quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cúpula da Unasul vai consolidar diferenças, mais que apará-las

América do Sul em estado de alerta

Miguel Ángel Bastenier
26/08/2009

É argumentável que chavistas e antichavistas ficaram com as espadas de prontidão na cúpula da Unasul realizada em Quito (Equador) há algumas semanas, apesar de grande parte da imprensa colombiana ter interpretado que o simples fato de Caracas não conseguir a condenação de Bogotá por abrigar os EUA em sete bases militares já é uma vitória. Essa situação de empate - que tem muito do roque do xadrez - é a causa de um segundo turno na estância turística de Bariloche, Argentina, onde o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o colombiano, Álvaro Uribe - que não quis ir ao Equador -, finalmente se encontrarão na próxima sexta-feira.

As diferenças entre Colômbia e Venezuela são históricas, e para Chávez, como para qualquer militar de seu país, toda reafirmação geopolítica de Bogotá é um fator de irritação e um toque de atenção. Aos olhos da Colômbia, a Venezuela do petróleo tem algo de maná na vizinhança; em outros tempos chegou a haver mais de 2 milhões de colombianos instalados no país vizinho, hoje não passam de um milhão, e as importações de Bogotá, que Chávez quer reduzir em benefício da Argentina e outros fornecedores, foram um balão de oxigênio para a Colômbia. Nos imaginários colombiano e venezuelano, os dois países figuram de maneira muito proeminente, e é perceptível o sentimento de superioridade cultural que os habitantes de Bogotá abrigam em relação a Caracas. Quando os colombianos comemoram esse conhecido estribilho com denominação de origem segundo o qual o castelhano melhor falado na América - e na península - é o deles, muitos pensam na Venezuela com certo desdém aristocrático.

E sobre esse complexo distanciamento até a oposição venezuelana tem dificuldades de princípio. Fernando Ochoa Antich, dirigindo-se a seus "companheiros de armas" colombianos, escreveu no domingo no jornal "El Universal" de Caracas que mesmo que fosse falso o que Chávez afirmou, de que o futuro equipamento das bases constituiria uma ameaça militar, havia sim uma ruptura do equilíbrio estratégico entre ambos os países e pedia medidas de Bogotá.

A grande maioria dos países latino-americanos se incomoda, em primeiro lugar, por ter de investir tempo discutindo as bases, mas, em segundo, que estas existam. Só dois membros da OEA - México e Peru -, e apenas Lima da Unasul, apoiam com vigor suficiente a diplomacia de Uribe, e isso por razões sabidamente conjunturais. O presidente mexicano, Felipe Calderón, porque tudo o que hoje leve o selo dos EUA é bom por definição, no estado de necessidade em que se encontra para obter o apoio americano na guerra contra o narcotráfico e o problema da emigração; e o peruano Alan García, porque seu país está indisposto ou receia todos os seus vizinhos próximos, chavistas como Bolívia, Equador e Venezuela, ou com vontade de neutros como Chile, com a única exceção da Colômbia, com a qual também rivalizaria se pudesse pelo título de primeiro ator secundário de Washington na América Latina.

E o Brasil é quem está mais incomodado porque a decisão colombiana rompe esse equilíbrio estratégico a que se referia o companheiro de armas venezuelano, mas em todo o continente. O acesso às bases decanta Bogotá em relação aos EUA, de maneira incompatível com a formação de um bloco latino-americano, como pretende o presidente Lula da Silva. Esse é o papel para o qual se autodesignou o líder brasileiro, o de máximo denominador comum das aspirações da América Latina no mundo. E por isso, para Lula teria de haver em Bariloche mais uma pacificação dos espíritos do que uma condenação referendada por uma maioria, o que poderia criar uma brecha insolúvel entre os membros da Unasul.

Chávez, com aspirações mais mundanas, não ignora por sua vez que o vago incômodo contra a Colômbia que possa animar os governos que não são chavistas, mas também não querem endossar o rótulo de "anti" qualquer coisa - Chile, Uruguai e inclusive a Argentina -, não deveria bastar para aprovar o anátema, mas o inventor do neossocialismo bolivariano tem mais que suficiente para dar um bom espetáculo que Bolívia, Equador e talvez Paraguai apoiem, e sobretudo que barre o caminho do Brasil. A cúpula, mais que aparar diferenças, vai consolidá-las, ou, no melhor dos casos, torná-las um pouco mais aceitáveis para a maioria, porque Uribe já jogou suas cartas. Por isso, em Bariloche, ninguém vai ganhar e todos dirão que ganharam.


Acordo EUA-Colômbia afeta narcotráfico, mas cria tensão

Aviões militares dos EUA ainda não começaram a decolar de novas bases colombianas para enfrentar narcotraficantes e rebeldes marxistas locais, mas eles já causam atrito na América Latina num momento em que o governo de Barack Obama quer melhores relações com a região

Leia análise completa

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Fonte: El País
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/08/26/ult581u3447.jhtm

Exploradores transferem riscos econômicos para trabalhadores



As conexões entre a economia e as formas de trabalho forçado e de escravidão fazem parte do livro “Trabalho Forçado: Coerção e Exploração na Economia Privada”, lançado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)

Repórter Brasil
25/08/2009 - 18:25:11

Alguns empregadores aproveitam a escassa regulamentação dos mercados de trabalho para reduzir os custos de mão-de-obra e aumentar os beneficios mediante a coerção e o não pagamento de salários. Por meio de práticas como essas, conseguem transferir o risco econômico sobre os trabalhadores: se as vendas são baixas, simplesmente retêm os salários.

As conexões entre a economia e as formas de trabalho forçado e de escravidão contemporânea fazem parte de obra lançada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Uma das conclusões do livro “Trabalho Forçado: Coerção e Exploração na Economia Privada”, lançado no Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição (23 de agosto), é a de que a realidade do trabalho forçado faz desmoronar a suposição de que todos os agentes econômicos atuam de boa fé, que macula a imagem idealizada de “mercado livre”.

Os apontamentos do novo livro complementam o 2º Relatório Global da OIT sobre Trabalho Forçado - que calculou “O Custo de Coerção” (isto é, a quantia de recursos desviada dos bolsos dos trabalhadores explorados) em US$ 21 bilhões e foi lançado em maio deste ano. O primeiro estudo acerca do tema foi lançado pela entidade em 2005.

A análise de vasto material de pesquisa colhido em países da América Latina, África, Ásia e Europa permitiu que os compiladores Beate Andrees e Patrick Belser chegasse a outras conclusões. Segundo eles, o trabalho forçado pode ser verificado em setores econômicos com grande concentração de mão-de-obra, de elevada rotação de pessoal e mudanças sazonais, como a agricultura, a construção, a mineração e o setor têxtil. A OIT estima que ao menos 12,3 milhões de pessoas estejam sendo submetidas atualmente a alguma forma de coerção laboral na economia subterrânea e ilegal.

Outra constatação da obra é a de que o trabalho forçado resulta de três fatores: uma vítima propícia, um infrator motivado e a falta de um guardião capaz. “A batalha contra o trabalho forçado é somente parte de uma luta mais ampla contra a exploração nas práticas laborais dentro da economia globalizada de hoje em dia”, complementa o trabalho. O uso de métodos estatísticos para medir o trabalho forçado e o tráfico de pessoas, recomendam os autores, deve melhorar com urgência. “A incapacidade de apresentar estatísticas válidas representa um grave prejuízo para as vítimas”, emendam.

Pelo mundo

A primeira parte do livro contém estudos de casos de exploração pelo mundo. Sobre a América Latina, o livro reúne dois panoramas: um especificamente sobre o Brasil (contribuição do coordenador da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto) e outro que resume pesquisas realizadas no Peru, na Bolívia e no Paraguai. O procedimento mais comum para manter os trabalhadores da região em condições de trabalho forçado é a servidão por dívida, dentro de uma cadeia formada pelo aliciamento de “gatos”, por descontos ilegais (ou o não pagamento) de salários e pelas condições degradantes.

Na África, o trabalho forçado pode ser detectado em diversos setores como consequência de movimentos internos ou transfronteriços e de uma discriminação tradicional contra os descendentes de escravos (como no Niger). Afeta ainda crianças recrutadas à força por exércitos ou incentivadas a trabalhar pela própria família, seguindo padrões culturais.

O maior número de pessoas afetadas se encontra na Ásia. Na Índia e no Paquistão, por exemplo, há pessoas vivendo em situação de servidão. No Paquistão, trabalhadores (parte deles migrantes) são “presos” em sistemas tradicionais de adiantamentos, que continuam existindo na agricultura, mas também vem sendo detectado em outros segmentos.

Nos países ricos (o livro reúne testemunhos colhidos em dez nações da Europa), a maioria dos exploradores é vítima do tráfico de pessoas. São enganados por intermediários, normalmente em seus países de origem.

