terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Educação Ambiental - fragmentos para a reflexão

Abaixo transcrevo algumas matérias veiculadas nesse ano de 2008 pelo Jornal Diário do Nordeste, com minha participação. Falo sobre educação ambiental e a responsabilidade que temos diante dos nossos semelhantes e do Planeta.


Jornal Diário do Nordeste - Caderno Negócios (Fortaleza, 3/12/2008)

SOCIORRESPONSABILIDADE NO NATAL

Presente sustentável faz bem ao planeta.
Consumo responsável ajuda a construir, desde a infância, o entendimento sobre a preservação ambiental e a produção justa.


Produtos feitos com matéria-prima reciclada, reaproveitada, orgânica ou fruto de produção limpa são opções para o NatalEm tempos de crise, muita gente está pensando duas vezes antes de comprar presente de Natal, mesmo as lembrancinhas. Para quem está nesse dilema e não quer deixar de presentear, que a compra seja pelo menos útil. Produtos feitos com matéria-prima sustentável, que tanto preservam como valorizam a natureza e ainda são frutos de produção e comércio justos são opções que vão além do material. Além de serem bacanas, acompanham valor simbólico que ajudam a sensibilizar quem compra e quem ganha.Independente da escolha, importante é que a aquisição tenha como meta o consumo consciente e sustentável. De acordo com a professora Suely Salgueiro Chacon, doutora em Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Brasília (UnB), a forma como a sociedade se organiza, produz e consome revela muito do que ela é enquanto grupo.Isso vale para o mercado local, regional e até mesmo o global. Isso porque, segundo a professora, o mercado interfere no comportamento e cria necessidades de forma tão rápida que induz os consumidores a adquirir itens supérfluos. Chacon percebe que há mudanças na forma de consumir, graças à mídia. “Há até avanços, no sentido de compreender que a sustentabilidade vai além da questão ambiental, e envolve questões sociais e políticas”, frisa.
OPÇÕES
Se a proposta for levar a natureza para a casa do presenteado, com velas e sachês feitos de matéria-prima elementar, o resultado surge em várias versões. Se for de cravo, a idéia é que o aroma leve proteção ao ambiente; erva-doce, estímulo; canela, prosperidade; e camomila, tranqüilidade. Assim, é possível presentear por valores na faixa de R$ 6,00, com velas e aromatizadores de cerâmica feitos de materiais reaproveitados. “Muitas pessoas procuram presentes que não usam tantas química e valorizam o que a terra oferece. O mundo está mudando e nós precisamos cuidar dele e da gente”, diz a vendedora da Mundo Verde da Avenida Engenheiro Santana Júnior, Rogéria França.Mas se a idéia for estender o presente ao uso diário, agendas e itens de escritório feitos com papel reciclado são opção para mudar o ambiente do escritório. Na CD Max da Avenida Santos Dumont os preços variam de R$ R$ 22,80 (agenda Naturalis, da Tilibra) a R$ 72,50 (caderno-agenda grande da Gráfica Ótima).Para iniciar crianças no consumo consciente, uma escolha é o estojo de R$ 23,25 da Faber-Castell, com Ecolápis feitos com madeira reflorestada, em espaços bem manejados. Porta-clips, porta-caneta e outros adereços de escritório são encontrados em várias livrarias, inclusive feitos com papel reciclado e fibras naturais, com preços na faixa dos R$ 20,00.Para crianças, a vendedora Regiane Salmito, da Caixa de Brinquedos na Rua Desembargador Leite Albuquerque, recomenda presentes feitos de madeira reflorestada. Os preços variam. A casa com mobília fica R$ 291,00, mas há opções por R$ 28,35, como o jogo Bate-Pino, e o quadrado mágico por R$ 18,40.
COMPORTAMENTO
Comércio justo ainda enfrenta dificuldadesA comercialização de produtos feitos com matéria-prima orgânica ainda enfrenta dificuldades, em especial na produção em grande escala. Por isso, mesmo que o consumidor encontre roupas e acessórios do tipo em lojas da cidade, as peças são minoria nas prateleiras e têm preços mais altos do que as não confeccionadas com orgânicos. Uma alternativa é fazer compras na Internet.De acordo com o engenheiro agrônomo Pedro Jorge Ferreira Lima, da ONG Esplar, pioneira no apoio à cultura do algodão orgânico no Ceará e referência nacional no assunto, mesmo com a produção estabelecida e clientes garantidos, as roupas da Justa Trama não são fáceis de encontrar porque a idéia do projeto, que de 30 costureiras saltou para uma central de cooperativas, é vender a preço justo, sem exploração. “Quando as roupas vão para as lojas, normalmente os preços são muito altos”, justifica.Além de servir de base para roupas da marca, o algodão orgânico do Ceará também está no tecido dos tênis da marca francesa Veja. O fio e a lona são de São Paulo, o couro do Rio Grande do Sul e a borracha, de seringueiras do Acre.No Brasil a Osklen é referência na criação de peças feitas com couro certificado por órgãos ambientais e com fibras e tintas cultivadas com agricultura familiar. Para comprar pela Internet, a WWF Brasil é uma alternativa. No www.wwf.org.br é possível escolher entre camisetas, bonés, lápis e adesivos cuja renda ajuda em projetos de preservação ambiental no País.
Marta Bruno - Repórter
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=595144


