sábado, 30 de abril de 2011

Qualificação profissional

73% dos desempregados no Brasil não terão qualificação para preencher vagas

Dados fazem parte de um estudo divulgado pelo Ipea, o qual constata que 90% das vagas abertas no País pagam até três salários mínimos
29 de Abril de 2011 | 16:59h



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Uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê que, em 2011, 7,3 milhões de trabalhadores ficarão desempregados no Brasil e 73% deles não terão experiência e qualificação necessárias para preencher as vagas de emprego existentes.

Para o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, se o País mantiver o ritmo atual de crescimento, essa falta de formação dos profissionais vai virar um problema. Pochman destacou que, atualmente, a mão de obra qualificada está adequada ao tipo de emprego que é oferecido no Brasil. “Mas, conforme a nossa economia vai se desenvolvendo, a demanda será mais especializada”, aponta, de acordo com entrevista divulgada na Agência Brasil.

Quanto ao perfil das vagas de emprego disponíveis hoje no País, o estudo do Ipea aponta que 90% delas pagam até três salários mínimos (o equivalente a R$ 1.635), sendo que 80% das oportunidades estão em pequenas empresas. Contudo, há uma perspectiva de que esse cenário mude, com a evolução da economia.



http://olhardigital.uol.com.br/negocios/digital_news/noticias/73_dos_desempregados_no_brasil_nao_terao_qualificacao_para_preencher_vagas

Emprego no Ceará

preocupação atual

Inflação ameaça os ganhos de assalariados

Publicado em 30 de abril de 2011 

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Desde 2010, quando a alta de preços começou a ganhar força, trabalhador assalariado tem perdido poder de compra 
FOTO: RODRIGO CARVALHO

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O amor pelo trabalho que realiza é o combustível para Léa enfrentar uma jornada de 9 horas diariamente 
FOTO: RODRIGO CARVALHO
A luta por uma remuneração mais digna não deixa de ser uma das prioridades da Central Única dos Trabalhadores (CUT), mas com a política de valorização do salário mínimo nos últimos anos e o crescimento do número de pessoas ocupadas formalmente, a preocupação passou a ser com as condições de trabalho que esse empregado encontrará no mercado.

"Nós somos o País que atualmente mais está gerando emprego no mundo, mas queremos que sejam bons empregos, que o trabalhador tenha condições salubres", explica o presidente da CUT Ceará, Francisco Jerônimo do Nascimento.

Outra batalha da entidade, atualmente, é fazer com que o trabalhador possa estar mais conectado com a vida cultural da cidade e que não tenha medo de sindicalizar-se. Para Nascimento, o trabalho precisa ser cada vez mais decente. O presidente da CUT Ceará avalia que a situação do trabalhador, de fato, apresentou evolução nos últimos anos. A retomada da valorização do Mínimo contribuiu para que os trabalhadores participem mais da vida econômica.

Trabalhadores de outras categorias, que não recebem o mínimo, também tiveram ganhos reais. "O magistério agora, por exemplo, possui um piso. Tem cidade que pagava apenas R$ 200, e agora tem de ser R$ 1.187,08. E isso traz uma mudança na vida das pessoas", diz.

A CUT avalia que a leve melhoria na distribuição de renda não é "fruto de uma varinha mágica", mas de um processo de mobilização durante toda a história brasileira. "O salário é a maior dentre tantas molas mestres responsável por impulsionar o desenvolvimento e a distribuição de renda, tanto para quem o recebe, como para as categorias que o têm como referência nas suas campanhas de reajuste", argumenta Jerônimo.

Corrosão

Ele admite que o Brasil passa por um período de ameaça de inflação, tão corrosiva aos assalariados, mas acredita que o Governo Federal conseguirá reverter a recente tendência de escalada de preços. "É uma ameaça real, e nós percebemos isso no dia a dia, atingindo uma economia que começa a dar resultado. A luta para recuperar o salário não pode ser corroída pela volta da inflação. Não podemos aceitar, mas acredito que, na hora certa, a presidente Dilma (Rousseff) dará o xeque-mate", opina.

