quarta-feira, 22 de junho de 2011

A inflação e o crescimento

Dezessete anos se passaram desde a criação do Real e o enterro definitivo do regime de alta inflação que prevaleceu na economia brasileira desde o fim dos anos 60. Nesses anos, a economia brasileira foi submetida a diversos choques, provindos das crises de balanço de pagamentos nos países emergentes nos anos 90, do colapso do regime cambial brasileiro em 1999, da primeira eleição de Lula em 2002, de vários episódios de alta de preços de matérias-primas e alimentos importados e/ou produzidos no país e, mais recentemente, da crise internacional iniciada nos Estados Unidos, em 2007.

Episódios que geraram preocupação com uma eventual aceleração da inflação doméstica, mas que, afinal, acabaram se dissipando sem deixar marcas mais duradouras no comportamento da economia. Desde o fim do ano passado, vive-se outro desses momentos, resultado de um conjunto variado de elementos, que vão de mais um forte choque nos preços internacionais de commodities a pressões de demanda doméstica.

Muitos exemplos nos demonstram que grandes catástrofes deixam marcas profundas na memória coletiva e alimentam temores que podem ir muito além do racional. É impossível entender o momento macroeconômico brasileiro sem se levar em conta a persistência do temor da alta inflação, tanto entre as autoridades de governo quanto do público em geral. Ameaças que em outros países poderiam ser vistas como moderadas, tendem a ser magnificadas quando vistas através do prisma do medo do retorno da inflação.

A economia brasileira tem se notabilizado, desde 1994, pelo extraordinário sucesso em manter a inflação dentro de intervalos estreitos em paralelo a um desempenho pobre em termos de crescimento econômico. Os dois governos FHC foram marcados pela semiestagnação. Os dois governos Lula foram caracterizados por um desempenho melhor, mas ainda assim fundamentalmente medíocre. É na sustentação do crescimento econômico, portanto, que se encontra o nó da política macroeconômica.

"Política de câmbio valorizado tem estimulado o investimento, embora promova a desindustrialização."

O Plano Real apoiou-se em uma combinação de instrumentos que já tinha demonstrado sua eficácia em outras experiências. A valorização do real em um contexto de liberalização de importações tem sido, exceto por breves períodos após a crise de 1998, um elemento essencial da estratégia de estabilização de preços implementada desde 1994.

A ameaça de perda de mercados para produtos importados mais baratos conteve as tentativas de recuperação de margens de produtores locais em um cenário em que trabalhadores pareceram satisfeitos com o efeito positivo da estabilidade de preços sobre suas rendas reais (ou suficientemente assustados com a aceleração inflacionária de 1993/1994 para não demandar a reposição de seus picos de renda anteriores).

Essa estratégia sempre foi extremamente eficaz no controle de preços, ao custo, porém, de um efeito colateral importante: a valorização da moeda local cria problemas de competitividade, doméstica e externa, de produtores locais, refletida em déficits crescentes de transações correntes e acumulação de dívidas com emprestadores externos, que conduziram, via de regra, a crises de balanço de pagamentos.

A valorização da moeda local exigiu a manutenção de altas taxas de juros domésticas para atrair capitais externos (e manter no país os capitais domésticos, em um contexto de crescente liberalização da conta de capitais). Os defensores dessa política esperavam que a economia reagisse a essas pressões pelo aumento da produtividade. O saldo final da política, porém, foi visto no final de 1998, quando o balanço de pagamentos brasileiro implodiu e forçou o abandono do regime cambial adotado no início de 1995, em favor da flutuação cambial, e da adoção do regime de metas inflacionárias.

Os instrumentos mudaram, mas os dilemas não. Com câmbio flutuante, sob o regime de metas inflacionárias, o Banco Central continuou a se apoiar fortemente na valorização do real como canal de transmissão das altas da taxa Selic para os preços.

Altas taxas de juros, atração de capitais externos, valorização do real, redução do preço de produtos importados, de consumo ou de capital, parecem ter sido o mecanismo essencial de transmissão da política monetária em uma economia em que os canais mais tradicionais, voltados para a redução de investimentos privados e do consumo de duráveis, se tornaram menos eficazes como parte das heranças deixadas pela alta inflação.

Mas o mecanismo de transmissão via câmbio reproduz, de forma ligeiramente diversa, os problemas dos primeiros tempos do real. Apesar da influência positiva sobre investimentos, pelo barateamento de bens de capital importados, o impacto líquido dessa política foi promover a chamada, talvez com algum exagero, desindustrialização, o emagrecimento relativo da produção local de manufaturados e da participação de manufaturados na pauta de exportações.

"Os controles de capitais foram demonizados, mas eles contêm crises de balanço de pagamentos."

Essa política é danosa para o país em muitos aspectos, suficientemente conhecidos para dispensar listagem. Apenas a miopia e a inércia podem justificar trocar as perspectivas de futuro pelos ganhos de curto prazo que a concentração da produção e exportação de matérias primas pode render.

Alem disso, há algum tempo que se acumulam sinais de que esse mix de políticas está se esgotando, com os efeitos colaterais negativos se sobrepondo aos positivos. A valorização do real parece estar encontrando seus limites. Os diferenciais existentes de juros domésticos sobre os externos já são grandes o suficiente para atrair volumes muitos elevados de moeda estrangeira, independentemente de novas elevações de juros. As entradas de moeda estrangeira ou se convertem em pressões adicionais para a valorização do real ou em aumentos da liquidez doméstica, no caso em que o Banco Central tenta esterilizar esses influxos.

A expectativa de economistas ortodoxos era de que a entrada de capitais seria eventualmente detida pela emergente expectativa de uma desvalorização cambial no futuro, que acabasse por compensar o diferencial positivo de juros, eliminando, em equilíbrio, as vantagens da aplicação financeira no país.

No caso brasileiro dos últimos anos, porém, prevalece o desequilíbrio: as pesadas entradas de moeda estrangeira levam à antecipação de mais entradas no futuro (especialmente quando se tem em conta as enormes dificuldades com que se debatem os EUA e a União Europeia) e, assim, de valorização ainda mais intensa do real. Nessas condições, ganha-se duplamente, nos juros pagos em reais, e na valorização do real.

A política monetária opera de dois modos. Por um lado, ela contribui, junto com a política fiscal, para evitar choques de demanda agregada. O governo opera, pela política fiscal, diretamente sobre a renda do público; pela política monetária, por meio do uso que o público faz dela, adquirindo bens ou ativos financeiros. Em tese, é difícil mas não impossível ajustar a demanda agregada à capacidade produtiva do país de modo a evitar seja o desemprego, seja a inflação de demanda, pela combinação apropriada de instrumentos monetários e fiscais. Se houver restrições sobre a flexibilidade de um dos instrumentos, o outro pode ser utilizado para contrabalançar, em direção contrária, a pressão que se estiver exercendo.

