quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Série de reportagens mostra a atual realidade na Região Nordeste - Parte 1


Edição do dia 12/10/2011
12/10/2011 14h21 - Atualizado em 12/10/2011 14h22

Jornal Hoje estreia série de reportagens sobre o Nordeste

Região que já foi considerada a mais pobre do país, agora se destaca com crescimento econômico acima da média nacional.

A primeira reportagem destaca o espírito empreendedor do nordestino, brasileiros que souberam enxergar uma boa oportunidade e se transformaram em pequenos empresários.
“Há três anos tenho esse carrinho de pipoca, com ele eu consegui comprar o meu terreno e pretendo crescer, fazendo a minha casa e outros e outros sonhos que eu quero” - Selma Costa, pipoqueira de Aracaju.
“Eu comecei vendendo geladinho, ai depois eu comecei a fazer uns doces pra encomenda, o que sobrava a vizinhança comprava, foi crescendo aos poucos, hoje eu tenho o Cantinho da Val que eu forneço salgado frito na hora” - Valdeci da Conceição, comerciante de Salvador.
“Eu sempre morei de aluguel e agora graças a deus eu tenho meu próprio negócio e estou construindo minha casa, graças a deus tá dando certo” - Francisco Roberto Amaral Teixeira, dono de mercadinho em Fortaleza.
“Hoje eu montei meu próprio salão, os meus filhos estão estudando em escolas particulares. Eu mudei de bairro e hoje tenho investido em coisas grandes e maiores pensando em nosso futuro” - Lice Lima, cabeleireira de Bacabal, Maranhão.
De olho no futuro, eles já mudaram o presente. De cada dez brasileiros que ingressaram na nova classe C, três são do Nordeste. A classe média é a principal responsável pelo novo retrato da região. "Eu comecei num quartinho pequenininho e depois fui crescendo, crescendo e hoje em dia eu posso dizer que tenho um grande restaurante", afirma Maria de Jesus Silva Barros, dona de restaurante.
Em sete anos a renda das famílias nordestinas aumentou 50%. "Os programas de transferência têm uma contribuição importante nesse segmento, mas o que é mais importante é a renda do trabalho, são as pessoas terem mais emprego, serem mais empreendedoras", declara Flávio Ataliba, presidente do Ipece.
“A gente é comerciante, toda a família, e através da pequena mercearia que a gente tem hoje, a gente consegue nossos bens”, diz Claudio Vieira Costa, de Bacabal, MA.
Divina não só viu o otimismo e a renda dos vizinhos aumentarem, viu também uma oportunidade para virar uma empreendedora, na periferia de Fortaleza, uma história que começou com três peças íntimas e uma única cliente. "Ela gostou, quis comprar, e levou as três", conta Divina Silva, empresária.

Ter boas idéias e vontade de trabalhar é importante, mas para começar um negócio é preciso também ter dinheiro. Divina conseguiu um crédito no banco. Começou um empréstimo de trezentos reais e soube aplicar tão bem que, três anos depois, a costureira já era uma micro-empresária.

Na empresa de Divina, aumentam as vendas e o número de funcionárias: já são cinco com carteira assinada. No Nordeste, a renda dos funcionários legalizados aumentou 53%.
O que impulsiona parte desses sonhos é o micro-crédito "Se os juros forem altos, nada feito, porque se tiver juros como é que a pessoa ganha para poder vender?”, diz. Este ano, só um banco público ganhou 264 mil novos clientes.

Tanta disposição para o consumo levou o empresário Honório Pinheiro da capital para o sertão. Ele montou quatro supermercados em cidades do interior. "A experiência do interior foi exitosa, há 10 anos nós começamos e foi tão bom que os concorrentes foram todos para lá”, conta.
Uma pesquisa mostra que o consumo de alimentos e bebidas na nova classe C aumentou cinco vezes nos últimos oito anos. O carrinho ficou mais sortido. "Essa história de iogurte, queijinho sem sal para fazer a dieta, a gente não tinha, mas agora tem", diz Maria Lili Alves Marques, 76 anos aposentada.
E tem muito mais. Valdeci da Conceição, de Salvador, conta que já consegui comprar seu carro. O comerciante Claudio Vieira Costa, de Bacabal, no Maranhão, já consegui comprar a moto e o carro. Um veículo na garagem já é realidade para mais da metade da nova classe média nordestina.

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