sexta-feira, 28 de junho de 2013

Governo não pretende adotar novas medidas de estímulo, diz Mantega

29/05/2013 11h53 - Atualizado em 29/05/2013 12h44


Ministro destaca forte crescimento dos investimentos no 1º trimestre. Ele admitiu, no entanto, PIB do ano não deve chegar aos 3,5% previstos. 

Alexandro Martello (Do G1, em Brasília)

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou nesta quarta-feira (29) que o governo não adotará novas medidas de estímulo à economia, apesar do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo do esperado por economistas.

"Já fizemos várias medidas de estímulo. Do ponto de vista da taxa de juros, é a mais baixa dos últimos tempos. Não pretendemos fazer estímulo ao consumo, que tem de se recuperar a partir do dinamismo dos investimentos. Os estímulos ao investimento estão todos em cima da mesa. Não prevemos novos estímulos", declarou ele.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quarta-feira (29) que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, contra os três últimos meses do ano passado, valor que ficou abaixo do esperado por economistas ouvidos pelo G1, que estimavam aumento entre 0,8% e 1%, e também da prévia do PIB do Banco Central, que avançou 1,04%. Em todo o ano de 2012, a economia do país cresceu 0,9%.

 Programa de desonerações continua
Segundo Mantega, o programa de desonerações adotado pelo governo brasileiro terá continuidade. A previsão para este ano, que inclusive já consta no orçamento revisado de 2013, é de R$ 72 bilhões em reduções de tributos.

"Os estímulos que foram tomados continuarão exercendo efeito. A desoneração da folha entrou em vigor plenamente mais agora. Começou em 2012, mas agora são mais setores que estão nesta desoneração. Igualmente para outras medidas cuja eficácia vai se fazer sentir ao longo deste ano", afirmou.

'Qualidade' do crescimento
Apesar do fraco resultado do PIB, Mantega destacou que sua "qualidade melhorou", uma vez que a expansão do PIB foi puxado pela expansão dos investimentos – que avançaram 4,6% no primeiro trimestre, o maior crescimento desde o primeiro trimestre de 2010, quando a alta foi de 4,7%.


"Um forte crescimento dos investimentos é o que puxou o crescimento do PIB neste primeiro trimestre, o que significa um crescimento de qualidade na economia. Significa que os estímulos que temos dado têm surtido efeito. O investimento deixou para trás o consumo, que cresceu menos neste primeiro trimestre", avaliou ele, acrescentando que a presidente Dilma Rousseff ficou "muito satisfeita" com o resultado dos investimentos.

Previsão para o PIB cairá
O ministro da Fazenda também admitiu que a economia brasileira não deverá crescer no ritmo de 3,5% neste ano – que está contido no orçamento federal de 2013 – e que este valor certamente será revisado para baixo.

Entretanto, de acordo com ele, a expansão será maior do que os 0,9% registrados em 2012. Ele não citou, porém, um valor para a nova previsão. A taxa de crescimento da economia de 0,6% no primeiro trimestre deste ano, segundo ele, representa uma expansão anualizada de 2,2% do PIB brasileiro.

"Estávamos em 3,5% [no orçamento], mas certamente vamos rever esse número. Não posso olhar só para o primeiro trimestre. Tenho de olhar para os trimestres sucessivos. Estamos no meio do segundo trimestrre e os dados são muito bons, principalmente de abril", declarou ele.

PIB dos países no 1º trimestre de 2013 (Foto: Editoria de Arte/G1)

Comparação internacional
Mantega também avaliou que o crescimento da economia brasileira aconteceu em um cenário internacional "adverso" – o que dificulta as exportações nacionais, principalmente de produtos manufaturados (industrializados). "Como crescemos mais do que boa parte doa países,  importamos mais e exportamos menos", acrescentou.

Na comparação com outros países, ainda segundo o ministro da Fazenda, o Brasil foi um dos "poucos países" que manteve o crescimento.

"Os países emergentes, com o México e Chile, tiveram desaceleração. Tivemos crescimento maior do que os países da Zona do Euro. Os Estados Unidos foram um dos poucos países com crescimento maior no primeiro trimestre do que no quarto. Na comparação internacional, diria que o Brasil está bem", concluiu ele.

Fonte: 
 http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/05/governo-nao-pretende-adotar-novas-medidas-de-estimulo-diz-mantega.html

BOX: Entenda como é calculado o PIB

Indicador é a soma de tudo o que é produzido no país durante um período.
Conta é feita pelas óticas da oferta e da demanda.

O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma do valor de tudo o que é produzido no país durante um determinado período. Na conta, entram todos os tipos de bens e serviços, do cafezinho ao avião. Mas não entram no cálculo os bens já existentes antes do período (uma casa já construida, por exemplo) – assim, o valor do PIB representa o quanto a economia do país produziu, não o quanto ela “vale”.

O cálculo do PIB é feito por dois “lados”: a oferta e a demanda – que, ao final, devem chegar ao mesmo valor.

De um lado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), soma tudo o que é produzido na agropecuária, na indústria e no setor de serviços. Um mesmo produto, no entanto, não conta duas vezes: assim, o pão entra na conta, mas a farinha usada para produzi-lo, não.

Na outra ponta, é somado o que é gasto: pelas famílias, pelo governo e em investimentos, como a compra de máquinas pelas empresas. Exportações e importações também entram nessa conta – mas as importações, como representam dinheiro “saindo” do país, contam negativamente.

Os números do PIB são divulgados pelo IBGE até 90 dias depois do fechamento do ano (ou de um trimestre). Mas o dado definitivo só sai dois anos depois, quando são incorporados dados mais completos sobre renda.

Segundo os economistas, o PIB cresce quando há um equilíbrio entre os “ingredientes”: se há mais investimentos, são gerados mais empregos, mais empresas são abertas, e aumentam a renda e o consumo das famílias.


Fonte: 
http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/06/entenda-como-e-calculado-o-pib.html

sábado, 9 de março de 2013

Dilma anuncia redução de 9,25% nos itens da cesta básica e carnes

O anúncio foi feito no mesmo dia em que o IBGE divulgou a inflação de fevereiro 0,2% acima da meta. Com a medida o governo federal abre mão de de R$ 7,3 bilhões em impostos por ano.



“A partir de agora, todos os produtos da cesta básica estarão livres do pagamento de impostos federais”. A declaração foi dada pela presidente Dilma Rousseff na noite de ontem, durante pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, por ocasião do Dia da Mulher. A redução foi de 9,25% para carnes e itens da cesta básica, além de 12,25% para sabonetes e pastas de dente. Com a medida, o governo zera a incidência de PIS/Pasep-Cofins e de IPI de 16 itens. E abrirá mão de R$ 7,3 bilhões em impostos ao ano. Sendo R$ 5,5 bilhões já em 2013.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que o IBGE divulgou a inflação de fevereiro 0,2 ponto percentual acima da meta do Governo, além de um dia após o Dieese informar que o preço da cesta básica subiu em 15 das 18 capitais pesquisadas.

“No momento em que a inflação afeta a cesta básica, ela afeta muito a população de baixa renda. E o Governo tem tido uma preocupação muito grande para que a inflação não atinja as camadas mais baixas”, diz Sérgio Melo, presidente nacional do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef). Apesar de elogiar a medida, ele a considera bastante modesta, já que o governo arrecada cerca de R$ 1,5 trilhão por ano. Para ele, seria mais significativo se houvesse desoneração para os bens de produção (máquinas e equipamentos). “Aí nós teríamos produtos mais baratos”, ele diz.