Alem de prevenir choques de demanda, a política monetária (como também a fiscal) pode controlar a propagação de choques de oferta, como no caso de altas de preços de matérias primas importadas ou de escassez de produtos resultante de catástrofes naturais. A política de administração de demanda não tem como evitar esses choques.

Mas se os preços de matérias-primas importadas aumentam, aqueles que sofrem esse impacto de forma mais imediata tentarão repassar a redução de sua renda para outros grupos da sociedade, aumentando os preços do que quer que vendam para eles. A política de esfriamento da demanda desestimula o repasse dessas pressões, impedindo a propagação do choque inicial pelo restante da economia. Quando isso acontece, o desemprego e a redução do nível de atividades são mais do que efeitos colaterais inevitáveis: eles são o próprio mecanismo de operação da política.

É isto que torna o mecanismo de transmissão via câmbio tão atraente, pois ele permite ocultar o preço que a sociedade tem de pagar para manter a inflação dentro de certos intervalos. No curto prazo, todos parecem ganhar (exceto, naturalmente, os setores manufatureiros que competem mais diretamente com mercadorias estrangeiras, aqui e no exterior), seja pela inflação controlada, seja pelo acesso a bens importados, enquanto a perda de substância na estrutura produtiva e a piora da situação do balanço de pagamentos parecem interessar a poucos.

Como o acúmulo de reservas internacionais dos últimos anos ampliou, sem dúvida alguma, a margem de manobra das autoridades, a vida tornou-se difícil para as Cassandras que apontam os riscos dessa estratégia no médio e longo prazos. Não se trata realmente de ideologias, liberais ou quaisquer outras.

Como já mencionado, essa política parece estar encontrando seus limites. Impedida de impactar a economia através da valorização cambial, a política monetária dependerá mais e mais de seus efeitos sobre o nível de atividade e o emprego, inibindo as pressões de firmas que querem aumentar preços e trabalhadores que querem aumentar salários. Os mecanismos de transmissão tradicionais da política monetária no Brasil, contudo, são truncados em muitos pontos, aumentando o custo social de seu eventual sucesso.

Mas uma estratégia de estabilização da inflação que minimizasse os seus efeitos negativos sobre o crescimento deveria se apoiar em três pilares. A ordem em que eles são apresentados a seguir obedece mais às ênfases do debate corrente do que à importância intrínseca de cada instrumento. Todos os elementos são na verdade igualmente essenciais.

Com relação à política monetária, é preciso ter-se sempre em mente que ela atua através da indução ao gasto e da sua facilitação. Taxas de juros baixas estimulam mais gastos, já que o custo de oportunidade da compra de bens diminui. Mas instrumentos que hoje se chamam de macroprudenciais exercem efeito semelhante, não pela indução ao gasto, mas pelo lado da facilitação desse mesmo gasto. Tetos de crédito, especialmente quando incorporados em valores de prestações mais altas, têm uma história de sucesso no controle do consumo no Brasil. O racionamento de crédito, em geral, tem o efeito contracionista que se deseja, quando se quer reduzir a inflação, mas sem os efeitos negativos da elevação da taxa de juros.

Por outro lado, o aumento da eficácia da política monetária depende da eliminação das formas de indexação que sobreviveram ao Plano Real. Aqui se incluem desde a indexação de contratos de várias naturezas, inclusive de tarifas por serviços públicos privatizados, a formas de remuneração. A indexação formal deve ser permitida somente para contratos de duração realmente longa, como em certos tipos de títulos públicos demandados por entidades como fundos de pensão.

De qualquer modo, deveria caber à política fiscal a principal responsabilidade pela regulação da demanda agregada. Consolidou-se no período da chamada preeminência neoliberal a ideia de que a política fiscal é inerentemente ineficiente como instrumento de administração de demanda agregada, sem que realmente se tivesse qualquer evidencia empírica sólida disso, antes pelo contrário. Para que a política fiscal possa, no entanto, exercer realmente esse papel, é preciso recuperar sua eficiência e sua maleabilidade. O ponto de partida deve ser a clara separação entre as funções normais do estado, a prestação dos serviços cujo financiamento deve ser garantido rotineiramente através da coleta de impostos, e as funções extraordinárias, como, por exemplo, as iniciativas de natureza anti-cíclica, cujo financiamento não precisa nem deve obedecer a uma lógica contábil, mas, sim, à lógica econômica.

O terceiro pilar diz respeito ao câmbio, e tem implicações fundamentais para o funcionamento da economia como um todo, no curto como no longo prazos. Durante muito tempo, controles de capitais foram demonizados por alguns analistas, caracterizados como instrumentos estatizantes de inspiração soviética, ou como formas de violação dos direitos sagrados de investidores de colocar seu dinheiro onde quisessem. Controles de capitais nada mais são que instrumentos de regulação financeira, que buscam conter externalidades negativas resultantes da entrada e saída de moeda estrangeira: entradas excessivas valorizam o cambio e causam os desequilíbrios que vemos no Brasil; saídas excessivas criam crises de balanço de pagamentos como as que experimentamos em nosso passado recente, em 1999 e em 2002.

Com contas de capitais abertas como são, na prática, as brasileiras, transações com ativos financeiros são um determinante muito mais importante das taxas de câmbio do que as transações comerciais, que têm efeito direto sobre a renda e o emprego da sociedade. Controles de capitais servem para conter aquelas transações quando elas forem incompatíveis com a manutenção do nível de atividades desejado, permitindo a administração mais eficaz da taxa de câmbio de acordo com as necessidades de crescimento e transformação produtiva do país.

Há todo um conjunto fundamental de iniciativas e reformas que são necessárias para viabilizar a expansão radical do investimento privado no Brasil, diminuindo o custo de financiamentos, diversificando seus canais, ampliando sua capilaridade, e estendendo seu alcance. Alem disso, há que considerar o investimento em educação, a política industrial, "the whole shebang", como se diz nos Estados Unidos, de políticas que a experiência mostrou necessárias para promover o crescimento. Essas, porém, não são propriamente reformas macroeconômicas, pelo menos no seu sentido tradicional, e não serão tratadas aqui.

Uma leitura equivocada de uma frase famosa de Keynes (a longo prazo estamos todos mortos) levou muitos a supor que para keynesianos o curto prazo é tudo o que importa. Na verdade, o sentido da frase era exatamente o contrário, o de que esperar que tudo se arranjasse por si mesmo no longo prazo era uma estratégia equivocada, senão francamente suicida. Chega-se ao longo prazo um passo de cada vez e esses passos são dados no presente, olhando-se, no entanto, para o futuro. Preocupam-me menos as pressões inflacionárias do presente neste país que o crescimento no futuro em que viverá Carolina, minha neta de seis meses.