Programação comemorativa

No intuito de comemorar o Dia do Trabalhador, a CUT elaborou uma programação especial que já começa hoje, 30.

A partir das 15h, será promovido um ato político na Praça do Ferreira, com várias apresentações culturais, como o show de Chico César, também secretário de Cultura da Paraíba; e de Chico Pessoa. Amanhã, a Central promoverá carreata em defesa do Trabalho Decente e pelo Desenvolvimento Sustentável. A concentração será às 8 horas no início da Av. Leste-Oeste, com chegada na Praia do Futuro.

OLHO NO FUTURO
É preciso conciliar estudos para crescer

Das 8 às 17h é o horário de trabalho de Léa Albuquerque, supervisora de atendimento de um banco de Caucaia, carga de trabalho que, na sua opinião, não é devidamente bem remunerada. "A nossa jornada não é condizente com o que a gente recebe. Mas como o mercado está se fechando cada vez mais, a gente tem que agarrar o que tem", explica.

A estudante de Administração já atua na mesma instituição financeira há sete anos, e apesar da jornada excessiva, ama o que faz e aproveita todas as oportunidades que podem fazer-lhe crescer na empresa.

Capacitação

"A nossa empresa se preocupa com a capacitação. Temos processos internos de formação que acabam ajudando na remuneração, porque alguns títulos que recebemos aumentam o valor que a gente recebe, já que mudamos de categoria no banco", afirma Léa.

Na sua função atual, ela tem de controlar o intenso fluxo de pessoas que chegam ao banco diariamente, fazendo uma triagem para que cada cliente seja encaminhado ao setor certo, evitando, ao máximo, as filas e possíveis transtornos. "É mais para orientar o cliente, incentivá-los a utilizar mais as máquinas de autoatendimento e a internet para que eles não percam tempo", informa Léa.

Despesas e sacrifícios

Como dedica-se aos estudos, após o fim do expediente, a supervisora não tem como fazer outros trabalhos para complementar a renda de casa, para sustentar o filho. O que ajuda no sustento é a pensão paga pelo pai da criança.

"Se o salário fosse suficiente para manter a minha família, eu nem faria questão da pensão do pai, mas tem que pagar escola particular, uma pessoa para cuidar da criança, alimentação, entre várias outras despesas", enumera a estudante. Mesmo desabafando, ela não esconde o amor pelo trabalho que exerce desde 2004. 

FAMÍLIA SE ESFORÇA
Orçamento está apertado

Trabalhando mais de oito horas por dia, operário Alexandre se queixa do pouco poder de consumo do Mínimo

O Dia do Trabalhador do operador de máquinas Alexandre Sousa será de expectativas. Em cerca de quatro meses, ele será pai pela primeira vez, e, mais do que nunca, surge a preocupação de como ele fará para sustentar a família. O operário de 32 anos, que estudou somente até concluir o ensino médio, trabalha há um ano e sete meses em uma fábrica de calçados. Sua jornada diária é de oito horas, entrando bem cedo, às 6h, e saindo às 14h47min.

Alexandre gosta do que faz, mas um importante detalhe tem lhe importunado cada vez mais, ainda mais com a chegada da neném em setembro próximo: o salário mínimo que recebe não é suficiente para as despesas de casa. Pelo menos a esposa, com seu trabalho, ajuda a complementar a renda mensal.

Responsabilidade

"A remuneração ainda não é adequada. Temos muita responsabilidade sobre as máquinas, mas ganhamos como auxiliar delas e não como operador", queixa-se. Ao salário de R$ 545, é adicionado transporte e cesta básica. Apesar da política de valorização do Mínimo, o montante ainda é muito aquém do necessário para uma vida mais digna. Segundo o Dieese, com base na determinação constitucional de que o salário mínimo ideal suprir as despesas de um trabalhador e sua família deveria ter sido de R$ 2.247,94, 4,12

Enquanto isso, Alexandre e a esposa trabalham e colocam na ponta do lápis as despesas e os desafios que terão de enfrentar no próximo semestre, com a chegada da primeira filha.