Disfunções

A segunda parte do livro oferece perspectivas novas sobre como a legislação, as políticas públicas e as estatísticas podem se reforçar mutuamente com a finalidade de combater o trabalho escravo contemporâneo. De acordo com a publicação, o combate ao crime pode ser mais eficaz mediante a combinação de instituições mais sólidas de inspeção trabalhista e do mercado de trabalho; marcos jurídicos menos ambíguos para penalizar e processar judicialmente o tráfico de pessoas; e uso mais intensivo de instrumentos voltados para as comunidades mais vulneráveis, como o microcrédito.

A coerção e a exploração econômica se devem a disfunções do mercado que produzem resultados socialmente inaceitáveis, tanto do ponto de vista da igualdade como da eficiência, acrescenta a OIT. O livro destaca duas disfunções particularmente relevantes para comprender o trabalho forçado: em primeiro lugar, a existência de sistemas não regulados de contratação de mão-de-obra, que dá margem a propostas enganosas e abusos; em segundo lugar, a debilidade da regulamentação salarial, que contribui para a impunidade nos casos do não pagamento dos trabalhadores.

(Repórter Brasil)

Fonte: Mercado Ético

domingo, 23 de agosto de 2009

Padrões de uso da água

Açude Castanhão - CE (Foto: Suely Chacon, 2009)

Criada a Global Water Roundtable para estabelecer padrões de uso da água

Uma nova iniciativa lançada durante a Semana Mundial da Água vai estabelecer padrões globais para a gestão da água, com o objetivo de abordar a ameaça global de pressão sobre recursos hídricos, a crescente poluição dos rios e o declínio das espécies de água doce. Em conjunto com o anúncio, a World Wildlife Fund (WWF) também aceitou uma doação de US$ 1 milhão durante quatro anos da JohnsonDiversey para apoiar esse trabalho inovador, que está sendo acordado através da Alliance for Water Stewardship.

A Global Water Roundtable vai oferecer uma nova e potente ferramenta para melhorar a maneira como a água é administrada, com o estabelecimento de rígidos padrões de gestão realista da água. O objetivo central da mesa redonda é o de reunir públicos de interesse dos setores governamentais, científicos e industriais para avaliar e estabelecer um conjunto claro de padrões e um sistema de certificação de uso eficiente da água. Uma vez definidos, esses novos padrões buscarão reconhecer e premiar os usuários de água que tomem medidas para minimizar os impactos do seu uso de água sobre as pessoas e o meio ambiente.

A mesa redonda está sendo organizada por meio da Alliance for Water Stewardship e seus membros organizadores, entre os quais estão WWF, Pacific Institute, The Nature Conservancy, Water Witness International, The Water Stewardship Initiative, Water Environment Federation e European Water Partnership.

"Os recursos hídricos de todo o mundo estão em crise, e a má gestão da água é um fator importante", disse Jason Clay, vice-presidente sênior de transformação do mercado da WWF. "A Global Water Roundtable é uma maneira pragmática e orientada para o consenso de reconhecer os gestores da água que estão reduzindo o seu impacto hídrico."

"A JohnsonDiversey tem satisfação por poder apoiar uma iniciativa que trata de uma das questões mais urgentes de conservação do mundo", disse Curt Johnson, chairman da JohnsonDiversey e membro do conselho de diretoria da WWF. "A preservação de um recurso natural vital como a água doce é fundamental no nosso compromisso de buscar um futuro mais limpo e mais saudável para o mundo."

O presidente e diretor executivo da JohnsonDiversey, Ed Lonergan, acrescentou: "Os líderes empresariais de todo o mundo não podem ignorar a importância da conservação da água nos seus planos futuros. Estabelecer padrões globais claros para o uso da água é um passo fundamental para dar às empresas as ferramentas de que precisam para garantir que tenhamos um fornecimento sustentável de água doce limpa para as futuras gerações."

A mesa redonda segue o modelo de outras iniciativas do mesmo tipo para estabelecimento de padrões semelhantes já realizadas e facilitadas pela WWF, que tiveram como foco doze espécies de peixes de criadouro e quatro commodities agrícolas (açúcar, soja, óleo de palma e algodão).

Os cientistas sabem que muitos dos rios e lagos do mundo estão poluídos ou secando, tendo como resultado a falta de acesso a água limpa para beber e para uso sanitário, além de grave redução das espécies aquáticas de água doce. A demanda atual por água nas cidades, na agricultura e na indústria já é quase insustentável em várias regiões e deve aumentar nos próximos anos. Essas ameaças agravam-se com a mudança climática, que vem surtindo um impacto profundo sobre os recursos hídricos em nível global.

A JohnsonDiversey, fornecedora global de soluções comerciais de higiene e limpeza, está avançando em seu apoio à conservação da água tornando-se membro fundador da Roundtable. Além de financiar o trabalho da Roundtable durante quatro anos, os especialistas em gestão da água da empresa vão também fornecer recursos técnicos e operacionais para o estabelecimento dos novos padrões. A JohnsonDiversey também é membro do programa Climate Savers da WWF e apoia o programa de ciência da água doce da WWF.

LÍDER MUNDIAL EM CONSERVAÇÃO

A WWF é uma organização líder mundial em conservação, trabalhando em cem países há quase meio século. Com o apoio de quase cinco milhões de membros em todo o mundo, a WWF dedica-se a oferecer soluções com base científica para preservar a diversidade e a abundância da vida na Terra, impedir a degradação do meio ambiente e combater a mudança climática. Acesse www.worldwildlife.org para obter mais informações.

http://www.johnsondiversey.com/.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Entenda o que são os índices de inflação e calcule sua variação acumulada


Os índices de inflação são usados para medir a variação dos preços e o impacto no custo de vida da população.

Cada um tem uma metodologia diferente, e a medição é feita por diversos órgãos especializados, como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a FGV e a Fipe.

Entre as diferenças de método, estão os dias em que os índices são apurados, os produtos que incluem, o peso deles na composição geral e a faixa de população estudada.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), por exemplo, considerado a inflação oficial do país, é medido pelo IBGE entre os dias 1º e 30 de cada mês.

Ele considera gastos como alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação; despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais.

O indicador reflete o custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.

Outro exemplo é o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), monitorado pela FGV. Ele registra a inflação de preços variados, desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais. É muito usado na correção de aluguéis e tarifas públicas, como conta de luz. Serve para todas as faixa de renda.

Veja a lista com os índices de inflação, saiba em detalhe as diferenças entre eles e calcule a inflação acumulada dos principais indicadores:

OS ÍNDICES DE INFLAÇÃO
INPC
IPCA
IPCA-E
IPCA-15
IGP
IGP-10
IGP-DI
IGP-M
IPC-Fipe
IPC-S
IPC-SP


Fonte: UOL Economia
http://economia.uol.com.br/ultnot/2007/09/14/ult5365u14.jhtm
Válida para o dia 14/setembro//2009 - HOTEL VERDES VALES

Av. Plácido Aderaldo Castelo, s/n
Bairro: Lagoa Seca (fica próximo ao CEFET)
Juazeiro do Norte/CE- Saiba como chegar ao local

9h30 às10h00 - Introdução - O que é Comércio Eletrônico?
Fluxo do e-commerce.

9h30 às 12h00 - Painel I - Infra-estrutura do e-commerce:
Registro de domínio (VERISGN), hospedagem (LOCAWEB e UOL HOST), vitrine virtual (TERRA) e lojas virtuais (CORREIOS, UOL HOST).

12h00 às 13h30
Almoço (não incluso).

13h30 às 15h00 - Painel II - Meios de pagamento e gestão de risco:
Pagamento on-line (UOL PAGSEGURO) e gestão de risco (CLEARSALE).

15h00 às 15h30 - Palestra sobre Logística:
Entrega dos Produtos (CORREIOS).

15h30 às 15h45
INTERVALO - Coffee Break

15h45 às 16h15 - Palestra sobre Webmarketing:
Cruzador de Negócios - Bolsa de Negócios (SEBRAE).

16h15 às 17h30 - Painel III - Exportação e linhas de financiamento:
Portal de exportação e financiamento (BANCO DO BRASIL) e entrega internacional (CORREIOS).

17h30 - ENCERRAMENTO


Nova Blogueira na área!

Olá Amigos!

Temos uma nova Blogueira colaborando conosco no "Leituras Ecnômicas". É Tamires, aluna do 5o. Semestre de Administração e agora Monitora das disciplinas da área de Economia do Campus da UFC no Cariri.

BEM VINDA!!!

Abraço a todos!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Obama anuncia início do fim da crise econômica

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu nesta quinta-feira sua política de reativação da economia ao afirmar que o povo americano assiste ao "início do fim" da crise econômica.

Em um discurso pronunciado no subúrbio de Washington, para apoiar o candidato democrata ao governo da Virgínia, Obama retomou o vigor da campanha presidencial para defender seu plano de relançamento da economia, de US$ 787 bilhões.

"É muito provável que estejamos caminhando para assistir ao início do fim da recessão", disse o presidente, ao citar suas medidas para combater o desemprego.