Fernando J. Cardim de Carvalho é professor titular do IE/UFRJ

fonte:

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/6/20/a-inflacao-e-o-crescimento/noticia_view


VALOR ECONÔMICO (SP): A nova desindustrialização

Marcio Pochmann

A nova desindustrialização

A estrutura da economia mundial se altera rapidamente desde a virada do século XX. Países asiáticos assumem cada vez maior participação relativa na produção global. Sem contabilizar o Japão, o conjunto das economias asiáticas responde por quase 43% da produção global, enquanto em 1973 representava apenas 16,4%.

Em contrapartida, nações como os Estados Unidos e a Inglaterra, que juntas respondiam por 26,3% do produto global em 1973, representam atualmente 21,5%. Essa inversão no sentido da composição da produção mundial sinaliza a conformação de uma nova Divisão Internacional do Trabalho assentada no movimento combinado e desigual da desindustrialização do velho centro manufatureiro global com a industrialização acelerada de países periféricos, sobretudo asiáticos.
O curso atual do enfraquecimento das antigas economias manufatureiras está longe de expressar a desindustrialização regressiva verificada no século 19, quando o avanço na internalização das bases do capitalismo industrial inicialmente na Inglaterra e, posteriormente, nos Estados Unidos e outros poucos países, foi acompanhada pelo retrocesso na base produtiva artesanal existente em outras regiões. Em 1913, por exemplo, a Ásia sem o Japão respondia por 22,3% da produção global, contra 56,4% em 1820.

A Inglaterra e os Estados Unidos, que, por outro lado, representavam juntos somente 7% da produção mundial de 1820, passaram a responder por 27,1% no ano de 1913. Em grande medida, o ciclo de industrialização original e retardatária na Inglaterra e nos Estados Unidos, respectivamente, se fortaleceu na medida em que a globalização liberal do século XIX destravou o livre comércio e, com isso, ocasionou o esvaziamento da base produtiva artesanal em antigas regiões com elevados excedentes exportadores.

Em síntese, o século XIX possibilitou que o avanço do capitalismo industrial em alguns poucos países ocorresse simultaneamente ao esvaziamento da desindustrialização da produção artesanal até então existente. A Índia, por exemplo, que era a grande exportadora de produtos têxteis no início do século XIX (sedas e artesanato), conviveu com a destruição de sua base produtiva diante do comércio livre com a Inglaterra produtora e exportadora de manufaturados têxteis oriundos da mecanização (tear mecânico), da logística ferroviária e da reorganização do trabalho industrial.

Assim, no final do século XIX, três quartos do consumo têxtil indiano eram abastecidos por importações inglesas. Em compensação, o artesanato foi sendo substituído pela produção de algodão, juta e índigo. A especialização da produção de mercadorias primárias não se mostrou suficiente nem mesmo para oferecer segurança alimentar, considerando-se problemas de fome constatados na Índia.

A Inglaterra exportava manufatura e importava matéria-prima e alimentos dos países sem indústria moderna. Dessa forma, a Índia, que abandonou sua produção local para atender ao consumo interno por meio da importação da Inglaterra, não tinha a garantia de que os ingleses fariam a mesma coisa. Ou seja, a Inglaterra vendia manufatura para a Índia, mas não importava o trigo e outras culturas de subsistência da própria Índia, pois as adquiria dos Estados Unidos.

Também para os chineses, a liberação dos entraves ao comércio externo, como o Tratado de Nanquim, em 1842, encerrou a "Guerra do Ópio" em favor dos ingleses. Com o ingresso do ópio na China, seus efeitos se mostraram desastrosos sobre a estrutura produtiva total. O mesmo poder-se-ia dizer a respeito da situação do Ceilão, que, ao aceitar os pressupostos da globalização liberal do século XIX, perdeu a sua base produtiva artesanal em favor da dependência das importações manufaturadas em troca da exportação de chás.

Pela globalização neoliberal da virada do século XX, o antigo centro produtivo mundial tornou-se crescentemente oco, com o esvaziamento do parque manufatureiro. Indústrias centenárias como siderurgia, têxtil e vestuário, estaleiros, entre outras, são esvaziadas por força da pujança da produção manufaturada dos países que rapidamente se industrializam. A defesa da liberalização comercial nos dias de hoje parte do pressuposto de que o setor terciário (serviços) poderia ocupar mais satisfatoriamente o espaço vazio deixado pela desindustrialização. Ainda que o avanço da tecnologia nos serviços possa ajudar a minorar os problemas das finanças desindustrializantes, o comércio mundial assentado nos bens manufaturados tende a reorganizar a produção global em poucas localidades, sobretudo na Ásia.

A relação entre países deficitários e superavitários no comércio global não revela necessariamente a força da nova Divisão Internacional do Trabalho. Tal como no século XIX, o Brasil cresceu sua participação relativa na produção global à taxa média anual de 0,6%, passando de 0,4% para 0,7% entre 1820 e 1913, enquanto a sociedade agrária era atrasada e exportava bens primários. No período de sua industrialização, o peso crescente da manufatura permitiu que a presença brasileira na produção global crescesse 2,5% ao ano (de 0,75%, em 1930, para 2,6%, em 1980). O dinamismo do seu mercado interno e a modernização da sociedade foram seus principais trunfos. Na virada do século XX, a aceitação da globalização neoliberal fez com que a sua base manufatureira regredisse, reduzindo a participação relativa na produção global não fosse o aumento da exportação primária. Na década de 2000, o peso relativo do Brasil no produto industrial mundial foi de apenas 1,9%, ante 2,9% da década de 1980.

Sem ter passado pela velha desindustrialização do século XIX, o Brasil não está condenado a ter que participar da nova desindustrialização. O cenário atual de moeda nacional valorizada, combinada com taxas de juros elevadas, faz avançar a reprimarização da pauta exportadora e a geração interna de manufatura com alto conteúdo importado. Com taxa de investimento inferior a 20% do produto, prevalece a contenção da inovação tecnológica, geralmente suprida pelas compras externas. Os esforços em educação seguem importantes, ainda que doutores e mestres em profusão sigam mais ativos na docência do que na pesquisa aplicada no sistema produtivo.

A negativa à nova desindustrialização requer reafirmar a macroeconomia do desenvolvimento sustentada pelo maior valor agregado industrial e conhecimento. A impulsão dos investimentos é estratégica, seja pela agregação de valor às cadeias produtivas e às exportações, seja pela ampliação da inovação tecnológica e educacional exigida. Assim, o novo desenvolvimento brasileiro pode convergir com as estruturas produtiva e ocupacional de qualidade, capazes de romper com o atraso secular da condição subordinada do Brasil no mundo.