DIEGO BORGES
REPÓRTER


entre 2005 e 2010

Saldo de formalização saltou 165% na Capital

Publicado em 30 de abril de 2011 

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O setor de serviços é o que mais contribui para elevar os índices de empregabilidade formal em Fortaleza
FOTO: J. LUÍS

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O saldo do empregado formal cresceu 165% de 2005 a 2010, passando de 20.603 a 54.669 a diferença entre admissões e desligamentos. Em ritmo ascendente no período, Fortaleza liderou com folga o saldo de empregos formais gerados no Nordeste. Nos últimos seis anos, a Capital cearense registrou 181.672 empregos com carteira assinada, o equivalente a 24,4%, dos 745.334 postos de trabalhos criados nas nove capitais da região. Em seguida, vieram Salvador e Recife, com saldos de 147.400 e 140.160 empregos formais, respectivamente.

Em 2005, Fortaleza criou 20.603 postos de trabalho formais e no ano passado, 54.669. Com forte participação dos setores de serviço e comércio, Fortaleza detém 61,75% dos 294.221 empregos formais gerados em todo o Estado, nos últimos seis anos e 77,33% dos 234.925 criados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o que revela a forte concentração dos postos de trabalho e a importância econômica da Capital para o Ceará e o Nordeste.

Informalidade avança

Da mesma forma, foram ampliadas também as ocupações informais, que saltaram de uma participação de 43%, de 1984, para 52%, no ano passado. Os números constam em documento divulgado ontem, pelo Estatístico, Assessor Técnico da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), da Prefeitura de Fortaleza, Inácio Bessa. Baseado nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o estudo mostra que Fortaleza vem superando as capitais baianas e pernambucanas, em relação aos empregos gerados nos setores de serviços, comércio, indústria, e até na administração pública, que contribuiu com a inserção de 4.028 trabalhadores formais.

Apesar da crise

Mesmo no auge da crise financeira global, destacou Bessa, a capital cearense manteve ritmo acelerado de empregabilidade. No primeiro semestre de 2009, expõe o documento da SDE, Fortaleza manteve a tendência de crescimento do emprego, formalizando 35.391 trabalhadores, superando a cidade de salvador, a segunda maior em empregabilidade, em 2.065 novos empregos formais, num interstício de cinco anos.

O estatístico ressalta, no entanto, que foi em 2010, quando Fortaleza deu o "grande salto" na formalização da mão de obra, com a inclusão de 54.669 trabalhadores no mercado formal de trabalho. Esse número representou 31,72%, de todos os empregos gerados no Nordeste, no ano passado.

Quadro estrutural

Entretanto, acrescenta o Estudo realizado pelo Caged, a região Nordeste, que detém a segunda maior força de trabalho do Brasil ainda participa com 15,5 milhões de trabalhadores, ainda participa com apenas 15,5% do saldo de empregos formais, quando comparados com os 9,07 milhões de pessoas com carteiras assinadas no País. "A geração de empregos formais tem sido expressiva, mas é preciso ter ciência que é insuficiente para alterar esse quadro estrutural socioeconômico", opina o professor Cláudio Dedecca, do Instituto de Economia da Universidade de Campinas.

Conforme explicou, a situação preocupa porque a população economicamente ativa (PEA) do País cresce, em média, dois milhões de pessoas por ano e não há postos de trabalhos formais para todos.

NOVA UNIDADE
Sine investe R$ 1,3 mi para ampliar o atendimento

A Estação Trabalho, nova Unidade do Sine/CE, será inaugurada nesta segunda-feira, às 9 horas. O novo espaço estará localizado no primeiro e segundo andares do Fórum Autran Nunes, no Centro de Fortaleza, onde foram investidos cerca de R$ 1,3 milhão. O projeto representa uma parceria entre Governo do Estado, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

A Estação Trabalho vai dispor de 19 guichês, que permitirão ampliar a capacidade de atendimento para 24 mil atendimentos/mês. A nova Unidade tem área útil de 1.230 metros quadrados (m²), tamanho 36% superior a outra do centro, e contará com incremento de 40% na equipe de convocação, o que possibilitará a inserção de 10 mil trabalhadores por ano, dentre outros indicadores.

