 12,9% em 2007 – um aumento de 7%.

No mesmo período, o Sudeste e o Sul reduziram sua participação, respectivamente, de 61% para 60,7% e de 16,4% para 15,5%. Já o Centro-oeste e o Norte ampliaram sua parcela, mas menos intensamente do que os nordestinos – de 6,9% para 7% e de 2,8% para 3%, respectivamente. A PAS desconsidera os serviços financeiros em seus cálculos. Excluído esse setor, havia 9,7 milhões de trabalhadores em companhias de serviços no país em 2009.

Os ramos de atividade estudados pelo IBGE são serviços de alimentação, educação, hotelaria, comunicação, viagens, transporte e técnicos em geral, entre tantos outros. Nesta radiografia do setor, a PAS revela que em 2009 havia 918,2 mil empresas de serviços não financeiros no país, que geraram uma receita de R$ 745,4 bilhões e pagaram R$ 143,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.

O dinamismo econômico da região Nordeste tem sido comprovado pelos dados de criação de vagas divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Em junho e julho, a região ultrapassou o Sul e assumiu o posto de segundo maior celeiro de empregos formais, atrás do Sudeste. No período, a economia nordestina criou o dobro de vagas abertas no Sul – 66 mil ante 33 mil, respectivamente, de acordo com a pesquisa mensal do ministério.

Concentração persiste
Apesar do avanço dos Estados nordestinos, o grau de concentração das empresas de serviços no Sudeste ainda é alto. Seis em cada dez trabalhadores e empresas estão na região. O Sudeste ainda é responsável por 66,4% da receita bruta apurada pelo setor e por 67,2% dos salários e outras remunerações pagos. No lado oposto, a região Norte registrou participação na receita de apenas 2,8% e de 2,4% nos salários.

O estudo do IBGE revelou ainda que, apesar de serviços como alimentação e hotelaria terem o maior número de empresas no conjunto pesquisado (288.286 empresas, ou 31,4% do total), as atividades profissionais, administrativas e complementares, como viagens, escritório em geral e vigilância responderam pela maior parcela do pessoal ocupado (3,89 milhões de pessoas, ou 40,2% do total) e da massa salarial (R$ 49,3 bilhões, ou 34,3%).

Outra informação trazida pela pesquisa diz respeito aos setores que mais geraram receita em 2009. Foram três: os “serviços de informação e comunicação” (R$ 214,4 bilhões), os “serviços dos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio” (R$ 208,4 bilhões) e os “serviços profissionais, administrativos e complementares” (R$ 188,3 bilhões). Esses três segmentos, em conjunto, representaram 82,1% do total da receita operacional líquida gerada pelo setor de serviços não financeiros no Brasil em 2009.

Leia mais
Nordeste: o mais dinâmico e confiante, em dias de incertezas globais

Crescimento econômico do Nordeste

São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2011 


Nordeste mantém ritmo da economia e descola do país

Região continua crescendo como no início do ano, ao contrário do Sudeste. Investimentos privados e dinheiro de programas sociais contribuem para amortecer efeitos do combate à inflação.


Daniel Marenco - 3.fev.2011/Folhapress
Complexo industrial e portuário de Suape (PE) 


MARIANA CARNEIRO
MARIANA SCHREIBER 
DE SÃO PAULO


A economia da região Nordeste continua crescendo num passo acelerado, descolada do resto do país e sem sentir os efeitos das medidas adotadas pelo governo para esfriar a atividade econômica e combater a inflação.Enquanto os Estados nordestinos foram impulsionados por investimentos do governo federal e de empresas privadas, o enfraquecimento da indústria e o aumento das taxas de juros fizeram o Sul e o Sudeste trocar de marcha.

De acordo com projeções do Banco Central, a economia brasileira cresceu 1,1% no primeiro trimestre do ano e 0,7% no segundo trimestre, sempre em relação ao período imediatamente anterior.O Sudeste cresceu 1,4% no primeiro trimestre e 0,6% no segundo, segundo o BC. No Nordeste, a economia manteve no segundo trimestre o mesmo ritmo do começo do ano, crescendo 1,6%.O Nordeste é a região em que a presidente Dilma Rousseff alcançou sua melhor votação na eleição do ano passado. Lá, seu governo obtém índices de aprovação maiores do que os de outras regiões, segundo o Datafolha. 

O aumento dos juros e outras medidas do governo atingiram com mais força o Sul e o Sudeste porque a oferta de crédito é maior nessas regiões e sua economia depende mais da indústria, abalada pela competição com produtos importados e pela turbulência global.Enquanto isso, o Nordeste virou destino de vultosos investimentos como os do porto de Suape, na região metropolitana de Recife, onde estão previstos aportes de R$ 24 bilhões até 2014, a maior parte de empresas privadas.

Isso ajuda a explicar por que a taxa de desemprego na capital alcançou 6,3% no mês passado, bem abaixo da sua média histórica, superior a 10%, nota a economista Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco."Pernambuco está recebendo um volume de investimentos equivalente a toda riqueza que produz em um ano", diz ela. "Isso gera um impacto muito forte na economia local, que é relativamente pequena perto de Estados como São Paulo.