Marcio Pochmann é presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Escreve mensalmente às quintas-feiras.

fonte: IPEA Instituto de pesquisa Econômica Aplicada

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8822:valor-economico-sp-a-nova-desindustrializacao&catid=159:clipping&Itemid=75

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Estão abertas as inscrições para o Seminário de Operações de Comércio Exterior


03/06/2011

Estão abertas as inscrições para o Seminário de Operações de Comércio Exterior
Brasília (3 de junho) – Estão abertas as inscrições para o quarto Seminário de Operações de Comércio Exterior deste ano, que será realizado no dia 28 de junho. As palestras serão sobre os temas: Novoex – Siscomex Exportação Web – Módulo Comercial; Licenças de Importação de máquinas e equipamentos novos e usados; Drawback Integrado nas Modalidades Suspensão e Isenção; Cotas de Importação – Informações Gerais.
Os interessados devem se inscrever enviando mensagem para o e-mail: seminario.com.ext@mdic.gov.br, informando nome completo, empresa ou órgão, cargo ou função, telefone e e-mail para contato. Além das palestras, haverá atendimento de casos específicos (despachos executivos) de operações de cotas, exportações, importações e drawback. Quem quiser ter acesso ao atendimento deve informar o interesse no e-mail de inscrição.
   
Promovidos pelo Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex) da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os seminários são gratuitos e abertos a todos os interessados.
As edições seguintes ocorrerão entre julho e setembro. A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Lacerda Prazeres, destaca que o objetivo dos eventos é “aproximar a Secex dos usuários e prestar o auxílio necessário para facilitar o trabalho dos operadores de comércio exterior”.
Mais informações para a imprensa: Assessoria de Comunicação Social do MDIC
(61) 2027-7190 e 2027-7198
ascom@mdic.gov.br

domingo, 5 de junho de 2011

5 de Junho - Dia Mundial do Meio Ambiente 2011



O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável – PRODER, da UFC Cariri, promove a I Semana do Meio Ambiente da instituição nos dias 6,7, e 8 de junho. 

Ressaltanto a interdisciplinaridade do PRODER, no evento serão discutidos o meio ambiente e temáticas relevantes à preservação ambiental como um todo: Novo Código Florestal, Saúde, Resíduos Sólidos (produção, reutilização e separação do lixo), Recursos Hídricos, Bacia do Rio Salgado, Agroecologia, Permacultura e Biocontruções, na Região Metropolitana do Cariri.

Durante os três dias agricultores, artesãos, empresários, estudantes, pesquisadores, professores, profissionais da área e interessados em geral vão ter a oportunidade de trocar suas experiências para pensar um Cariri mais sustentável em todas as esferas.

Para mostrar que estamos dispostos a colaborar significativamente com idéias, discussões e ações em prol de uma sociedade mais consciente ambientalmente, a inscrição será feita no local do evento e custa (2) duas garrafas PET para o “Projeto Muda Reciclando”, da Secretaria de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte em parceria com a UFC Cariri.

PROGRAMAÇÃO

06/06
18h - Abertura
-Prof. Dr. Ricardo Ness (Diretor do campus da UFC Cariri)
-Profa. Dra. Suely Chacon (Professora da UFC Cariri, Coordenadora do PRODER)
TEMA: “Novo Código Florestal”
Convidado: Dr. William Brito (Apa Araripe)
Local: Auditório

07/06
8h - Diálogos Sustentáveis
TEMA: “Saúde, lixo e meio ambiente: Qual a situação do Cariri?”
Convidados:
-Profa. Dra. Vitória Felix (Professora do curso de Enfermagem da URCA)
-Ms. Raimunda Oliveira Aparecida (Coordenadora do Departamento de Desenvolvimento Econômico do Geopark Araripe)
-Pedro Torquato (Gerente de Resíduos Sólidos da SEMASP)
Local: Auditório
14h às 18h - Feira de Meio Ambiente
Feira de Exposições que reunirá experiências e serviços) de associações (catadores, agricultores, artesãos), empresas públicas, privadas e ONG's do Cariri que trabalham com a temática do meio ambiente.
Local: Pátio central da UFC
18h -Diálogos Sustentáveis
TEMA: “A bacia do Rio Salgado: Como a sociedade pode colaborar para não-poluição?”
Convidados:
-Profa. Dra. Celme Torres (Profa. do curso de Eng. Civil da UFC Cariri)
-Ms. Clairy Anne (Geóloga, Analista em Gestão de Recursos Hídricos - COGERH)
-Yarlley Brito (Geólogo da COGERH e Mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável – UFC Cariri)
Local: Auditório
08/068h - Diálogos Sustentáveis
1.TEMA: “ Avanços e desafios da agroecologia”
Convidados:
-Prof. Dr. Joaquim Torres Filho (Curso de agronomia da UFC Cariri)
-Gildo Araújo (Biólogo da EMBRAPA e Mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável – UFC Cariri)
-Representante da EMATERCE
Local: Auditório

2. TEMA: “Permacultura e bioconstruções: é possível contruir sem destruir?”
Convidados:
-Profa. Dra. Fanka Santos (Curso de Biblioteconomia e música da UFC Cariri)
-Deborah Macêdo (Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável – UFC Cariri)
Local: Sala 27 – Bloco 1 – térreo

14h - Exibição de Documentários
1. A terra chora lágrimas de rios:Impactos
ambientais sobre o rio Salgado
2. Gestão ambiental e os preceitos do Pe. Cícero.
Convidados:
-Produtores (Faculdade Leão Sampaio)Local: Auditório

18h - Show de encerramentoRealização:
Mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável UFC Cariri
(88)3572-7239
Mais Informações:
Monike Feitosa
Jornalista e Mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável UFC Cariri
(88) 9990-3166 \ 8122-5432
http://www.cariri.ufc.br/
http://proder.cariri.ufc.br/

5 de Junho - Dia Mundial do Meio Ambiente 2011 - Mitos sobre sustentabilidade nas empresas

Confira como algumas ideias equivocadas sobre sustentabilidade podem atrapalhar o negócio da empresa



Você sem dúvida já deve ter ouvido frases como: “Isto é um custo e não podemos bancar agora” ou “Precisamos de muito pessoal”, ou ainda “Não há dinheiro na Sustentabilidade”. Estes tipos de mitos, acabam minando muitas iniciativas empresarias por conta de equívocos em relação a sustentabilidade.

Uma pesquisa com dezenas de empresas da Fortune 1000 mostra a relutância em levar a cabo iniciativas de sustentabilidade ambiental, por causa de mitos como estes relacionados a custos ou benefícios. 

Para quebrar de vez ideias em descompasso com o desenvolvimento das empresas, veja oito mitos mais comuns e procure fugir deles.


1. É um custo e não podemos bancar agora


A sustentabilidade deve ser considerada não apenas porque é a coisa certa a fazer, mas também porque faz sentido para os negócios. Se uma iniciativa não pode ser justificada a partir de um marketing estratégico, financeiro, operacional, ou recrutamento de empregados / perspectiva de retenção, não faça isso. Mas descobriu-se que em quase todos os cantos de uma organização há uma razão fundamental de negócios para ser mais sustentável. 