Supermercados
Severino Neto, presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), diz que em breve a diminuição do preço desses produtos chegará às prateleiras, mas que não dá para prever quando, em virtude da seca que atinge o Estado. “A seca acabou diminuindo a produção e aumentando os preços. Mas em breve teremos boas notícias”.

Durante seu pronunciamento, Dilma Rousseff prometeu ainda instalar em cada Estado um “moderno” centro de atendimento integral à mulher, sem definir data.

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/radar/2013/03/09/noticiasjornalradar,3019515/ilma-anuncia-reducao-de-9-25-nos-itens-da-cesta-basica-e-carnes.shtml

O jogo de interesses dos conservadores com o Obamacare

Paul Krugman

Professor de Princeton e colunista do New York Times desde 1999, Krugman venceu o prêmio Nobel de economia em 2008 
Americanos comemoram decisão da Suprema Corte dos EUA que, em junho, decidiu manter o programa Affordable Care Act (ou Obamacare), a ampla reforma da saúde promovida pelo presidente Barack Obama



Os conservadores gostam de dizer que a posição política deles está totalmente vinculada à liberdade econômica e que, por isso, eles querem fazer com que o papel do governo, em geral, e os gastos do governo, em particular, sejam os menores possíveis. E não há dúvida de que existem conservadores que realmente têm uma visão idealista como essa.

Mas, quando se trata dos conservadores com poder real, há uma visão alternativa e mais cínica para as suas motivações --ou seja, a visão segundo a qual tudo está relacionado a confortar os confortáveis e afligir os aflitos, de dar mais para aqueles que já tem muito. E, se você quiser fortes evidências em favor dessa visão cínica, olhe para o atual estado do Medicaid.

Alguns antecedentes: o Medicaid, que oferece seguros de saúde para os norte-americanos de baixa renda, é um programa muito bem-sucedido e que está prestes a crescer, pois sua expansão é uma peça-chave da Affordable Care Act (Lei da Assistência Acessível), também conhecida como Obamacare.

Há, no entanto, uma pegadinha aí. A decisão da Suprema Corte de defender o Obamacare no ano passado também abriu uma brecha para que os Estados sejam capazes de rejeitar a expansão Medicaid se assim desejarem. E muitos governadores republicanos têm proferido palavras duras ao dizerem que se manterão firmes contra a noção terrível e tirânica de ajudar as pessoas que não têm seguro de saúde.

Mas, no final das contas, a maioria dos Estados provavelmente aceitará a expansão do Medicaid por causa dos grandes incentivos financeiros: o governo federal vai pagar o custo total da expansão durante os primeiros três anos, e os gastos adicionais beneficiarão hospitais, médicos e pacientes. Ainda assim, alguns dos Estados que têm permitido a contragosto que o governo federal ajude seus cidadãos mais necessitados estão colocando uma condição para a liberação dessa ajuda, pois insistem que ela deve ser administrada por empresas privadas de seguros. E isso diz muito sobre o que os políticos conservadores realmente querem.

Considere o caso da Flórida, cujo governador, Rick Scott, fez sua fortuna pessoal no setor de saúde. E, por falar nisso, a empresa de Scott se declarou culpada de acusações criminais e pagou US$ 1,7 bilhão em multas relacionadas a fraudes contra o Medicare. De qualquer forma, Scott foi eleito como um feroz opositor do Obamacare, e a Flórida participou da ação judicial para solicitar que a Suprema Corte declarasse inconstitucional o projeto como um todo. No entanto, Scott chocou recentemente os ativistas do Tea Party ao anunciar seu apoio à expansão do Medicaid.

Mas o apoio de Scott estava vinculado a uma condição: ele estava disposto a fornecer cobertura a um número maior das pessoas que não têm plano de saúde apenas depois de receber uma isenção que permitiria que ele administrasse o Medicaid por meio de empresas privadas de seguros. Mas por que Scott iria querer fazer isso?

Nem me fale sobre o livre mercado. Essa postura está totalmente relacionada com gastar o dinheiro dos contribuintes, e a questão é saber se esse dinheiro deve ser gasto diretamente para ajudar as pessoas ou se ele deve ser destinado a um grupo de intermediários privados.

E apesar de algumas frágeis alegações em contrário, a privatização do Medicaid vai acabar exigindo um aumento --e não a diminuição-- dos gastos do governo, pois há provas contundentes de que o Medicaid é muito mais barato do que os seguros particulares. Em parte, isso tem a ver com custos administrativos menores, pois o Medicaid não faz propaganda nem gasta dinheiro tentando evitar estender sua cobertura a determinadas pessoas. Mas grande parte dessa situação reflete o poder de barganha do governo e sua capacidade de impedir a manipulação de preços por parte dos hospitais, das empresas farmacêuticas e de outras partes do setor de assistência médica.

Há muita manipulação de preços na área de assistência médica --fato conhecido há muito tempo pelos economistas que trabalham com a área da saúde, mas que foi documentado de maneira especialmente explícita em uma recente reportagem publicada pela revista Time. Como afirma Steven Brill, autor da reportagem, os indivíduos que tentam obter um plano de saúde podem ter que arcar com custos altíssimos-- e até mesmo as grandes empresas privadas de planos de saúde têm uma capacidade limitada de controlar os abusos por parte dos provedores de serviços dessa área. O Medicare se sai muito melhor nesse quesito e, embora Brill não diga isso, o Medicaid --que tem uma capacidade maior de dizer não-- parece se sair ainda melhor.

Nesse caso, você pode estar se perguntando: por que grande parte do Obamacare será administrada por seguradoras privadas? A resposta é: devido ao poder político em estado bruto. Permitir que o setor de assistência médica continuasse cobrando tarifas extorsivas livremente foi, na realidade, o preço que o presidente Barack Obama teve que pagar para conseguir que sua reforma do sistema de saúde fosse aprovada. E, como a recompensa seria o fato de que dezenas de milhões de norte-americanos passariam a ter um plano de saúde, esse era um preço que valia a pena pagar.

Mas por que deveríamos insistir em privatizar um programa de assistência médica que já é público e que faz um trabalho muito melhor do que o setor privado em controlar seus custos? A resposta é bastante óbvia: o outro lado da questão do aumento dos custos para os contribuintes é o aumento dos lucros do setor de assistência médica.

Por isso, ignore toda a conversa sobre o excesso de gastos do governo e o excesso de ajuda financeira fornecida a parasitas que não a merecem. Enquanto os gastos continuarem enchendo os bolsos certos e os beneficiários indignos da generosidade pública forem corporações com conexões políticas, os conservadores com poder real aparentemente continuarão gostando do "Governo Grande".
 
Fonte: http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/paul-krugman/2013/03/06/o-jogo-de-interesses-dos-conservadores-com-o-obamacare.htm
Tradutor: Cláudia Gonçalves 

terça-feira, 5 de março de 2013

Crescimento do PIB do Ceará em 2012 supera quatro vezes o resultado da média nacional

Estado registrou um aumento de 3,65%

 

O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, superou quatro vezes o resultado da média nacional em 2012, registrando um crescimento de 3,65%. Com o resultado, a economia do Estado somou um montante de R$ 94 bilhões no ano passado.

