domingo, 5 de junho de 2011

Classe emergente contém consumo

O aumento da inflação, provocado pela elevação de preços dos alimentos e tarifas públicas, especialmente de transportes, já arrefeceu o ímpeto consumista das classes emergentes da população. Pela primeira vez desde 2005, houve queda no consumo quantitativo de produtos básicos (2%) nas classes D e E, formadas por famílias com renda mensal de até quatro salários mínimos. Nos itens não básicos, o crescimento das compras, que corria em um ritmo de 19%, caiu para 10% no trimestre.

Os dados são de estudo feito pela consultoria Kantar Worldpanel, que visitou as residências de 8,2 mil brasileiros nas últimas semanas. A queda de 2% refere-se a mercadorias de consumo frequente nos segmentos de alimentos, bebidas, higiene, limpeza e cuidados pessoais.

"É preciso ficar de olho para ver se essa perda se consolida como tendência", diz Fatima Merlin, diretora da Kantar Worldpanel no Brasil. Na classe C, que reúne a grande massa dos novos consumidores, houve estabilidade no volume comprado de produtos básicos, enquanto no mesmo período do ano passado as taxas cresciam entre 10% a 12%. Nas camadas A e B, menos sensíveis à elevação de preços de alimentos e de tarifas públicas, houve aumento de 3% no volume de mercadorias básicas adquiridas.

Uma constatação curiosa da pesquisa foi a firmeza do consumo de mercadorias supérfluas, que manteve o crescimento mesmo nas classes D e E. Trata-se, segundo avaliação de consultores, de uma característica do novo comportamento da classe média emergente. Se o cenário econômico dá sinais de leve piora, esse consumidor não tende a cortar, necessariamente, o que é supérfluo.

O arrefecimento do consumo de produtos básicos, de qualquer forma, é fator de preocupação, salientado pelos analistas nas projeções de desempenho das empresas de consumo e varejo, porque os investimentos de curto prazo dessas companhias têm sempre levado em conta o ritmo de consumo.

Fonte: Valor Online

Um comentário:

  1. A desaceleração no consumo está sendo algo comum a todo o mundo, seja por fatores internos no Brasil, seja por fatores internacionais que afetam direta e indiretamente o restante dos países.
    No Brasil, a adoção de políticas públicas que aumentam os impostos tem afetado principalmente o consumo de produtos básicos nas classes D e E, mas curiosamente o consumo de produtos que não são básicos tem-se mantido constante, o que reflete uma nova educação, ou melhor, um novo perfil desses consumidores.
    Por outro lado, os sinistros (tsunamis) ocorridos no Japão afetaram a produção de peças automobilísticas, provocando escassez de produtos ou elevação geral dos preços, afetando os consumidores das classes A e B brasileiras.
    Convém verificar que a economia, em geral, tem circularidades e alternâncias, alguns momentos são de aceleração, enquanto outros são de desaceleração; além disso, fatores ambientais, por exemplo, podem interferir de forma mais agressiva ou mais branda nesses ciclos.
    Muito bom quando passamos a entender melhor a economia e o comércio exterior, com seus fatores reguladores.

    Rafael Ramalho Nóbrega - Aluno 5º Semestre ADM
    Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri

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