Os números sobre o desemprego serão publicados nesta sexta-feira e os especialistas antecipam uma taxa de 9,6%, algo sem precedentes em 26 anos. Ao rebater as críticas de seus adversários republicanos, Obama lembrou que "esta crise foi gerada há vários anos. Não começou no mês passado. A crise bancária não começou no meu mandato, que a verdade seja dita".

O presidente se referia a seu predecessor, o republicano George W. Bush. O bureau de orçamento do Congresso informou nesta quinta-feira que o déficit no orçamento dos Estados Unidos atingiu US$ 1,3 trilhão em julho, sobre os dez primeiros meses do exercício em curso, que termina no dia 30 de setembro.

A cifra é superior aos US$ 880 bilhões de déficit que registrava o orçamento no mesmo período do ano anterior. Os republicanos afirmam que o plano de estímulo à economia de Obama apenas aumenta o déficit e não gera empregos.


http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200908070325_AFP_78286567&idtel=

sábado, 15 de agosto de 2009

II Congresso Regional de Empreendedorismo Universitário


Tema: “Empreendedorismo: tendências contemporâneas”.


A região do Cariri, nos dias 01, 02 e 03 de Outubro, será palco de visões Empreendedoras.

Fazem parte da programação palestras, mini-cursos com certificado extra de quatro e oito
horas, mesas-redondas, painéis, participação de organizações empresariais e apresentações de trabalhos.

As inscrições poderão ser feitas nas instituições de ensino comparte ou
nas empresas juniores das faculdades participantes.

1º lote: 30,00 + 1 kg de alimento* até o dia 28/08.
2º lote: 35,00 + 1 kg de alimento de 29/08 a 11/09.

Importâncias estas que inclui o direito à programação, Coffee Breaks e
Coquetel de encerramento com atração musical, além de certificado** de 20
horas, emitido pela Universidade Federal do Ceará – UFC/Campus Cariri e
pelo Instituto Federal de Educação Tecnológica – IFET.

*Alimentos devem ser entregues no dia do credenciamento!
**Certificados entregues no último dia do evento!

Esse evento tem como organizadores os integrantes das Empresas Juniores da
UFC (Acerte Consultoria Júnior - Administração) e do
IFET (EJEC Consultoria) e da SIFE – UFC Cariri.


Inscrições limitadas a 260 participantes.

Garanta já a sua!!!

Contatos: (88) 92432688 / (88) 88310217

Confira maiores informações e toda a programação nos sites:

acerteconsultoria.cariri.ufc.br
sife.cariri.ufc.br

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Offshore farming, ou "terceirização de terras", prejudica países em desenvolvimento


A volta dos colonizadores?


Países ricos compram terras dos pobres para expandir a área agrícola. É um negócio tão polêmico que já provocou até a queda de um presidente

Tatiana Gianini
Revista Exame - 01/07/2009


Mesmo em meio a um continente onde problemas como a miséria e os conflitos civis fazem parte do cotidiano de várias nações, o Sudão consegue se destacar negativamente. O país, de 41 milhões de habitantes, tem uma das menores rendas per capita do mundo (2 200 dólares, um quarto da brasileira) e enfrenta desde 2003 o acirramento da crise na região de Darfur, que já deixou como saldo um total de 5 milhões de refugiados. Apesar das tragédias, o Sudão tem recebido nos últimos anos um fluxo crescente de investimentos estrangeiros. Quase a totalidade do dinheiro que entra no país tem a mesma finalidade: comprar ou arrendar terras para o cultivo de produtos agrícolas. Mais de 1 milhão de hectares, o equivalente à metade da área do estado de Sergipe, encontram-se hoje nas mãos de países como Arábia Saudita e Coreia do Sul, que viram no Sudão uma oportunidade de expandir suas escassas áreas disponíveis para a produção de alimentos. Os investimentos agrícolas representam atualmente quase 20% de todo o dinheiro aplicado no Sudão. Se o ritmo atual de negócios for mantido, essa taxa pode chegar a 50% até 2010.

O fenômeno registrado no Sudão tem ocorrido em várias regiões do mundo. De acordo com um relatório divulgado em abril pelo grupo de análise International Food Policy Research Institute, de Washington, cerca de 20 milhões de hectares de terra foram arrendados ou vendidos em mais de 40 transações desde 2006 (veja quadro). A maior parte das propriedades adquiridas está em países pobres da África e da Ásia. Carentes de dinheiro e de investimentos - mas ricos em solos férteis -, eles aceitam vender ou arrendar nacos substanciais de seu território em troca de capital ou das promessas de geração de emprego e de investimentos em infraestrutura. Os compradores mais interessados são os países desérticos do norte da África e do Oriente Médio. Com escassos solos aráveis, eles têm uma reduzida capacidade de produção e, em alguns casos, importam até 90% dos alimentos consumidos no mercado interno. "Os países pobres têm a terra e a água, e nós temos o dinheiro", disse em entrevista recente ao The New York Times um funcionário graduado do Ministério de Agricultura do Bahrein, que preferiu não se identificar. O país já comprou 10 000 hectares de propriedades nas Filipinas.

A venda de terras para investidores estrangeiros ganhou impulso nos últimos anos por causa da alta no preço das commodities agrícolas e da crise. Enquanto os investidores privados buscam novas fontes de lucro depois da derrocada do mercado financeiro, os governos de países da Ásia e do Oriente Médio têm como grande motivação garantir a segurança alimentar. "Eles estão tentando diminuir as importações de alimentos adquirindo terras para produzir seus próprios estoques", disse a EXAME a pesquisadora americana Ruth Meinzen-Dick, uma das autoras do estudo sobre a posse de terras agrícolas por estrangeiros do International Food Policy Research Institute.

Um dos maiores compradores é o governo da Arábia Saudita, em especial desde que o país teve de começar a abandonar sua própria produção de trigo, no começo de 2008. O cultivo do grão era capaz de suprir todas as necessidades do país, mas consumia boa parte de seus já limitados estoques de água. Para evitar a escassez do recurso no futuro, o governo saudita decidiu reduzir gradativamente a produção local de trigo. A ideia é substituí-la por plantios realizados no exterior em terras arrendadas em países da África. Na Etiópia, o plano prevê um investimento de 100 milhões de dólares na compra e no arrendamento de terras para o cultivo de trigo a partir de 2010. A produção de arroz por lá já começou e, em janeiro, os sauditas festejaram a chegada da primeira colheita realizada em solo africano.

Na Ásia, quem saiu às compras foi a China. Com 20% da população mundial e apenas 7% da terra arável e 7% da água doce, o país não tem outra opção senão buscar no exterior seu abastecimento. Tem feito isso importando alimentos de países exportadores, ação que o sujeita à variação dos preços no mercado internacional, ou cultivando em solos estrangeiros por meio de empresas privadas chinesas e do governo. Gradualmente, o país tem deslocado parte de sua produção de alimentos para a África. Ali, a maior parte dos cultivos é de arroz, feijão, soja e milho, além de produtos para biocombustíveis. Em uma das maiores transações, o governo chinês comprou 2,8 milhões de hectares para o cultivo de palma para a produção de biocombustível na República Democrática do Congo. Outros 5 milhões de hectares de terras africanas estão sendo negociados no momento com a China.

As operações de compra e venda de terras entre os países não têm nada de ilegal, evidentemente, mas são um assunto polêmico. Segundo um estudo recente da FAO, o órgão das Nações Unidas para agricultura e alimentação, vastos territórios da África estão sendo concedidos "quase de graça" para uso por 50 e até 99 anos. As poucas vantagens consistem em promessas de vagas de emprego e infraestrutura. Ainda sobram críticas para os acordos em países africanos cuja própria população sofre com a fome, caso do Sudão. O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, já afirmou que há um risco grande de a prática se tornar uma forma nova de colonialismo, ao transformar países pobres em fornecedores de alimentos para nações ricas em detrimento de sua própria população. "Algumas negociações têm levado a relações internacionais desiguais e a uma agricultura mercantilista de curto prazo", disse ele numa entrevista recente.

Um dos negócios mais criticados ocorreu em novembro, entre o conglomerado sul-coreano Daewoo e o governo da ilha africana de Madagascar. O acordo previa o arrendamento gratuito, por 99 anos, de 1,3 milhão de hectares na ilha - mais da metade da terra arável de Madagascar - a Daewoo, que usaria a terra para produzir grãos para a Coreia do Sul. Em troca, Madagascar ficaria com as oportunidades de emprego geradas pela empreitada, além de se beneficiar dos possíveis investimentos asiáticos em estradas e irrigação. A negociação mereceu um ácido editorial no jornal inglês Financial Times, um notório defensor da livre iniciativa. A população se revoltou e o fato foi um dos causadores da onda de protestos que culminou na renúncia do presidente Marc Ravalomanana, em março. Logo ao tomar posse, o novo líder do país, Andry Rajoelina, cancelou o contrato. "Os países concessores parecem ansiosos e apressados em conceder terras sem primeiro fazer uma análise apropriada do custo-benefício, o que pode levar a uma perda de controle sobre áreas substanciais de agricultura, minando sua própria autossuficiência", disse a EXAME Herbert Jauch, especialista em África do Larri, importante centro de pesquisas africano.