Dados foram divulgados pelo Ipece na reunião do Mapp Foto: Governo do Estado

A média nacional apresentou uma expansão de 0,9% em 2012. Conforme o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), o crescimento cearense é puxado pelos setores de serviços e indústria, com destaque para a expansão do setores de construção, eletricidade, gás e água.

A indústria cearense cresceu 2,63%, enquanto a indústria nacional registrou queda de 0,8%. O setor de construção cresceu 4,72% e o setor de eletricidade, gás e água teve um acréscimo de 8,79%. Já a indústria da extração mineral caiu 4,42% no Ceará e indústria de transformação diminuiu 1,5%.

O setor de serviços continua sustentando a economia cearense e o resultado positivo do PIB. Em 2012, o setor registrou um aumento de 5,8%.

O comércio no Estado cresceu 7,95%, enquanto o setor de aluguéis cresceu 5,94%. A intermediação financeira aumentou 4,38%. Os valores referentes ao turismo são mensurados no desempenho do setor de alojamento e alimentação, que registrou alta de 6,65% em 2012 e no setor de transportes, cujo aumento ficou em 7,99%.

O Estado também atribui aos investimentos públicos e privados a projeção positiva do PIB cearense. O governador Cid Gomes disse acreditar que o PIB de 2013 supere o de 2012.

Agropecuária apresenta queda

A agropecuária registrou resultados negativos no ano passado. O setor apresentou uma queda de 20,1%. No Brasil, também foi registrada queda, porém de apenas 2,3%. Nos quatro trimestres de 2012 houve queda na agropecuária cearense. No primeiro trimestre, a queda foi de 9,8%, no segundo semestre, foi de 44,6%, no terceiro semestre, 19,3% e no quarto semestre, caiu 8,56%.

"Nós vivemos em 2012, a pior seca, relativa à índices pluviométricos, dos ultimos 40 anos. Isso, por si só, justifica boa parte da nossa recua", afirmou Cid Gomes.

O crescimento acumulado do PIB no Ceará nos últimos cinco anos ficou em 31,4%. No Brasil, o crescimento atingiu 23,6%. O acumulado de arrecadação no ICMS nos últimos cinco anos aumentou em 105,3% no Ceará, enquanto o Indíce de Preços ao Consumidor aumentou 37,7% no mesmo período.
Os dados foram divulgados pelo diretor-geral do Ipece, Flávio Ataliba com a presença do governador Cid Gomes, na tarde desta terça-feira (5), na reunião do Monitoramento Ações e Programas Prioritários (Mapp).

Cid repercute sociedade 'simbólica' com Premium II
Durante a entrevista coletiva, após a apresentação, o governador repercutiu a declaração de que ele desejaria uma "sociedade simbólica" entre Estado e a refinaria Premium II.

"Quando eu sondei isso, minha ideia foi muito mais no sentido de uma participação acionária simbólica que conferisse legitimidade, no sentido de que a gente possa negociar com outros parceiros (além da Petrobras). Ele explicou que se o Estado tiver oportunidade de ter uma participação acionária, mesmo que com investimento "simbólico", haveria a possibilidade de negociar "24 horas sobre esse tema" com a Petrobras. "Será o investimento do século XXI", acrescentou Cid sobre a aplicação de R$ 22 bilhões no empreendimento.

 fonte: http://diariodonordeste.globo.com/noticia.asp?codigo=355147

Desigualdade diminui no Brasil e sobe nos outros Brics




A desigualdade de renda no Brasil, embora ainda bastante elevada para padrões internacionais, atingiu em 2011 o menor patamar desde a década de 60, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O movimento observado no Brasil ocorreu na contramão da tendência mundial, já que em dois terços dos países houve aumento da desigualdade no período recente, segundo a Unesco. Locomotivas do crescimento global na última década, a Índia e a China, por exemplo, não conseguiram avançar com distribuição de renda, embora tenham reduzido os níveis de pobreza.

No Brasil, o coeficiente de Gini, indicador que é referência na medição da distribuição de renda, alcançou em 1990 o pico para os últimos 50 anos, quando marcou 0,607 pontos, de acordo com levantamento feito pelo Ipea. Desde então, o índice traçou uma curva decrescente e caiu para 0,527 em 2011, patamar semelhante ao observado no início da década de 60, quando esse acompanhamento começou a ser feito no país.

A redução foi significativa no período. Economistas costumam ressaltar que, no caso do índice de Gini, a segunda casa decimal tem destacada importância, porque a escala varia apenas de zero a um, sendo que coeficiente um significaria que apenas um único indivíduo concentra toda a renda da sociedade. Em zero, todas as pessoas teriam a mesma renda.

Segundo comunicado do Ipea intitulado "A Década Inclusiva", a renda do trabalho foi essencial para a forte - e inédita -- redução de desigualdade no Brasil nos últimos dez anos, responsável por cerca de dois terços da queda de pouco mais de 10% do coeficiente de Gini no período. Ao mesmo tempo, ressalta o instituto, sem as políticas de redistribuição de renda patrocinadas pelo Estado brasileiro desde o início dos anos 2000, a desigualdade teria caído 36% a menos na década passada.

Marcelo Neri, presidente do Ipea, afirma que alguns países onde há aumento da concentração de riqueza, como é o caso da China, já mostraram interesse em programas brasileiros, como o Bolsa Família. Lá, assim como no Brasil das décadas de 60 e 70, houve redução da pobreza, mas a renda ficou mais concentrada.
Isso ocorreu, segundo dados compilados pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), porque embora o crescimento da renda da parte mais pobre da população tenha sido forte nos emergentes, os mais ricos tiveram salto ainda maior.

No Brasil, foi o contrário. Nos últimos dez anos, os salários dos 20% mais pobres cresceram 6,3% ao ano, atrás apenas da China entre os países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Já o rendimento do quinto mais rico da sociedade avançou apenas 1,7% ao ano no país neste período. Na China, a alta foi de 15%. "No meio do milagre econômico chinês, há um certo purgatório social", afirma Neri.
João Pedro Azevedo, economista-sênior da Unidade de Pobreza, Gênero e Equidade do Banco Mundial para a região da América Latina e Caribe, lembra que, apesar do aumento de concentração de riqueza, a pobreza na Ásia caiu drasticamente nos últimos anos, resultado do expressivo crescimento desses países no período.

Para Neri, no entanto, é possível que o avanço forte da economia e do setor manufatureiro chineses na última década tenha levado a aumento expressivo da demanda por pessoas mais qualificadas, o que puxou a alta dos rendimentos no topo da escala social. No Brasil, esse processo ocorreu principalmente durante o "milagre econômico" da década de 70, que elevou as disparidades internas de renda, processo que só começou a ser revertido nos últimos dez anos.

É por isso, diz Neri, que "o Brasil não tem sido o país do futuro, e sim do passado". Ou seja, a inclusão de uma parcela expressiva da população ao mercado de trabalho formal, associada à política de valorização do salário mínimo, está corrigindo distorções criadas em décadas anteriores, e não levando o desenvolvimento brasileiro a um novo patamar.

O aumento do nível de emprego formal e do rendimento real, em sua avaliação, tornam esse movimento mais sustentável no longo prazo. De acordo com dados disponíveis até agosto, o Ipea calcula que o coeficiente de Gini caiu mais 1,6% em 2012, em função tanto do aumento da renda quanto da população ocupada.

Além disso, Ana Maria Barufi, economista do departamento de análise e pesquisa econômica do Bradesco, lembra que os setores que demandam mão de obra menos qualificada, como construção civil e serviços, foram os que mais cresceram e abriram postos de trabalho no período.