"RENDA EXTRA

As obras da ferrovia Transnordestina empregam 11,5 mil pessoas em Pernambuco, no Ceará e no Piauí. No Maranhão, a mineradora Vale investe na ampliação do porto de Ponta da Madeira e da Estrada de Ferro Carajás.A renda extra assegurada pelos programas sociais do governo federal também faz diferença na economia local. Metade das 13 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família vive no Nordeste.Em abril, o governo reajustou os benefícios do programa em 19,4%, ao mesmo tempo em que iniciou um esforço para conter os gastos federais em outras áreas, sobretudo os investimentos.

O economista Carlos Azzoni, da Universidade de São Paulo, explica que os investimentos e os programas sociais ajudam o Nordeste a amortecer o impacto da desaceleração da economia. "Além disso, este ano não teve seca, fenômeno que teria impacto negativo", diz.Mas o Nordeste não está completamente imune ao esfriamento da economia nas regiões mais desenvolvidas do país. A economia local deve perder o ritmo até o fim do ano, ainda que em menor intensidade, afirma Azzoni."A região sempre acompanha o que acontece no Brasil", diz Bacelar, da UFPE. "Se o país entrar numa desaceleração maior, não será diferente com o Nordeste."



Pedreiro diz que chega a recusar oferta de trabalho

FÁBIO GUIBUDE OLINDA (PE)O ano é de crise econômica internacional, mas na casa do pedreiro Gustavo Paulo da Penha, 28, em Olinda (região metropolitana do Recife, PE), as ofertas de trabalho não param de chegar.Penha, porém, é obrigado a recusar a maioria das propostas. Contratado em abril por uma firma que recupera fachadas de prédios, fica apenas com o serviço que pode fazer nas folgas.


As obras que descarta tenta repassar aos colegas. Mas encontra dificuldades para achar alguém disponível. "Não tem ninguém parado hoje em dia", diz.


Crise econômica, para ele, só existe na televisão. "Vejo as notícias, mas não sinto nada do que falam", diz. "Não entendo nada de FMI, bolsa de valores. Para mim, crise é quando vem a carta do SPC e do Serasa."Casado, sem filhos, Penha recebe, com as horas extras, cerca de R$ 1.000 por mês. Em três meses de trabalho na empresa, já se sentiu seguro para realizar alguns de seus sonhos de consumo. Comprou uma moto em 39 prestações de R$ 280 e um aparelho de TV LCD de 32 polegadas, em 12 parcelas de R$ 99.


Antes de ser contratado, o pedreiro passou um ano desempregado, sobrevivendo de bicos e do seguro-desemprego. "Paramos de sair e de comprar. Fome não passamos, porque sempre tinha um servicinho avulso para fazer por aí", declara.





http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2808201103.htm

ANÁLISE ECONOMIA NO NORDESTE

Crescimento impulsiona aprovação de Dilma

Desempenho da economia nordestina explica por que presidente é mais bem avaliada na região do que no resto do país



GOVERNANTES ATÉ PODEM SAIR ILESOS DE ESCÂNDALOS, MAS NENHUM É IMUNE À BAIXA NO PODER DE COMPRA DA POPULAÇÃO

MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA

Governantes até podem seguir ilesos a crises morais e escândalos administrativos, mas nenhuma gestão é imune ao desemprego e à diminuição do poder aquisitivo da população.

Por sua vez, a percepção disseminada de ganhos econômicos, especialmente entre os mais carentes, gera prestígio eleitoral duradouro aos que são identificados como responsáveis pelo feito.

Cada vez mais os índices detalhados de popularidade dos governos são analisados em conjunto com a percepção econômica dos moradores de cada região.

A atual deterioração econômica dos Estados Unidos, por exemplo, gerou enorme crise de confiança na economia local e, por consequência, o mais baixo índice de popularidade enfrentado por Obama desde sua posse.

A síndrome do bolso vazio apagou a euforia pela morte de Bin Laden. Em resposta, Obama programou visitas aos Estados de Minnesota, Iowa e Illinois, locais onde a queda da confiança dos consumidores mais prejudicou sua imagem.

No Brasil, basta confrontar as curvas históricas das avaliações de Fernando Henrique e Lula com as de perspectivas econômicas da população para comprovar essa relação. Nos últimos 16 anos, a popularidade do governo federal acompanhou o movimento das expectativas do eleitorado quanto ao desemprego e ao poder de compra dos salários.

É cedo ainda para avaliar a relação entre expectativas econômicas da população e o início do governo Dilma. Sua aprovação é linear, já que aproximadamente metade dos moradores de cada região do país considera seu governo ótimo ou bom.

Um olhar mais atento, considerando as notas atribuídas ao governo pela população, revela que os nordestinos conferem a Dilma notas nove e dez, acima da média verificada no Sudeste e no Sul. A sua nota média nessa região é de 7,1 contra 6,6 nas demais regiões.

O aval conferido pelos nordestinos à sucessora de Lula tem, certamente, peso nessa média. Mas os reflexos visíveis do crescimento constante da economia do Nordeste têm sido decisivos para alinhar o bolso de seus habitantes com a admiração pela gestão petista.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2808201104.htm

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Propostas dos candidatos Ricardo Ness e Suely Chacon à Direção do Campus da UFC do Cariri.