Unidade modelo do Sine/CE, a Estação Trabalho irá concentrar a prestação de serviços para os trabalhadores e empresários, de forma integrada, personalizada. "Vamos viabilizar orientação e capacitação profissionais aos trabalhadores, em um local de fácil acesso", destacou o titular da STDS, Evandro Leitão, referindo-se a Estação São Benedito, do Metrô de Fortaleza, que irá facilitar o acesso da população aos serviços do Sine/CE.

CARLOS EUGÊNIO
REPÓRTER



domingo, 24 de abril de 2011

Artigo de Ladislau Dowbor sobre novas tendências para a economia











Há vida inteligente no horizonte teórico dos economistas?

O mundo avança gradualmente no que tem sido caracterizado como catástrofe em câmara lenta, e os ajustes necessários no coração mesmo das formas de administrarmos a economia ainda estão engatinhando. Assustados com a acumulação e superposição de tendências críticas, os povos buscam de certa maneira voltar ao limbo do que funcionou no século passado, e temem naturalmente os transtornos. Gera-se um tipo de inércia institucional cada vez mais perigosa. Inovar é preciso. A boa notícia é que está se gerando uma rede planetária de economistas de bom senso que começam resgatam uma visão da economia a serviço da sociedade, e não de como se servir melhor. O artigo é de Ladislau Dowbor.
O lamentável mainstream econômico ainda acha que o preço das commodities pode ser deixado na mão de um grupo de especuladores internacionais, que o futuro do petróleo ser resolverá por si mesmo, que a mudança climática é uma perspectiva desagradável trazida por cientistas ávidos de manchetes, que déficits gerados por especuladores financeiros (praticamente 100% do PIB só nos Estados Unidos) devem ser pagos pelos pobres, que a crescente desigualdade mundial se resolverá pela mão invisível. Quem são os sonhadores? 


O mundo avança gradualmente no que tem sido caracterizado como catástrofe em câmara lenta (slow motion catastrophe), e os ajustes necessários no coração mesmo das formas de administrarmos a economia ainda estão engatinhando. Assustados com a acumulação e superposição de tendências críticas, os povos buscam de certa maneira voltar ao limbo do que funcionou no século passado, e temem naturalmente os transtornos. Gera-se um tipo de inércia institucional cada vez mais perigosa. Inovar é preciso. 


Em Paris, neste mês de abril de 2011, reuniram-se economistas de diversos continentes para discutir os desenhos de uma “alternativa econômica global”. A iniciativa é do CCFD, uma ONG tradicional que luta pelos avanços sociais no planeta. Foram tres dias de apresentação de angústias e propostas por parte de economistas que têm consciência da dimensão dos desafios, e da própria fragilidade das propostas inovadoras, frente aos interesses dominantes que se agarram às velhas práticas e aos privilégios. 


Não é uma reunião para soluções, tipo de um novo catecismo com regrinhas. Os desafios são demasiado complexos. Mas há sim eixos teóricos que se desenham. 


Julia Wartenberg trouxe um pouco do clima que prevalece nos Estados Unidos, onde uma onda de pessimismo está varrendo do mapa a tão sólida crença no progresso indefinido, de que cada nova geração estará melhor do que a dos pais, de que as crises são coisas de países pobres, de que uma pessoa que queira trabalhar duro subirá na vida, de que se deixarmos o mercado em paz as coisas irão se resolver. Com uma dívida que equivale a um quarto do PIB mundial, e 40% dos lucros corporativos provenientes não da produção mas da especulação financeira, realmente já é tempo que os economistas americanos comecem a pensar em vez de repetir dogmas do século passado. Desorientados, os americanos se perguntam porque as coisas não estão funcionando, e buscam soluções menos ideológicas, e mais funcionais. 


Os economistas franceses estão se mexendo, como Geneviève Azam, Xavier Ricard, Christian Arnsperger e Gael Giraud. Os países ricos foram adiando problemas ao substituir a demanda baseada em rendimentos reais por demanda baseada em crédito ao consumidor: as populações passaram a consumir não a partir da renda já recebida, mas em função do crédito obtido – via cartões e outros – gerando assim imensos lucros financeiros, mas uma demanda que vai se estrangulando pelo acúmulo de dívidas. “Porque a vida é agora”, por assim dizer. O resultado é um nível de consumo artificial cuja conta hoje aparece. Com a direita no poder, não são os intermediários financeiros os que são chamados a pagar, mas os que dependem de políticas sociais. Em nome da austeridade, reduz-se a demanda popular, aprofundando a crise. 