Sudão: país já negociou 1 milhão de hectares com outros países



Fonte: Planeta Sustentável













"Terceirização de terras" prejudica países em desenvolvimento: Muitos pequenos agricultores têm que abandonar terras arrendadas por outros países




Deutsche Welle


Autora: Ulrike Mast-Kirschning; Revisão: Simone Lopes




Cresce a tendência de offshore farming: há países e investidores comprando e arrendando extensas áreas cultiváveis em nações pobres para produzir alimentos. As populações locais só têm a perder, alertam críticos. Os especialistas já falam de uma verdadeira caça à terra alheia, motivada pelos mais diversos fatores. Arábia Saudita, Japão, China, Coreia, Líbia e Egito são países que precisam importar alimentos, a fim de suprir a demanda interna da população.

Há meses, as autoridades competentes dessas e de outras nações estão negociando a compra ou arrendamento de terra fértil no Brasil, Sudão, Uganda, Camboja e Paquistão, por exemplo, confirmando uma tendência mundial denominada offshore farming.

E não só representantes governamentais, mas também investidores privados, estão à procura de terras cultiváveis, a baixo preço, em todos os continentes, seja para garantir a produção da indústria alimentícia ou para o cultivo de plantas destinadas à produção de biocombustível.

ALEMÃES TAMBÉM

Os empresários alemães também estão nesse barco. A Barnstedt eG e a prefeitura de Uelzen, cidade pequena situada no norte alemão, por exemplo, já compraram terras na Rússia para esse fim. A Agranus AG, sob direção de um ex-executivo da Bayer, arrendou consideráveis extensões de terra na Romênia, Bulgária e na República Tcheca. Já a Prokon GmbH e a Co KG dispõem de mais de 10 mil hectares na Tanzânia, enquanto a empresa Flora Ecopower, de Munique, marca presença na Etiópia.

De acordo com estimativas da ONU, desde 2005, entre 15 e 20 milhões de hectares de terra de países em desenvolvimento foram vendidos ou arrendados por nações mais ricas, extensões que equivalem a nada menos que um quinto das superfícies cultiváveis da Europa. Negócios que acabam, por diversas razões, prejudicando as populaçõoes de regiões carentes, afirma Roman Herre, especialista em reforma agrária da Fian, uma organização internacional de defesa dos direitos humanos.

"A água, um recurso natural cada vez mais escasso, se tornou um bem extremamente estatégico. É evidente que muitas dessas empresas asseguram, através do acesso à terra, também o acesso à água. Há avaliações de especialistas de que haverá, no futuro, uma escassez muito maior de água do que de combustíveis fósseis", observa Herre.

POPULAÇÃO LOCAL EM DESVANTAGEM

Hoje, comenta o especialista, a falta de acesso à terra e água já pode ser considerada o maior problema para pequenos produtores rurais. A compra ou arrendamento de grandes áreas por estrangeiros acaba gerando somente poucos empregos para a população local. Muitas vezes – como é o caso dos chineses na África – os países que compram ou arrendam a terra também enviam a mão-de-obra de casa.

Os agricultores locais estão ameaçados de serem expulsos das áreas que até então cultivavam. Esse foi o caso, por exemplo, de Peter Baleke Kayiira, obrigado a fugir, já em 2001, das Forças Armadas na Uganda. Tudo isso porque o governo ugandense havia aceitado que uma empresa alemã que comercializa café usasse a região ao redor de seu povoado para uma plantação.

"Antes de sermos expulsos tudo estava bem, tínhamos nosso sustento garantido e até sobrava parte da produção que vendíamos. Agora isso não é mais possível. Só conseguimos fazer uma refeição por dia, as crianças não podem mais frequentar a escola. Se continuar assim, daqui a pouco seremos escravos", descreve Kayiira.

PARCA PARTICIPAÇÃO

As negociações que definem as condições de venda ou arrendamento de terra se realizam, na maioria das vezes, sem a participação da população local. Como o que aconteceu em Madagascar, onde o governo caiu no início do ano, depois que veio a público a intenção das autoridades de arrendar metade das zonas cultiváveis do país para um grupo da Coreia do Sul pelo prazo de nada menos que 99 anos.

Esse não é um caso isolado, diz Herre, lembrando que no Quênia houve uma situação semelhante. "Lá, o emirado árabe Catar recebeu grandes extensões de terra, em troca da promessa de investir na região, entre outros na construção de um porto local."

O exemplo do Quênia e de Madagascar são clássicos, pois nesses dois países, como em muitos outros, a população local está sendo completamente ignorada durante tais negociações. Esses contratos são, na maioria das vezes, ocultados da opinião pública e só vêm à tona por acaso", denuncia o especialista da Fian.

PROMESSAS VAZIAS

A experiência da organização mostra que os investidores, nesses contratos, costumam prometer projetos compatíveis com o desenvolvimento social local, bem como a criação de postos de trabalho e melhoria da infraestrutura. Essas promessas, contudo, quase nunca são cumpridas. Além disso, é importante lembrar que a produção agrária em escala industrial também afeta o meio ambiente de forma decisiva.

"Quando se vê que o Banco Mundial, por exemplo, quer investir quatro bilhões de euros nos agronegócios, pode-se partir do princípio de que essas terras serão basicamente ocupadas pela monocultura e o consumo de água será extremamente alto. O uso de pesticidas e adubo também se intensifica, algo altamente prejudicial ao meio ambiente", explica Heere.

Desde a recente crise de alimentos de 2008, cresce – pelo menos nos setores de cooperação internacional – a consciência de que os pequenos produtores dos países do hemisfério sul são os que mais sofrem com o problema. Um acesso justo e igualitário à terra e à água e uma participação real das populações locais nos processos de decisão fazem parte do direito humano ao alimento, reconhecido pelo direito internacional. Isso é o que todo governo tem que garantir, conclui o especialista Heere.

FONTE: http://www.agrosoft.org.br/agropag/211430.htm

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

EXPORTAÇÕES CEARENSES

Com queda de 18,2% nas exportações até julho, empresários cearenses aumentam variedade de itens

MEL FOI O produto com melhor desempenho entre os 15 listados pela Secretaria do Comércio Exterior. Em sete meses, alta nas exportações foi de 153,8%


Diversificação na pauta volta a ganhar força
KATHARINE MAGALHÃES
ESPECIAL PARA ECONOMIA

Com 728 itens comercializados no exterior nos primeiros sete meses do ano, a diversificação na pauta de produtos cearenses exportados teve crescimento de 11,1%. O incentivo para que empresários cearenses incrementem a lista de itens vendidos para outros países é um dos destaques do Encontro do Comércio Exterior (Encomex) que termina hoje, no Centro de Negócios do Sebrae.

"O Ceará tem diversificado produtos e empresas que atuam no comércio exterior, inclusive com a presença de empresas de menor porte nas exportações", afirma o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Fábio Martins.

A oferta de novos itens aos países importadores é defendida como forma de minimizar os efeitos da crise internacional, que ainda assim não deixaram de ser percebidos no resultado de janeiro a julho - em sete meses, com faturamento de US$ 589,5 milhões, o Estado exportou 18,2% menos que no mesmo período do ano passado.

Mel lidera alta

O maior destaque dos últimos sete meses nas exportações cearenses ficou com o mel, que teve alta de 153,8% nas exportações realizadas até julho, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC. Em sete meses, a venda do produto cearense no mercado externo obteve US$ 8,1 milhões, frente ao resultado de US$ 3,2 milhões em 2008. Na relação de 15 itens, além da comercialização de mel, apenas a venda de produtos eletrônicos e eletrodomésticos registrou avanço neste segmento, a alta foi de 45,1% até julho deste ano, com US$ 14,2 milhões em faturamento.

O especialista em mercado agrícola da Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece), Sérgio Baima, lembra que a diversificação exige planejamento a médio e longo prazo. "Há uma estrutura de compra, que não pode ser modificada de um ano para outro", avalia. "Mas uma crise tem esse aspecto positivo, porque o setor passa a se preocupar em reduzir os custos, procurar outros mercados e diversificar produtos".

O setor de fruticultura, segundo Baima, teve queda de 19,3% até julho, puxado principalmente pela redução de 86,8% na demanda por polpa de fruta, produto que no Ceará é exportado apenas para Estados Unidos.