Para todos os amigos que me pediram: segue abaixo o link para as nossas propostas como candidatos à Direção do Campus da UFC do Cariri. Mais que propostas, são compromisso que o Ricardo Ness e eu, Suely Salgueiro Chacon, assumimos diante da Comunidade Acadêmica do Campus. Vamos todos participar efetivamente desse processo, que é paritário, e votar durante o próximo dia 30/08.
docs.google.com

domingo, 21 de agosto de 2011

Comércio exterior do Ceará alcança marca recorde



O comércio exterior cearense alcançou, em 2010, a marca recorde de US$ 3,4 bilhões, consequência direta da ampla expansão nas transações comerciais do Ceará com o resto do mundo. Merece também destaque o forte crescimento das importações, que superaram a expansão das exportações quando comparado a 2009. Tal comportamento também tem se mantido nos seis primeiros meses de 2011, mas em um ritmo pouco menor. O aumento verificado nas importações é fruto do processo acelerado de desenvolvimento da economia do Estado, que exige uma maior demanda de bens de capital e de insumos industriais oriundos de outros países.

Tais constatações – e outras muitas - fazem parte do trabalho “Análise do Desempenho do Comércio Exterior do Ceará 2010 – 2011” título do Ipece/Informe nº 14, que o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado, lançado na quarta-feira (17).

O aumento na aquisição desses bens de capital (importação), na análise do professor Flávio Ataliba, diretor Geral do Ipece, é fruto do forte processo de expansão que o Ceará vem apresentando nos últimos anos, refletindo-se no aumento na capacidade produtiva da economia nos próximos anos. Ele avalia que as novas medidas que estão sendo adotadas pelo Governo Federal, especialmente a partir do Plano Brasil Maior, possam favorecer a competitividade das exportações cearense já que grande parte delas concentra-se em setores que são intensivos em mão-de-obra, que é o foco do referido plano.

O mais novo trabalho do Ipece é composto por 24 páginas, divididas em Introdução; A balança comercial do Ceará; O Comportamento das transações comerciais internacionais (destaques das exportações e das importações); O perfil do fluxo do comércio internacional do Estado: O comportamento da balança comercial cearense no prime iro trimestre de 2011; Considerações finais e Anexo. 


Acesse o Ipece/Informe nº 14:
http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/ipece-informe/lpece_Informe_14_agosto_2011.pdf

Fonte: Assessoria de Comunicação do Ipece

Preço dos Alimentos


15/08/2011 - 22h14

Preços globais de alimentos chegam perto da máxima de 3 anos



Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - Os preços globais de alimentos ficaram perto da máxima de três anos em julho e os estoques atingiram níveis mínimos, acumulando a pressão sobre os mais pobres, afirmou o Banco Mundial nesta segunda-feira.
O índice do Banco Mundial que mede o preço dos alimentos subiu 33 por cento em julho em relação ao mesmo mês do ano passado e ficou perto dos maiores níveis atingidos em 2008, com aumentos significativos nos preços do milho e do açúcar.
"Persistentemente preços elevados de alimentos e estoques reduzidos indicam que ainda estamos na zona de perigo, com as pessoas mais vulneráveis com menos capacidade para lidar com isso", afirmou o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.
Preços mais altos de alimentos e energia têm contribuído para a pressão inflacionária no mundo, mas o problema tem sido mais grave nos países em desenvolvimento.
Embora os preços estejam controlados na maioria dos países desenvolvidos, incertezas sobre a economia global e a situação política no Oriente Médio e no Norte da África indicam que os preços do petróleo permanecerão voláteis, mantendo a inflação no radar.
Enquanto a oferta geral de alimentos melhorou desde abril, principalmente devido a boas colheitas de trigo nos Estados Unidos e na Europa e melhores rendimentos de milho na Argentina e no Brasil, os estoques globais permanecem "alarmantemente" reduzidos, disse o Banco Mundial.
A produção global de grãos em 2011/12 está projetada para aumentar 3 por cento em relação à estimativa de 2010/11.
O Banco Mundial disse que o movimento para a produção de biocombustíveis também estava elevando o preço do milho, notando que nos primeiros quatro meses de 2011, a demanda por milho norte-americano para a produção de etanol subiu 8 por cento em relação ao mesmo período do ano passado.
Os preços do arroz subiram 11 por cento no último trimestre depois de recuarem desde fevereiro. Os preços do açúcar avançaram 29 por cento entre maio e julho em meio às preocupações com a colheita menor que o previsto de cana-de-açúcar no Brasil.
"Devido ao fato de que açúcar e óleos vegetais compõem 50 por cento do índice de preços de alimentos do Banco Mundial, a volatilidade nestes preços provavelmente tem efeitos inesperados nos preços dos alimentos nos meses adiante", disse a entidade.

Distribuição dos gastos do consumidor brasileiro


15/08/2011 - 11h25

Brasileiras gastam mais de 60% da renda com moradia, educação e prestações

SÃO PAULO – Levantamento realizado junto à população feminina do Brasil revelou que mais de 60% da renda das mulheres é dividida entre gastos com moradia, educação e prestações.
De acordo com estudo realizado pela Quorum Brasil, empresa especializada em pesquisa de mercado, e divulgado nesta segunda-feira (15), 25% da renda das mulheres é gasta com moradia, outros 21% são destinados à educação e mais 18% vai para o pagamento de prestações.