Como Richard Goode, diretor de sustentabilidade da Alcatel-Lucent, disse recentemente: "Nos bons tempos, a sustentabilidade pode ser um diferencial competitivo, em tempos de vacas magras, é uma estratégia defensiva e em tempos realmente difíceis, ele pode determinar sua sobrevivência". A CEO da Xerox, Ann Mulcahey, compartilha dessa opinião dizendo que ser "um bom cidadão corporativo" salvou a empresa da falência. Consulte o Mito 3 para ver como as companhias têm feito investimentos em sua sustentabilidade. 

2. Precisamos de muito pessoal

Um dos mitos é que os esforços relacionados com a sustentabilidade exigem uma grande equipe centralizada de condução e apoio. Na verdade, o oposto é verdadeiro. Na maioria das empresas líderes pesquisadas, a equipe de sustentabilidade oscila entre um e quatro funcionários, mesmo em grandes companhias como a AT&T. 
O papel desses grupos é trabalhar com as diversas funções em toda a organização e com os altos executivos, para desenvolver uma estratégia, formulação de objetivos, coordenação de atividades e relatório sobre o progresso. Muitos dos líderes de sustentabilidade entrevistados afirmam que, no mundo ideal, essa equipe não seria nem necessária, pois a sustentabilidade seria integrada a todos os aspectos das operações da empresa e produtos. Mas, enquanto os negócios buscam esse estado ideal, uma equipe pequena e centralizada continuará a ser necessária.

3. Não há dinheiro na sustentabilidade
A sustentabilidade oferece oportunidades inovadoras para empresas de linha superior e inferior. Novas empresas e marcas criadas são inteiramente focalizadas no verde, como a Seventh Generation, GreenWorks, da Clorox, e a Renew mobile phones, da Motorola. 
Estas marcas não apenas apresentam milhões em receitas, como também reforçam a imagem de marca de suas empresas-mãe. A P&G até mesmo afirmou que deve gerar US$ 50 bilhões (sim, com um B), no acumulado de vendas de "produtos de inovação sustentável" em um período de cinco anos, que termina em 2012. 
Além disso, muitas empresas descobriram que podem revender os produtos usados e os materiais que antes eram considerados resíduos. Quando a Verizon focou na criação de operações mais sustentáveis, gerou US$ 27 milhões, classificando e vendendo materiais recicláveis a partir do seu fluxo de resíduos, ao mesmo tempo, poupando mais de um milhão de dólares em custos de remoção dos resíduos.

Abaixo estão outros exemplos: 
• Johnson & Johnson realizou 80 projetos de sustentabilidade desde 2005 e atingiu US$ 187 milhões em poupança, com um ROI de cerca de 19%, e subindo. 
• CocaCola afirma que gerou 20% de lucro sobre seus investimentos em iniciativas de economia de energia. 
• Diversey, líder global de B2B, fornecedora de limpeza comercial e soluções de higiene, afirma que, para cada US$ 1 investido em 2008, eles esperam recuperar US$ 2 dólares em 5 anos.

4. É só para as grandes empresas
A partir da experiência no trabalho com sustentabilidade, em grandes e pequenas empresas, é possível dizer sem hesitação que o tamanho da empresa faz pouca diferença. Empresas líderes de sustentabilidade estudadas são tão pequenas quanto a Numi Organic Tea (com receitas próximas de US$ 15 milhões), e tão grandes como a Hewlett-Packard (com receita de US$ 110 bilhões). Entre outras coisas, as pequenas empresas têm a vantagem de sua competitividade depender muitas vezes de serem enxutas, talentosas, e ágeis, o que a sustentabilidade potencializa.
Ahmed Rahim, CEO da Numi Organic Tea diz que todas as facetas das operações da empresa, as opções em seus produtos, e todos os seus funcionários têm em mente a sustentabilidade em suas decisões de trabalho e vida pessoal. A Numi se orgulha de usar materiais 100% biodegradáveis ou recicláveis em suas embalagens, e ganhou o prêmio WRAP (Waste Reduction Award Program) em quatro dos últimos cinco anos, no estado da Califórnia. Na verdade, ela foi reconhecida como uma das cinco maiores empresas do estado para as iniciativas em redução de resíduos. A sustentabilidade é integrada em cada decisão tomada na Numi.
Bonnie Nixon, Diretor de Sustentabilidade Ambiental da HP, diz que o tamanho de sua empresa tem pouco a ver com ela ser líder na sustentabilidade. Já nos seus primeiros dias, os fundadores da Hewlett Packard estavam na vanguarda, fazendo e pensando de forma sustentável, e a idéia ficou com a organização durante várias décadas.
As empresas maiores têm uma vantagem quando se trata de influenciar sua cadeia de abastecimento (Walmart e P&G são exemplos), e ao influenciar a política em nível governamental, mas as empresas menores podem ser tão eficazes, se não mais, em quase todo o resto.
5. É principalmente para empresas B2C
Surpreende ouvir de equipes de gestão que, por serem de uma empresa B2B, ser sustentável não importa muito, uma vez que seus clientes não são "consumidores". Primeiro, há oportunidades para impactar diretamente sobre os custos, conforme discutido acima. Danny Wong, diretor de sustentabilidade na Avery Dennison (predominantemente uma empresa B2B), afirma que a poupança de energia por si só justifica os investimentos em sustentabilidade, que foram "uma agradável surpresa".
Mas, além disso, quem toma decisões de compra em companhias? Ouve-se de um número crescente de grandes empresas B2B que seus clientes e potenciais clientes estão perguntando sobre seus esforços de sustentabilidade de RFPs. Uma empresa de software B2B vai tão longe a ponto de explicitamente colocar em seus critérios de aquisição que será dada preferência a organizações sustentáveis.
Uma grande fabricante de telecomunicações afirma que, em 2007, havia 50 RFPs (de cerca de 400), solicitando informações sobre as iniciativas de sustentabilidade da empresa. Em 2008 esse número era de 125 e, em 2009, está em vias de ser de mais de 200! Muitos clientes preocupam-se de quem compram, sejam eles consumidores ou corporações multi-bilhonárias.
6. Se fizermos afirmações sobre a sustentabilidade, seremos acusados de greenwashing
Enquanto existem algumas empresas que podem ser acusadas justamente de greenwashing, para muitas outras o medo de ser manchada desta maneira é muito exagerado. 
Estas empresas estão se empenhando para melhorar o seu impacto de carbono, sem muito alarde. As empresas que estabelecem metas significativas, e as alcançam, têm todo o direito de contar seus sucessos.