Segundo dados da Pnad elaborados pelo Bradesco, o rendimento médio do trabalho das pessoas sem instrução aumentou 74% entre 2004 e 2011. Nesse período, os salários dos indivíduos com ensino médio incompleto cresceram 21,6% e, no caso da população com superior completo, o avanço foi de 2,1%.

Ana Maria afirma que, embora venha caindo, ainda existe um diferencial significativo de salários em função do grau de escolaridade. Os anos de estudo estão aumentando, afirma, e a expectativa é que se avance também na qualidade da educação, o que tornará a população mais produtiva, com salários mais elevados.
É por isso, diz, que mesmo com taxa de desemprego em níveis historicamente baixos, o que pode ter alguma consequência negativa para o potencial de crescimento, a desigualdade deve continuar a cair nos próximos anos.

Para Azevedo, do Banco Mundial, a demografia pode colocar um risco para a continuidade do processo de avanços na distribuição de renda nos últimos anos, principalmente se ações destinadas a elevar a produtividade do trabalhador, como melhora do nível educacional, continuarem estagnadas.

O país, afirma o economista, tem hoje taxa de dependência (proporção de adultos em idade ativa em relação a crianças e idosos) mais baixa, mas o envelhecimento da população, como já mostrou a experiência europeia, aprofunda desigualdades. "A taxa de fertilidade já é inferior à de reprodução, e isso pode ter consequências para o processo de redução da pobreza e desigualdade."

Azevedo ressalta também que, apesar do salto dado pelo Brasil e pela América Latina como um todo, a região continua a ser de grandes contrastes econômicos. "O país mais igualitário da América Latina ainda tem índices piores do que o mais desigual na Europa", afirma.

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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Morte por Davos



26 de fevereiro de 2013 | 15h11
Paul Krugman


É assim que o euro termina: não com os bancos, mas com bunga-bunga.
   
OK, o euro não está condenado – ainda. Mas a eleição italiana sinaliza que os eurocratas, que jamais perdem uma oportunidade de perder uma oportunidade, estão chegando muito perto da borda.
   
O fato fundamental é que uma política de austeridade para todos – austeridade incrivelmente dura em nações devedoras, mas um pouco de austeridade também no núcleo europeu, e nenhum indício de uma política expansiva em lugar algum – é um completo fracasso. Nenhuma nação sob a austeridade imposta por Bruxelas/Berlim mostrou um indício sequer de recuperação econômica; o desemprego alcançou níveis de destruir sociedades.
   
Esse fracasso chegou perto de destruir o euro por duas vezes, no fim de 2011 e, de novo, em meados do ano passado, quando nações devedoras ameaçaram entrar num parafuso de quedas de preços de bônus e falências bancárias. Em cada ocasião dessas, Mario Draghi e o Banco Central Europeu (BCE) entraram em cena para conter os danos, primeiro emprestando aos bancos que estavam comprando dívida soberana (Operação de Refinanciamento de Longo Prazo, ou LTRO na sigla em inglês), depois anunciando a disposição de comprar dívida soberana diretamente (Transações Monetárias Diretas, ou OMT); mas em vez de tomar a experiência quase mortal como uma advertência, os austeros da Europa tomaram a tranquilização dos mercados arquitetada pelo BCE como um sinal de que a austeridade estava funcionando.
   
Bem, os sofridos eleitores da Europa não concordaram.
   
Como eles puderam não perceber o que estava a caminho? Bem, na Europa ainda mais que nos Estados Unidos, as Pessoas Muito Sérias (PMS) vivem numa bolha de consideração pela própria seriedade, e imaginam que o público em geral seguirá o seu comando – vamos minha gente, é a única coisa responsável a fazer. Wolfgang Münchau fez uma ótima introdução em sua coluna hoje (terça-feira), que capta a essência:
     
“Houve um momento simbólico nas eleições italianas quando eu soube que o jogo tinha terminado para Mario Monti, o primeiro-ministro derrotado. Foi quando no meio da campanha – no meio de uma insurgência contra o establishment – ele foi a Davos para estar com seus amigos da política e das finanças internacionais. Sei que sua visita à elite que se reunia nas montanhas suíças não foi explorada na campanha, mas ela sinalizou para mim uma falta quase cômica de realismo político”
   
O que as PMS não percebem é que a percepção pública de seu direito de liderar depende de elas alcançarem ao menos alguns resultados reais. O que elas realmente produziram, contudo, foram anos de um sofrimento incrível acompanhado por promessas repetidas de que a recuperação estava muito próxima – e depois se admiram de que muitos eleitores já não confiam no seu julgamento, e se voltam para algum outro, qualquer outro, que oferece uma alternativa.
    
Gostaria de acreditar que a eleição italiana serviria como um despertador – uma razão para, por exemplo, dar ao BCE sinal verde para mais expansão, uma razão para a Alemanha executar algum estímulo e para a França recuar do seu desnecessário aperto de cinto. Minha suspeita, porém, é que elas simplesmente farão mais palestras aos italianos e a todos os demais sobre como elas estão se esforçando.
   
E pode haver figuras piores que Beppe Grillo à espreita no futuro da Europa.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/paul-krugman/2013/02/26/morte-por-davos/
Tradução: Celso Paciornik

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Outro período fraco para EUA e Europa




          A Europa e os Estados Unidos podem esperar outro ano de crescimento fraco em 2013, graças ao fato de estarem conduzindo suas economias de acordo com uma teoria econômica que se mostrou equivocada há mais de 70 anos. Tanto a Europa como os Estados Unidos, a primeira mais que o segundo, são obcecados por políticas de austeridade fiscal, quando a moderna teoria econômica defende claramente o estímulo. O resultado será outro ano de crescimento quase zero para a Europa e uma taxa de crescimento para os EUA que na melhor das hipóteses será suficiente para impedir um aumento da taxa de desemprego.

No caso da Europa, as políticas da zona do euro estão sendo em grande parte determinadas pela Alemanha. O Banco Central Europeu (BCE) basicamente assumiu a posição de garantidor das dívidas dos países da periferia do euro, mas a condição de manter essa garantia é um aperto contínuo dos orçamentos, com mais impostos e menos gastos. Com os principais países do bloco também cortando seus orçamentos, não existe praticamente nenhuma perspectiva de uma retomada do crescimento para os países da zona do euro.

O BCE não é o único que está no caminho do crescimento da Europa. O Reino Unido também optou por mergulhar em uma recessão ao adotar uma política fiscal restritiva. Na melhor das hipóteses, conseguirá manter um crescimento mínimo em 2013.

Nos Estados Unidos, a história é parecida. A tendência é o PIB crescer aproximadamente 2,4% neste ano, segundo a maioria das estimativas. O país conseguirá, na melhor das hipóteses, sustentar esse crescimento em 2013, graças em parte a uma retomada do mercado imobiliário residencial. No entanto, há um risco de a situação se agravar por causa do atual impasse em relação ao orçamento. A necessidade de redução do déficit fiscal tornou-se o caso de um acordo bipartidário em Washington, apesar da necessidade óbvia de se incorrer em déficits para estimular a economia.