Distribuição da renda

Na sequência, foi constatado que a população feminina gasta, em média, 13% da sua renda com transporte, 9% com saúde, 8% com vestuário, 5% com lazer e, por fim, 3% com investimentos.
Quando confrontados os hábitos de consumo das mulheres que pertencem à classe C e as da classe B, há algumas considerações a serem feitas. Quando o assunto é moradia, as mulheres da classe C, ou seja, que recebem uma renda mensal na faixa de R$ 1.100 a R$ 2.500, gastam mais. Observa-se que 27% da renda dessa parcela da população é destinada à moradia, categoria de gastos que contempla aluguel, alimentação, água, luz e telefone.

Classe C mais endividada

As mulheres da classe B, que obtêm mensalmente uma renda na faixa de R$ 2.501 a R$ 5.000, destinam 22% da sua renda com moradia. Falando dos demais itens, a população feminina da classe C gasta 21% da sua renda com prestações, que contemplam dívidas com lojas, empréstimos e cartões. As mulheres da classe B gastam menos com esse item, cerca de 14%.
Em relação aos gastos com transporte, nota-se que a renda das mulheres da classe C é muito mais comprometida, já que 16% vai para esse fim. Entre as mulheres da classe B, apenas 9% da renda é gasta com transporte.

Outros gastos

O estudo ainda mostrou como ficaram os gastos com os demais itens, sendo que a população feminina pertencente à classe B gasta 18% com educação, 8% com saúde, 7% com vestuário e 2% com lazer.
Entre as mulheres que recebem mais mensalmente, 23% da renda é destinada à educação, 11% com saúde, 10% com vestuário, 7% com lazer e 4% com investimentos.

domingo, 7 de agosto de 2011

Crise na Europa


BC Europeu anuncia intervenção na crise das dívidas
O Banco Central Europeu (BCE) comunicou na noite deste domingo que intervirá “activamente” na crise das dívidas de diversos países europeus. O BCE afirmou que vai "implementar ativamente" um programa de compra de títulos de países da zona do euro, para evitar mais uma segunda-feira turbulenta no mercado financeiro. Embora não tenha citado nomes de países, o comunicado divulgado após a reunião deste domingo é endereçado claramente à Espanha e à Itália.
No ponto 5 de um comunicado emitido domingo à noite, o Banco Central Europeu considerou “fundamental que os governos estejam preparados para ativar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira no mercado secundário, com base numa análise do BCE que reconheça a existência de circunstâncias e riscos excepcionais para a estabilidade financeira nos mercados financeiros, uma vez que o Fundo esteja operacional”.

Imediatamente a seguir, no ponto 6, o BCE indica que irá “implementar ativamente o seu programa para o mercado de valores mobiliários”. “Este programa foi criado para ajudar a restaurar uma melhor transmissão das nossas decisões de política monetária - tendo em consideração os segmentos de mercado disfuncionais - e assim assegurar a estabilidade de preços na Zona Euro”.

A instituição monetária com sede em Frankfurt começa o comunicado por saudar os esforços dos governos italiano e espanhol “no que toca às novas medidas e reformas nos domínios das políticas orçamentárias e estruturais”.

O Conselho do BCE considera “essencial” uma “implementação decisiva e rápida” de medidas de “competitividade e de flexibilidade” em Itália e Espanha a fim de que ambos os países possam reduzir os seus déficits públicos.

O Conselho do BCE sublinha ainda a importância do cumprimento, por parte de todos os chefes de Estado e de Governo, das metas orçamentárias acordadas e reafirmadas na cúpula de 21 de Julho de 2011. “Outro elemento-chave é o aumento do potencial de crescimento da economia”, indica a instituição.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Índice de Expectativas das Famílias (IEF)

Menos famílias estão endividadas, revela IEF

Brasileiros continuam otimistas com o desempenho futuro da economia, mas com moderação na hora de consumir

A 12ª edição do Índice de Expectativas das Famílias (IEF), do Ipea, revelou uma diminuição no número de famílias brasileiras endividadas. No estudo, referente a julho, 52% dos entrevistados declararam não ter qualquer dívida, um aumento de 1,5 ponto percentual em relação ao mês anterior e o maior patamar registrado pelo Instituto desde agosto de 2010, quando a pesquisa começou a ser realizada. No primeiro IEF, pouco mais de 45% afirmavam não estar endividados.
Entre as famílias com algum tipo de conta a pagar, 47,% dizem ter condições de quitá-la em sua totalidade. Em junho, elas eram 45,8%. Houve uma redução de 0,8 ponto percentual na proporção de famílias sem condições de pagar suas contas (32,8%, em julho). A dívida média registrada pelo IEF teve ligeiro aumento. Passou de R$ 4.343,95, no mês anterior, para R$ 4.433,65.
“Os dados reforçam a noção de que as famílias têm boa capacidade de pagar suas dívidas. Passamos de um período de certa euforia para consumir para um momento de moderação, em que os brasileiros buscam reduzir suas dívidas”, explicou Marcio Pochmann, presidente do Ipea.
De acordo com o IEF, as famílias continuam otimistas em relação à sua situação financeira futura, mas diminuíram o entusiasmo com o desempenho da economia brasileira nos próximos doze meses. 53% ainda acreditam que a economia brasileira terá momentos melhores nos próximos 12 meses, mas esse patamar está quase quatro pontos percentuais abaixo do de junho. Por outro lado, 80,9% dos entrevistados esperam situação financeira melhor daqui a um ano.
“Os brasileiros continuam acreditando em melhoras porque não sentem que seu emprego está ameaçado, mas recebem informações sobre decisões do governo federal, como a elevação dos juros, e passam a não esperar um desempenho tão bom da economia como em anos anteriores”, afirmou Pochmann.
Na média dos fatores pesquisados, o IEF atingiu 63,5 pontos, dentro da faixa de otimismo. No mês anterior, havia registrado 64,1 pontos.
Leia a íntegra do IEF nº 12, referente a Agosto de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Nova Classe Média no Brasil - Medidas de longo prazo e acesso à Educação