Mas a transparência torna-se um elemento importante neste processo, não só por suas realizações, mas também para as falhas. Não há nada melhor para a construção da credibilidade de seu sucesso como admitir suas falhas. E como o item seguinte ilustra, em parceria com as ONGs podem ajudar a construir a credibilidade sobre algumas das reivindicações.
7. ONGs são nossos adversários
Muitas empresas pensam em ONGs como adversárias, e ficam muito felizes se não forem abordadas por elas. Contudo, esta é uma oportunidade perdida para beneficiar da sua experiência em abastecimento, tratamento de água e uma série de outras questões. Organizações como a WWF e a Conservation International servem como parceiros para promover os esforços de muitas empresas líderes de sustentabilidade.
Bonnie Nixon disse que a HP percebeu há muitos anos que tratá-las como adversários foi contraproducente e, agora, faz parcerias com diversas ONGs. 
Suzanne Apple, Vice Presidente e diretora de gestão da WWF, diz que acolhe com satisfação a oportunidade de trabalhar com as empresas de forma "ganha-ganha", citando a Coca-Cola como um exemplo no qual a WWF ajuda a empresa a satisfazer as suas necessidades hídricas enquanto conserva a água doce mundialmente.

8. Não precisamos nos preocupar com a cadeia de abastecimento, porque não produzimos bens
Algumas empresas afirmam que, porque eles não produzem bens, não compram muito, e, portanto, não têm uma pegada de carbono significativa. Ou que seus produtos não consomem muita energia, assim o seu impacto ambiental é mínimo.
O Walmart é um excelente exemplo de uma empresa que não faz as coisas, ainda está desenvolvendo um índice para suas dezenas de milhares de fornecedores que medirá o impacto de carbono a partir de coisas que vendem para a empresa.
De acordo com Matt Kistler, Vice Presidente Sênior de Sustentabilidade no Walmart, 88% da área ambiental da empresa é voltada para sua cadeia de fornecimento, e apenas 12% está sob seu controle direto. Portanto, se a empresa vai atingir o seu objetivo de neutralidade de carbono, necessitará enfrentar a maioria das suas reduções em sua cadeia de abastecimento.
Observando uma grande empresa de softwares, descobriu-se que ele gasta bilhões de dólares em seus fornecedores, em tudo, desde computadores ao material de escritório para utilitários. Esta companhia pretende ser um líder em sustentabilidade, no entanto, tem ignorado a cadeia de abastecimento, porque acha que não é significativo para os seus objetivos de sustentabilidade. Com seu poder de compra, eles têm uma tremenda oportunidade para influenciar a cadeia de abastecimento e reduzir o seu impacto (indireto) do ambiente.

Estes são apenas alguns dos muitos mitos vistos no trabalho com grandes e pequenas empresas. Tal como acontece com estes oito, há uma abundância de evidências para dissipar os mitos para fora lá, mas a lição final é simples: as empresas que optam por fechar os olhos para os benefícios de se tornar mais sustentáveis estão se colocando numa posição de desvantagem competitiva imediata e possivelmente definir como objetivos para a regulação no longo prazo. 

Portal HSM
Fonte: Com informação do site Agenda Sustentável (www.agendasustentavel.com.br)
23/03/2011


Brasil triplicou investigações antidumping




















O Brasil quase triplicou as investigações antidumping para frear importações com preços supostamente desleais e foi o que mais usou esse instrumento de defesa entre os países do G-20, nos últimos seis meses, coincidindo com elevação de medidas restritivas no comércio internacional. As investigações no Brasil passaram de nove para 25, e essa situação é destacada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em relatório destinado aos líderes das maiores economias desenvolvidas e emergentes que formam o G-20, espécie de diretório econômico global.

Segundo o levantamento, os países do grupo, que fazem mais de 80% da produção mundial, impuseram 122 medidas restritivas ao comércio, mais do dobro do período anterior, como resposta às incertezas econômicas e rompendo o compromisso de resistir ao protecionismo.


As duas organizações ressalvam, porém, que isso não resultou em elevação significativa de barreira comercial, afetando apenas 0,6% das importações, comparado a 0,3% no período anterior. De fato, novos dados mostram que o comércio mundial cresceu num ritmo frenético no primeiro trimestre. A taxa foi de 3,6%, o que dá uma expansão anualizada de 15%. Mas as evidencias apontam para desaceleração nas exportações, com queda de novas encomendas em grandes países exportadores como a Alemanha.

A OMC projeta crescimento de comércio mundial de 6,5% este ano, que é a média histórica. Mas consultorias apostam em 10% pelo menos.

Conforme o relatório, as investigações antidumping, que podem ou não conduzir a imposição de sobretaxa nas importações com preços deslealmente baixos, continuam altas, mas diminuíram 6% entre os países do grupo, e teriam sido mais significativas se não fosse por causa do Brasil e da Rússia

O Brasil abriu 25 investigações, ante nove no relatório precedente, alvejando produtos originários da Ásia, Europa e América Latina. De 19 casos que a OMC listou, quatro são contra a China, que é a maior preocupação dos produtores brasileiros.

Um estudo feito para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), coordenado pela professora Vera Thorstensen, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, considerou que o governo brasileiro é "tímido" em usar instrumentos de defesa comercial contra a China. De 2.433 sobretaxas antidumping aplicadas pelos países membros da OMC em 15 anos, 563 foram contra a China. O Brasil aplicou 30, e a Índia, quase o triplo.

O Brasil aparece com destaque no relatório da OMC e da OCDE inclusive por ter sido o único do G-20 que não respondeu aos pedidos iniciais de informações que foram feitos pelas organizações.

A Rússia abriu uma investigação, enquanto a Índia diminuiu de 20 para 15, e a China de seis para quatro. Mas a situação brasileira não pode ser qualificada de puramente defensiva. Se de um lado investiga mais e também aumenta algumas tarifas de importação, como a de 20% para 35% no caso de brinquedos, o país também reduziu as alíquotas de 542 bens de capital até junho de 2012.

O Brasil e os EUA se destacaram também na notificação de medidas sanitárias e fitossanitárias, que endurecem nas importações agrícolas E como outros países, o Brasil também está na lista dos que recorrem à licença não automática de importação, que retarda a entrada do produto.

Globalmente, as novas restrições afetam sobretudo produtos químicos, carnes, siderúrgicos, plásticos, maquinários, lácteos e carros. Também aumentaram as restrições as exportações

Em outro relatório, a OCDE destaca o Brasil, ao lado da China, Itália e Rússia, por "passos para restringir investimentos estrangeiros", com a alta do IOF para frear o fluxo de capital volátil que entrava no país.

Nos países desenvolvidos, as enormes ajudas para sair da crise continuam fazendo efeito. Em seis países - Austrália, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos - menos da metade do US$ 1,5 trilhão de ajuda para o setor financeiro foi pago de volta aos governos.