A partir de economistas latinoamericanos, e em particular de representantes indígenas, surge com força a idéia do “bien vivir”, que implica reduzir a corrida extrativista e a obsessão consumista, e buscar equilíbrios nos valores, nos objetivos reais representados pela qualidade de vida para as pessoas associada ao respeito pela mãe natureza. Não é poesia, é bom senso. Idiotice é pensar que podemos continuar a espoliar o planeta impunemente, e equilibrar a economia ao concentrar os recursos nas mãos de minorias.


Teopista Akoyi, de Uganda, trouxe os imensos desafios da agricultura familiar, que ainda ocupa a metade da população mundial. Na linha do excelente relatório IAASTD com o qual contribuiu, analisa o mundo rural não apenas como fonte de produção e exportações, mas como dinâmica que tem de ser culturalmente aceitável pelas populações. A agricultura científica pode perfeitamente acomodar-se da agricultura familiar, dinamizando sistemas tradicionais, em vez de expulsar as populações com a monocultura extensiva que gera esgotamento de solos no campo, contaminação química da água e favelas nas cidades. 


Enfrentamos, sem dúvida, elites predatórias, e em grande parte nos sentimos impotentes. Arnsperger traz com força a visão da necessidade de se democratizar os procedimentos econômicos, tanto pelo reforço da transparência, como por processos que permitam supervisão, em particular no mundo financeiro que afinal trabalha com dinheiro de terceiros, mas também em uma série de áreas críticas. Na realidade, não há porque a democracia parar nas portas das corporações. Toda atividade que tem impacto social deve prestar contas à sociedade, não é nenhum abuso. Quem tem mãos limpas pode mostrá-las. 


As visões que surgiram na reunião podem provavelmente encontrar neste conceito de democracia econômica o seu denominador comum. A economia dever estar a serviço da sociedade. É tempo de repensarmos os seus paradigmas não com as bobagens de que se trata de uma “ciência”, e sim com bom senso. O que vivemos hoje é uma crise de visão do mundo. Até quando aceitaremos a morte de dez milhões de crianças por ano quando temos os meios financeiros e organizacionais para resolver o problema? 


Alberto Arroyo nos fala do socialismo comunitário, democrático e descentralizado, em vez do socialismo burocrático. Kavaljit Sing, da India, apresenta o seu Fixing Global Finance, Oscar Ugarteche a necessidade de buscarmos formas práticas de expandir a compreensão do novo “senso comum”, em particular com a generalização do acesso ao conhecimento. São numerosas propostas, e pouco poder. Mas a rede que vai se formando no planeta tende a gerar novas convergências. 


A realidade é que através de inúmeras iniciativas, que vão desde as reuniões do Fórum Social Mundial, até a redeOtro Desarrollo na América Latina, a New Economics Foundation de Londres, Ethical Marketplace de New York,Alternatives Economiques da França, blogs como o nosso Crise e Oportunidade , o movimento Real Economics, oMadhyam na Índia, enfim, está se gerando uma rede planetária de economistas de bom senso que começam resgatam uma visão da economia a serviço da sociedade, e não de como se servir melhor.

sábado, 23 de abril de 2011

Página reúne informações sobre o Mercosul em seus 20 anos

22/04/2011



O Portal de Notícias do Senado disponibiliza uma página especial alusiva aos 20 anos do Mercado Comum do Sul (Mercosul), bloco econômico regional criado em 1991, e que hoje congrega Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, além de estender sua influência a outros países da região.


No dia 24 de março de 2011, a hora do expediente do Plenário do Senado foi dedicada a celebrar as duas décadas de existência do Mercosul, que tem no Parlasul a sua face legislativa. O parlamento prepara-se para atuar de forma mais representativa, com o aumento do número de integrantes.