Governo prepara ações para evitar que a nova classe média volte à pobreza (no jornal O Globo, em 01.05.2011)

BRASÍLIA, SEG, 02-05-2011
Secretaria planeja medidas de crédito e qualificação para classes C e D
Vivian Oswald
BRASÍLIA. “Galinha dos ovos de ouro”, na avaliação do governo, a nova classe média é um dos cinco alvos prioritários da política de longo prazo que está sendo elaborada sob a coordenação do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Wellington Moreira Franco, e de seu braço direito, o economista Ricardo Paes de Barros. O órgão quer estudar detalhadamente o grupo, que já representa praticamente metade da população, para sugerir ações que funcionem como uma espécie de trava que garanta a sua nova posição na sociedade. A ideia é impedir a perda de poder aquisitivo dos que ascenderam às classes C e D na última década e o retorno dessa fatia da população à situação de pobreza.
Ao mesmo tempo, esta política seria a garantia de uma base sólida para o crescimento econômico sustentado. Para atingir este objetivo, a SAE deverá propor ações específicas a partir de ferramentas nas áreas de crédito, habitação, inclusão bancária, qualificação profissional e educação.
- É preciso estudar mais detalhadamente este grupo de brasileiros, criar uma trava nas políticas social e econômica para que não retornem à situação de pobreza. Queremos definir ações para criar esta trava – disse ao GLOBO Moreira Franco, ao apresentar, pela primeira vez, o plano de trabalho da Subsecretaria de Ações Estratégicas, que está a cargo do economista Paes de Barros.
Ministro cita “efeitos político-eleitorais”
A nova classe média já está no radar da oposição, o que ficou claro recentemente em um artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No texto, publicado na revista “Interesse Nacional”, FH defende que as oposições devem deixar de lado o “povão” e priorizar as novas classes médias.
Moreira Franco também analisa a nova classe média para além de seu impacto na economia. Segundo ele, esta parcela da população pode ter, do ponto de vista histórico, o mesmo significado da classe média urbana surgida nas décadas de 40 e 50 do século XX, quando o país deu um salto de qualidade:
- Isso definiu institucionalmente o tamanho e a presença do Estado brasileiro e teve efeitos político-eleitorais. Se houver esta trava, a nova classe média poderá cumprir o mesmo papel. Estamos vivendo uma nova etapa, novo padrão e qualidade de crescimento econômico.
Além da nova classe média, os outros quatro pontos básicos de atuação de sua secretaria são a erradicação da pobreza, o desenvolvimento pleno na primeira infância (até 3 anos), oportunidades para a juventude e a integração social, espacial e simbólica das favelas nas grandes cidades do país. A SAE vai formular políticas específicas para estas áreas e já vem ajudando ministérios, estados e municípios a executarem ações.
É o caso do Ministério do Desenvolvimento Social, que pediu ao órgão um estudo com simulações de novos parâmetros para um Bolsa Família 2. Com os estados de Rondônia, Maranhão e Espírito Santo, além da cidade do Rio de Janeiro, a conversa é sobre unificação de políticas sociais, com foco nas crianças, nos moldes da bem-sucedida experiência chilena do programa “Chile crece contigo”.
Dados da SAE mostram que o Brasil ainda precisa de 15 anos para recuperar o tempo perdido e atingir o mesmo nível de distribuição de renda de outros países com nível de desenvolvimento semelhante, que são mais equânimes.
As políticas específicas voltadas à nova classe média ainda estão sendo elaboradas. Mas já está claro que o conjunto de ferramentas a serem usadas precisa levar em consideração a conjuntura econômica do país. Ou seja, devem ser reguladas “no conta-gotas”, segundo o ministro, de modo que possam se adequar aos cenários doméstico e internacional sem prejudicar o andamento da economia.
O ministro defende a abertura do acesso permanente ao crédito e garante que isso não vai de encontro às medidas que estão sendo tomadas pela equipe econômica para conter as linhas de financiamento e esfriar a economia para combater a inflação.
- Tudo tem que ser dosado, dependendo da conjuntura. Em um cenário de taxa básica de juros Selic crescente, é preciso criar mecanismos que permitam o acesso ao crédito, como uma boa estrutura de linhas de microcrédito. É necessário ter em mente que o aumento do custo do dinheiro tem efeitos sobre o padrão de vida do segmento – disse ele.
Moreira também quer definir uma estratégia que garanta uma maior inclusão bancária e afirma que as instituições financeiras não têm se mostrado flexíveis para absorver este universo de quase 50 milhões de novos consumidores.
- Quando se põe esta quantidade de pessoas no mercado, são milhões de novas operações financeiras. A rede bancária não tem se mostrado flexível. Daí a necessidade de se usarem lotéricas e bancos postais.
A nova classe média, segundo o ministro, tem papel-chave para o desenvolvimento do país, daí a necessidade de se investir em políticas voltadas para este novo universo de consumidores, como a qualificação, para que estas pessoas possam manter seus empregos e garantir produtividade à economia.