Embora a taxa de desemprego nos EUA tenha caído do pico de 10% registrado em outubro de 2009 para 7,7%, segundo os dados mais recentes, a taxa de empregos sobre a população não dá sinais de melhoria comparável. Ela está apenas 0,5 ponto porcentual acima do ponto mais baixo alcançado no terceiro trimestre de 2011, 4,7 pontos porcentuais abaixo do nível pré-recessão. Mesmo por medidas conservadoras, o PIB está mais de 6% abaixo de seu potencial. A economia não deverá recuperar muita coisa desse terreno em 2013 - se é que vai recuperar algo.

O mundo em desenvolvimento está com todas as melhores promessas econômicas para 2013, uma vez que os governos desses países parecem menos inclinados a adotar políticas econômicas antiquadas e a maioria deles agora tem liberdade para adotar suas próprias políticas.

O Reino Unido também optou 
por mergulhar em uma
recessão ao adotar uma 
política fiscal restritiva
 O leste da Ásia deverá continuar apresentando o maior crescimento. Os dados mais recentes vindos da China indicam que sua economia poderá voltar a acelerar, com o crescimento podendo ficar perto de 8% em 2013. O resto da região também deve apresentar um crescimento vigoroso, ainda que um pouco menor.

A Índia e outras economias do sul da Ásia terão taxas de crescimento respeitáveis, na casa dos 5% a 6%. As preocupações com a inflação e gargalos na produção estão impedindo a região de apresentar o mesmo crescimento que o leste da Ásia.

A maioria da África subsaariana também deverá ter um crescimento na casa dos 5%, graças aos altos preços das commodities e os investimentos estrangeiros, grande parte deles oriunda da China.
A maior parte da América Latina também terá em 2013 um ano um pouco melhor que 2012, com os países se afastando de políticas anti-inflacionárias. A maior exceção deverá ser o México. A fraqueza da economia dos EUA será um grande obstáculo para a economia mexicana em 2013.

Os caminhos divergentes dos países em desenvolvimento e das economias ricas é um acontecimento encorajador. Nas décadas anteriores, condições próximas da recessão na Europa, juntamente com o fraco crescimento dos EUA e do Japão, praticamente garantiam um crescimento fraco na maior parte do mundo em desenvolvimento. No entanto, o crescimento da China ao longo das últimas três décadas e o crescimento de muitos países latino-americanos na última década criaram um novo polo para o crescimento mundial. Como resultado, o crescimento do mundo em desenvolvimento deverá continuar em ritmo acelerado ao mesmo tempo em que políticas econômicas antiquadas levem as economias ricas à quase estagnação.

Ainda é muito cedo para afirmar com certeza, mas é provável que estejamos vendo uma mudança permanente na economia mundial, em que os países ricos não precisam mais sustentar o crescimento. O crescimento dos mercados emergentes provavelmente continuará sendo mais rápido com a influência de um crescimento vigoroso na Europa e nos EUA, mas no futuro, esses países deverão conseguir sustentar seu crescimento independentemente do desempenho econômico dos países ricos.

É difícil realçar a importância desse acontecimento. A maior parte do mundo em desenvolvimento foi forçada a suportar duas décadas de quase estagnação entre 1980 e 2000, em grande parte resultado de políticas econômicas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Se os países ricos não conseguirem mais ditar políticas econômicas equivocadas para o mundo em desenvolvimento, então este estará livre para adotar políticas que resultem em um crescimento mais acelerado e mais igualitário.

É claro que não há garantias de que os países em desenvolvimento conseguirão sustentar um crescimento firme. Muitas vezes esses países adotaram suas próprias políticas equivocadas. No entanto, se eles não tiverem mais que enfrentar também as políticas equivocadas impostas pelos países ricos, isso será um passo enorme para o mundo em desenvolvimento.

Dean Barker
Co-diretor do Center for Economic and Policy Research, de Washington

email: baker@cepr.net
Fonte: http://www.valor.com.br/brasil/2945082/outro-periodo-fraco-para-eua-e-europa

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

PIB do Ceará deve crescer 4% em 2013 segundo Ipece

Ipece 09/01/2013

Estudo do Ipece projeta bons resultados para a economia cearense. Para 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) será maior que o nacional e deve fechar em 4%. O otimismo tem a ver com perspectiva de bons investimentos públicos e privados

Castelão: obras estruturantes e Copa das Confederações são fatores de estímulo à economia cearense em 2013


O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará vai crescer mais do que o nacional. A estimativa do Instituto Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) é de que a expansão das riquezas do Estado cheguem a um patamar de 4%, contra 3,3% da estimativa de crescimento nacional. Com isso, o Estado deve atingir R$ 103,8 bilhões, crescendo a renda per capita para R$ 11,9 mil, segundo os dados do Instituto.

O otimismo tem a ver com a expectativa do desenrolar de investimentos públicos e privados no Estado, o que viabilizam projetos estratégicos do desenvolvimento. Os resultados foram divulgados no Informe nº 50- “Perspectiva da Economia Cearense para 2013”, do Ipece.

Para 2013, os resultados dos empreendimentos públicos e privados a serem desenvolvidos, principalmente, em função de grandes eventos esportivos, vão impactar nas atividades econômicas, especialmente no setor de construção civil e serviços, mais especificamente o comércio e atividades turísticas.

A concorrência com produtos importados e as oscilações de câmbio vão dificultar a expansão em alguns segmentos. A Indústria é um deles, em especial a indústria de transformação, representada pelas atividades de Alimentos e Bebidas, Vestuário e Calçados, Têxtil, para citar os principais.

A convivência com problemas climáticos ainda não está ideal e a estiagem pode afetar a atividades econômica negativamente. A preocupação maior, nesse caso, é com a agropecuária.

Conforme informações do Ipece, o Governo planeja investimentos para amenizar a ausência de chuvas, como a transferência hídrica e suprimento de água, além de acumulação hídrica.

Retrospectiva
O estudo do Ipece apresenta ainda uma retrospectiva de 2012, ano para o qual a previsão é de que o PIB cearense feche em 3,5% segundo o Instituto – os dados devem ser divulgados ainda no primeiro trimestre deste ano. O volume de riqueza, conforme a projeção, deve chegar a R$ 94,6 bilhões, o que quer dizer R$ 10,9 mil per capita.

Nos últimos anos, a economia cearense tem demonstrado maior dinamismo do que a economia nacional. Conforme o documento, de 2004 a 2007 - período antes da crise -, a economia cearense cresceu a uma taxa média anual de 4,8% frente à 4,7% da economia brasileira.

No ápice da crise, em 2009, o Ceará apresentou o pior resultado no período de 2004 a 2012. Atingiu uma taxa de crescimento de 0,04%, mesmo assim, acima da média nacional, com queda de 0,3% em 2009 sobre 2008.

Para 2013, a expectativa é de que investimento públicos e privados impulsionem um Produto Interno Bruto cearense mais volumoso ainda.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIAO Ceará vem mantendo taxas de crescimento acima da média nacional. Para 2013, a expectativa é de que investimento públicos e privados impulsionem um Produto Interno Bruto cearense mais volumoso ainda

SERVIÇO

Acesse a íntegra do estudo
Onde: www.ipece.ce.gov.br

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2013/01/09/noticiasjornaleconomia,2984804/pib-do-ceara-deve-crescer-4-em-2013-segundo-ipece.shtml

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Cresce debate no Fed para EUA adotarem meta de PIB

Internacional / Estados Unidos

Se a ideia vingar, na prática os Estados Unidos acabariam injetando muito mais dinheiro na economia, inundando o mundo com liquidez e desvalorizando ainda mais o dólar

Agência Estado 
 
Shutterstock 
 

          Ganha força o debate no âmbito do comitê federal de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) de se adotar uma meta para o Produto Interno Bruto (PIB) nominal, alterando o duplo mandato atual do banco central americano de promover o emprego pleno e de zelar por preços estáveis. Se a ideia vingar, na prática os Estados Unidos acabariam injetando muito mais dinheiro na economia, inundando o mundo com liquidez e desvalorizando ainda mais o dólar, para atingir um crescimento-alvo.