Jornal Diário do Nordeste - Gestão Ambiental (Fortaleza, 29/10/2008)

Uma nova forma de relação com o mundo

Segundo a professora Suely Chacon, Educação Ambiental não se ensina apenas com palavras ou livros.

Foi-se o tempo em que educação ambiental se restringia a colocar papel no cesto de lixo ou a plantar mudinhas. A degradação do meio ambiente exige que a questão seja tratada com maior profundidade e que, junto com a orientação, o indivíduo seja preparado para transformar seus modos de consumo, pensando no coletivo e de forma atemporal. Fazer o habitual — e mais um pouco — para manter a casa, o ambiente de trabalho e a própria cidade saudáveis não é escolha, mas necessidade.“A mudança de atitude em relação à forma de consumir é parte de um processo amplo de tomada de consciência, sobre como conviver com nossos semelhantes e com o meio ambiente”, sugere a professora e pesquisadora da área de Desenvolvimento Sustentável, Suely Salgueiro Chacon. Isso acontece, segundo ela, à medida em que as ações de Educação Ambiental se disseminam em variadas instâncias e de forma transversal, não só nas salas de aula, mas em empresas, na mídia e no ambiente familiar.Como o ser humano precisa de alimentação, vestuário e moradia para sobreviver, a idéia é pensar o consumo de uma forma mais ampla: “Precisa-se de outros itens para viver, como educação e cultura. Precisamos, agora, de itens de saúde mais sofisticados e de transporte, o que amplia a base de necessidades e interfere no consumo. Importante é que a aquisição de bens e serviços não afete negativamente o ambiente´.“Educação Ambiental não se ensina apenas com palavras ou livros. A troca de informações enriquece a formação e aumenta a consciência ambiental. Há muitos aspectos implícitos no ato de encher um carrinho de supermercado, escolher um carro ou comprar roupa.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=584798



Jornal Diário do Nordeste - Gestão Ambiental (Fortaleza, 05/06/2008)

Caderno Gestão Ambiental - A opinião do especialista


Somos uma espécie!

Por Suely Salgueiro Chacon

O que é ser humano? Essa simples interjeição nos leva a uma profunda reflexão sobre o que temos feito com nossa casa, o Planeta Terra. O homem foi se distanciando da sua real condição de ser pertencente a uma espécie, a espécie humana, que habita na natureza e dela faz parte. Achando-se acima de tudo e de todos, inclusive de seus semelhantes, o homem foi instituindo um ´reinado´ que privilegia a sensação de ter, em detrimento da plenitude do ser.As conseqüências desse ´modelo´ de existência foram se engendrando ao longo da história conhecida da humanidade, e se exacerbaram com as possibilidades ampliadas de consumo em massa. Na medida em que os bens se tornam descartáveis, o homem explora cada vez mais a natureza e seus semelhantes para garantir que uma minoria privilegiada possa acumular e consumir, enquanto a maioria da humanidade é cada vez mais excluída e explorada, assim como a própria natureza. O aumento do desmatamento, a desertificação, a falta de água, as mudanças climáticas, bem como a fome a exclusão, a exploração irracional do trabalho humano, inclusive de crianças, a falta de respeito aos idosos e todas as formas de racismo e preconceito são exemplos do que nós mesmos fizemos ao nosso planeta e aos nossos semelhantes.No momento em que comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, cabe refletirmos sobre o que podemos fazer como espécie para reverter esse processo autodestrutivo. Muitos já se mobilizam. É preciso perceber nossa responsabilidade com o semelhante hoje e no futuro, e nos comprometermos com uma transformação real, para que todos se beneficiem. Garantir o acesso de todos à informação e a uma vida digna é o mínimo, e pode ser cobrado de governantes, mas a responsabilidade ética de mudar de atitude começa em cada um de nós.

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