Políticas terão foco de longo prazo (no jornal O Globo, em 01.05.2011)

BRASÍLIA, SEG, 02-05-2011
Urbanização de favelas e ações para juventude estão entre medidas
Vivian Oswald
BRASÍLIA. Políticas sociais devem ser unificadas para terem escala e serem melhor gerenciadas. Esse é um dos princípios básicos no plano de longo prazo que está sendo desenhado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, que replica a fórmula do Bolsa Família. Essa recomendação será dada a todas as esferas que buscarem a assessoria do órgão. É o caso do Rio de Janeiro, cujo governo estadual tem mais de 100 programas focando apenas a juventude. Ou a própria União, que tem sete ministérios implementando políticas sociais.
Ações que visam à inclusão e à redução da desigualdade são a especialidade do economista Ricardo Paes de Barros, subscretário de Ações Estratégicas da SAE. E é com esta bagagem que ele afirma que o segredo do sucesso das políticas é ter objetivos e metas claros.
- Não estamos falando de políticas de resultado imediato, mas de trajetórias de longo prazo em que são pensados princípio, meio e fim – diz Paes de Barros.
- Ao recomendar programas de sucesso e realizar projetos-piloto como o que estamos fazendo no Rio, podemos oferecer boas políticas com custos já previstos – complementou o ministro da SAE, Moreira Franco.
Ele se refere à assessoria que a SAE está prestando à capital fluminense, que quer montar um programa inspirado no “Chile cresce contigo”, de proteção integral à infância, com inclusão da família, cobrindo necessidades de educação, saúde e lazer.
- O que se quer é definir um protocolo e um calendário para as crianças, que funcione como a esteira dos Jetsons, onde você põe uma peça de roupa aqui, outra mais adiante, toma o café, tudo a seu tempo – explicou Paes de Barros, que passou três semanas no Chile para estudar de perto o “Cresce contigo”.
A SAE gostaria ainda de levar para outras cidades a experiência de urbanização de favelas do Rio. Para Moreira e Paes de Barros, está comprovado que uma ocupação longa que melhore as condições locais é mais eficiente do que erguer grandes conjuntos habitacionais.
Sobre juventude, Moreira diz que o desafio é enorme. Dados da SAE mostram que 80% dos jovens que trabalham moram em favelas. Enquanto a parcela de jovens que não completou o ensino médio nas cidades é de 32%, esse número cresce para quase 70% entre aqueles que moram em favelas.
- Somos um país profunda e violentamente urbano. A pobreza se mostra de maneira mais brutal nas áreas urbanas. As políticas voltadas aos jovens devem vir acompanhadas de certos valores, que estão presentes na escola, no mérito do trabalho – diz Moreira.

Governo quer estudar nova classe média e evitar riscos de empobrecimento (na Agência Brasil, em 27.07.2011)

BRASÍLIA, QUA, 27-07-2011
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – No dia 8 de agosto, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) promove em Brasília o seminário Políticas Públicas para uma Nova Classe Média. A presidenta Dilma Rousseff fará a abertura do evento que reunirá especialistas em políticas sociais.
O governo quer aumentar o conhecimento sobre a população que mais ascendeu economicamente na última década no Brasil. “Precisamos saber quem é, e ter números”, explicou o ministro-chefe da SAE, Moreira Franco, que espera uma definição universal sobre a composição da chamada nova classe média, inclusive das faixas de renda per capita do segmento.
Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), 39,5 milhões de pessoas entraram na classe C nos últimos dez anos e 18 milhões saíram da pobreza extrema. O Brasil tem atualmente mais de 94 milhões de pessoas consideradas de classe média, mais da metade da população.
O conhecimento sobre a nova classe média pode viabilizar a formatação de novas políticas sociais, que, além da ascensão, viabilize a manutenção da população nos estratos sociais com maior renda e melhor qualidade de vida. “Precisamos formular políticas que não só evitem o retorno e também abram perspectivas de avanço”, destacou o ministro.
Para Moreira Franco, a nova classe tem alto poder de consumo e é o principal motor do mercado interno, fator que pode ser importante para o país em momento de crise econômica internacional.
Na avaliação do ministro, o aumento da classe média tem a ver com a valorização real do salário mínimo e o aumento da oferta de emprego. Conforme Moreira Franco, um dos efeitos do ganho de renda dos emergentes é que as pessoas estão investindo sua renda para melhorar a formação profissional ou a escolarização dos filhos, afirmou lembrando a abertura das escolas particulares na periferia.
Apesar dos avanços, o ministro avalia que educação continua sendo um gargalo nacional e atribui a situação à cultura política no Brasil. “Não há nenhum movimento político reivindicando qualidade do ensino”, lembrou. “Não faz parte da necessidade intrínseca e fundamental, como faz parte da cultura do coreano ou do chinês. Eles se dedicam àquilo, aqui ainda não”.