De acordo com levantamento da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC, a participação do Estado nas exportações brasileiras teve ligeira alta de janeiro a julho (passou de 0,6% em 2008 para 0,7% este ano), mas o Ceará continua ocupando a 14ª posição entre os 27 listados. Na Região Nordeste, o desempenho das exportações cearenses foi o terceiro melhor, ficando atrás dos Estados da Bahia e Maranhão.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios. Fortaleza, 13 de agosto de 2009.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=661620

Cresce a rentabilidade das reservas do Brasil em Dólar



O Banco Central divulgou ontem, que a rentabilidade média em dólar das reservas internacionais ficou em 9,3% em 2008. A informação consta do novo relatório de gestão das reservas, documento que será divulgado semestralmente. Em 2007, a rentabilidade média em dólar das reservas ficou em 9,4%. E no período de 2002 a 2008 o rendimento médio em dólar das reservas foi de 6,2%.

Segundo o relatório do BC, as reservas aumentaram de 2002 a 2008 de US$ 36,2 bilhões para US$ 206,8 bilhões. A elevação, segundo o BC, foi gerada principalmente pela "política de acumulação das reservas iniciada em 2004". O novo documento do BC será divulgado a partir de agora sempre nos meses de junho e dezembro. Segundo o BC, por "razões estratégicas de investimento, as informações disponibilizadas terão defasagem de seis meses".

O diretor de Política Monetária do BC, Mario Torós, disse que a instituição mantém a política de investimento das reservas internacionais, que é determinada em um horizonte de longo prazo As decisões, porém, são dinâmicas e podem mudar ao longo do tempo.

Em entrevista sobre o novo relatório das reservas, ele minimizou as preocupações do investimento das reservas em ativos denominados em dólar. "Estamos perfeitamente tranquilos com o investimento nos Estados Unidos. Em princípio, não vemos problema em fazer investimento nesses ativos", disse. Segundo o relatório do BC, o dólar era a moeda de 89,1% dos ativos das reservas em dezembro de 2008. A parcela em euro correspondia a 9,4%, e 1,5%, em outras moedas, como o iene.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios. Fortaleza, 13 de agosto de 2009.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=661625

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Brasil - País é o que mais se desfaz de títulos dos EUA


São Paulo, quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Desde piora da crise, Brasil reduz em US$ 25,5 bi volume de papéis americanos, enquanto China e Rússia elevam investimento

BC brasileiro diversifica reservas com títulos de países como Alemanha e Espanha, além de papéis de organismos multilaterais

ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A China ameaçou, a Rússia também disse que ia fazer o mesmo, mas nenhum dos principais credores dos EUA reduziu os investimentos nos títulos americanos como o Brasil.

Desde o fim de agosto (duas semanas antes da quebra do Lehman Brothers) até 30 de maio, o Brasil diminuiu em 17% suas aplicações nos papéis emitidos pelo governo americano.

Para os EUA, a queda no investimento brasileiro, de US$ 25,5 bilhões, não chega a ser representativa -algo como 0,2% do seu PIB de 2008-, mas tem um aspecto simbólico: um dos seus maiores credores está diminuindo suas apostas nos títulos em um momento em que a confiança é fundamental.

No início da crise, houve forte procura pelos títulos americanos, que tiveram seu preço elevado e os juros reduzidos. Nos último meses, porém, as taxas subiram, e houve queda no preço dos papéis por conta da diminuição da aversão ao risco e da piora das contas dos EUA.

Nenhum dos 15 maiores credores dos EUA fez o mesmo movimento brasileiro. A China, por exemplo, aumentou em 40% suas aplicações entre agosto de 2008 e maio deste ano, para US$ 801,5 bilhões, e continua a ser o maior credor externo dos EUA. No caso russo, o crescimento foi de 19,5%.

Tanto autoridades chinesas quanto russas vêm ameaçando nos últimos meses se desfazer dos papéis dos EUA, à medida que o dólar cai e crescem os temores de que a principal economia mundial não irá conseguir manter em dia os pagamentos de sua dívida.
Para analistas, o BC procurou diversificar e buscar maior rentabilidade em outros papéis quando as reservas adquiriram um tamanho superior à divida externa em dólar. Isso porque as reservas sempre foram administradas como um hedge (proteção) para a dívida externa brasileira. As reservas são administradas segundo critérios de segurança, liquidez e rentabilidade, nessa ordem.

No ano passado, o BC já tinha sinalizado que pretendia diversificar as reservas, possivelmente adquirindo títulos de organismos multilaterais, como o KfW (o BNDES alemão) e o BIS (o BC dos bancos centrais), e papéis da dívida de outros países como Alemanha, Itália, Espanha e Suécia. Todos esses papéis têm garantia e "rating" (avaliações) altos, ao menos AA (a classificação máxima é AAA).

Com isso, optou pela rentabilidade em troca da maior liquidez dos títulos americanos.

Segundo Nathan Blanche, da consultoria Tendências, a maioria dos países decidiu mudar o portfólio das reservas e a forma como são administradas. O principal fator é a eventual redução do poder de compra do dólar. "Mas, cuidado, se a economia americana voltar a crescer, a conversa muda. A tendência de curto e médio prazo é que o dólar se desvalorize em relação ao euro e a outras moedas. Mas pode ter uma virada."

Além da diversificação, os dados do Tesouro americano mostram que o Brasil vem trocando títulos de longo prazo pelos de curto, que perderam menos valor de face com o aumento nas taxas de retornos desses papéis.

Esse movimento do BC ocorre no momento em que cresce as preocupação com a dívida americana. A dívida pública dos EUA vai saltar de 41% do PIB no ano fiscal passado para 82% em 2019, segundo previsão de órgão do Congresso do país.

Fonte: Folha de São Paulo. Caderno Dinheiro. São Paulo, 12 de agosto de 2009.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1208200902.htm

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Financiamento de imóveis no Ceará cresce 205,7%


A Caixa confirma o bom momento do mercado imobiliário e informa que bateu recorde em financiamento com recursos da poupança no primeiro semestre

Artumira Dutra artumira@opovo.com.br
11 Ago 2009 - 01h39min

No primeiro semestre de 2009, as contratações com recursos captados em contas de poupança realizadas pelos agentes financeiros do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) registraram R$ 13,6 bilhões. Deste total, R$ 8 bilhões foram direcionados para compra de imóveis, com crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano passado, divulgou ontem a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A Caixa Econômica Federal confirma o bom momento do mercado imobiliário e informa que além de superar as expectativas bateu recorde em financiamento com recursos da poupança nos primeiros seis meses do ano.

Em todo o Brasil, a Caixa financiou 212.692 contratos no valor de R$ 9,2 bilhões, um crescimento de 170% no valor em relação ao mesmo período de 2008, que foi de 63.627 contratos com investimentos de R$ 3,4 bilhões. No Ceará, com recursos do SBPE, o banco financiou 3.823 imóveis, no valor de R$ 154,4 milhões. O volume representa um crescimento de 205,7% em relação ao primeiro semestre do ano passado, quando a instituição financiou 1.063 imóveis no Estado no montante de R$ 50,5 milhões.

De acordo com o superintendente da Caixa no Ceará, Gotardo Gomes Gurgel Júnior, o resultado é fruto de uma nova dinâmica na economia e que vem garantindo o acesso à casa própria, além de movimentar o setor da construção civil, que gera emprego e renda. Uma prova disto são os 14.724 empregos gerados com os investimentos em habitação, somente com recursos do SBPE. Para Gotardo Gurgel, a expectativa para o segundo semestre é ainda mais animadora uma vez que as cadernetas de poupança estão batendo recordes de aplicação a cada mês.

Segundo a Abecip, em termos de unidades financiadas, em junho, o número também foi o recorde do ano, 25.840 imóveis com crescimento de 24,1% comparativamente a maio. No semestre, o número de unidade financiadas ficou em 125.136 com redução de 2,57%, se comparado com os primeiros seis meses de 2008. Adianta que junho também registrou o melhor desempenho em relação à captação de recursos por intermédio das contas de poupança tendo os depósitos superado as retiradas em R$ 1,7 bilhão, fazendo com que no semestre o resultado ficasse positivo em cerca de R$ 1,712 bilhão.

Aquecimento

O vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro de Holanda, também confirma que o volume de financiamentos cresceu. Explica que no caso da construtora dele as vendas aumentaram em torno de 20% e os financiamentos bancários representam 70%.

Ele adianta que nesse momento o mercado está aquecido. “E vai aquecer ainda mais”, completa, ressaltando que a expectativa é que o setor repita o bons resultados de 2007, considerado o melhor ano para a construção civil. (com agências)


E-Mais

> O volume de contratações com recursos captados em contas de poupança realizadas pelos agentes financeiros do SBPE, em junho, atingiu R$ 2,9 bilhões, superando em cerca de 24,7% o montante contratado em maio. Foi o melhor resultado mensal deste ano.

> Em termos de unidades financiadas, em junho o número também foi o recorde do ano, tendo atingido 25.840 com crescimento de 24,1% comparativamente a maio. No semestre, o número de unidade financiadas ficou em 125.136 com redução de 2,57% se comparado com os primeiros seis meses
de 2008.