Com o risco crescente de a economia dos Estados Unidos resvalar novamente para uma recessão, num ambiente de inflação sob controle, é cada vez maior o debate entre acadêmicos e economistas dentro do Fed de que a adoção de uma meta para o valor nominal do PIB pode ter o efeito sobre a atividade econômica e o emprego que, até agora, a prática de juros próximos de zero não teve. A proposta, que teria de ser aprovada pelo Congresso americano para vigorar, não deverá entrar na pauta do Fomc, que definirá hoje a política monetária americana.

"Se a economia dos Estados Unidos parecer que está emperrando novamente no futuro próximo e os mercados desabarem, esse será um tema que estará mais explicitamente na pauta de discussões do Fomc", disse à Agência Estado o economista-chefe internacional do banco ING, Rob Carnell. "Alguns membros do Fomc já demonstraram simpatia pela ideia, embora não haja muito entusiasmo, neste momento, de perseguir uma proposta que exija um ato do Congresso para mudar o mandato do Fed."

A adoção de uma meta para o PIB nominal é uma má ideia, na opinião de Cornell, pois, essencialmente, isso representaria uma meta de inflação combinada com uma meta de PIB real. Essas duas metas juntas, na prática, resultariam numa meta de PIB nominal, disse o economista do ING. "O problema é que ao ter uma meta implícita, ou seja, não oficial de inflação há anos, o Fed acabou negligenciando o crescimento do crédito, que explodiu e levou à crise financeira", afirmou.

A noção por trás de tal meta é a de que se o crescimento econômico está baixo, fixa-se um alvo para o valor em dinheiro do PIB e não a variação da sua taxa de crescimento, o que talvez exija medidas mais drásticas de estímulo monetário do que apenas corte de juros, opção praticamente esgotada no momento. "Se uma meta de PIB nominal fosse adotada, então a única ferramenta disponível seria mais afrouxamento quantitativo, pois não restou mais nada", disse Cornell, que estima um crescimento de 1,3% do PIB americano em 2011 e de 1,8% em 2012.

Na opinião do economista-chefe para Estados Unidos do banco HSBC, Kevin Logan, alguns membros do Fomc já indicaram que uma meta de PIB nominal é uma medida que vale à pena perseguir, mas o comitê como um todo ainda não endossa tal ponto de vista. "Essa é uma discussão que pode crescer, pois as autoridades econômicas vêm tentando há algum tempo animar a economia e atingir uma taxa de crescimento maior sem sucesso", disse Logan à Agência Estado. Para ele, uma questão importante é como o Fed iria implementar uma meta de PIB nominal, pois não é possível a autoridade monetária ter controle sobre essa variável.

"O Fed pode ter controle apenas sobre o seu balanço patrimonial e sobre o taxa de juros", afirmou Logan. "Além disso, qual a ligação entre os instrumentos de taxas de juros do Fed e essa variável da meta de PIB nominal? E se esse link não for inteiramente claro, o Fed estaria entrando num território nunca antes trilhado, o que põe em questão a credibilidade de ele conseguir atingir tal objetivo", comentou.

Logan lembrou ainda que, levando em conta uma meta implícita de inflação ao redor de 2%, já indicada por Bernanke no passado, e se for aceita que há uma tendência histórica de taxa real do crescimento econômico ao redor de 2,5%, então o mercado teria de achar que o Fed persegue uma meta implícita de crescimento de PIB nominal de 4,5%. "Não acho que o Fed tenha tal meta", disse. "A recente recessão trouxe o PIB nominal para território negativo, mas não acredito que o Fed esteja tentando recuperar a perda recente do PIB nominal para uma meta implícita de 4,5%", explicou.

Na opinião do economista do banco Goldman Sachs em Nova York, Alberto Ramos, a flexibilidade recente adotada pelo BC brasileiro em abandonar o objetivo de atingir o centro da meta inflacionária este ano, para não prejudicar a atividade econômica, não significa que o BC está perseguindo agora uma meta específica de PIB. "O objetivo de produto e emprego não está na função 'objetivo' do BC, mas está na função 'reação', isto é, se a economia está registrando um crescimento fraco, e isso vai aliviar as pressões sobre a inflação, o que abre espaço para cortes de juros", afirmou Ramos.

Além disso, ressaltou o economista do Goldman Sachs, a meta de inflação no Brasil, de 4,5%, é bastante elevada, o que explica, em parte, as altas taxas de juros brasileiros. "O próprio sistema de metas permite à inflação acelerar para 6,5% e ainda permanecer no teto dessa meta, o que deixa espaço para o BC atuar preventivamente para lidar com o ambiente externo e cortar juros", diz Ramos.

Fonte:  http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT276813-16367,00.html

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Para onde vai o tripé?

Por Antonio Delfim Netto

          Para desespero dos que acreditam que a economia monetária é uma ciência da qual são únicos portadores, ela está cada vez mais de pernas para o ar. Diante das dificuldades de colocar em marcha normal as suas economias, os bancos centrais em diversas partes do globo começam a prevaricar. Namoram medidas estranhas. Perdem, a pouco e pouco, a vergonha de reconhecer que não sabem bem o que fazer. O regime "puro" de metas inflacionárias que só existe no mundo platônico dos livros textos, mas serve para recomendar políticas universais vai assumindo cada vez mais o que ele sempre foi: uma caricatura!

Nunca houve (nem poderia haver) um banco central que ignorasse o nível de atividade, o nível de emprego e os movimentos dos ativos financeiros, em particular a taxa de câmbio. Todos tiveram implícita ou explicitamente, muitos mandatos. Puderam ignorá-los no tempo da "grande moderação", porque "as coisas caminhavam bem". Sem entender o que se passava, a atribuíam às "virtudes de suas próprias políticas monetárias" e nós acreditávamos...

As últimas semanas revelam uma perspectiva de mudança na administração da política monetária pelo Federal Reserve dos EUA, do Bank of England, e do Banco Central do Japão, estimulada pela conferência monetária em Jackson Hole. Nela o economista Michael Woodford, considerado por alguns o mais sofisticado "economista monetário do mundo" insistiu que os bancos centrais têm de usar sua credibilidade sobre as expectativas inflacionárias quando a taxa de juro nominal está próxima de zero, e flertou com uma política de meta para o PIB nominal. Isso parece estar por trás da nova política do Fed que prometeu comprar "ad libitum", US$ 85 bilhões de papéis (de todas as naturezas) por mês, até que uma de duas coisas aconteça:
1º) a taxa de inflação supere 2,5%; ou
2º) a taxa de desemprego caia a 6,5%, o que tem sido chamado de regra (2,5; 6,5).

BCs namoram medidas estranhas, não sabem o que fazer

Obviamente a nova política causou alguma ansiedade, particularmente nos mercados financeiros. Esses logo concluíram que Bernanke estava abandonando o sacrossanto dogma de inflação à taxa de 2% ao ano. Quem quiser mais informações deve ler a interessante palestra de Charles Evans, "Monetary Policy in Challenging Times", feita em Toronto no dia 27 de novembro. Bernanke afirmou que a mudança não significa que a política monetária foi transferida para o piloto-automático: foi programada para dar aos mercados e ao público em geral a informação de como o Fed está pensando e dar-lhes a oportunidade de ajustarem as suas expectativas.