Nova Classe Média: Para Amaury de Souza, é hora da educação e da qualificação profissional

BRASÍLIA, TER, 05-07-2011
Com a saída de praticamente 50 milhões de brasileiros da pobreza para integrar o mercado de consumo e desfrutar as oportunidades de ascensão social, o principal desafio da nova classe média, a partir de agora, é o da sustentabilidade. É o que sustenta o analista político Amaury de Souza, autor do livro A Classe Média Brasileira: Ambições, Valores e Projetos de Sociedade.  Souza é um dos especialistas que vai participar no próximo dia 8 de agosto do seminário Políticas Públicas para uma Nova Classe Média, promovido pela Secretaria de assuntos Estratégicos da Presidência da República, em Brasília.
Para Amaury de Souza, a incorporação de vastas camadas de novos cidadãos e consumidores na classe C se deve à expansão da economia e do emprego formal, com carteira assinada. No entanto, o momento é de criar alternativas para que esse grupo populacional adquira maior escolaridade e qualificação profissional, o que irá contribuir para a consolidação desta nova posição social.
“Essa nova classe média tem, na média, um nível limitado de escolaridade e poucas qualificações profissionais. Por certo, a geração seguinte, a dos filhos das famílias que ascenderam à classe média, terá condições muito mais favoráveis para uma inserção social segura, a começar por uma escolarização bem mais alta, a par de se beneficiar do patrimônio construído pelos pais”, destacou.
O seminário sobre a nova classe média pretende identificar instrumentos que possam expandir as oportunidades para essa nova classe média com maior segurança social, por meio de um amplo debate. Nesse aspecto, a SAE vai mapear as políticas públicas existentes com vistas a melhorar sua qualidade e eficácia.
Adrienne Moura

Mais de 40% dos alunos das universidades federais são das classes C, D e E

BRASÍLIA, QUA, 03-08-2011
Cerca de 43% dos estudantes das universidades federais são das classes C, D e E. O percentual de alunos de baixa renda é maior nas instituições de ensino das regiões Norte (69%) e Nordeste (52%) e menor no Sul (33%). É o que mostra pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que será lançada hoje (3), sobre o perfil dos estudantes das universidades federais. Para a Andifes, o resultado do estudo, que teve como base 22 mil alunos de cursos presenciais, desmistifica a ideia de que a maioria dos estudantes das federais é de famílias ricas. Os dados mostram, entretanto, que o percentual de alunos das classes mais baixas permaneceu estável em relação a outras pesquisas feitas pela entidade em 1997 e 2003. Segundo o presidente da Andifes, João Luiz Martins, as políticas afirmativas e a expansão das vagas nas federais mudaram consideravelmente o perfil do estudante. A associação avalia que se não houvesse as políticas afirmativas, o atendimento aos alunos de baixa renda nessas instituições teria diminuído no período. Martins destaca que se forem considerados os estudantes com renda familiar até cinco salários mínimos (R$ 2.550), o percentual nesse grupo chega a 67%. Esse é o público que deveria ser atendido – em menor ou maior grau – por políticas de assistência estudantil. A entidade defende um aumento dos recursos para garantir a permanência do aluno de baixa renda na universidade. “Em uma família com renda até cinco salários mínimos, com três ou quatro dependentes, a fixação do estudante na universidade é um problema sério”, diz Martins, que é reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). O estudo identifica que 2,5% dos alunos moram em residência estudantil. Cerca de 15% são beneficiários de programas que custeiam total ou parcialmente a alimentação e um em cada dez recebe bolsa de permanência.
Dificuldade de se manter
Vânia Silva, 26 anos, ex-aluna do curso de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB), contou, ao longo de toda a graduação, com bolsas e outros tipos de auxílio. No primeiro semestre, a ajuda era de R$ 130, insuficiente para os gastos com alimentação, transporte e materiais. Ela participou de projetos de pesquisa e extensão na universidade para aumentar o benefício e conseguiu moradia na Casa do Estudante. Mas viu colegas desistirem do curso porque não tinham condições de se manter. “Para quem quer ter um bom desempenho acadêmico, o auxílio é muito pequeno. Esse dinheiro eu deveria gastar em livros ou em viagens para participar de encontros de pesquisadores, mas usava para custear minhas necessidades básicas”, conta. Hoje, ela é aluna de pós-graduação e a bolsa que recebe continua sendo insuficiente para os objetivos que pretende alcançar. “Já tive trabalhos inscritos até em congressos internacionais, mas com essa verba não dá para bancar uma viagem”, diz. Os reitores destacam que a inclusão dos estudantes das famílias mais pobres não é a mesma em todos os cursos. Áreas mais concorridas como medicina, direito e as engenharias ainda recebem poucos alunos com esse perfil. Cerca de 12% das matrículas nas federais são trancadas pelos alunos e, para a associação, a evasão está relacionada em grande parte à questão financeira. “Em outras parte do mundo, a preocupação do reitor é com a qualidade do ensino e com a pesquisa. Mas aqui, além de se preocupar com um bom ensino, ele também tem que se preocupar com a questão social”, compara Álvaro Prata, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para 2012, a Andifes reivindicou ao Ministério da Educação (MEC) que dobre os recursos destinados à assistência estudantil. A previsão é que a verba seja ampliada dos atuais R$ 413 milhões para R$ 520 milhões, segundo a entidade. “Com a política de cotas e a expansão da UnB para as cidades satélites, houve um aumento muito grande da necessidade de políticas de assistência estudantil. Mas isso é secundário para o governo e a própria administração da universidade. Muitas vezes, eles acham que têm que trabalhar para ter mais sala de aula e laboratório, mas não há o restaurante universitário”, observa a representante do Diretório Central dos Estudantes da UnB, Mel Gallo.
Fonte: Agência Brasil