> O saldo global das contas de poupança fechou o primeiro semestre de 2009 com R$ 224,518 bilhões, apresentando crescimento de 4,23%, comparativamente a dezembro de 2008 e 14,3% em relação ao saldo do final de junho de 2008.

Fonte: Jornal O Povo. Caderno Economia. Fortaleza, 11 de agosto de 2009.
http://www.opovo.com.br/opovo/economia/900518.html

Crise faz escolas de negócios mudarem grade curricular

10/08/2009 - 10h50

SÃO PAULO - Diante da crise financeira mundial, as escolas de negócios tiveram que adaptar a sua grade curricular para atender a demanda do mercado de trabalho. Se antes a prioridade era enfatizar os aspectos financeiros, nesse momento, essas instituições de ensino começam a valorizar a gestão empresarial.

"Um exemplo claro dessa mudança (que sempre é de longo prazo) é dado pelas multinacionais brasileiras, ou seja, empresas com operações no exterior. A competência em gestão que era apenas a décima preocupação mais importante dos gestores para competir no mercado doméstico, hoje, depois da internacionalização, é a terceira mais relevante", afirma a diretora da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Maria Tereza Leme Fleury.

O problema da formação executiva

Um outro problema enfrentado nos cursos, na opinião de Maria Tereza, são as dificuldades que os estudantes de educação executiva encontram por conta das falhas do sistema de educação básica brasileiro.

"A precariedade do ensino básico no Brasil é algo que tem impactos na educação executiva, pois é comum um aluno chegar à faculdade ou à pós-graduação com problemas de formação que impedem o aprimoramento. Nesse sentido, nossa experiência mostra que a educação executiva tem de ser pensada já desde a graduação, passando pela educação executiva e por programas de pós-graduação que desenvolvam uma mentalidade mais global".

Maria Tereza destaca ainda que os programas de formação executiva precisam pensar tanto na capacitação daquele executivo que irá atuar em empresas quanto naqueles executivos que pretendem se tornar empresários, ensinando o empreendedorismo. Outra vertente de estudo que precisa ser analisada é o programa de formação de gestores públicos, atividade ligada diretamente à necessidade de modernização do Estado.

Falhas no ensino

Além dessas preocupações, as escolas de negócios também precisam verificar a eficácia de alguns métodos de ensino aplicados, como o estudo de casos. Para Maria Tereza, esse modelo de aprendizado, no qual os estudantes analisam um determinado caso de uma empresa e tomam as decisões, é limitado.

"O estudo de caso, fundamentado em diagnóstico e decisão, precisa compreender melhor a complexidade de uma organização. O processo de tomada de decisão fundamentado em um estudo de caso pode levar os gestores a acreditarem que as soluções para os diferentes problemas de uma organização são mais fáceis do que parecem, levando a simplificações".

Fonte: UOL Economia - Infomoney
http://economia.uol.com.br/planodecarreira/ultnot/infomoney/2009/08/10/ult4229u2777.jhtm

domingo, 9 de agosto de 2009

Negócios Sustentáveis

Foto: Leticia Freire


07/08/2009 - 18:42:44

Visão social e humanística do transporte urbano sobre trilhos

Marcus Quintella, Colunista de Plurale (*)


Os especialistas em transportes vêm produzindo diversos estudos comprobatórios da viabilidade econômica dos projetos metroferroviários, que mostram claramente que são gerados benefícios sócio-econômicos suficientes para superar os investimentos públicos realizados. Isso significa dizer que os trens urbanos e metrôs são altamente lucrativos, não no sentido financeiro, mas no sentido sócio-econômico-ambiental. Vou mais longe ainda, o transporte público sobre trilhos produz, e sempre produzirá, um imensurável lucro humanístico e ambiental de grande percepção e possível identificação.

Esse lucro humanístico pode ser representado pelos seguintes benefícios tangíveis mais comuns: reduções de acidentes de trânsito, diminuição dos tempos de viagem, economia de combustíveis, eliminação de congestionamentos, redução das poluições atmosférica e sonora, valorização imobiliária, estruturação urbana, desenvolvimento econômico regional, geração de empregos, redução dos custos de manutenção das vias urbanas e aumento de arrecadação tributária. Além disso, são gerados benefícios intangíveis como conforto, segurança, tranqüilidade e qualidade de vida.

Um metrô padrão, de uma cidade como Salvador, por exemplo, conduziria, anualmente, a uma diminuição de 640 milhões de litros de gasolina, 140 milhões de litros de álcool anidro, 49 milhões de litros de álcool hidratado e mais de 1,7 bilhões de litros de óleo diesel, por conta da menor necessidade de veículos nas ruas. Em valores de 2008, o total de recursos poupados seria de R$ 5 bilhões. A redução da poluição do ar evitaria o desembolso de mais de R$160 milhões para mitigação dos impactos gerados. Esse valor seria capaz de sustentar mais de 50 mil bolsas-família por ano. Os grandes sistemas metroferroviários brasileiros emitem 75% de óxido de nitrogênio a menos que os automóveis com um ocupante apenas e quase nenhum hidrocarboneto e monóxido de carbono.

Segundo um estudo do IPEA, mais de 80 minutos perdidos constantemente no percurso casa-trabalho-casa podem causar uma redução de 21% na produtividade profissional das pessoas. Além disso, os congestionamentos, além do desconforto para os usuários do transporte público e para os cidadãos motorizados, comprometem imensuravelmente a qualidade de vida de todos.

Considerando-se que um trabalhador típico de uma cidade como Rio de Janeiro ou São Paulo gaste, em média, atualmente, 3 horas por dia dentro de um meio de transporte, para ir e voltar do trabalho, o tempo total gasto, numa vida de trabalho de 35 anos, corresponde a três anos e meio de vida perdida dentro de um veículo, público ou particular. Quanto custa isso, em termos de danos físicos e psicológicos? Cada hora reduzida em congestionamentos, por meio de investimentos em transporte público inteligente, corresponderia a um ano e dois meses de vida a mais para as pessoas.

Para entendermos a gravidade da questão, basta verificarmos que, nos últimos anos, as velocidades médias dos automóveis e ônibus urbanos caíram sensivelmente, face ao crescimento dos congestionamentos. No Rio de Janeiro, há dez anos, certas distâncias que eram cobertas em 40 minutos, hoje levam 70 minutos, produzindo, assim, a uma inflação de tempo de 75%, ou seja, 5,8% ao ano. Há casos piores de inflação de tempo, que chegam a mais de 10% ao ano.

Por outro lado, o Metrô de São Paulo demonstrou, em seu balanço social de 2005, que conseguiu uma redução do tempo de viagem para a população paulistana de 463 milhões de horas, correspondentes, em termos monetários, a cerca de R$ 2 bilhões. Dentre os diversos benefícios gerados pelo Metrô-SP, como reduções de poluentes atmosféricos, combustíveis, acidentes, custos operacionais dos veículos e manutenção das vias urbana, a redução do tempo de viagem equivaleu a quase 60% do total.

Em termos de vantagens competitivas, se gasta a metade do tempo viajando de trem ou metrô, em comparação com o ônibus ou automóvel. Um trem cheio possui uma eficiência energética 15 vezes superior à do automóvel. Os sistemas metroferroviários apresentam baixos índices de acidentes, com milhares de mortes e acidentes de trânsito evitados, gerando menos danos às famílias e à sociedade. Os imóveis residenciais e de negócios lindeiros às estações dos sistemas metroferroviários são valorizados. Os carros, estações e leitos ferroviários podem ser explorados para a veiculação de propaganda de diversos modos, gerando receitas extra-operacionais e promovendo o interesse público. Aproximadamente 1.250 passageiros são transportados em um trem de 65 m, o que corresponderia a uma fila de 25 ônibus (300 m) ou 830 automóveis (4 km).

Em algumas cidades brasileiras, como Maceió, João Pessoa, e Natal, os pequenos sistemas de trens urbanos, movidos a diesel, produzem os mesmos tipos de benefícios humanísticos dos grandes sistemas metroferroviários, mas de outra forma. Para o leitor ter uma idéia da importância desses sistemas, vou descrever como são transferidos para as populações dessas três cidades os benefícios relatados anteriormente. Os sistemas de trens urbanos dessas três cidades nordestinas são operados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, empresa do Governo Federal, vinculada ao Ministério das Cidades, e transportam perto de 30 mil pessoas por dia, que correspondem a 10 milhões de pessoas, anualmente, sem contar a grande evasão observada. A tarifa social cobrada é de R$0,50, para trechos de 30 km, em Maceió e João Pessoa, e de 56 km, em Natal. Os trens da CBTU atendem os pobres municípios das regiões metropolitanas dessas capitais, verdadeiras cidadezinhas de interior, que, para a maioria de seus usuários, são o único meio de transporte disponível ou acessível para transportá-los aos centros urbanos, onde trabalham ou sobrevivem com empregos informais. Muitos usuários da CBTU saem de casa apenas com o dinheiro da passagem de ida, ou seja, com R$0,50 no bolso. Elas se dirigem para os centros dessas cidades para comer, levar algo de volta e conseguir o dinheiro da passagem de volta. Caso consigam comer e voltar para casa, já “ganharam o dia”. Os demais usuários dependem dos trens da CBTU para trabalhar, senão ficariam em casa, pois as tarifas dos ônibus urbanos são inalcançáveis para eles.