É importante notar que Bernanke foi muito claro. O Fed, mesmo com as novas políticas, não tem condições de sustentar um razoável crescimento do PIB e do emprego, se o Congresso americano não chegar a um acordo capaz de superar o "abismo fiscal" implícito no vencimento das políticas pontuais tomadas no governo Bush. Isso impõe séria responsabilidade ao Partido Republicano que até agora se diverte com Obama caminhando na beira do tal abismo.

Mas as novidades não terminam por aí. O futuro presidente do Bank of England, o canadense Mark Carney, escolhido numa seleção pública universal, acaba de pregar um susto no primeiro ministro Cameron. Carney vai assumir o lugar em 1º de julho de 2013 em substituição a Mervyn King, quando deixará a presidência do Banco Central do Canadá. Nos seus recentes discursos tem revelado suas preocupações com o regime de metas inflacionárias e dito que é preciso pensar em "políticas monetárias não convencionais", o que está longe do pensamento de King. Ele também parece estar namorando uma política de metas para o PIB nominal. Cameron apressou-se a esclarecer que na Inglaterra qualquer mudança de política monetária (mesmo as de caráter estritamente técnica como seria uma eventual substituição das metas inflacionárias para metas de PIB nominal), deve ser aprovada pelo Parlamento, o que mostra o limite político que restringe a "independência" para administrar a busca dos objetivos politicamente fixados.

O que há de importante na Inglaterra é uma fadiga com a política monetária conservadora e o esforço fiscal aos quais a economia tem respondido muito mal. Alistair Darling, um chanceler do governo trabalhista, explicitou o cansaço: "As metas inflacionárias faziam sentido há 20 anos quando a inflação era nosso principal problema, mas agora todas as nações do mundo estão preocupadas com o crescimento. Não defendo o abandono da política de metas, porque a inflação pode voltar qualquer dia. Mas no futuro previsível nossa prioridade é crescer." E completou para espanto geral: "Creio que Mark Carney explicitou que os bancos centrais de todo o mundo devem ter o crescimento como sua prioridade."

Mas as surpresas não terminam. Vencedor na campanha eleitoral pelo Partido Liberal japonês, o ex-primeiro ministro Shinzo Abe (líder do partido), tem demonstrado o maior desconforto com o conservadorismo do Banco Central (o CBJ) e tem sugerido um sistema de "metas inflacionárias", obviamente para aumentar a taxa de inflação, desvalorizar o iene e recuperar a indústria japonesa que foi transferida para o exterior, particularmente para a China.

O mundo está mudando! Mas até agora ninguém ousou dizer que ele está jogando fora o religioso tripé objeto de adoração dogmática de alguns dos nossos mais brilhantes sacerdotes.

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras
E-mail: contatodelfimnetto@terra.com.br

Fonte: http://www.valor.com.br/brasil/2943832/para-onde-vai-o-tripe 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Concentração de renda no Brasil


12/12/2012 - 10h00

Seis municípios concentram 25% da geração de renda do país, aponta IBGE

Do UOL, em São Paulo

Seis municípios concentram cerca de 25% de toda a geração de renda do país. São Paulo fica no topo da lista, com 11,8% de participação no PIB (Produto Interno Bruto) nacional, seguido por Rio de Janeiro (5%), Brasília (4%), Curitiba (1,4%), Belo Horizonte (1,4%) e Manaus (1,3%). Juntas, as seis capitais representam 13,5% da população.

Os dados, divulgados nesta quarta-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), fazem parte de uma pesquisa que avaliou o PIB dos municípios brasileiros em 2010. Os dados são de 2010, mas foram divulgados somente agora.
No total, o Brasil registra 5.565 municípios.

Novidade em relação ao ano anterior é Manaus

Em relação à mesma pesquisa de 2009, a novidade fica por conta de Manaus, que entrou para a lista dos municípios brasileiros que concentraram grande parte da geração de renda em 2010.
Em comum, segundo o IBGE, os municípios têm a maior concentração da atividade de serviços, exceto Manaus, cuja economia apresenta maior equilíbrio entre as atividades de indústria e de serviços. 

Maior PIB per capita é de São Francisco do Conde (BA)

São Francisco do Conde, na Bahia, é o município com maior resultado per capita (PIB dividido pelo número de habitantes), com R$ 296.884,69. Esse valor é 15 vezes a média nacional, que foi de R$ 19.766,33 em 2010.
O município abriga a segunda maior refinaria de petróleo em capacidade instalada de refino do país.
Porto Real (RJ) e Louveira (SP) ocupam a segunda e a terceira posição, respectivamente.

Menor PIB per capita é de Curralinho, no arquipélago do Marajó (PA)

Já o menor PIB per capita em 2010 (R$ 2.269,82) foi verificado no município paraense de Curralinho.
Localizado no arquipélago do Marajó, o município sustentava-se, segundo o IBGE, pela transferência de recursos federais: a administração pública participou com 61% do valor total.

Sobem exploradores do minério de ferro; descem produtores de soja

Segundo o IBGE, as principais mudanças de participação do PIB entre municípios em 2010 estão ligadas aos produtos agrícolas e minerais.
Os baixos preços dos produtos agrícolas impactaram principalmente os municípios produtores de soja, causando perda de participação no país, enquanto os altos preços dos produtos minerais, principalmente do minério de ferro, resultaram em maior participação dos municípios exploradores dessas atividades.

Maior queda: São Salvador do Tocantins (TO); maior alta: Catas Altas (MG)

Considerando-se o ranking de participação de todos os municípios do país no PIB total, a maior perda de posição de 2009 para 2010 ocorreu em São Salvador do Tocantins (TO), que passou da posição 2.616 para 4.295. A queda foi causada pelo encerramento das obras de uma usina hidroelétrica no município vizinho de Paranã.
O maior ganho de posição (de 2.973 para 1.119) foi registrado no município de Catas Altas (MG), onde as operações de extração de minério de ferro têm crescimento contínuo desde 2006. Em 2010, o alto preço do minério provocou aumento substancial da produção, segundo o IBGE.
Fonte: http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/12/12/seis-municipios-concentram-25-da-geracao-de-renda-do-pais-aponta-ibge.jhtm