Fonte: Valor Online


http://www.valoronline.com.br/impresso/brasil/97/431891/brasil-triplicou-investigacoes-antidumping?utm_source=newsletter&utm_medium=manha_25052011&utm_campaign=informativo

Classe emergente contém consumo

O aumento da inflação, provocado pela elevação de preços dos alimentos e tarifas públicas, especialmente de transportes, já arrefeceu o ímpeto consumista das classes emergentes da população. Pela primeira vez desde 2005, houve queda no consumo quantitativo de produtos básicos (2%) nas classes D e E, formadas por famílias com renda mensal de até quatro salários mínimos. Nos itens não básicos, o crescimento das compras, que corria em um ritmo de 19%, caiu para 10% no trimestre.

Os dados são de estudo feito pela consultoria Kantar Worldpanel, que visitou as residências de 8,2 mil brasileiros nas últimas semanas. A queda de 2% refere-se a mercadorias de consumo frequente nos segmentos de alimentos, bebidas, higiene, limpeza e cuidados pessoais.

"É preciso ficar de olho para ver se essa perda se consolida como tendência", diz Fatima Merlin, diretora da Kantar Worldpanel no Brasil. Na classe C, que reúne a grande massa dos novos consumidores, houve estabilidade no volume comprado de produtos básicos, enquanto no mesmo período do ano passado as taxas cresciam entre 10% a 12%. Nas camadas A e B, menos sensíveis à elevação de preços de alimentos e de tarifas públicas, houve aumento de 3% no volume de mercadorias básicas adquiridas.

Uma constatação curiosa da pesquisa foi a firmeza do consumo de mercadorias supérfluas, que manteve o crescimento mesmo nas classes D e E. Trata-se, segundo avaliação de consultores, de uma característica do novo comportamento da classe média emergente. Se o cenário econômico dá sinais de leve piora, esse consumidor não tende a cortar, necessariamente, o que é supérfluo.

O arrefecimento do consumo de produtos básicos, de qualquer forma, é fator de preocupação, salientado pelos analistas nas projeções de desempenho das empresas de consumo e varejo, porque os investimentos de curto prazo dessas companhias têm sempre levado em conta o ritmo de consumo.

Fonte: Valor Online

Novo recorde brasileiro de exportações do agronegócio

O mês de março registrou a maior cifra, US$ 7,4 bilhões, o que representa um incremento de 22,6% em comparação ao mesmo período do ano passado

O Brasil estabeleceu novo recorde nas exportações do agronegócio e alcançou US$ 79,8 bilhões, um crescimento de 19,7%, entre abril de 2010 e março de 2011. No próximo mês, o país deve superar os US$ 80 bilhões em exportação, um número inédito na história do comércio exterior do agronegócio brasileiro. O superávit comercial, consequentemente, também aumentou e chegou a US$ 65,5 bilhões, nos últimos 12 meses, na série histórica para o período.

Apesar do aumento geral do complexo soja (grão, farelo e óleo), houve redução da quantidade exportada de grãos e farelo, mas a queda foi compensada com a elevação dos preços (34,1% em relação ao grão e 19,5% sobre o farelo). Diferentemente, o óleo teve aumento de 138,7% na quantidade exportada (a alta de preços foi de 45,3%).

Os valores exportados aumentaram para a maioria das regiões. A União Europeia, que engloba 27 países, e ocupa o primeiro lugar nas importações de produtos agrícolas brasileiros, aumentou a compra em 31,7% – passou de US$ 1,6 bilhão em março de 2010 para US$ 2,2 bilhões em março de 2011. Em segundo lugar, está a Ásia, com um incremento de 1,4%, e chegou a US$ 1,948 bilhão. Neste mês, a África subiu para a terceira posição, com elevação de 80,6% – de US$ 410 milhões para US$ 740 milhões.

Cinco setores contribuíram significativamente para o aumento do valor no mês de março. São eles: o complexo soja (grão, farelo e óleo) aumentou 26,3%, o que representa receita de US$ 2,05 bilhões. O café teve incremento de 61,9%, o equivalente a US$ 704 milhões; o setor de cereais, farinhas e preparações subiu 183,7%, volume que corresponde a US$ 387 milhões; o item carnes aumentou 18,9%, percentual que corresponde a US$ 1,36 bilhão; e complexo sucroalcooleiro (açúcar e etanol) teve acréscimo de 27,1%, o equivalente a US$ 899 milhões. A participação destes itens passou de 67,2%, em março de 2010, para 73,2% do total exportado em março de 2011.

No complexo sucroalcooleiro (açúcar e etanol), houve aumento dos preços e da quantidade exportada. O valor geral das exportações chegou a US$ 899 milhões, um crescimento de 27,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O açúcar teve um aumento de 14,8% nos preços e o valor exportado ficou em US$ 838 milhões, 25,8% maior. Em relação ao álcool, foi registrado um incremento de 20% nos preços e o valor aumentou 48,8%, totalizando US$ 60 milhões nas exportações.

fonte: Fórum DRS


Marcadores: agronegócio, exportação

Economia mundial desacelera

A economia mundial está claramente em desaceleração e o ritmo é mais rápido do que se esperava. O nível de atividade já é o menor desde setembro, num movimento que atinge Estados Unidos, Europa, China, Índia, Coreia do Sul e muitos emergentes, inclusive o Brasil. O Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês), que mede a atividade de milhares de fábricas em todo o mundo, divulgado ontem, mostra que essa tendência é quase global, segundo Chris Williamson, economista-chefe da consultoria britânica Markit, que elabora o índice.

A ruptura de fornecimento de peças pelo Japão à industria automobilística e ao setor eletrônico, após o terremoto de março, afetou a produção global mais do que se previa. Outro fator foi a alta das commodities, que tirou poder de consumo das famílias.

A bolsa de Nova York sentiu ontem o impacto das notícias negativas, inclusive sobre a criação de empregos no setor privado americano, e caiu 2,28%. O barril de petróleo baixou US$ 2,41 e fechou a US$ 100,29 para entrega em julho. A expectativa é de que o preço fique aquém de US$ 90 até o fim do ano.

A China, que teve um papel importante para estabilizar o crescimento da economia global nos últimos dois anos, vai desacelerar suavemente. Não haverá uma "aterrissagem forçada" na avaliação de boa parte dos analistas. Em meio a medidas do governo para segurar a inflação, a produção de manufaturados já perdeu ritmo e as vendas no varejo desmoronaram. Entre consumir, poupar e investir em imóveis ou ações, a primeira alternativa nunca foi particularmente popular na China. Mas os gastos das famílias chinesas está em declínio maior do que se poderia esperar.

A boa notícia é que a desaceleração global pode ser curta, pelo menos na previsão do Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo. Outros analistas são mais pessimistas, sobretudo porque políticas de estímulo estão sendo retiradas nos países ricos.

