quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Série de reportagens mostra a atual realidade na Região Nordeste - Parte 2



Edição do dia 13/10/2011
13/10/2011 14h37 - Atualizado em 13/10/2011 14h43

Nordeste oferece vagas de emprego e atrai profissionais de outros estados

Segunda reportagem da série "Isso é Nordeste" mostra que estaleiros, petroquímicas e siderúrgicas começam a se instalar na região. Número de universidades também cresceu e atrai professores e universitários.


Aline OliveiraSão Gonçalo do Amarante, CE

A área do Nordeste brasileiro representa o tamanho de França, Espanha, Alemanha e Suíça juntos. A região, que abrange 19% do território nacional e comporta quase 30% da população brasileira, quase sempre obrigou os moradores a buscar trabalho em outros estados, mas hoje oferece oportunidades de emprego. Os próprios nordestinos que sairam para trabalhar em outros lugares começam a voltar para casa.
"No nosso caso, professores mais jovens, que pegam uma situação no Sul de mercado mais saturado, mais concorrido, é uma oportunidade excelente para começar" - Eduardo da Cunha, professor universitário, gaúcho.
"Meu salário é 50% maior do que o que eu recebia lá nas outras obras no Mato Grosso. Quanto ao salário eu não tenho do que reclamar não" - Elton Gomes Barreto, especialista em perfuração e detonação, matogrossense.
"Do ponto de vista da dimensão cultural e do desenvolvimento econômico da região foi uma grande surpresa, sem dúvida alguma" - Joselina da Silva, socióloga, carioca.
"Cheguei aqui e vi uma região muito desenvolvida, com muito verde e nada de terra rachada" - Júlia Letícia Sciamana, universitária, paulista.
Estaleiros, petroquímicas e siderúrgicas. Esse tipo de indústria, que até então não existia no Nordeste, começa a se instalar na região e os portos ganham outro perfil e se expandem. No Ceará, por exemplo, as contratações vão desde operários da contrução civil até engenheiros altamente qualificados. "Você vai ter oportunidade para trabalhadores menos capacitados e vai ter também oportunidades que vão exigir mão de obra mais qualificada”, afirma o economista Eduardo Sarquiz.
Um dos maiores empreendimentos é a Transnordestina, via férrea que se espalha pelo sertão de Pernambuco, Ceará e vai até o Piauí. Fábio Tanaka trocou o cargo de executivo de uma multinacional em São Paulo para administrar uma indústria de geração de energia em construção no porto do Pecém, no Ceará. "Hoje é um dos principais empreendimentos privados em andamento no país e atrai grandes profissionais. A gente tem uma equipe altamente qualificada, vinda de várias localidades, inclusive de outros países", diz o executivo.
O crescimento econômico está mudando também a o perfil das cidades. Juazeiro do Norte, a 500 quilômetros de Fortaleza, por exemplo, cresceu tanto que os moradores ainda estão se acostumando. "Está como cidade grande, está parecendo capital", conta Maria Jeremias, professora. Agora é de VLT, o chamado veículo leve sobre trilhos, que muita gente vai e vem.
Na Bahia, a população do município de Luis Eduardo Magalhães passou de 18 mil habitantes para 60 mil nos últimos dez anos. "Hoje, nós temos faculdades, temos uma estrutura melhor para os nossos filhos, de lazer, inclusive de cultura", conta a pedagoga Bernardete Clain.
Em todo o Nordeste, em cinco anos, o número de universidades públicas e privadas cresceu 25%, o que atraiu professores e estudantes de outras partes do Brasil. “Estou gostando do lugar, vim para seguir carreira aqui mesmo, gosto de morar no interior, não tem problema, gosto da região para morar e para trabalhar é ótimo", afirma Eduardo Vivian da Cunha, professor universitário.
Universidades públicas também migraram para o interior. Foi assim que Campina Grande, na Paraíba, virou reduto de jovens estudantes que transformaram a cidade em um importante pólo tecnológico. "A educação é o começo de tudo. Você vai agregar valor a essa economia local, vai dar uma perspectiva real a esse aluno, que ele vai encontrar um mercado de trabalho adequado e vai poder contribuir com essa região", analisa a economista Suely Chacon.
Quem foi embora no passado, por falta de qualificação profissional e de emprego, também está voltando para casa. "Eu posso garantir que hoje não tenho inveja de quem está ganhando lá no Sul. Eu ganho aqui 50% melhor do que eu estava ganhando lá, a três mil quilômetros, longe de casa", garante o cearense Aurélio de Matos Carneiro, motorista.
O assistente de encarregado Raimundo Nilmar Pinheiro ficou 19 anos em São Paulo. Foi pedreiro e operário. Agora, coordena uma equipe no porto de Pecem, no Ceará: "Lá fora, a gente já via que o Nordeste cresceu muito, portanto, foi por isso o meu retorno. Meu plano é de crescer no Nordeste e continuar aqui até o fim da minha vida”.

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