CEPAL - previsão de crescimento para o Brasil em 2013


Brasil vai crescer 4% em 2013, diz CEPAL; índice de 2012 foi de 1,2%

11 de dezembro de 2012



Secretária-Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena. UN PhotoApesar das incertezas que ainda persistem a nível mundial — sobretudo as dificuldades que enfrentam a Europa, os Estados Unidos e a China – o Brasil deve ter um crescimento de 4% em 2013. Junto com a Argentina, o país irá impulsionar uma aceleração do crescimento econômico de toda a região da América Latina e o Caribe. É isto o que prevê as novas estimativas apresentadas hoje (11) em Santiago, Chile, pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
De acordo com o Relatório Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2012, divulgado em uma coletiva de imprensa pela Secretária-Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, a região apresentará no próximo ano um crescimento em torno de 3,8%. A recuperação das maiores economias da região e a manutenção do dinamismo da demanda interna, com crescimento dos níveis reais de salários em vários países, são as principais razões desse crescimento.
A região encerrará 2012 com uma expansão de seu produto interno bruto (PIB) de 3,1%, maior do que o crescimento mundial esperado (2,2%), ainda que menor que os 4,3% obtidos em 2011.
O principal impacto da crise econômica global na América Latina e no Caribe refletiu-se no âmbito comercial, já que o crescimento do valor das exportações da região desacelerou-se acentuadamente, de 22,3% em 2011 para uma estimativa de 1,6% em 2012.
Entretanto, a melhora nos indicadores do mercado de trabalho, o aumento do crédito bancário ao setor privado e dos preços das matérias-primas que não sofreram quedas significativas adicionais — apesar da elevada incerteza externa — fizeram com que a região não fosse tão afetada pela crise externa e devem continuar a beneficiar o crescimento no próximo ano.
Segundo o estudo, os países do Caribe continuarão mostrando uma fragilidade fiscal, o que requer reformas acompanhadas de apoio externo para assegurar trajetórias sustentáveis de consolidação fiscal.
“Persiste na América Latina e no Caribe o desafio de aumentar e estabilizar o crescimento do investimento, e não depender somente do consumo, como meio para impulsionar a mudança estrutural com igualdade, incorporar o progresso técnico e dar sustentabilidade ao crescimento”, afirmou Alicia Bárcena na apresentação do estudo.
http://www.onu.org.br/brasil-vai-crescer-4-em-2013-diz-cepal-indice-de-2012-foi-de-12/

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sobre a distribuição dos royalties do pré-sal no Brasil


30/11/2012 - 06h20

Dilma veta mudanças na divisão da renda do petróleo sobre royalties

FLÁVIA FOREQUE
VALDO CRUZ



Depois de sinalizar publicamente a intenção de "respeito a contratos" na análise da lei de divisão dos royalties do petróleo, a presidente Dilma decidiu ontem vetar o artigo do projeto aprovado na Câmara dos Deputados que muda as regras de distribuição desses tributos referentes a campos em exploração.
Com o veto, fica mantida a legislação atual que destina a maior parcela dos royalties dos campos em exploração aos Estados e municípios produtores, como defendiam o Rio e o Espírito Santo.
Pela regra atual, os grandes Estados produtores, por exemplo, ficam com 26,25% dos royalties. Os não produtores recebem apenas 1,76%.
Com isso, saem derrotados os Estados e municípios não produtores, responsáveis pela aprovação do projeto no Congresso que mudava essa divisão da receita. O texto reduzia a parcela dos Estados produtores para 20%.
Quanto às regras de exploração dos futuros campos de petróleo do pré-sal, o governo decidiu manter o que foi aprovado no Congresso. O texto fixa em 15% a alíquota dos royalties no modelo de partilha de produção e define a distribuição desses recursos de forma mais igualitária entre todos os Estados e municípios.
Nesta divisão, os Estados produtores devem ficar com 22% da receita de royalties a ser gerada na exploração dos campos que ainda serão licitados na área do pré-sal. Já os Estados e municípios produtores ficariam com uma parcela maior, de 51%.
O Palácio do Planalto analisava ainda incluir numa medida provisória mudanças na divisão de royalties de futuros campos de petróleo que ainda serão explorados pelo sistema de concessão (fora da região do pré-sal).
Nesta MP, o governo deve incluir dispositivo destinando toda receita dos royalties (União, Estados e municípios) para educação. Com isso, a presidente Dilma quer viabilizar a proposta de investir no setor 10% do PIB (Produto Interno Bruto).
Durante a reunião em que discutiu o assunto, a presidente Dilma voltou a insistir que sua decisão evitaria quebrar contratos e respeitaria o direito adquirido dos Estados e municípios produtores.
Ou seja, seguindo a linha defendida pelo governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), ela optou por não fazer qualquer alteração na legislação atual que destina mais recursos para as regiões produtoras, mas nos campos já licitados.
No caso dos futuros campos, ainda a serem leiloados, Dilma entendeu que a regra da distribuição dos royalties pode ser alterada. Por isso, optou por manter a proposta aprovada na Câmara.
Com a sanção do projeto, o governo vai fazer os primeiros leilões, no segundo semestre do próximo ano, de áreas de exploração de petróleo do pré-sal com base no novo modelo de partilha de produção.
Deputados e senadores de Estados não produtores vão tentar derrubar os vetos. Caso isso ocorra, o governador Sérgio Cabral já avisou que recorrerá ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Editoria de Arte/Folhapress
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1193567-dilma-veta-mudancas-na-divisao-da-renda-do-petroleo-sobre-royalties.shtml

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

ARTIGO - o Brasil e a crise de 2008-2009


25/11/2012 - 03h35

Diagnosticar e medicar


HENRIQUE MEIRELLES


No Brasil, como dizem, até o passado é incerto. O registro histórico e analítico dos fenômenos econômicos é insuficiente, dando margem a interpretações baseadas em convicções pessoais, ideológicas e oportunistas.
Um debate pautado por conclusões pessoais tende ao vazio. O grande custo é não aprendermos com nossos erros ou, melhor ainda, nossos acertos. Na crise de 2008-09, a economia brasileira se recuperou rapidamente após medidas de diversos órgãos de governo. Por isso é importante entendermos o que foi feito.
A crise pegou o Brasil via colapso das linhas de crédito internacionais, já que 20% do crédito vinham do exterior. Isto fez com que os bancos redirecionassem créditos em reais para grandes clientes exportadores, reduzindo as linhas aos demais clientes. Resultado: queda de 20% do crédito total.
Como grandes empresas passaram a tomar recursos em reais para pagar empréstimos externos, a demanda por dólares causou depreciação cambial acentuada. O que gerou outra crise: exportadores tinham efetuado contratos nos mercados derivativos procurando se proteger de que-das futuras do dólar, acreditando que no Brasil o dólar não subiria por causa dos juros altos. Quando o dólar subiu rapidamente, os prejuízos foram monumentais.
Nessa escassez de recursos, um cidadão que queria comprar carro não tinha crédito. Ressabiado, ele suspendia a compra de outros bens. Resultado: o PIB caiu a uma taxa anualizada de 13% no último trimestre de 2008.
As ações do BC foram fortes e concentradas: 1) Emprestou reservas para os bancos repassarem a exportadores e importadores com obrigações em moeda estrangeira, em volume e rapidez suficientes para resolver o problema da liquidez em dólar; 2) Vendeu reservas no mercado "spot" para conter fuga de capitais; 3) Redirecionou a grande disponibilidade de depósitos compulsórios a setores danificados; 4) Atuou no mercado de derivativos de forma agressiva.
A concessão de crédito, essência da crise, voltou rapidamente. O governo cortou impostos de bens como automóveis e, quando o cidadão ia à revenda, já tinha crédito, o que acelerou a volta da confiança do consumidor. Outras medidas de crédito complementaram o processo.
A grande lição é que a crise tem de ser enfrentada com diagnóstico e remédio precisos para doenças que, de fato, existem no momento, e não com o remédio de preferência de cada um.
O grande desafio do Brasil é o aumento da produtividade num mundo ultracompetitivo, onde países estimulam exportações e restringem importações. Esse é o canal de transmissão da crise hoje e no qual devemos concentrar esforços.
HENRIQUE MEIRELLES escreve aos domingos nesta coluna.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/henriquemeirelles/1190802-diagnosticar-e-medicar.shtml