Economia do Brasil diante da Economia Global

03/08/2011 -

Brasil administra sucesso em meio à "insanidade" global

Financial Times
Joe Leahy
Em São Paulo



Os brasileiros, que antigamente estavam acostumados a crises econômicas, veem-se nos últimos meses na situação invejável de espectadores das imprudências do mundo desenvolvido.
Nas últimas semanas, os programas de entrevistas sobre questões atuais na televisão brasileira estão repletos de discussões sobre os problemas que varrem a Europa e os Estados Unidos, como o impasse em Washington quanto ao teto da dívida dos Estados Unidos, a crise financeira grega e o escândalo do jornal “News of the World” no Reino Unido.
Na semana passada, Dilma Rousseff, a presidente brasileira, pareceu resumir a maneira como os brasileiros veem um mundo externo enlouquecido, ao descrever as crises das dívidas nos Estados Unidos e na Europa como uma “insanidade”. A incapacidade política do mundo desenvolvido de encontrar soluções para os seus problemas, disse ela, representa uma “ameaça” à economia global.
O Brasil, que uma década atrás era um mercado emergente cheio de problemas, é atualmente um retrato de estabilidade política e macroeconômica quando comparado ao seu outrora dominante parceiro do norte e às antigas potências coloniais da Europa.
Atualmente, o Brasil, além de ser o quinto maior credor dos Estados Unidos, com reservas de moeda estrangeira de US$ 327 bilhões em junho último, tem também uma economia que cresce continuamente e um índice de desemprego incomumente baixo.
Mas, neste momento em que o mundo desenvolvido exibe tendências que antigamente eram associadas aos mercados emergentes, o desafio do Brasil é encontrar uma forma de administrar o seu sucesso. O país não pode mostrar-se complacente diante da tarefa difícil de sair da armadilha do nível de renda intermediário na qual a sua economia está presa há décadas.
O ponto de virada para a economia brasileira ocorreu na década de noventa, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso implementou uma série de políticas com o objetivo de estabilizar os preços ao consumidor e a taxa de câmbio.
O seu sucessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deu continuidade a este foco na estabilidade macroeconômica, e ao mesmo tempo ampliou os programas sociais para melhorar o padrão de vida dos indivíduos muito pobres.
Os resultados foram notáveis. O crescimento econômico médio do Brasil tem sido de 4% ao ano nos últimos oito anos, e quase 49 milhões de brasileiros foram alçados às classes média e alta.
O Brasil também se mostrou relativamente responsável ao lidar com desafios recentes. O seu sucesso econômico atraiu uma grande quantidade de dinheiro de mercados desenvolvidos estagnados, o que impulsionou para cima a taxa de câmbio da moeda brasileira, o real, em relação ao dólar, ameaçando a competitividade da indústria nacional.
O Brasil respondeu a isso com a chamada “guerra cambial” - uma série de medidas de controle de capital e do câmbio com o objetivo de conter a valorização do real. Mas o governo brasileiro tem resistido especialmente às pressões da indústria doméstica para tomar medidas extremas. Em vez disso, o governo tem imposto um sistema complexo de impostos com o objetivo de desencorajar os fluxos de investimentos especulativos, baseados em rendimento de curto prazo.
Na frente fiscal, Dilma Rousseff tem procurado conter uma onda de gastos iniciada durante as eleições federais do ano passado com a redução do tamanho do orçamento proposto para este ano.
O Banco Central também tomou a decisão politicamente difícil de aumentar ainda mais as já elevadas taxas de juros do Brasil em cinco ocasiões neste ano, para o patamar de 12,5%, a fim de conter a alta da inflação. Além disso, o banco tomou medidas com o objetivo de reduzir o rápido crescimento do crédito, que alguns analistas temem que seja insustentável.
No setor político, Dilma Rousseff tem atacado a corrupção no Ministério dos Transportes, demitindo autoridades ligadas a um parceiro de coalizão do seu Partido dos Trabalhadores. Os problemas políticos dela foram interpretados pela população como sendo a “limpeza de primavera” feita por uma nova presidente.
Nada disso significa que o Brasil não tenha os seus próprios problemas. Um mercado de trabalho apertado, um sistema educacional fraco e uma carência de trabalhadores qualificados estão impulsionando os salários para cima, ao mesmo tempo em que uma rede de infraestrutura muito deficiente faz com que aumentem os custos de produção no país.
Os níveis de endividamento domiciliar estão começando a dar a impressão de que são inviáveis para os consumidores que desfrutam das vantagens de um boom do crédito. O Brasil precisa ter cuidado para não soterrar a sua nova classe média sob uma dívida tão grande que, quando a nova crise econômica chegar, esses indivíduos venham a cair de volta na pobreza.
O custo dos negócios continua sendo proibitivo, em parte devido aos impostos elevados e aos custos da mão-de-obra. E, embora os preços das commodities tenham disparado, o volume das exportações não cresceu nesse ritmo. O Brasil tem basicamente utilizado essa explosão dos preços globais das commodities para aumentar o volume das suas importações.
O Brasil pode no momento se sentir orgulhoso, e com toda razão. Mas o país precisa continuar atento para que não plante as sementes da próxima crise durante este atual período de prosperidade.
Tradução: UOL