Por decisão da Mesa do Senado, a resolução que define o tamanho da nova bancada do Brasil no Parlasul será votada na próxima sessão do Congresso Nacional, ainda sem data marcada.


Acesse aqui a página especial do Mercosul.

FONTE

Agência Senado

Links referenciados

Mercado Comum do Sul
www.mercosur.int

Agência Senado
www.senado.gov.br/agencia

Acesse aqui
www.senado.gov.br/noticias/Especiais/mer
cosul20anos/

Mercosul
www.mercosur.int

Parlasul
www.parlamentodelmercosur.org/innovaport
al/v/4250/1/secretaria/bemvindos_ao_parl
amento_do_mercosul.html

Senado
www.senado.gov.br

Crescimento e diferenças na China

  • 23/04/2011

    Com o crescimento da diferença de renda na China, tumbas são alvo

    The New York Times
    Sharon La Franiere
    Em Chegdu (China)

    Homem limpa tumba de mármore que possui três níveis no cemitério Changsongsi, na China
    Homem limpa tumba de mármore que possui três níveis no cemitério Changsongsi, na China
Desde quando Deng Xiaoping sinalizou em 1978 que não era ruim ficar rico, grande parte da China pareceu voltar-se para essa meta. Mas alguns governos estaduais gostariam que aqueles que tiveram sucesso não ficassem acima dos outros, ao menos no que diz respeito às últimas homenagens.

Desde o mês passado, os cemitérios desta megalópole montanhosa no Centro-sul da China, os enterros modestos estão em voga. As tumbas rebuscadas estão fora.

Os lotes para cinzas são limitados a 1,5 metro quadrado e as lápides não podem ter mais que 1 metro, apesar de não estar claro se este limite será fiscalizado.

Aqueles que vendem lotes de tamanho superior foram advertidos de multas severas, até 300 vezes o preço do lote.

“Pessoas comuns que passam e vêem essas tumbas luxuosas podem não conseguir segurar suas emoções”, disse Zheng Wenzhong, quando visitou o local de descanso relativamente modesto de um parente no cemitério do Templo da Lamparina Acesa.

Isso é aparentemente o que muitas autoridades temem. Após um quarto de século no qual a distância entre ricos e pobres aumentou gradativamente, os excessos dos abastados são cada vez uma preocupação do governo chinês.

A desigualdade de renda na China, pelo padrão chamado coeficiente Gini, agora está comparável à de alguns países da América Latina e África, de acordo com o Banco Mundial. Justin Yfu Lin, economista chefe do banco, no ano passado identificou a disparidade crescente como um dos maiores problemas econômicos da China.

Li Shi, professor de economia na Universidade Normal de Pequim, disse que em 1988 a renda média dos 10% mais afluentes era cerca de 12 vezes a dos 10 % mais pobres. Em 2007, os 10% superiores recebiam 23 vezes mais aos 10% da base.

As soluções de longo prazo da China para a discrepância incluem reformas de mercado, programas mais fortes de seguridade social, impostos reduzidos para famílias de baixa renda e controles mais rígidos para a renda ilícita. Mas enquanto Pequim não implementa suas políticas, os governos locais estão buscando formas de disfarçar a diferença.

Uma regra divulgada no mês passado no site da Administração para Indústria e Comércio de Pequim, por exemplo, proibiu propagandas promovendo tendências “insalubres”, que incluem: “hedonismo, feudalismo e realeza, adoração de coisas estrangeiras, aristocracia suprema e gostos vulgares”.

Segundo Li, as medidas regulando propagandas de luxo ou tumbas podem “aliviar, até certo ponto, o ódio geral contra os ricos”, mas essencialmente não são mais do que fracas substitutas. Ainda assim, Chen Changwen, diretor do departamento de sociologia da Universidade de Sichuan, disse que via o mérito em evitar o conflito social.

“É claro que não podemos mudar o fato de haver disparidade entre ricos e pobres, mas ao menos podemos diminuir o impacto dela sobre a sociedade e a propaganda”, disse ele. “Muitas pessoas não conseguem suportar as formas extravagantes desta primeira geração de ricos. Realmente irrita o público.”