Fonte: Valor OnLine

Exportação brasileira fica mais concentrada


Nunca um pedaço tão grande da exportação brasileira esteve nas mãos de tão poucos. De janeiro a abril de 2011, 107 empresas exportaram acima de US$ 100 milhões. Juntas, elas responderam por 68% do valor total dos embarques brasileiros. No mesmo período do ano passado, esse valor de exportação foi alcançado por 81 empresas, responsáveis por 61% do valor total embarcado.

O resultado indica uma concentração na faixa dos maiores exportadores, já que o número total de quem exportou no primeiro quadrimestre caiu de 13.788 no ano passado para 13.612 em 2011. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento (Mdic).


"O superávit comercial do país depende de um número cada vez menor de empresas", comenta Fábio Silveira, sócio da RC Consultores. Há cinco anos, no primeiro quadrimestre de 2006, 14.830 fizeram exportações. O número de empresas na faixa dos US$ 100 milhões era de 69, com 52% do valor exportado pelo Brasil. Sílvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, diz que a maior dependência de um grupo menor de empresas para a exportação é reflexo da concentração da pauta de produtos vendidos ao exterior pelo Brasil.

Dados do Mdic mostram que de janeiro a maio de 2011 os básicos representaram 52,1% da exportação total do Brasil. No mesmo período do ano passado, a fatia era de 48,4%. "Há um avanço dos básicos em razão de um ritmo maior da demanda por esse tipo de produto pelos países asiáticos enquanto há um crescimento menor nos países para os quais o Brasil vende produtos manufaturados", diz Campos Neto.

Além da tendência de concentração das exportações em commodities, sejam agrícolas ou metálicas, o que tem intensificado o quadro de concentração é a valorização do real em relação ao dólar, lembra Silveira. Isso, explica, tem afetado mais os fabricantes de produtos manufaturados, com maior densidade tecnológica. "Com o câmbio essa indústria tem sido mais afetada pela perda de rentabilidade para exportar, o que desestimula o fabricante a vender para o exterior." A valorização do real, aponta, acaba tornando-se mais um fator desfavorável ao se juntar a custos que pesam na produção, como mão de obra e carga tributária. Nos produtos básicos, os preços altos, lembra o economista, ainda têm mantido rentabilidade para os exportadores.

"O fator preço está fazendo a diferença", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Para ele, com a alta de preços de commodities agrícolas e metálicas, aumentou o valor total comercializado no mercado internacional por exportadores desse tipo de produto. Com isso, as empresas que já exportavam acima de US$ 100 milhões passaram a exportar um valor maior. "E as que estavam nas faixas abaixo alcançaram esse patamar maior porque os preços altos elevaram o valor comercializado por elas."

Castro lembra que a concentração das exportações vem se acentuando desde 2005, quando a valorização do real frente ao dólar passou a tirar rentabilidade na exportação de produtos industrializados, provocando tendência de queda no número total de exportadores. Levantamento da AEB mostra que em 2001 o valor embarcado por empresa exportadora era de US$ 3,4 milhões. Em 2005, o valor subiu para US$ 6,7 milhões e no ano passado atingiu US$ 10,4 milhões. Ao mesmo tempo aumentou também a participação das empresas que exportam acima de US$ 100 milhões nos embarques totais do Brasil. No primeiro quadrimestre de 2001 essa faixa de empresas representava 34% do valor total exportado pelo país. Em 2005, a fatia saltou para 46% e no acumulado de janeiro a abril do ano passado, para 61%.

Castro acredita que a tendência de concentração deve se manter no decorrer do ano em razão da alta de preços, que contribui para o avanço dos básicos na exportação brasileira e para o aumento do valor comercializado por exportadores de commodities. Dados do Mdic mostram que os três principais produtos básicos exportados pelo Brasil atualmente - minério de ferro, soja em grão e petróleo - apresentaram aumento de valor embarcado em maio na comparação com o mesmo mês de 2010. A elevação foi puxada principalmente pelo preço. O valor médio diário do petróleo em bruto exportado no período, por exemplo, aumentou 46,8%, resultado de um aumento de preço de 44,2% e de aumento de volume de 1,8%.

Fonte: Valor OnLine


http://www.valoronline.com.br/impresso/brasil/97/436029/exportacao-brasileira-fica-mais-concentrada?utm_source=newsletter&utm_medium=manha_02062011&utm_campaign=informativo

PIB avança 6,2% em 12 meses, diz IBGE

Postado Por Redação Carta Capital Em 3 de junho de 2011 (13:21) Na Categoria Economia

O Produto Interno Bruto (PIB) do País nos últimos 12 meses cresceu 6,2% na comparação com os quatro trimestres imediatamente anteriores, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira 3 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Os resultados se devem, segundo o instituto, ao resultado da elevação de 5,6% do valor adicionado a preços básicos e do aumento (10,5%) nos impostos sobre produtos. O destaque ficou por conta da indústria, que cresceu 7,4%. Agropecuária (5,8%) e serviços (4,9%) também tiveram crescimento.

A tendência, exibida nos indicadores mais recentes, é de uma redução no ritmo da expansão da economia. A maioria das projeções prevê uma alta de cerca de 4% do PIB em 2011.

Primeiro trimestre

O resultado do primeiro trimestre do ano também foi positivo. Em relação ao último trimestre de 2010, o crescimento foi de 1,3%, já levando em conta o ajuste sazonal. A atividade agropecuária foi a maior responsável pelo resultado no período, com crescimento 3,3% – seguida por indústria (2,2%) e serviços (1,1%), com destaque para o comércio, transporte, armazenagem e correio.

Em valores, o PIB alcançou 939,6 bilhões de reais no primeiro trimestre.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o avanço da economia foi de 4,2%. Por esta conta, a maior variação foi no setor de serviços: 4%. Indústria (3,5%) e agropecuária (3,1%) vêm em seguida. O resultado deste último setor pode ser explicado pelo aumento da produtividade e o desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no trimestre, como soja (6,3%), milho (3,0%), arroz (18,4%), algodão (69,5%) e fumo (16,3%).

De acordo com o IBGE, o investimento voltou a acelerar na comparação com o quatro trimestre de 2010, quando o PIB teve aumento de 1,3%. A indústria da transformação (2,8%) e a construção civil (2%) foram os principais destaques.

A despesa de consumo das famílias, após três sucessivas altas, desacelerou desta vez, com variação de 0,6% negativos no primeiro semestre.

Na comparação com o último trimestre, porém, o IBGE verificou uma desaceleração no crescimento da indústria, que passou de 4,3% para 3,5%.

Já a taxa de investimento no primeiro trimestre de 2011 foi de 18,4% do PIB, superior à taxa referente a igual período do ano anterior (18,2%). A taxa de poupança alcançou 15,8% no primeiro trimestre de 2011, ante 15,4% no mesmo trimestre de 2010.

A necessidade de financiamento no período alcançou R$ 27,4 bilhões, contra R$ 25,1 bilhões no mesmo período do ano anterior.

Fonte: Site Carta Capital