Caro leitor, diante do exposto acima, que, in loco,é muito mais impressionante e tocante, como alguém poderia questionar se realmente são verdadeiros os benefícios do transporte urbano sobre trilhos, tanto para os grandes sistemas metroferroviários, como para os pequenos sistemas de trens urbanos? Tudo isso serve para comprovar que o transporte público sobre trilhos não foi feito para dar lucro financeiro, mas lucros sociais e humanísticos, produzidos pelos investimentos e subsídios operacionais bancados pelo dinheiro público.

(*)Este artigo é destaque na edição 12 de Plurale em revista. Marcus Quintella é Colunista de Plurale, colaborando com um artigo por mês. Doutor em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, mestre em Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia, considerado um dos principais especialistas em transportes urbanos. Professor da FGV e do IME. É atualmente Diretor Técnico da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)

(Plurale)

Fonte: Mercado Ético
http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/visao-social-e-humanistica-do-transporte-urbano-sobre-trilhos/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Importância do Comércio Internacional de Serviços


A percepção sobre a relevância das atividades de serviços na geração de renda e riqueza nas economias modernas vem se ampliando. As atividades terciárias são por essência propulsoras do desenvolvimento econômico, pois aumentam a competitividade interna e internacional, geram empregos qualificados e aceleram o progresso tecnológico.

A atividade terciária, em todo o mundo, representa 50% dos custos de produção e mais de 50% dos empregos globais. Apesar de 75% do comércio mundial de serviços concentrar-se em nações desenvolvidas, sua importância para as economias em desenvolvimento vem se mostrando cada vez significativa. Os serviços representam aproximadamente 80% do PIB nos países desenvolvidos e quase 60% do PIB brasileiro. O conteúdo de serviços na indústria manufatureira e a dependência dessa indústria em relação às atividades terciárias são crescentes.

O comércio internacional de serviços continua crescendo a taxas significativas. Entre 2000 e 2006, as exportações de serviços mundiais cresceram a uma taxa média anual de 9,5%. O fluxo mundial de serviços, em 2006, totalizou US$ 2,75 trilhões, o que representa 22,8% do comércio mundial de bens, de US$ 12,08 trilhões.

Por vários anos consecutivos, até 1996, as exportações brasileiras de serviços não superaram a marca de 10% do valor das exportações de bens. Somente a partir de 1997 esta marca foi superada. Em 2000, a proporção entre exportação de bens e serviços foi de 16,3%, valor recorde. Já em 2006, esta proporção passou a ser de 13%.

No ano de 2006, o Brasil ocupou a trigésima posição no ranking dos principais exportadores e a vigésima quinta colocação entre os principais importadores mundiais. Em 2006, as exportações brasileiras de serviços foram de US$ 17.943 bilhões contra US$ 14,855 bilhões, no ano anterior, o que representou um crescimento de 20,8%. Os principais mercados de destino de nossas exportações e origem de nossas importações foram os Estados Unidos e a União Européia com participação de, respectivamente, 76,6% e 82,2%.

Já as importações de serviços totalizaram US$ 27,149 bilhões, em 2006, com crescimento de 21,2% sobre o valor das aquisições externas de serviços, em 2005, que totalizaram US$ 22,409 bilhões.

Apesar dos superávits crescentes na balança comercial, a Conta de Serviços do Balanço de Pagamentos brasileiro é historicamente deficitária, apresentando, em 2006, um déficit de US$ 9,206 bilhões.

Em 2006, o número de pessoas jurídicas exportadoras foi de 23.605 contra 17.137 pessoas jurídicas importadoras. Já o número de pessoas físicas exportadoras foi de 51.340 e pessoas físicas importadoras de 9.802. A atividade terciária tem representatividade grande representatividade em relação às micro e pequenas empresas, às quais correspondem a 97,6% das empresas prestadoras de serviços.


Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

http://desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=1773

Imagem: Meridian Assessoria em Comunicação

http://www.imeridian.com.br/main_conteudo.asp?link_ref=nossa_missao

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Comércio exterior de pescado desaba no CE

Criadores de camarão atribuem queda do comércio exterior à desvalorização cambial e à tributação (Foto: José Leomar)

VOLUME CAI 84% EM 5 ANOS
O camarão é o principal responsável pelo resultado negativo no comércio internacional de pescado no Estado

O mercado internacional de pescado no Ceará registrou queda expressiva de 84% entre 2003 e 2008, saindo de um volume de 21.558 toneladas para 3.435 toneladas comercializadas no período. Em termos de valor exportado, a retração foi de 52,44%, quando caiu de US$ 112,5 milhões para US$ 53,5 milhões.

Os dados são da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), que responsabiliza a desvalorização cambial e a elevada carga tributária brasileira como principais responsáveis pela crise observada no segmento. Segundo a ABCC, o camarão foi quem mais puxou o resultado negativo nas exportações de pescado no Ceará. Enquanto em 2003, as vendas para o exterior do crustáceo correspondiam a 20.100 toneladas (93% do total das exportações), em 2008 despencaram para 1.908 toneladas (55% do todo), uma queda de 90,5%. Em divisas, o recuo foi de 88,4%, saindo de US$ 80,9 milhões para US$ 9,4 milhões no mesmo período. Ainda de acordo com a Associação, todos os demais pescados também registraram queda. Outras estatísticas do setor no Estado indicam que, em 2003, a produção de pescado correspondeu a 65.356 toneladas contra 76.229 de 2007 — um crescimento de 16,63%.

Perdendo terreno

´O mercado interno tem absorvido o produto, mas estamos perdendo terreno para a informalidade; o governo não tem controle sobre a atividade.

Um setor como esse, dinâmico, importante para economia poderia ter incentivo´, defende Itamar de Paiva Rocha, atual presidente da ABCC.

Segundo ele, várias indústrias de processamento de pescado já fecharam as portas, e as que permanecem no mercado operam com volume muito abaixo de sua capacidade instalada, o que já provocou milhares de demissões.

Ainda de acordo com Rocha, a desoneração de tributos das empresas do setor primário tornaria o segmento mais competitivo. ´Caso a Medida Provisória 460, que prevê a compensação do crédito-prêmio do IPI por débitos fiscais inscritos na dívida ativa, seja aprovada, estará aberto o caminho para o mercado exportador de pescado sair da crise conjuntural em que se encontra´, destaca.

No País

A atividade de exportação de pescado, especialmente importante para os estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Bahia e Santa Catarina, registrou queda de 57,88% entre 2003 e 2008, ao passar de 113.839 toneladas exportadas em 2003 para, apenas, 47.947 t. no último ano da série. As importações brasileiras de pescado saltaram de 152.464 toneladas, em 2003, para 218.486 toneladas em 2008, o que representa uma evolução de 43,3%. Em divisas, o desembolso aumentou 236,45% no mesmo período, saindo de US$ 203 milhões para US$ 683 milhões. De acordo ainda com Itamar Rocha, o cultivo marinho de camarões – carcinicultura marinha –, que já ocupou o 2º lugar na pauta de exportações do setor primário da região Nordeste em 2003, com um volume comercializado de 58.455 toneladas e US$ 226 milhões em divisas, teve suas vendas externas reduzidas para 9.398 toneladas e US$ 40,5 milhões no ano de 2008.

Isildene Muniz
Repórter


Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=659490

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O risco de o Brasil virar um exportador de commoditites

exame/ economia


Luiz Gonzaga Belluzzo e Roberto Giannetti da Fonseca: O Brasil não incentiva as exportações

Luiz Gonzaga Belluzzo e Roberto Giannetti da Fonseca dizem que o governo não deu nenhum incentivo ao setor exportador durante a crise e cobram medidas como o reconhecimento do crédito-prêmio do IPI


Por João Sandrini 03.08.2009 08h09

Na última crise, o governo brasileiro tomou diversas medidas para reaquecer a economia e evitar que o Brasil tivesse uma recessão profunda. Foram beneficiados setores como o de veículos, materiais de construção, máquinas e alimentos, entre outros. Os exportadores, no entanto, não ganharam medidas específicas de apoio - apesar de as vendas de muitos produtos ao exterior terem entrado em colapso com a recessão nos Estados Unidos e na Europa, os solavancos do câmbio e o estancamento do crédito.

Em entrevista ao Portal EXAME, os economistas Roberto Giannetti da Fonseca (da Fiesp) e Luiz Gonzaga Belluzzo (da Unicamp) dizem que o Brasil não possui uma política permanente de apoio às exportações. Segundo eles, devido a essa negligência o país corre o risco de se tornar apenas um grande fornecedor de commodities a nações mais desenvolvidas - um processo que já está em curso. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, o percentual de exportações manufaturados no primeiro quadrimestre deste ano caiu para 45%, contra 52,8% no mesmo período do ano passado. Em 1993, essa parcela era de 60,8%.