Tumbas ostentadoras são particularmente repugnantes, disse ele, porque para muitos chineses qualquer lápide está além de seus meios. Em uma demonstração da frustração ampla, há uma expressão para designar uma pessoa que luta para pagar os custos de um funeral: “Escravo de enterro”.

“Há muitos exemplos de como os ricos podem pagar para enterrar seus mortos, mas o homem comum não consegue. Isso deixa muitas pessoas muito revoltadas”, disse Zheng Fengtian, professor de desenvolvimento rural na Universidade Renmin de Pequim.

Um exemplo espetacular ocorreu no mês passado em Wenling, cidade costeira de cerca de cinco milhões de pessoas ao sul de Xangai. Cinco irmãos usaram as terras de uma escola de ensino médio para dar adeus a sua mãe, com pompas de um funeral de Estado.

Milhares de pessoas assistiram a cerimônia que tinha nove limusines enfeitadas com flores, uma banda uniformizada e salvas de tiros com 16 armas. Um dos irmãos disse ao repórter que a mãe queria ser enterrada com “estilo”.

Em agosto último, porém, Wenling aprovou uma lei contra a “extravagância e desperdício” nos funerais. A lei limita o número de carros e de coroas de flores e proíbe procissões por escolas e hospitais. O diretor da escola, o vice-diretor e o diretor de práticas fúnebres da cidade foram demitidos, de acordo com a mídia, e a família foi multada em US$ 450 (em torno de R$ 750).

Na província de Hunan, no Sul, as autoridades começaram a investigar no ano passado um cemitério privado com 67 degraus levando a uma “pagoda”, construída pela família de um ex-funcionário do governo, após a mídia ter comparado a tumba com um sepulcro imperial. E em 2009, as autoridades determinaram a derrubada de um mausoléu em uma aldeia perto de Chongping, no centro da China, após um jornal local comparar seu tamanho com o de uma quadra de basquete.

Os preços crescentes lançaram uma luz pouco enobrecedora na indústria de enterros na China. Zheng, professor da Universidade Renmin, disse que os governos locais em parte eram culpados pela inflação porque eles limitavam a competição.

A maior parte dos cemitérios é controlada diretamente pelo governo, disse ele; o resto depende de licenças do governo, que é proprietário da terra. A Secretaria Estadual de Assuntos Civis disse no ano passado que o governo local administrava 1.209 cemitérios, 853 unidades de administração funerais e cerca de 7.000 funcionários.

“Eles controlam tudo, seja rejeitando novos projetos ou aprovando muito, muito poucos”, disse Zheng.

No papel, os enterros baratos são a política nacional desde ao menos 1997, quando o Decreto 225 determinou que a terra de cemitério fosse conservada e que “arranjos funéreos simples” fossem promovidos.

O maior cemitério de Chengdu, o Pinheiro da Longevidade, aparentemente não recebeu esse memorando.

Na “seção artística”, sobre morros de árvores da paz em flor, fileiras e fileiras de túmulos enormes são enfeitadas com garanhões de pedra, livros gigantes abertos e mesas e bancos de granito.

Em recente manhã, Zhou Dongmei, diretora de vendas, cuidadosamente afastou os dois visitantes para longe dessa seção para as séries de lotes com lápides simples e menores que são vendidos por uma fração do custo. “Esse é o único tipo de lote que vendemos agora”, disse ela, acrescentando: “É um processo para as pessoas aceitarem isso.”

De fato, a maior parte dos moradores de Chengdu entrevistados expressou dúvidas quanto aos limites dos túmulos. No cemitério do Templo da Lamparina Acesa, Kuang Lan, 42, disse: “Minha opinião pessoal é que se você tem dinheiro para fazer um tumulo maior, então faça. Se não, faça um menor.”

Mas Yang Bin, 48, que ganha em torno de US$ 150 por mês esculpindo lápides no cemitério de Zhenwu Shan, criticou os excesso dos “capitalistas” que “estão em toda parte agora”.

“Os chineses são assim”, disse ele, após descer o forte declive do cemitério com seus finos sapatos de pano preto. “Quando têm dinheiro, querem se mostrar. Se não têm, têm que trabalhar”.
Tradução: Deborah Weinberg