Na entrevista, Belluzzo e Giannetti defendem medidas do governo na área tributária e cambial para ajudar o setor exportador. A mais urgente delas ainda depende do apoio do Ministério da Fazenda e prevê o fechamento de um acordo para o reconhecimento da existência do crédito-prêmio do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre as exportações até o ano de 2002. O acordo daria um alívio tributário de 20 bilhões a 25 bilhões de reais ao setor exportador - sem comprometer a arrecadação de impostos. Leia a seguir os principais pontos da entrevista.

Portal EXAME - O Brasil já começa a deixar a crise para trás, com diversos setores mostrando bons resultados. Como está o segmento exportador?

Giannetti - O mundo começa a dar sinais de recuperação - e isso é bom para o exportador brasileiro. Mas há dois problemas: os preços dos produtos exportados continuam bem mais baixos do que antes da crise e essa recuperação da economia mundial é muito lenta. Para piorar, o governo adotou diversas medidas para reaquecer o mercado interno, mas não deu praticamente nada aos exportadores. Isso fez com que o Brasil perdesse competitividade em setores importantes. A indústria automobilística é um bom exemplo. As exportações de veículos caíram mais de 50% com a crise.

Belluzzo - Esse é um ponto importante. Eu acho que o Brasil corre o sério risco de se tornar um exportador de commodities. Para se tornar a maior exportadora de manufaturados do mundo, a China teve que adotar políticas de incentivo ao comércio exterior. No passado, a Coreia do Sul já teve um patamar de exportações semelhante ao do Brasil, mas hoje eles estão bem na nossa frente. Isso não veio de graça, houve um grande esforço para desenvolver o setor. E não acredito que as coisas vão melhorar por si só. Pelo contrário, o Brasil terá de conviver com uma enxurrada de dólares a partir do início da produção de petróleo na camada de pré-sal. Esses dólares tendem a valorizar o real ainda mais, fazendo com que o país perca competitividade em outros setores. A indústria será a mais prejudicada e precisará de medidas compensatórias.

Giannetti - O grande problema é que há no Brasil uma visão preconceituosa em relação a ajudar os exportadores. Isso já existia no governo FHC, do qual eu participei como secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior. Em uma reunião que participei em Brasília, me lembro que o Gustavo Franco [ex-presidente do Banco Central no governo FHC] disse que os empresários brasileiros deveriam vender no mercado interno ou mudar de país. É um erro o governo pensar assim. Estamos exportando investimentos e empregos para a China porque não criamos as condições necessárias para viabilizar a atividade exportadora.

Portal EXAME - E o que o governo deveria fazer?

Giannetti - A questão mais urgente a resolver é a do crédito-prêmio do IPI. O governo questiona a existência desse crédito em favor dos exportadores. No passado, toda a cadeia produtiva pagava IPI sobre os produtos exportados e o empresário tinha o direito de compensar isso na forma do créditos tributários. O Superior Tribunal de Justiça reconheceu em mais de uma centena de ações que os exportadores tinham direito ao crédito-prêmio até 1990. Entre 1990 e 2009, há uma discussão jurídica sobre a existência ou não desse benefício, mas o governo quer que o Supremo Tribunal Federal diga que não existiu o crédito-prêmio. Após uma negociação com o setor exportador, o Senado aprovou no mês passado um projeto que está no meio-termo. Os exportadores concordaram que o crédito-prêmio tenha deixado de existir a partir de 2002, abrindo mão de 110 bilhões de reais que poderiam ter sido acumulados desde então. Dos outros 70 bilhões referentes ao período 1990-2002, 50 bilhões de reais já foram liquidados. Há, portanto, um intervalo de 20 bilhões a 25 bilhões de reais ainda não-reconhecido. O projeto aprovado no Senado só reconhece esses créditos, mas a Fazenda não concorda. Clique aqui e entenda o imbróglio do crédito-prêmio do IPI.

Belluzzo - É importante frisar que o crédito-prêmio do IPI, apesar desse nome, não é um prêmio para os exportadores. Isso é apenas uma compensação dos impostos cobrados ao longo da cadeia produtiva sobre os produtos exportados. Em quase nenhum lugar do mundo os impostos são exportados como no Brasil. Os outros países não são tolos de fazer isso para não perder empregos e renda. Não faz sentido o consumidor dos outros países ajudar a financiar o governo brasileiro. Também é positivo ressaltar que as empresas continuaram a considerar a existência do crédito-prêmio do IPI até 2004 porque estavam amparadas em decisões judiciais. Elas lançaram isso no balanço e distribuíram dividendos com base nessas premissas. Se o governo não reconhecer esses créditos agora, muitas empresas vão quebrar.

Portal EXAME - Mas se o governo reconhecer o crédito-prêmio, quem poderia quebrar não é ele mesmo? Como o governo vai pagar isso em um momento de queda na arrecadação?

Giannetti - Tenho lido em algumas publicações que o reconhecimento do crédito-prêmio do IPI poderia gerar um rombo de 180 bilhões de reais nas contas do governo, mas quero deixar bem claro que essa versão não é verdadeira. Em primeiro lugar porque o acordo costurado no Senado prevê o reconhecimento de créditos que somam entre 20 bilhões e 25 bilhões de reais. Além disso, todo esse montante seria abatido da dívida ativa da União, o que não comprometeria a arrecadação futura do governo. A dívida ativa é composta por débitos de contribuintes brasileiros nas últimas décadas e alcança 600 bilhões de reais. Ou seja, o montante de 25 bilhões de reais é pequeno perto disso tudo e não criaria nenhum rombo como o governo vem dizendo. Além disso, boa parte da dívida ativa nunca será cobrada. Mas muitas empresas exportadoras dependem desses créditos para sobreviver. Elas vão quebrar, levando à perda de milhares de empregos.

Portal EXAME - E quando a Câmara deve votar esse acordo aprovado no Senado?

Giannetti - Acredito que no início de agosto. O acordo foi incluído por meio de uma emenda à medida provisória 460. Se tiver a aprovação dos deputados, a MP ainda dependerá da sanção do presidente Lula. Clique e entenda por que a Fazenda é contra o acordo.

Portal EXAME - O setor exportador cobra outras medidas do governo?

Belluzzo - Acredito que os juros poderiam continuar caindo para evitar esse atual processo de apreciação do real. A China fez isso durante a crise, eles mantiveram o yuan desvalorizado. As taxas de juros caíram em todo o mundo, o que manteria a atratividade do Brasil mesmo com uma Selic ainda mais baixa. Além disso, há um excesso de capacidade produtiva em todo o mundo porque as economias mais desenvolvidas encolheram com a crise. Isso vai manter a inflação planetária sob controle por um bom tempo ainda. O BC não precisa se preocupar com o retorno da inflação logo no início de 2010 nem terá de elevar os juros em um período pré-eleitoral. A capacidade ociosa se encarregará de manter os preços controlados no médio prazo.

Giannetti - Também acho que há muita liberdade para a entrada e saída de capitais no Brasil. Isso gera muita volatilidade no mercado de câmbio e insegurança ao exportador. O real é uma das moedas com maior volatilidade no mundo porque falta uma política cambial ao governo. Veja as perdas das empresas com derivativos de câmbio no ano passado. Veja as previsões dos bancos de investimentos para o dólar no início deste ano. Todo mundo achava que o dólar chegaria a dezembro em 2,10 ou 2,20 reais. Agora já estamos abaixo de 1,90 real e muita gente fala que chegaremos em breve a 1,60 real.

Portal EXAME - Mas o BC tem comprado bilhões de dólares no mercado. O que mais ele pode fazer para conter esse movimento de desvalorização do dólar, que é mundial?

Giannetti - O problema é que o BC não acha que é papel dele prover a estabilidade cambial. Eu não defendo o câmbio fixo, mas o BC deveria comprar mais dólares. As reservas cambiais brasileiras parecem grandes porque somam 200 bilhões de dólares, mas isso é pouco em comparação ao PIB. Na China, as reservas somam 2 trilhões de dólares.

Portal EXAME - O BC investe as reservas internacionais do jeito correto?

Belluzzo - O Ministério da Fazenda deveria assumir a administração das reservas internacionais no lugar do BC. O papel do BC deve ser o de cuidar da política monetária. Sob o comando do Ministério da Fazenda, as reservas seriam gerenciadas a partir da criação do fundo soberano. O Tesouro terá mais autonomia do que o BC para decidir onde investirá esse dinheiro. O fundo é necessário devido aos recursos do pré-sal. É lá que vai ser depositada a enxurrada de dólares que será gerada pela exportação do petróleo.


FONTE: Revista EXAME. Agosto de 2009.